Informação em Pauta
IP
Inf. Pauta
ISSN 2525-3468
Fortaleza
v. 2
n. 1
p. 1-132
Ficha Catalográfica
Informação em Pauta : IP / Universidade Federal do Ceará, Departamento de
Ciências da Informação, Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação. - v. 2, n. 1 (jan./jun. 2017)-- Fortaleza : UFC, 2017 - .
v. : il. ; 27 cm.
Semestral.
Descrição baseada em: v. 2, n. 1 (jan./jun. 2017).
Disponível no Portal de Periódicos da UFC em:
<http://www.periodicos.ufc.br/index.php/informacaoempauta/index>
Expediente volume 2, número 1 (jan./jun. 2017)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Reitor
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Vice-reitor
Custódio Luís Silva de Almeida
Editora
Dra. Maria Giovanna Guedes Farias (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
Comissão Científica
Dra. Gabriela Belmont Farias (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
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Dr. Luiz Tadeu Feitosa (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
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Conselho Consultivo
Dra. Aida Varela Varela (Universidade Federal da Bahia, Brasil)
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Dr. Jefferson Veras Nunes (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
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Dr. Osvaldo de Souza (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
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Dr. Rafael Capurro (Universidade de Stuttgart, Alemanha)
Dra. Sueli Maria de Araújo Cavalcante (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
Dra. Vera Dodebei (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil)
Secretária Editorial
Juliana Soares Lima (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
Revisão e edição de texto
Esp. Francisco Edvander Pires Santos (Universidade Federal do Ceará, Brasil)
Coordenação de Normalização
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Me. Maria Aurea Montenegro Albuquerque Guerra (Universidade Federal do Ceará,
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Capa
Conceito e criação: Ismael Lopes Mendonça (Mestrando do Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará, Brasil)
Copyright
© 2017 Informação em Pauta
ISSN 2525-3468
Universidade Federal do Ceará
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Informação em Pauta (IP) é uma revista multidisciplinar da área de Ciências Sociais Aplicadas, tendo como
campos prioritários a Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e áreas afins. É uma publicação de
acesso aberto, e sua periodicidade é semestral. A revista é ligada ao Departamento de Ciências da Informação e
ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará
(DECINF/PPGCI/UFC), em formato exclusivamente eletrônico. A revista publica pesquisas originais com elevado
mérito científico, contribuições inéditas em português, inglês e espanhol, visando contribuir para o
desenvolvimento de novos conhecimentos entre pesquisadores, docentes, discentes e profissionais em Ciência
da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e áreas afins, desde que aprovados em revisão cega por pares
(Double Blind Peer Review) e pelo Comitê Editorial. A Informação em Pauta exige originalidade dos artigos
submetidos e que pelo menos um dos autores tenha titulação de Mestre ou de Doutor.
Editora
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Doutora em Ciência da Informação
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Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
Acesso online
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Indexação e Diretórios
Editorial .....................................................................................................................................................................
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Artigos
Comunidades de práticas virtuais dos Técnicos Administrativos em Educação de
Instituições de Ensino Superior ......................................................................................................................
Jacqueline de Castro Rimá; Joana Coeli Ribeiro Garcia; Maria das Graças Targino
8
Incursões sobre o tratamento temático da informação: Estudo da Política de Indexação
em Bibliotecas Universitárias Goianas ........................................................................................................
Ana Paula da Fonseca Vieira; Lais Pereira de Oliveira; Tatielle Marques Cunha
28
La Teoría de la actividad en el estudio del comportamiento informacional humano:
Consideraciones Fundamentales ...................................................................................................................
Raciel García Rodríguez
50
Implantação do Sistema 5s na gestão de arquivos .................................................................................
Marcelo Cavaglieri; Jordan Paulesky Juliani
73
Sociedade da Informação: a lógica instrumental do acesso à informação e ao
conhecimento .........................................................................................................................................................
Vinicius Aleixo Gerbasi
96
Resenha
Homenagem ao Professor Rafael Capurro .................................................................................................
Jefferson Veras Nunes
119
Normas de Publicação .........................................................................................................................................
127
SUMÁRIO
Prezados leitores,
Nesta edição, celebramos com vocês o nosso primeiro Qualis na avaliação da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Essa
conquista é de todos que fazem parte da família editorial da Informação em Pauta, e
se revela importante por se tratar de um periódico recém-criado. Também significa
que estamos no caminho certo, trabalhando com compromisso, responsabilidade e
ética nos processos editoriais, visando contribuir para o fortalecimento da
comunicação científica de acesso aberto. Por isso, agradecemos a todos que confiam
no nosso empenho e que contribuem das mais diversas formas, ao submeter artigos,
avaliá-los, revisá-los, cuidar da parte técnica da revista, indexá-la em diretórios e
bases de dados, criar a arte para a capa, analisar as provas editoriais, catalogar na
fonte, enfim, fazer a gestão de processos (da pré-avaliação à publicação).
O primeiro número de 2017, v. 2, n. 1, foi contemplado com cinco artigos e uma
resenha, produzidos por pesquisadores de diversas universidades brasileiras e
estrangeiras.
O artigo Comunidades de práticas virtuais dos técnicos administrativos em
educação de instituições de ensino superior, de autoria de Jacqueline de Castro
Rimá e Joana Coeli Ribeiro Garcia, ambas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
de e Maria das Graças Targino, da Universidade Federal do Pia(UFPI), apresenta a
comunidade de prática virtual “Gestão Pública dos Técnicos Administrativos em
Educação” como um grupo que amplia e desenvolve conhecimentos e se preocupa
com o aprendizado coletivo, com a atualização e a gestão dos conteúdos gerados e
disseminados entre seus integrantes.
Incursões sobre o tratamento temático da informação: estudo da política de
indexação em bibliotecas universitárias goianas é o título do artigo de três
autoras da Universidade Federal de Goiás (UFG): Ana Paula da Fonseca Vieira, Lais
Pereira de Oliveira e Tatielle Marques Cunha, o qual traz como resultado que a
indexação é conduzida na maior parte das unidades de acordo com regras e critérios
específicos, apesar de não existir uma política formalmente estabelecida.
Raciel García Rodríguez, da Universidad de Matanzas, Cuba, escreveu o artigo
intitulado La teoría de la actividad en el estudio del comportamiento
informacional humano: consideraciones fundamentales, o qual trata das
potencialidades de aplicação da Teoria da Atividade aos estudos de comportamento
informacional.
Implantação do sistema 5S na gestão de arquivos é o título do artigo de Marcelo
Cavaglieri, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e de Jordan
Paulesky Juliani, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), que
apresenta os resultados da aplicação do sistema 5S na gestão de arquivos de uma
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EDITORIAL
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instituição, visando melhorar os processos atuais, com menos desperdícios e mais
eficiência.
Vinicius Aleixo Gerbasi, da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
(Unesp), escreveu o artigo Sociedade da informação: a lógica instrumental do
acesso à informação e ao conhecimento, o qual analisa, de forma crítica, o termo
“sociedade da informação” e ressalta o plano histórico-ideológico a partir do qual este
foi elaborado.
A última produção deste mero é a resenha escrita por Jefferson Veras Nunes, da
Universidade Federal do Ceará (UFC), denominada Homenagem ao professor
Rafael Capurro, inspirada no livro Information cultures in the digital age: a
Festschrift in the honor of Rafael Capurro, publicado em 2016 pela Spinger VS. A obra
se apresenta como resultado do reconhecimento da contribuição de Rafael Capurro à
Ciência da Informação.
Desejamos a todos uma ótima leitura.
Maria Giovanna Guedes Farias
Editora
Informação em Pauta
Junho/2017
COMUNIDADES DE PRÁTICAS VIRTUAIS DOS TÉCNICOS
ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR
VIRTUAL PRACTICE COMMUNITIES OF THE ADMINISTRATIVE
TECHNICIANS IN EDUCATION OF HIGHER EDUCATION INSTITUTIONS
Jacqueline de Castro Rimá
UFPB
Joana Coeli Ribeiro Garcia
UFPB
Maria das Graças Targino
UFPI
RESUMO
Apresenta-se a comunidade de prática virtual “Gestão Pública dos Técnicos Administrativos em
Educação” (GPTAE) como um grupo que amplia e desenvolve conhecimentos entre os componentes
oriundos de várias regiões e vinculados a diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
Trata-se de estudo de caso, realizado por meio de pesquisa documental, bibliográfica e observação
participante, com abordagem qualitativa e uso de netnografia. Os resultados atestam extrapolação da
comunidade de prática virtual. As ações saem do campo virtual e se materializam como consequência
da união e do engajamento dos envolvidos. Infere-se que a comunidade GPTAE preocupa-se com o
aprendizado coletivo, com a atualização e a gestão dos conteúdos gerados e disseminados entre seus
integrantes, como também incentiva o compartilhamento de conhecimentos através de editais anuais
para publicação de electronic books (e-books).
Palavras-chave: Comunidades de práticas virtuais. Comunidades de práticas. CoP. Gestão pública
dos técnicos administrativos em Educação. Equipe GPTAE.
ABSTRACT
The virtual practice community "Public Management of Administrative Technicians in Education"
(GPTAE) is presented in the light of virtual practice communities as a group that, using this strategy,
broadens and develops knowledge among the components from different regions and linked to
different Brazilian higher education institutions (IES). It is a case study, carried out through
documentary, bibliographic research and participant observation, with qualitative approach and use
of netnography. The results attest to extrapolation of the virtual practice community. The actions
leave the virtual field and they are materialized as consequence of the union and engagement of those
who are involved in them. It is inferred that the GPTAE community is concerned with collective
learning, updating and management of the contents generated and disseminated among its members,
as well as it encourages the sharing of knowledge through annual publications for e-book publishing.
Keywords: Communities of virtual practices. Communities of practices. CoP. Public management of
administrative technicians in Education. GPTAE Team.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Teixeira Filho (2002, p. 67), conhecimento constitui a “integração de ideias,
experiências, intuição, habilidade e lições de vida aprendidas”. No entanto, esse conhecimento
tácito assume pouco valor em si mesmo, salvo se for devidamente aplicado ou, em outras
palavras, socializado para que deixe de ser individual e se converta em conhecimento social e
explícito ou em informação. Na condição de informação, circunda entre as mais diversas áreas
do conhecimento, sendo compreendida como derivado do conhecimento tácito dos
indivíduos.
Dentre os campos do conhecimento, destaca-se a Ciência da Informação (CI), que
interage com os problemas de informação e de conhecimento na busca de explicações
coerentes e concretas para compreendê-los e assimilá-los. Nesse sentido, refletir sobre o
processo de criação e de compartilhamento de conhecimentos entre membros de uma
comunidade de práticas, quando as mais diferentes ferramentas de comunicação são
utilizadas e proporcionam uma via de mão dupla de informação que amplia os conhecimentos
já apreendidos, também se configura como objeto de estudo da CI.
Partindo desse pressuposto, é nosso objetivo tornar pública a experiência sobre a
comunidade de prática virtual “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação
(GPTAE)” de universidades públicas e institutos federais, cujo foco de discussões entre os
participantes versa, em sua essência, sobre gestão pública, recorrendo, para tanto, aos mais
diversificados meios de comunicação.
A escolha pelo estudo da comunidade virtual GPTAE fundamenta-se no desejo de
descrever os passos constitutivos de um modelo de comunidade de prática virtual exercitada
exclusivamente pelo público ora referendado: servidores técnico-administrativos em
Educação. Consideramos avanço observar a discussão da temática da gestão pública nessas
comunidades virtuais, incluindo portais/sites, redes sociais e blogs, levando em conta que se
trata de temática pouco explorada e, além do mais, favorece que conhecimentos,
competências e habilidades individuais e coletivas dos servidores para que sejam
comunicadas, socializadas e ampliadas entre os membros do grupo e, posteriormente,
disseminadas via publicações científicas.
A metodologia empregada se coaduna com a abordagem qualitativa de estudo de caso
realizado por meio de pesquisa documental, bibliográfica e observação participante, uma vez
que uma das autoras integra o GPTAE. Na opinião de Feldman-Bianco (2010), tal condição é
também sinônimo de estudo intensivo de pequenas comunidades, adquirida pela convivência
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entre o olhar crítico do pesquisador (membro organizador) e seu grupo / objeto pesquisado,
no caso, comunidade virtual GPTAE. Enquanto pesquisa empírica, utilizamos a netnografia
empregada para pesquisa no mundo virtual. Para Tafarelo (2014, p. 4), trata-se de “tecnologia
da etnografia [...] [em que] a observação se restringe ao acesso pelo computador no mundo
virtual da internet, em uma determinada comunidade ou em um determinado grupo”.
A estrutura teórica segue um arrazoado sobre criação do conhecimento e uma de suas
estratégias, as comunidades de práticas (CoP), com ênfase nas comunidades virtuais, para
adentrar na comunidade virtual GPTAE, discorrendo sobre sua formação, suas propostas, os
papéis dos integrantes e os resultados conquistados pela CoP com as ações desenvolvidas.
2 CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO
Ao falar sobre criação do conhecimento, é pertinente dialogar com a teoria que a
fundamenta. De acordo com Hessen (2000), a teoria do conhecimento se estabelece no
interior da filosofia entendida como totalidade das coisas em sua condição de “mãe” de
todas as ciências – e se classifica em geral e especial. A primeira investiga a relação do
pensamento com o objeto em geral, ou seja, a teoria geral do conhecimento focaliza os
problemas nele contidos. A segunda, também conhecida como a teoria das categorias, trata de
conceitos primitivos e fundamentais sobre a relação do pensamento humano sobre o objeto,
mantendo relações estreitas com a
metafísica geral ou ontologia.
Ainda segundo o autor supracitado, a verdade está no conhecimento do sujeito sobre o
objeto como elementos construtores do conhecimento humano e de sua elaboração. Sua
origem decorre da dualidade entre objeto e sujeito, relacionados, respectivamente, com a
aproximação da experiência e da razão. Daí, podemos compreender que o conhecimento pode
ser definido como determinação do sujeito (razão) pelo objeto (experiência), o que pressupõe
que o objeto precisa ser questionado em todas as suas facetas. Essa concepção converge para
que as experiências ocorridas nas CoP tornem-se objeto de estudo.
A esse respeito, Polanyi (1966) relaciona três aspectos do conhecimento que
estabelecem diferenciação entre si. São eles: (1) a verdadeira descoberta não pode ser
explicada por um conjunto de regras ou algoritmos articulados; (2) o conhecimento é público,
mas é também, em grande medida, pessoal (ou seja, ele é socialmente construído); (3) o
conhecimento que fundamenta o conhecimento explícito é mais fundamental.
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Essa linha de pensamento infere que todo conhecimento é tácito ou enraizado em
conhecimento tácito. Considera que o conhecimento tácito subjaz aos indivíduos per se e, por
conseguinte, é pessoal e de difícil apreensão, porquanto advém das experiências de cada um,
assume significativo valor. Portanto, como Machado (2004, p. 7) reforça, é “[...] imprescindível
a permanente articulação entre elementos tácitos e explícitos na composição do
conhecimento”. Na verdade, isso não constitui simples dedução ou inferência, mas habilidades
que necessitam do conhecimento tácito para que sejam compreendidas. Saiani (2004)
relaciona alguns exemplos de habilidades que dependem do conhecimento tácito, a exemplo
da leitura de um mapa, da apreensão do significado de uma metáfora, da apreciação de uma
poesia. Todas as aptidões dependem da experiência para que se entenda a linguagem
utilizada, mas para quem possui a experiência, a explicitação pela linguagem de como se faz
algo, pouco ou nenhum significado acrescenta.
Quer dizer, como o próprio Polanyi (1962, 1966) esclarece, regras sobre determinada
arte são importantes e úteis, mas não são determinantes para que alguém, ao conhecê-las,
pratique tal arte. Elas servem, sim, como guias para serem integradas ao conhecimento
prático.
Isso posto, a socialização do conhecimento é preeminente graças à utilização de
estratégias que visem ser experimentadas com o intuito de explicitar e disseminar o
conhecimento tácito adquirido pelos cidadãos em sua vivência cotidiana, seja pessoal,
profissional e/ou acadêmica. Afinal, como Roland (2006) afirma, e é consensual entre os
teóricos em geral, se a ciência não é comunicada, não se torna blica, conhecida, utilizada,
discutida e contradita. Em outras palavras, corre o risco de não se ampliar nem tampouco
circular trazendo avanços à humanidade.
Nonaka e Takeuchi (1997), por sua vez, ao discutirem acerca da criação do
conhecimento, concluem que a principal forma de geração é a dinâmica sistemática,
permanente e contínua entre conhecimento tácito e conhecimento explícito, entendidos como
unidades estruturantes e complementares. Logo, é através da articulação dos elementos tácito
e explícito que as CoP, como estratégias de geração do conhecimento, favorecem a
socialização dos novos e emergentes saberes.
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2.1 COMUNIDADES DE PRÁTICAS
Comunidades de prática podem acontecer dentro ou fora das organizações.
Desenvolvidas tanto na modalidade presencial quanto virtual, visam discutir uma prática que
alguém sabe fazer, objetivando provocar mudanças. Na esfera das CoP, é pensado de que
forma solucionar determinadas situações do dia a dia e, por conseguinte, permite-se avaliar
como o conhecimento pode ser utilizado para a execução de ações e medidas cotidianas.
Teixeira Filho (2002) afirma que as CoP m ligação estreita com o aprendizado
coletivo, haja vista que consistem num dos caminhos para transmissão e compartilhamento
de conhecimento tácito entre os seres humanos. Quanto mais oportunidades e ferramentas
são utilizadas, maior a quantidade de conhecimento que se consegue transmitir. Decerto, os
participantes das CoP mantêm interesses, afinidades e preferências em comum, o que justifica
o afã de intercambiarem informações e compartilharem experiências do que aprenderam
tacitamente e por meio da vivência a respeito de temas em discussão na CoP da qual fazem
parte. Vencido o tema inicial do intercâmbio de informações e, sobretudo, de conhecimento,
este é transformado, ampliado e, inevitavelmente, acrescido de novas facetas ou tópicos
inovadores. Aliás, acrescentamos que uma comunidade pode ser iniciada de maneira informal,
como numa happy hour, por exemplo, o que não impede sua formalização posterior se houver
intenção dos membros iniciais.
Segundo Wenger (1998, 2010), a comunidade de prática pode ser entendida a partir da
perspectiva de que a aprendizagem está na relação entre pessoa e mundo, de tal forma que se
impõe como sistema de aprendizagem social mais amplo, incluindo práticas múltiplas, através
das quais é possível a aprendizagem. Em sua percepção, são três os elementos fundamentais
que uma CoP necessita possuir: domínio (tema de interesse); a própria comunidade (relação e
interação entre os participantes); a prática – como ocorrem os fatos que interessam aos
participantes.
No contexto, Chammé e Umeda (2010), apoiados em Kozinets (1998), Palácios (1996)
e Recuero (2001), exibem, no Quadro 1, compilação dos elementos necessários à existência de
uma comunidade virtual. Observamos, então, que os elementos mencionados podem ser
utilizados como fundamento para identificar / analisar comunidades virtuais, tendo em vista
que consonância dos elementos constitutivos entre os diferentes autores que se dedicam
ao tema.
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ARTIGO
Quadro 1 – Elementos necessários para uma comunidade virtual.
CONCEITO AUTOR RESUMO
Familiarização dos participantes entre
si
KOZINETS (1998)
Familiarização
Reconhecimento dos integrantes
Identidades reveladas
Compartilhamento de linguagens,
normas e símbolos específicos
KOZINETS (1998)
Compartilhamento de mensagens e
símbolos específicos
Existência de formas próprias de
comunicação
PALÁCIOS (1996)
Esforço na manutenção e preservação
do grupo pelos participantes
KOZINETS (1998)
Esforço na manutenção e
preservação do grupo
Estabilidade
Estabilidade na frequência de
contatos entre participantes
RECUERO (2001)
Permanência do grupo PALÁCIOS (1996)
Interatividade entre participantes RECUERO (2001) Interatividade
Sensação de pertencimento dos
participantes à comunidade
RECUERO (2001)
Pertencimento e projeto comum
Sentimento de pertencimento
PALÁCIOS (1996)
Ligação entre o sentimento de
comunidade
Caráter corporativo
Emergência de um projeto comum
Fonte: Adaptação de Chammé e Umeda (2010, p. 9).
2.2 COMUNIDADES VIRTUAIS
As redes eletrônicas de informação e de comunicação, ênfase para a internet,
expandem de forma imensurável as oportunidades de contato entre as pessoas. Inexiste a
exigência de dois ou mais indivíduos estarem conectados e online, simultaneamente, para a
troca de informações, discussões, avanço de projetos, dentre outras possibilidades. Agora
estamos mais acessíveis, pois a internet está disponível em quase tudo o que se faz ou se
pensa. Segundo Fiorentini Júnior (2002, p. 9) a internet “é o esperanto que deu certo, a língua
universal que faz com que todos possam interagir”. Por outro lado, exige apenas que se
disponha de um instrumento que, no mais das vezes, é conduzido individualmente.
É assim que, na atualidade, as máquinas conectam pessoas. As tecnologias vieram
somar, aproximar e vincular pessoas geograficamente e socialmente distantes, vencendo, pois,
os limites convencionais geográficos e espaciais. Embora pairem controvérsias sobre essa
condição, em especial quanto à individualidade de cada um, as tecnologias de informação e de
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comunicação (TIC) estão cada vez mais presentes em nossa vida pessoal e profissional,
favorecendo interação online e em tempo real. Como decorrência, tal condição propicia que
grupos se formem muito facilmente na rede, por intermédio de comunidades ou fóruns
virtuais, sejam através de redes sociais, aplicativos de mensagens, correio eletrônico
(electronic mail ou e-mail), entre outros recursos. Todos, em geral, objetivam agregar
membros sociais, mediados por computador e/ou aparelhos telefônicos mais e mais
sofisticados, que permitem aos participantes dos grupos compartilharem ideias, ideais,
pensamentos e opiniões acerca dos mais variados itens.
Para Albuquerque (2010), tais grupos são nomeados de comunidades virtuais, ao se
constituírem a partir de relações entre pessoas de grupos sociais oriundos da internet com a
finalidade de aprofundar debates e discussões, de forma privada ou pública. Rheingold (1996)
acrescenta que a conexão de grupos de pessoas na Grande Rede consiste em fato social
contemporâneo e irreversível, atuando, com frequência, como profícua fonte de aprendizagem
para indivíduos e coletividades. Complementando a ideia, segundo Jones (1997), as
comunidades virtuais são uma espécie de espaço público de comunicação e de conteúdos
gerados pelos membros que interatuam como agentes de interação social.
Na realidade, existem diversos exemplos deste tipo de comunidades: grupos de
consumidores; estudantes; religiosos, profissionais das mais diferentes áreas etc. Algumas são
formadas por relações casuais e interdependentes, enquanto outras se mantêm e se
fortalecem. Dentre o conjunto de participantes, os que adotam comportamento passivo:
limitam-se a observar debates e controvérsias; visitam diferentes portais, sites, blogs; fazem
download de arquivos e assim por diante. Há, porém, os que são participativos: envolvem-se
nos grupos de discussão e contribuem significativamente para a construção de conhecimento.
O exposto reitera Recuero (2001), para quem a comunidade virtual é a expressão que
nomeia agrupamentos humanos que emergem na esfera virtual, graças à comunicação
mediada pelas redes de computadores (CMC). Em linha similar, o citado Teixeira Filho (2002)
designa a comunidade virtual como espaços para diálogos e intercâmbio de opiniões sem
limites de tempo e de espaço. Para sua constituição, é fundamental definir o que os membros
esperam dela, que resultados pretendem obter, além de beneficiar os usuários com cinco
ferramentas básicas: e-mail; página HyperText Markup Language (HTML ou Linguagem de
Marcação de Hipertexto); mensagens instantâneas (instant messengers); chat; e busca (search
engines).
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As CoP presenciais ou virtuais representam, pois, oportunidades para construção de
alianças com pessoas interessadas por um mesmo assunto. Logo, é importante que os
idealizadores delimitem o público-alvo e assumam um tema para as discussões.
3 COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM
EDUCAÇÃO”
A partir da premissa de que as CoP devem demarcar blico-alvo e temática, a
comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” define como alvo os
técnicos administrativos em Educação (TAE) e como temática a gestão pública. Sob essa ótica,
a GPTAE figura como iniciativa independente que objetiva propiciar à sociedade perspectiva
realista sobre a categoria profissional dos TAE, incutindo nos profissionais a ideia de que são
sujeitos produtores de conhecimento, o que demanda a divulgação de textos por eles
produzidos via diferentes suportes, com ênfase, no caso, em capítulos de livros em formato
digital, os designados electronic books (e-books), incluindo, decerto, a produção intelectual de
TAE oriundos de várias regiões e diferentes instituições de ensino superior (IES) brasileiras.
Portanto, a GPTAE é uma comunidade virtual pluriprofissional e multiterritorial, que
engloba servidores da carreira técnico-administrativa em Educação de diversas IES
brasileiras. Propõe-se a promover o incentivo à produção e à divulgação científico-tecnológica
dos TAE por meio da edição de publicações técnico-científicas ou científicas via e-books,
disponibilizadas no blog da comunidade, https:// taepublicaartigoselivros.wordpress.com.
Materiais literários, informativos, didáticos e de outras naturezas são divulgados nas redes
sociais, no próprio blog ou pelo WhatsApp.
Quer dizer, a GPTAE mantém como valores básicos compartilhar informações pautadas
pela “ética, legalidade, impessoalidade e disciplina que diligenciam a melhoria do serviço
público, estabelecendo a eficiência junto com a eficácia na melhoria do serviço público.”
(GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular). Isso significa reiterar que o objetivo amplo
da comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” é refletir sobre
práticas, experiências e conhecimentos desenvolvidos em prol dos servidores TAE nas
instituições em que atuam, oportunizando, ao mesmo tempo, espaços para que possam
publicar ações e/ou trabalhos desenvolvidos. Para a consecução do proposto, delimitam-se os
seguintes objetivos específicos:
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ARTIGO
a) mostrar a competência e habilidades profissionais em contribuição com a
atividade-fim da instituição na qual exerce suas atribuições;
b) estabelecer comunicação e ampliação entre os projetos executados ou em
execução pela categoria profissional;
c) oportunizar espaço para publicação acadêmica e científica e expansão do projeto
por instituições de ensino;
d) elevar a autoestima e valorizar os projetos criados e desenvolvidos pela categoria,
além de oportunizar uma visibilidade em nível mundial;
e) publicar livros no formato digital, principalmente, e disponibilizar acesso gratuito
para fins de ampla e eficiente divulgação quanto à produção científico-tecnológica
dos técnicos administrativos em Educação no Brasil.
f) propiciar uma visão mais realista com relação à categoria de TAE, buscando dar
enfoque como produtor de conhecimento e colaborador eficaz diante de nossas
instituições;
g) publicar livros impressos quando a oportunidade surgir através das editoras
pertencentes às instituições (GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular).
A esse respeito, Teixeira Filho (2002) chama a atenção para o fato de que as CoP são
organismos sociais e, como tal, vivos e dinâmicos. Consequentemente, seguem o percurso
inerente a qualquer ciclo de vida – nascimento, desenvolvimento, reprodução e, às vezes,
morte. Cada uma das etapas apresenta traços característicos singulares e, por conseguinte,
exige cuidados únicos. Sob seu ponto de vista, em geral, são sete as fases do ciclo de vida de
uma CoP: (1) concepção e catalisação; (2) conexão entre os sujeitos; (3) compartilhamento;
(4) construção gradativa e incessante de sentimento de confiança; (5) colaboração; (6) criação
do conhecimento; (7) renovação.
3.1 PRELÚDIO E PROPOSTAS DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS
ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO”
A princípio, um grupo de colegas TAE de diversas IES do Brasil, por meio de contatos
estabelecidos numa comunidade virtual de remoção e redistribuição para servidores da
carreira técnico-administrativa em Educação, forma uma rede social na Rede. A priori, a
comunidade pretende trocar informações que favorecessem seus integrantes, viabilizando
conquistar o deslocamento desejado. Assim, tudo iniciou em 2013, quando nove integrantes
aceitaram o desafio de se reunir virtualmente para colocar em prática o desejo de muitos TAE
de dar voz aos integrantes da carreira técnico-administrativa em Educação acerca de seu
ambiente profissional, proporcionado pela gestão pública direcionada ao ensino público de
nível superior e de nível básico, técnico e tecnológico.
Para realizar o anseio dos TAE envolvidos, a comunidade de prática recém- constituída
(GPTAE) definiu o formato de e-book para publicizar o que pensam e produzem, ou seja,
Rimá; Garcia; Targino | Comunidade de práticas virtuais
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ARTIGO
trazer a público, a voz dos técnico-administrativos e, portanto, dando-lhes vez. A escolha do
livro eletrônico se explica pela facilidade de aquisição e de acesso pela comunidade
universitária e demais interessados, tendo em vista que se trata de suporte capaz de permitir
a difusão das experiências compartilhadas pelos colegas nos artigos a serem selecionados. É
assim, então, que começa a prática por parte dos integrantes sobre como publicar um e-book,
preferencialmente, coletânea de artigos inéditos sobre gestão pública.
Segundo o documento oficial intitulado “Gestão pública: a visão dos técnicos
administrativos em Educação das universidades públicas e institutos federais”, as etapas
definidas e seguidas à risca podem ser assim sintetizadas: (a) elaboração e divulgação de
comunicados para submissão de artigos; (b) estabelecimento de normas para seleção dos
artigos; (c) avaliação e consequente seleção dos artigos; (d) seleção de editora para
publicação do e-book; (e) edição, lançamento e divulgação
do livro eletrônico.
3.2 COMPETÊNCIAS DOS INTEGRANTES DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS
TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO”
Os membros GPTAE se comprometem a exercer juntos e voluntariamente as atividades
preestabelecidas, de forma profícua, mediante dedicação e estímulo pessoal e profissional. A
eles cabe o “papel de atuar de forma ética e comprometida com a missão, objetivos e funções
que lhes forem atribuídos durante o período de execução e publicação de um novo volume da
coletânea de e-book da GPTAE.” (GESTÃO PÚBLICA..., 2016, paginação irregular). Portanto,
após definidos os objetivos da CoP, torna-se indispensável, para fins de seu desempenho
efetivo, especificar e delimitar papéis dos integrantes de acordo com afinidade / domínio /
interesse.
A formação atual da GPTAE conta com sete organizadores de IES de Norte a Sul do
Brasil. Entendidos como coorganizadores e iguais hierarquicamente, a eles compete o
gerenciamento de todas as etapas e da produção bibliográfica da comunidade “Gestão pública
dos técnicos administrativos em Educação.” Em síntese, são atribuições da equipe
organizadora:
[...] atuar como auxiliares na formulação da política editorial do ebook (cronograma,
comunicados, quantidade de artigos, revisão final dos artigos para publicação,
decisões conjunta), definir a forma e os critérios de seleção de membros para equipe
organizadora e técnica (quando necessário), realizar contato, avaliação e orientação
aos membros da equipe técnica, o contato com as opiniões dos leitores e autores que
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submetem seus artigos, e de atentos guardiões na qualidade global do ebook. (GESTÃO
PÚBLICA..., 2016, paginação irregular).
A equipe técnica, por sua vez, constituída em 2015, é formada por 15 avaliadores de
texto e 10 revisores das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com
competência para atribuir conceitos / notas aos artigos submetidos à GPTAE sobre conteúdo
e forma.
3.3 COMUNIDADE VIRTUAL: “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS EM
EDUCAÇÃO”
Considerando que a GPTAE é uma comunidade de prática virtual formada, como
mencionado, por membros pluriprofissionais e multiterritoriais, é imprescindível criar,
manter e administrar recursos de comunicação e ferramentas básicas para comunidades
virtuais, a fim de que seja possível o estreitamento das relações entre os membros. Segundo
Teixeira Filho (2002), algumas delas são específicas para comunicação entre os membros das
equipes, enquanto outras contemplam interessados em gestão pública.
A princípio, com a finalidade de gerenciar as atividades da GPTAE e dar
prosseguimento às etapas de publicação dos e-books, a comunidade recorre às ferramentas
blog; grupo em rede social Facebook; dois grupos em aplicativo de mensagens WhastApp;
softwares de troca de mensagens instantâneas Skype. Em suma, são recursos que permitem
aos organizadores interagir e socializar o conhecimento, até porque possibilitam responder
questionamentos dos TAE; atualizá-los sobre tópicos pertinentes à categoria,
independentemente de questões político-partidárias; publicação e disseminação de
comunicados entre as IES públicas brasileiras; divulgação de estatísticas (acesso aos e-books,
ao blog, à quantidade de inscritos e outros itens); informações sobre eventos para a categoria
e para a comunidade interessada em participar, seja como convidado ou como autor de
trabalhos desenvolvidos.
As ações e iniciativas da GPTAE são idealizadas e construídas com a plataforma
gratuita WordPress.com, compatível com seu porte e seus objetivos, além de fundamentadas
em blog para edificar e consolidar sua identidade. A plataforma permite acesso a downloads
gratuitos dos e-books, além da comunicação ágil com os demais TAE em território nacional,
independentemente de ser autor ou leitor dos livros, e, ainda, com a população mundial
interessada na temática e nas iniciativas da GPTAE. Do mesmo modo, acontece com o grupo
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mantido no Facebook, que desempenha função semelhante ao blog, como instrumento de
comunicação, interagindo com os seguidores a partir de postagens atraentes ao campo da
gestão pública. Isto é, ao tempo em que contribui para a imagem que se forma sobre esta
CoP
,
as ferramentas utilizadas conciliam a missão da GPTAE de investir e suscitar o interesse na
pesquisa científica, um dos elementos fundamentais de qualquer entidade de ensino superior
dentre os TAE de instituições públicas brasileiras de ensino básico, técnico e tecnológico, em
consonância com o prescrito no documento-base Gestão Pública... (2016).
Há, ainda, a comunidade virtual administrada no WhatsApp. No caso, são mantidos dois
grupos. O primeiro deles reúne os organizadores, responsáveis pela gestão da GPTAE e a
quem compete deliberar questões diversas referentes à edição dos e-books, além de organizar
eventos de interesse dos técnicos administrativos e de outras ações-meio. Ademais, este
segmento se comunica virtualmente via Skype, o qual permite acesso gratuito ao intercâmbio
de mensagens instantâneas e grupo de chamadas via webcam, isto é, chamada de voz e vídeo.
Com frequência, essa ferramenta é adotada para deliberar sobre questões importantes, como
convites ou seleção de novos organizadores.
O segundo grupo congrega a equipe técnica para a troca de informações e de
orientações sobre procedimentos para avaliação dos artigos submetidos, a cada ano, além de
assumir o encargo de dirimir eventuais vidas dos membros. Acrescentamos que os dois
segmentos usam, com constância, outra ferramenta básica para as comunidades virtuais, qual
seja, o e-mail. Os membros se comunicam trocando mensagens entre si e com os autores,
como também realizam compartilhamento de arquivos por meio do Google Drive, quando os
arquivos podem ser editados por representantes das equipes.
4 EFEITOS DA COMUNIDADE “GESTÃO PÚBLICA DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS
EM EDUCAÇÃO”
O trabalho desenvolvido pela GPTAE até então, final de 2016, apresenta, como
resultado da socialização do conhecimento, dois volumes de coletâneas publicados em
formato e-book pelas editoras Digital Books e Pontocom, respectivamente, em 2014 e 2015
(Figura 1). São eles intitulados, respectivamente, “A gestão pública na visão dos técnicos
administrativos em Educação das universidades públicas e institutos federais” e “A gestão
pública: visão dos técnicos administrativos em Educação das IFES.”
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Figura 1 – Capa dos volumes um e dois dos e-books da comunidade “Gestão pública dos técnicos administrativos
em Educação”.
Fonte: Chaves et al. (2015); Santos et al. (2014).
Tal edição atende a múltiplos objetivos específicos da equipe apresentados na grande
seção três, intitulada “Comunidade “gestão pública dos técnicos administrativos em
Educação”, sobretudo, no que se refere ao teor das alíneas a, b, c, d, e, f, excluindo-se tão
somente o item g, alusivo ao material impresso. Retomando-se os demais, estes se referem,
respectivamente, à necessidade de mostrar a competência e habilidades profissionais dos
TAE; assegurar comunicação e expansão de seus projetos; favorecer espaço para sua
produção intelectual; incrementar a autoestima dos técnicos administrativos; editar e-books;
e, por fim, chamar a atenção das potencialidades dos TAE como produtores de novos saberes
e, portanto, como colaboradores vitais das IES. Como adendo, acrescentamos que os custos
para publicação dos volumes são divididos igualitariamente entre todos os membros
(organizadores e equipe cnica) e com os autores dos artigos. Este procedimento se aplica,
porquanto a GPTAE prima pela equidade entre todos os participantes, embora o ônus dos
custos não seja comum em publicações sob a responsabilidade de servidores docentes.
Quando da editoração do primeiro volume dos e-books, não se registra delimitação de
temas para os autores em oposição ao segundo. Após os organizadores deliberarem que,
anualmente, seria lançada nova coletânea, à época, selecionaram-se nove áreas temáticas para
a submissão de artigos, com vistas a fornecer diretrizes aos autores, a saber: (a) gestão
pública; (b) gestão de pessoas nas IES; (c) capacitação e qualificação de servidores; (d)
práticas de ensino, pesquisa e extensão; (e) ética na gestão pública e princípios da
administração blica; (f) realidade das instituições federais de ensino e orçamento público;
(g) técnicos administrativos nas instituições de ensino: aspectos sobre qualidade de vida,
segurança, saúde e cultura organizacional no ambiente laboral das universidades públicas e
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institutos federais; (h) sustentabilidade ambiental nas instituições públicas de ensino
superior; (i) gestão de documentos públicos.
O primeiro volume traz 10 artigos publicados por 16 autores TAE de sete instituições.
Abrange temáticas variadas, a exemplo de extensão universitária à extensão tecnológica;
valores e motivação nas universidades; ampliação do fazer do assistente social; assédio moral
no trabalho; valorização do servidor público e atos discricionários da remoção e
redistribuição; avaliação de desempenho; ciência para todos. Em se tratando do segundo
volume, são 17 artigos escritos por 22 autores TAE de 16 instituições, contemplando também
temas variados, a exemplo de qualidade no serviço público; flexibilização da jornada de
trabalho para os técnicos administrativos; programa de monitoria; auxílio-transporte; gestão
documental; avaliação de desempenho docente; atração, retenção e evasão de talentos; gestão
pública e expansão do ensino superior brasileiro.
A diversidade de tópicos apresentados nos dois volumes evidencia quão ricas e
variadas são as facetas da atuação dos TAE nas IES do Brasil e também demonstra que as
práticas da GPTAE têm sido coerentes com os objetivos preconizados. De forma similar,
ocorre com o volume três, publicado em dezembro de 2016, incluindo 18 artigos dos 33
submetidos, sob a responsabilidade de 35 autores TAE de 16 instituições.
A esse respeito, o Gráfico 1 sintetiza o quantitativo de artigos submetidos para
avaliação entre 2014 e 2016, deixando antever o total de papers não aceitos para publicação.
Em síntese, em 2014, foram 16 artigos recebidos, dos quais 10 compõem o primeiro volume.
No ano de 2015, a demanda de papers chega a 36 artigos, com a edição no volume dois de
menos da metade dos artigos submetidos, ou seja, os citados 17. Em 2016, como dito, a GPTAE
compôs o volume três com 18 papers.
Gráfico 1 – Quantitativo de artigos submetidos à avaliação dos e-books da comunidade “Gestão pública dos
técnicos administrativos em Educação”: 2014 a 2016.
Fonte: GESTÃO Pública: a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades públicas e
institutos federais (2016).
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Os números do Gráfico 1 corroboram a pressuposição de que os TAE vêm aderindo à
proposta da GPTAE. O confronto entre os três anos comprova incremento sistemático da
produção. São dados que nos permitem inferir que os TAE estão se sentindo mais motivados a
publicar, reforçando a proposta da GPTAE, direcionada para a produção e a divulgação
técnico-científica dos servidores públicos brasileiros da carreira técnico-administrativa em
Educação (GESTÃO PÚBLICA..., 2016).
A previsibilidade de publicar atos institucionais alusivos, sejam administrativos,
científicos ou acadêmicos, está explícita no Artigo 37 da Constituição Federal vigente (BRASIL,
1988, grifo nosso), que diz: “[...] a administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” E, de fato, como o
Gráfico 2 sumariza, cresce, gradativamente, o número de IES brasileiras interessadas na
proposta da GPTAE, seja participando na submissão de artigos para os e-books ou na condição
de integrantes da equipe técnica, Gráficos 1 e 2.
Gráfico 2 – Quantitativo de instituições brasileiras com técnicos administrativos em Educação interessados na
publicação de artigos nos e-books: 2014 a 2016.
Fonte: GESTÃO Pública: a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades
públicas e institutos federais (2016).
A divulgação, por parte dos TAE, das práticas diárias, incluindo atos administrativos,
publicações acadêmicas e/ou científicas, respalda que os técnicos administrativos em
Educação socializem conhecimentos sobre procedimentos que exercem diretamente, como
prevê a Carta Magna. Adicionalmente, a ampla disseminação tanto dos conteúdos produzidos
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pela categoria dos TAE nas coletâneas da GPTAE quanto da difusão de obras veiculadas no
meio acadêmico brasileiro, aliados às propostas-base da GPTAE, oportuniza convites para
discussão de temas relacionados ao avanço da carreira técnico-administrativa em Educação e
seu papel para a efetivação da gestão pública das IES no Brasil, a saber:
a) III e IV Seminário de Integração dos cnicos Administrativos em Educação (SINTAE),
2015 e 2016, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o tema central
“Divulgação do conhecimento em publicações eletrônicas”;
b) I Seminário de Gestão Pública da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA),
setembro de 2016, com a temática “A gestão pública sob a visão dos TAE”;
c) montagem de pôster no VI Simpósio de Profissionais (SIMTEC) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), setembro de 2016, com o trabalho “Gestão Pública:
a visão dos técnicos administrativos em Educação das universidades públicas e
institutos federais.”
Os referidos chamamentos à GPTAE ampliam a chance de atingir vários objetivos
específicos propostos referendados na seção três (alíneas a, b, d, e, especialmente, a alínea
f), que põe em foco a urgência de favorecer visão mais realista com relação à categoria dos
TAE, buscando reforçar sua posição como produtora de conhecimentos e colaboradora efetiva
das instituições, como também antes mencionado.
5 CONCLUSÃO
Retomamos, aqui, o objetivo central do artigo, no sentido de apresentar a comunidade
“Gestão pública dos técnicos administrativos em Educação” (GPTAE) como um grupo que,
lançando mão das estratégias características das CoP, tende a ampliar e desenvolver
conhecimentos consolidados e/ou recém-gerados entre os integrantes advindos de diferentes
regiões e instituições brasileiras de ensino superior. Os dados coletados e analisados via
pesquisa documental, bibliográfica e observação participante, com abordagem qualitativa e
uso de netnografia, fortalecem a inferência de que os resultados apontam para extrapolação
da comunidade de prática virtual.
As ações rompem o campo virtual e se materializam na coesão e no engajamento dos
envolvidos em território nacional, não importa se estão próximos ou distantes
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geograficamente, até porque o que une é a meta comum a todos acreditarem nos objetivos
de socialização dos conhecimentos, o que corresponde a pensarem, escreverem e publicarem
sobre gestão pública em suas instituições. Identificam-se, neste momento, elementos
necessários a qualquer comunidade virtual compendiados por Chammé e Umeda (2010),
Quadro 1. Dentre eles: familiarização, reconhecimento dos integrantes, compartilhamento de
mensagens e de símbolos singulares, esforço na manutenção e na continuidade do grupo,
interatividade, pertencimento e projeto comum, todos estes itens presentes na CoP GPTAE.
Sem dúvida, a comunidade GPTAE preocupa-se com o aprendizado coletivo, com a
atualização e a gestão dos conteúdos gerados e disseminados entre seus integrantes e demais
TAE, como também estimula o compartilhamento sistemático de saberes via editais anuais
para publicação de e-books. Para tanto, a comunidade “Gestão pública dos técnicos
administrativos em Educação” suporte a seus integrantes, por meio do acesso a recursos
comunicacionais e à infraestrutura tecnológica, além do elemento humano capacitado,
contribuindo, pois, para o sucesso do grupo. Na verdade, o investimento, em grande parte,
está relacionado ao fator tempo doado pelos TAE para o deslanchar de atividades profícuas à
categoria, sem contar o pagamento de taxa de publicação junto às editoras, o que, aliás, não se
com docentes-autores, o que deve ser visto como ponto a ser submetido junto à
Administração Superior das IES, porque parece injustificável.
Por fim, esperamos que outros estudos possam ser realizados, contemplando aspectos
de comunidades de práticas virtuais, além do intuito de incutir o desejo de criação de novos
grupos de TAE em instituições e/ou organizações de diferentes naturezas, sempre com a
finalidade de discutir a diversidade de temas relacionados à vivência dos técnicos
administrativos.
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ARTIGO
SOBRE AS AUTORAS
Jacqueline de Castro Rimá
Mestranda em Ciência da Informação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade
Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB). Bibliotecária-Documentalista da UFPB. Atua como Diretora da Biblioteca
Setorial Maria do Socorro Vásquez.
E-mail: jacquelinerima@gmail.com
Joana Coeli Ribeiro Garcia
Professora Titular do Departamento de Ciência da Informação e do PPGCI/UFPB. Professora Colaboradora no
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco.
E-mail: nacoeli@gmail.com
Maria das Graças Targino
Professora do PPGCI/UFPB e coordenadora do curso de Alfabetização e Letramento do Centro de Educação
Aberta a Distância da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
E-mail:
gracatargino@hotmail.com
Recebido em: 13/12/2016; Revisado em: 21/04/2017; Aceito em: 22/04/2017.
Como citar este artigo
RIMÁ, Jaqueline de Castro; GARCIA, Joana Coeli Ribeiro; TARGINO, Maria das Graças. Comunidades de práticas
virtuais dos técnicos administrativos em educação de instituições de ensino superior. Informação em Pauta,
Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 8-27, jan./jun. 2017.
INCURSÕES SOBRE O TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO:
estudo da política de indexação em bibliotecas universitárias goianas
THE THEMATIC DESCRIPTION OF INFORMATION UNDER
DISCUSSION: a study about indexing policy in academic libraries in the city of
Goiânia
Ana Paula da Fonseca Vieira
UFG
Lais Pereira de Oliveira
UFG
Tatielle Marques Cunha
UFG
RESUMO
Analisa o uso da política de indexação nas bibliotecas universitárias da cidade de Goiânia Goiás.
Constitui estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado mediante pesquisa com uso de
questionário online, encaminhado aos bibliotecários do contexto investigado. Os resultados
indicam que a indexação é conduzida na maior parte das unidades de acordo com regras e critérios
específicos, apesar de não existir uma política formalmente estabelecida. Sobressai a forma de
tratamento temático via indexação seletiva, tanto derivativa quanto atributiva, em linguagem
natural e feita manualmente. Conclui-se que a política de indexação vigora informalmente nas
bibliotecas goianas, uma vez que a padronização e a coerência na atribuição de termos são
observadas, mas sem registro e formalização do processo decisório em um documento oficialmente
instituído.
Palavras-chave: Indexação. Política de indexação. Biblioteca universitária.
ABSTRACT
This paper analyses the use of the indexing policy in academic libraries placed in the city of Goiânia,
Goiás, Brazil. It is characterized as a descriptive study with quantitative approach, which was
developed through research online questionnaire that was sent to librarians. The results indicate
that indexing is conducted in most units according to specific rules and criteria, although there is no
formally established policy. It stands out the form thematic description by selective indexing,
derivative and attributive, in natural language and by manual process. It concludes that indexing
policies have existed informally in libraries in Goiânia, from observation of the standardization and
coherency in the attribution of terms, but without registration and formalization of the decision-
making process in officially established document.
Keywords: Indexing. Indexing policy. Academic library.
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ARTIGO
Vieira; Oliveira; Cunha | Tratamento temático da informação
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ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
A indexação é uma atividade componente do tratamento temático da informação,
que representa, por meio de termos ou palavras-chave, o conteúdo de um documento. A
partir desses termos, previamente definidos, o usuário fará a busca no Sistema de
Recuperação da Informação (SRI).
Pode-se dizer que o processo de indexação é o elo criado entre o bibliotecário e o
usuário, uma vez que busca possibilitar o acesso à informação. Por isso, é necessário que
o profissional esteja inserido no mundo do seu usuário em potencial e tenha em mente
seu perfil e suas necessidades de informação. A atribuição de termos deve ser feita de
acordo com critérios preestabelecidos, considerando a unidade de informação, o acervo
e, especialmente, o público atendido.
A política de indexação é o documento instituído nas unidades de informação
para regular a atividade de análise e tradução do assunto dos itens, assim como
descrever diretrizes e procedimentos para o labor do indexador (RUBI; FUJITA, 2003, p.
70). Indexar de maneira exaustiva ou seletiva, atributiva ou derivativa, com ou sem
linguagem controlada, são algumas das decisões que precisam ser tomadas e estarem
efetivamente estabelecidas na política, refletindo, ainda, na forma de trabalho e no
discernimento dos profissionais acerca do tratamento temático desenvolvido
internamente.
Nessa perspectiva, desenvolveu-se estudo voltado à política de indexação em
bibliotecas universitárias goianas, visando obter dados sobre sua existência e verificar
os aspectos considerados pelas unidades investigadas para análise e atribuição dos
termos. Teve-se como objetivo geral analisar a maneira segundo a qual as bibliotecas em
estudo regulam e padronizam o processo de indexação e em que medida a política é
utilizada para tal fim.
A pesquisa se insere no âmbito do projeto de pesquisa denominado “Política de
indexação em bibliotecas universitárias”, conduzido na Faculdade de Informação e
Comunicação da Universidade Federal de Goiás. Considerou-se, no seu desenvolvimento,
o relevante papel da biblioteca universitária na organização e no tratamento
informacional para fomentar o adequado fluxo dos conteúdos e propiciar a produção de
novos conhecimentos.
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ARTIGO
2 TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO
O tratamento da informação engloba um conjunto de atividades técnicas
desenvolvidas pelo bibliotecário com a finalidade de representar descritiva e
tematicamente um documento. Conforme Dias e Naves (2013, p. ix) “o tratamento da
informação tem sido considerado uma das funções de grande importância no
desempenho de bibliotecas e sistemas de recuperação da informação.”
Assim, pode-se afirmar que “o tratamento da informação acompanha o fazer
bibliotecário, independente das novas mídias e recursos trazidos com o advento das
tecnologias da informação e comunicação (TIC)” (SANTA ANNA; CALMON; CAMPOS,
2016, p. 62). Por meio dele, dá-se publicidade ao item, uma vez que as informações nele
contidas são evidenciadas em constructos descritivos e temáticos aos quais se terá
acesso na busca.
A produção de informação sobre informação, ou seja, a construção de
representações de um documento, acompanha o expressivo surgimento de conteúdos.
Como esclarecem Dias e Naves (2013, p. 1-2):
Esse aumento da quantidade de informação produzida no mundo e, por
conseguinte, disponível para os interessados, tem se constituído num dos
fatores principais de dificuldade para o trabalho de identificação e acesso a
essas informações [...] Por isso, foi-se desenvolvendo também, paulatinamente,
a necessidade de produzir informação sobre informação, ou seja, informações
cujo objetivo é documentar os registros (livros, etc.) existentes nas várias áreas
do conhecimento, suas características, e onde esses registros podem ser
encontrados [...]
Ao realizar o tratamento ou o processamento técnico da informação, como é mais
comumente caracterizado pelos profissionais, o bibliotecário desenvolve conjuntamente
a catalogação, a classificação e a indexação. Logo, “o ato de catalogar, indexar e
classificar estão atrelados uns aos outros.” (SANTA ANNA; CALMON; CAMPOS, 2016, p.
63).
Por isso, a divisão do tratamento da informação em vertentes, de acordo com a
“natureza da atividade que desenvolve: o tratamento descritivo, que lida com dados
objetivos extraídos do documento, e o tratamento temático, que procura descrever o
conteúdo (o ‘assunto’) do documento.” (DIAS; NAVES, 2013, p. ix). No caso deste artigo,
discute-se mais a fundo a vertente temática e, especificamente, a indexação de assunto.
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2.1 TRATAMENTO TEMÁTICO DA INFORMAÇÃO
O tratamento temático da informação, voltado à compreensão e extração do
assunto dos documentos, resulta nos processos de classificação e indexação. O primeiro
dedica-se à representação mediante notação, que será o localizador do item no acervo. O
segundo explora a composição de palavras-chave, que serão o elo para a busca da
informação no SRI.
Também descrita na literatura como descrição temática, essa dimensão do
tratamento da informação é fundamental por evidenciar os atributos intrínsecos do
documento, relacionados ao seu conteúdo. Sua finalidade é “a recuperação conforme os
objetivos de busca do usuário. Para tanto, podem ser utilizados os processos de
indexação, catalogação de assunto, classificação e elaboração de resumos.” (FUJITA;
RUBI; BOCCATO, 2009, p. 19). Como afirmam Narukawa e Sales (2012, p. 154):
Partindo da ótica de que a Ciência da Informação é o campo científico que
abriga a prática profissional da Biblioteconomia, nota-se que o Tratamento
Temático da Informação (TTI) ocupa posição central, pois é responsável pela
mediação entre a produção e o consumo da informação, exercendo a tarefa
fundamental de dar acesso ao conteúdo documental.
Para conduzir o tratamento temático, o bibliotecário precisa recorrer à análise
documentária, ou análise de assunto. Esta, “como uma atividade intelectual tem como
objetivo responder à pergunta ‘do que trata?’, a respeito de determinado documento”
(LIMA; MACULAN, 2014, p. 25). Propicia, com isso, compreensão e alcance da dimensão
temática presente no mesmo.
O tratamento temático via indexação é fundamental para evidenciar os temas
tratados no documento, concorrendo grandemente para a recuperação deste dentre
uma série de outros de que a unidade também disponha. Para Lima e Maculan (2014, p.
23), “a indexação é um importante processo dentro de um SRI, processo no qual se
espera que o indexador leia o documento e faça a distinção entre informação relevante e
periférica, para melhor representá-lo, para a posterior recuperação.” Essa atividade é
melhor explorada na seção a seguir.
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2.2 O PROCESSO DE INDEXAÇÃO
Nas unidades de informação a indexação, é o processo técnico responsável por
evidenciar o assunto ou assuntos de um documento. O indexador analisa o item,
compreende sua tematicidade e realiza sua representação a partir do estabelecimento
de termos ou descritores. De acordo com Brito e Caribé (2015, não paginado) “no
processo de indexação os conceitos são extraídos do documento por meio da análise,
portanto, em linguagem natural, rica em significados e figuras, como metáforas, licenças
poéticas, entre outros”.
Como observa Lancaster (2004), a indexação perpassa, principalmente, por duas
etapas: análise conceitual e tradução. A primeira implica decidir a temática do
documento, por meio da leitura e compreensão do assunto tratado. Posteriormente,
realiza-se a tradução, que é a conversão destes conceitos em um conjunto de termos
para indexação.
A indexação, portanto, engloba “a extração de conceitos que possam representar
o assunto de um documento e a tradução destes para termos [...]” (DIAS; NAVES, 2013, p.
18). A extração de conceitos ocorre por meio de uma análise conceitual, que implica
determinar o assunto do documento, e a tradução envolve a conversão dessa análise
conceitual em um determinado conjunto de termos para indexação.
O indexador deve ter atinência no processo, ou seja, a preocupação em adequar a
indexação ao usuário que a unidade de informação atende, viabilizando, assim, a
recuperação e o acesso à informação buscada. Segundo Lancaster (2004, p. 14), o tema
da atinência “es relacionado muito de perto com o da relevância isto é, a relação
entre um documento e uma necessidade de informação ou entre um documento e um
enunciado de necessidade de informação (consulta)”.
Na condução da indexação, os termos escolhidos e utilizados na representação de
assunto podem ser exaustivos ou seletivos; sendo estes uma quantidade abrangendo
somente o conteúdo temático principal do documento, e aqueles, termos que abrangem
o documento de forma aprofundada, contemplando, além do assunto principal, os
assuntos secundários. Ademais, o princípio da especificidade, que trata a indexação
do documento com o termo mais específico.
A opção pela realização de uma indexação exaustiva, que possibilita o uso de
diversos termos na representação do assunto, ou mesmo de uma indexação seletiva, que
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restringe a utilização dos termos, impacta diretamente na recuperação. A depender da
escolha feita, pode-se incorrer em precisão, quando o sistema recupera somente
documentos úteis, ou no processo de revocação, em que são retornados inúmeros
registros, relacionados ou não ao tema buscado.
A indexação também pode ser desenvolvida de forma derivativa, com extração de
termos do próprio documento, ou atributiva, no caso do bibliotecário fazer uso de
descritores a partir de um vocabulário ou mesmo conforme sua concepção própria. No
caso de ser conduzida pelo profissional, tem-se a indexação manual. Sendo o
computador a promover a varredura e retirada de palavras, incorre-se na indexação
automática.
A linguagem é outro fator a ser observado na descrição de assunto. A indexação
em linguagem natural emprega palavras do discurso comum na representação do
conteúdo, enquanto a indexação em linguagem controlada emprega termos
documentários que pertençam a um vocabulário com controle de significado, como um
tesauro, por exemplo.
Como destacam Fujita e Gil-Leiva (2014, p. 51), a indexação “como elemento
essencial de uma política de tratamento temático da informação é influenciada pelas
variáveis da recuperação da informação: escolha da linguagem, exaustividade,
especificidade, revocação e precisão”. Tal discussão é aprofundada na sequência.
2.3 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO
Ao desenvolver a indexação de assunto, o bibliotecário precisa observar algumas
diretrizes, que permitam padronizar e regular essa atividade de tratamento temático.
Especialmente porque a indexação “é uma operação delicada que lida com ideias a
serem transmitidas por palavras que as representem, e depende de variáveis subjetivas
submetidas à análise de um indexador humano que também possui ideias próprias.”
(FUJITA, 1989, p. 120). Além disso, a atribuição de descritores é fundamental para a
posterior recuperação da informação, o que explica a seriedade com que essa atividade
técnica deve ser conduzida.
A política de indexação é o documento internamente instituído nas unidades de
informação e que irá reunir os parâmetros e a filosofia de indexação destas. Pode ser
definida como um guia ou manual que orienta o processo de indexação na unidade de
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informação, buscando padronização neste processo subjetivo da indexação. Ou, em uma
visão mais ampla, “é o conjunto de procedimentos, materiais, normas e técnicas
orientadas por decisões que refletem a prática e princípios teóricos da cultura
organizacional de um sistema de informação.” (FUJITA, 2012, p. 22). Conforme definem
Rubi e Fujita (2003, p. 70):
O manual de indexação de um sistema de informação constitui também sua
documentação oficial, pelo fato de estar descrito em ordem lógica de etapas a
serem seguidas para a análise de assuntos, por fornecer as regras, diretrizes e
procedimentos para o trabalho do indexador e por conter os elementos
constituintes da política de indexação adotada pelo sistema.
Nota-se, assim, a relevância e o papel da política ao âmbito interno na biblioteca.
Ela trará parâmetros a serem observados, influenciando diretamente no trabalho do
bibliotecário, tendo que refletir, por isso mesmo, na cultura da unidade. E precisa existir
formalmente, como documento. Como destacam Sousa e Fujita (2014, p. 28), “as
diretrizes e normas servem de apoio, de base para dar direcionamento, mas além delas,
é de suma importância que o sistema de informação tenha uma política de indexação
estruturada e registrada.” Fujita e Rubi (2006, p. 53) reforçam que:
Reconhecendo a importância que a política de indexação tem ao permear todo
o processo do ciclo documentário, desde a coleta da informação até sua
recuperação e disseminação, torna-se necessário que ela esteja descrita de
maneira clara e objetiva e ao alcance de todos aqueles que contribuem para o
desenvolvimento desse ciclo dentro do sistema de informação.
A política precisa considerar a unidade de informação, seu acervo e usuários.
Como ressalta Pinto (2001, p. 229),
[...] deve ser definida em função dos objetivos e da missão destes organismos,
em função do perfil dos seus clientes, e deverá estar contida em um manual, de
maneira que os indexadores possam tomar conhecimento das regras
estabelecidas e possam segui-las.
A importância de se estabelecer uma política de indexação é ter um instrumento
que norteie o processo de indexação de acordo com a missão e objetivos da instituição,
garantindo a melhor forma para representação do conteúdo das obras. Para Dias e
Naves (2013, p. 21) “destaca-se, no processo de indexação, a necessidade de se
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estabelecer uma política de indexação, imprescindível na orientação da atividade do
indexador.”
Pela relevância e peso da indexação, essencial para busca e recuperação, é
essencial a dedicação do profissional na formalização e instituição da política, que reflita
princípios em torno desse processo, posto que:
A política decide não sobre a consistência dos procedimentos de indexação
em relação aos efeitos que se necessita obter na recuperação, mas,
principalmente, sobre a delimitação de cobertura temática em níveis
qualitativos e quantitativos, tendo em vista os domínios de assuntos e as
demandas dos usuários. (FUJITA, 2012, p. 17).
A política de indexação estabelece o nível de especificidade, exaustividade,
seletividade e escolha da linguagem conforme as características dos usuários. Assim, “a
política auxilia o SRI, na medida em que possibilita a coincidência entre os termos
indexados e a estratégia de busca.” (DIAS; NAVES, 2013, p. 21). Além do que:
As diretrizes estabelecidas na política tornam-se guias importantes para a
organização e recuperação da informação, aperfeiçoando o serviço de
tratamento e descrição informacional. No entanto, a falta de uma política de
indexação implica na inconsistência da indexação podendo transformar seu
resultado em algo redundante, incompleto e contraditório. (CUNHA; VIEIRA;
OLIVEIRA, 2016, p. 3).
3 METODOLOGIA
O estudo enquadra-se como descritivo, com abordagem quantitativa, isto é,
“quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir
neles.” (PRODANOV, 2013, p. 52). O universo de investigação são as bibliotecas
universitárias, com plano amostral nas Instituições de Ensino Superior localizadas no
município de Goiânia, Estado de Goiás.
Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário, o qual é uma “técnica de
investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com
o propósito de obter informações sobre conhecimentos.” (GIL, 2008, p. 121). O
questionário foi aplicado através do Google Formulário, contendo 20 questões fechadas
e 1 questão aberta, que permitiu aos bibliotecários expressarem-se de forma mais livre
sobre o uso da política de indexação.
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4 ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa foi desenvolvida junto a bibliotecas universitárias de faculdades e
universidades localizadas em Goiânia (GO). Teve-se, como base para a seleção, todas as
instituições regularmente cadastradas no Ministério da Educação. Ao encaminhar os
questionários, contudo, obteve-se retorno de apenas 20 unidades, sobre as quais a
análise foi construída.
a) Dados de caracterização do profissional
Os dados de caracterização que abrem o questionário trazem informações sobre
faixa etária, sexo, cargo ocupado pelo profissional e tempo em que exerce o mesmo na
biblioteca universitária. Quanto ao primeiro item, tem-se:
Gráfico 1 – Faixa etária
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Como demonstra o gráfico acima, os bibliotecários participantes do estudo são
em sua maioria (55%) pessoas na faixa etária acima de 35 anos de idade. Um pequeno
percentual (35%) tem entre 31 e 35 anos, e apenas 10% dos respondentes estão na faixa
de 26 aos 30 anos. Além disso, 90% são do sexo feminino.
No que diz respeito ao cargo, 95% (19) atuam como bibliotecários, a maioria dos
quais tem entre 5 e 10 anos de atuação no mesmo. O gráfico 2 apresenta resultados
quanto ao tempo de exercício:
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Gráfico 2 – Tempo que exerce o cargo na unidade.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Nota-se que predominam nas bibliotecas universitárias goianas: mulheres, na
faixa dos 30 anos, atuando como bibliotecárias e com até 10 anos de experiência nesse
âmbito. Isso reflete a percepção comum de haver mais pessoas do sexo feminino na área,
reflexo do próprio centro formador, no qual se observam mais mulheres. A vivência
profissional alterna, mas o destaque é para quem tem entre 5 e 10 anos (10) e entre 1 e
4 anos (6) de atividade. duas pessoas com até 15 anos e outras duas com mais de 15
anos de experiência, mas essas são minoria no cenário das 20 respostas.
b) Caracterização da biblioteca
em relação às unidades de informação, constatou-se que 100% delas realiza
processamento técnico do acervo. Destas, 9 bibliotecas (45%) compartilham os registros
construídos no processamento com outras da rede; o mesmo percentual indicou
também receber os registros das outras unidades pertencentes à rede.
A maior parte das bibliotecas (55%) o recebe nem compartilha os registros do
processamento cnico, realizando por si as atividades de classificação, catalogação e
indexação. Isso pode ser um reflexo da própria característica da unidade de pertencer ou
não a uma rede ou sistema de bibliotecas.
O bloco também questionou as unidades sobre os profissionais que fazem parte
da equipe, desde bibliotecário até auxiliar de biblioteca e estagiário. Os resultados
foram:
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Gráfico 3 – Profissionais que fazem parte da equipe de trabalho.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
casos de outros profissionais na equipe, em oito das unidades respondentes.
São eles: administrador, analista de TI, assistente em administração, carregador
terceirizado, encarregado, estagiários de outros cursos da própria faculdade, menor
aprendiz e técnico em assuntos educacionais.
Há, portanto, a figura do bibliotecário em todas as bibliotecas participantes do
estudo. Em grande parte delas (18) também está presente um auxiliar de biblioteca. A
presença do estagiário de nível médio é observada em apenas 8 unidades. Importante
ressaltar a ausência do estagiário de Biblioteconomia em todas as 20 bibliotecas.
c) Tratamento temático da informação
A questão inicial desse bloco indagou sobre o responsável pela indexação de
assunto na biblioteca.
Gráfico 4 – Responsável pela indexação de assunto na biblioteca.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
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Como exposto acima, em 80% dos casos (16) apenas o bibliotecário desenvolve
essa atividade técnica. Em 20% dos locais (4), bibliotecário e auxiliar de biblioteca fazem
indexação dos materiais.
Questionados sobre a existência de campo específico no software de automação
para inserção dos termos de indexação, todos os bibliotecários afirmaram contar com
essa possibilidade. Diante desse resultado, percebe-se importante suporte para que a
atribuição de descritores de assunto seja devidamente conduzida no software que cada
unidade utiliza.
Em termos da política de indexação propriamente dita foram feitos dois
questionamentos. O primeiro, acerca da observação de algumas diretrizes e regras para
a escolha dos termos de indexação. O segundo, sobre a existência formal de uma política,
que normatize a indexação na unidade.
Curiosamente, apenas 15 bibliotecas – o que corresponde a 75% do conjunto
pesquisado responderam que observam diretrizes e regras para condução da
indexação de assunto, apesar de todo o conjunto ter respondido e especificado no
questionário os níveis e tipos de indexação que realizam. Entretanto, em apenas 3
unidades (15%) existe uma política formalmente estabelecida, ou seja, em 17 bibliotecas
não um documento em forma de manual ou política que regule a atividade de
indexação.
Esse cenário demonstra a falta de formalização das ações e processos decisórios
em torno do tratamento temático da informação nas bibliotecas universitárias goianas.
Apesar de boa parte demonstrar preocupação com a realização da indexação, seguindo
regras e buscando padronizar o processo, um percentual ainda maior não estabelece
isso internamente, mediante registro e formalização das diretrizes a serem observadas.
d) Política de indexação
O bloco sobre política de indexação buscou compreender a forma com que a
indexação é conduzida nas bibliotecas universitárias investigadas. Uma vez que boa
parte das unidades respondeu observar regras e diretrizes específicas para indexar seus
documentos, foram feitas perguntas específicas a fim de delimitar os padrões que
orientam tal atividade técnica e intelectual dos profissionais.
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O primeiro questionamento foi sobre a forma de indexação, se exaustiva ou
seletiva, no que se observou que:
Gráfico 5 – Forma de condução da indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Em 85%, ou seja, 17 bibliotecas, a opção é por uma indexação seletiva, com
emprego de poucos termos. Somente 15% (3) opta pela indexação exaustiva, com uso de
muitos descritores. Nesse sentido, solicitou-se aos bibliotecários que indicassem a
quantidade de termos utilizados na indexação, obtendo-se como resultado:
Gráfico 6 – Quantidade de termos utilizado na indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
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Em conformidade com a maioria das respostas, que assinalou indexação seletiva,
os respondentes indicaram utilizar poucos descritores. Uma das pessoas afirma que a
biblioteca o possui quantidade fixa de termos. Todas as outras, porém, indicaram. O
padrão está de acordo com o que traz a literatura, uma média de 3 a 5 palavras para
representação de cada documento.
Com relação ao modo como os termos de indexação são atribuídos, tem-se:
Gráfico 7 – Escolha das palavras-chave para representar o assunto.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Como indicam os dados, predomina a utilização conjunta de indexação derivativa
e atributiva, uma vez que 90% das unidades (18) declarou que as palavras-chave são
retiradas do texto e também atribuídas de acordo com a percepção do indexador.
Apenas 10% das bibliotecas faz uso exclusivamente da atribuição.
Quanto à linguagem, predomina o uso da linguagem natural (60%), ou seja, sem
uso de tesauro na indexação, como indica o gráfico abaixo:
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Gráfico 8 – Tipo de linguagem utilizada
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Somente 10% das unidades (2) faz indexação em linguagem controlada, mediante
utilização de um tesauro. Entretanto, em 30% dos casos, o que corresponde a 6
bibliotecas, há uma mescla de linguagem natural e controlada na indexação.
Quanto à maneira segundo a qual a indexação é feita, se manualmente ou
automaticamente, 85% das bibliotecas desenvolve indexação manual, ou seja, em 17
locais o indexador humano é que realiza esse processo técnico dedicando-se à leitura e
extração do assunto dos documentos. Nenhuma unidade de informação declarou
realizar indexação automática. Contudo, 15% afirmou fazer uso de ambas as formas,
manual e automática. Isso pode ser resultado de certa confusão conceitual, já que a
indexação desenvolvida automaticamente é onerosa, requer investimentos em
softwares específicos e se justifica no caso da existência de grande mero de
documentos em formato digital.
Buscando compreender o nível de especificidade dos termos de indexação, ou
seja, a profundidade dos mesmos, indagou-se acerca da opção por termos gerais ou
específicos. O gráfico 9 resume as respostas acerca da questão:
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Gráfico 9 – Escolha de termos gerais ou específicos.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
A opção por termos gerais e específicos foi indicada por 15 bibliotecas (75%). As
5 unidades restantes (25%) disseram não haver regra sobre isso, estando a cargo do
indexador definir caso a caso. Nenhum bibliotecário afirmou utilizar-se apenas de
termos gerais ou priorizar somente termos específicos na indexação de assunto. Desse
modo, percebe-se que não um nível de especificidade alto com emprego de termos
específicos ou totalmente baixo com uso de termos gerais. As bibliotecas
universitárias optam pelo meio termo.
Ao questionar os respondentes se o usuário da informação participa de alguma
forma na indexação, as respostas levaram ao seguinte cenário: 19 bibliotecas, o que
corresponde a 95%, o permitem a participação do usuário no processo de atribuição
de termos; uma unidade declarou haver essa possibilidade, podendo o usuário indicar
palavras para os itens.
A penúltima questão do bloco indagou os profissionais sobre o índice de
revocação e precisão do sistema de informação. De acordo com as respostas, ao realizar
uma busca por assunto no catálogo, o software demonstra maior precisão, retornando
exatamente os registros relacionados ao tema buscado. Essa opção foi indicada por 12
bibliotecas (60%). Um percentual de 40% ou 8 unidades afirmou haver mais revocação
durante as buscas, retornando muito “lixo”.
No intuito de melhor compreender os tipos de termos adotados na indexação dos
documentos, as bibliotecas foram questionadas sobre o uso de palavras: no singular e no
plural; simples e compostas; siglas; e termos estrangeiros.
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Gráfico 10 – Indicativo de termos atribuídos na indexação.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2017).
Pelo gráfico acima, nota-se que 20 bibliotecas usam termos no singular; apenas
15 empregam descritores no plural. Do mesmo modo, as 20 unidades dizem adotar
termos simples; termos compostos são adotados somente em 16 delas. Ao todo, 16
bibliotecas afirmam aplicar siglas na indexação de assunto. O uso de termos estrangeiros
para tal propósito é maior, sendo observado em 17 unidades de informação.
Diante disso, desponta o uso de palavras simples e no singular pelas bibliotecas
universitárias goianas. O uso de siglas e termos estrangeiros também foi
expressivamente indicado.
e) Comentários gerais
No bloco que encerra o questionário foi destinado um espaço para comentários
gerais. Destacam-se duas respostas:
R1: “Utilizamos para termos autorizados a forma que é indexado pela Biblioteca Nacional
ou a Library of Congress. Não possuímos tesauro próprio. Então no sistema automatizado
usamos o campo 650 para assuntos autorizados pela BN e o 697 para palavras-chave, para
aumentar a busca por parte do usuários. Ao usar o campo 650 utilizamos as remissivas
'ver' e 'ver também' que aumentam a precisão do assunto a ser pesquisado”.
R2: “Procuramos ser exaustivos, mas sempre atentos em colocar termos que realmente
tenha o assunto no livro. Temos o campo de área do conhecimento - de acordo com a
tabela do CNPQ, macrodescritores - seção do livro de acordo com a classificação que
recebeu da CDU, e descritores, que são os termos específicos que buscamos no sumário, e
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nos textos da obra. Para fazer a indexação, realizamos uma busca de termos, se não houver
nenhum correspondente já cadastrado, temos a opção de gerar um novo registro”.
Observa-se, pelas respostas, que a indexação nesses dois contextos tem o amparo
de instrumentos externos, recorrendo-se a termos autorizados, lista de descritores de
outros órgãos e mesmo fazendo uso de outras linguagens documentárias, como é o caso
da Classificação Decimal Universal. Além disso, procedimentos bastante claros
quanto à inserção dos descritores de cada obra.
5 CONCLUSÃO
Evidencia-se, ao final da pesquisa, que a política de indexação não tem existência
formal nas bibliotecas universitárias goianas. Apenas três, em um universo de 20
unidades, declararam possuir um documento oficialmente instituído para regular a
análise e a atribuição de termos, quantitativo esse relativamente pequeno, considerando
a importância de guiar e padronizar a indexação, ainda mais em um universo como o
acadêmico.
Por se tratar de biblioteca universitária, é fundamental envidar esforços para o
adequado tratamento da informação, fazendo a ponte necessária com a recuperação e o
acesso aos itens das mais diversas áreas do conhecimento, o que incita a pesquisa, a
produção de conteúdos e a difusão do saber registrado. Nesse sentido, uma política de
indexação – que exista de fato e não seja apenas fruto do consenso entre os profissionais
em atividade é mais que oportuna, pois regulará e contribuirá com a descrição de
assunto dos documentos, ao mesmo tempo em que trará maior assertividade para o
indexador.
Há que se destacar que a preocupação em registrar e oficializar processos e
atividades nas bibliotecas – como a indexação – não leva em consideração apenas a
padronização e o rigor na observação e condução das mesmas. É uma forma de instituir,
mas também de permitir, o alinhamento do trabalho com a cultura e a filosofia da
unidade de informação. No caso da constituição de uma política de indexação, esta pode
auxiliar, inclusive, no processo de gestão do conhecimento, uma vez que esse manual
será elo fundamental para recém-contratados bibliotecários ou auxiliares de
bibliotecas – que não possuem a visão do SRI por falta de familiaridade com o ambiente.
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Contudo, mesmo sem um documento, manual ou normativa registrada
oficialmente, as unidades pesquisadas seguem diretrizes e estabelecem padrões
internos para o desenvolvimento da indexação de assunto, o que é extremamente válido.
Até uma pequena parcela que a princípio destacou o ter esse tipo de preocupação
durante o tratamento temático da informação respondeu a todas as alternativas
seguintes do questionário relacionadas à forma, tipo de linguagem, modo de atribuição
do descritor etc. Isso por si demonstra atenção e preocupação com o
estabelecimento de critérios básicos para selecionar e empregar termos relevantes para
os documentos.
Quanto à adoção de descritores propriamente ditos, a pesquisa demonstrou que
as unidades utilizam em média de três a cinco termos. Por conseguinte, ocorre a
indexação seletiva que reflete na percepção de maior precisão na busca seja a partir
de termos do próprio documento, seja pela atribuição do indexador. A grande maioria
das bibliotecas universitárias indexa em linguagem natural e de forma manual, tendo
apenas uma delas indicado a possibilidade de indexação colaborativa, com participação
do usuário.
Também o grandes anormalidades na aplicação dos descritores. As
bibliotecas investigadas fazem uso de termos gerais e específicos na indexação, de modo
que não há um nível de especificidade alto ou baixo; usam, ainda, tanto termos no
singular quanto no plural, além de palavras simples e compostas, em proporções muito
parecidas. Siglas e palavras estrangeiras são uma constante na descrição de assunto,
sendo adotadas por quase todas as unidades de informação que compuseram o escopo
da pesquisa.
Observa-se, portanto, a preocupação dos bibliotecários com a regularidade da
indexação dos documentos, uma vez que, havendo ou não política documentada,
prevalece o cuidado com a padronização e a observação da coerência no tratamento de
assunto. Embora as diretrizes que norteiam o tratamento temático nas bibliotecas
precisem ser mais bem reconhecidas em sua relevância, além de enxergados os
benefícios de registrar e instituir oficialmente cada normativa nesse âmbito, evitando
retrabalho e inconsistências no SRI da instituição.
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ARTIGO
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SOBRE AS AUTORAS
Ana Paula da Fonseca Vieira
Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
E-mail: anapaulafonsecaafv@hotmail.com
Lais Pereira de Oliveira
Mestre em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília (UnB). Docente do curso de
Biblioteconomia da Faculdade de Informação e Comunicação da UFG.
E-mail: laispereira2@yahoo.com.br
Tatielle Marques Cunha
Graduada em Biblioteconomia pela UFG.
E-mail: tatielle.letras@hotmail.com
Recebido em: 26/02/2017; Revisado em: 04/05/2017; Aceito em: 14/05/2017.
Como citar este artigo
VIEIRA, Ana Paula da Fonseca; OLIVEIRA, Lais Pereira de; CUNHA, Tatielle Marques. Incursões sobre o
tratamento temático da informação: estudo da política de indexação em bibliotecas universitárias goianas.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 28-49, jan/jun. 2017.
LA TEORÍA DE LA ACTIVIDAD EN EL ESTUDIO DEL
COMPORTAMIENTO INFORMACIONAL HUMANO: consideraciones
fundamentales
THE ACTIVITY THEORY IN HUMAN INFORMATION BEHAVIOR
STUDIES: essential thoughts
Raciel García Rodríguez
Universidad de Matanzas
RESUMEN
En este trabajo se realiza un bosquejo de las potencialidades de aplicación de la Teoría de la
Actividad a los estudios de comportamiento informacional, como una herramienta holística en el
empeño por lograr una mejor comprensión de los distintos modos en que los individuos buscan,
encuentran, recuperan y usan la información que necesitan, desde una aproximación
transdisciplinar que fortalece esta visión. Para ello se realizó una exhaustiva revisión bibliográfico-
documental que hurgó, a grandes rasgos, en el origen conceptual y la evolución teórico-
metodológica del comportamiento informacional humano, remarcándose la ventajosa utilidad del
enfoque histórico-cultural en el que se basa la Teoría de la Actividad para dilucidar con mayor
claridad el actuar informacional de los individuos a través de la tríada actividad-acciones-
operaciones (componentes de la actividad humana). En ese sentido, se reconoce lo provechoso de
esta mirada poco explorada por los sistemas informativos para entender y atender a sus usuarios.
Palabras-clave: Teoría de la Actividad. Comportamiento informacional. Búsqueda de información.
ABSTRACT
This article portraits potentialities on how the Activity Theory can be applied to the information
behavior studies, offering an extensive batch of arguments and reasons that justify this proposal, in
virtue of getting a more comprehensive understanding of the different ways through which
individuals seek, search, retrieve and make use of the information they need, by also using a
transdisciplinary approach that strengthens this view. An exhaustive bibliographic and document
review was made in order to see the conceptual onset and the theoretical-methodological evolution
of human information behavior, underlining the advantageous utility of historical-cultural focus on
which Activity Theory stands, so that a better understanding of individuals’ info-searching can be
gotten, through the three-pieces set of activity-actions-operations (components of human activity).
In this sense is showed the expediency of such insights, poorly explored by informative systems to
comprehend and attend to their users.
Keywords: Activity Theory. Information behavior. Information seeking.
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1 INTRODUCCIÓN
El esfuerzo por ofrecer servicios informativos más pertinentes implica
(re)conocer y estudiar más a los usuarios, no simplemente desde sus características
generales (edad, sexo, nivel de escolaridad, etcétera) –como tradicionalmente se ha
hecho en los estudios de usuarios– sino desde sus comportamientos informacionales
previos y a formar. (URIBE, 2008).
La necesidad por indagar más profundamente en cómo las personas gestionan
(buscan, hallan y usan) la información que necesitan se ha vuelto más apremiante en el
marco del avance vertiginoso de la llamada Sociedad de la Información y el
Conocimiento, que ha estado caracterizada por (SÁNCHEZ DÍAZ, 2010):
La aparición de nuevos y diversos canales y medios de comunicación; formatos y
soportes de fuentes de información; formas de acceso y manipulación; sistemas
de información interactivos y participativos.
La producción masiva de información dinámica, abierta, globalizada y ágil.
La información como bien de consumo singular ha adquirido una dimensión
estratégica.
La supervivencia humana, el desarrollo social y el incremento de la productividad
dependen de la creación, almacenamiento, uso y distribución de información y
conocimientos.
La utilización extensiva y optimizada de las tecnologías de la información y
comunicación.
Decidir estudiar el comportamiento informacional implica ineludiblemente
detenerse a valorar aquellas variables de orden sociosicológico que afectan la manera en
que los seres humanos interactúan con la información.
No en vano se ha comprobado que los estudios de comportamiento informacional
han sido particularmente plurales y relevantes en los últimos años, dedicándose estos a
analizar especialmente la búsqueda de información de los individuos. (CASE, 2008;
ROWLEY & URQUHART, 2000; RUBINIĆ, 2012).
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Reafirmando esta tendencia, Izquierdo (citada por GUEVARA, 2004, p. 27) ha
señalado que los estudios de comportamiento informacional son relevantes porque
“permiten identificar las actitudes y valores de los individuos con respecto a la
información en general y a las relaciones con las unidades de información en particular,
así como valorar los fundamentos del desarrollo de la squeda, uso y diseminación de
la información”.
La Teoría de la Actividad representa una vía poco ‘explotada’ pero muy
recomendable para aproximarse a los individuos en este sentido, dado el amplio
espectro de análisis que presenta, a partir de la unidad básica de análisis del
comportamiento de los sujetos: la actividad humana.
2 DESARROLLO
El comportamiento informacional es visto como el nexo que relaciona la
información con la condición humana; vínculo en el que la información siempre ha sido
un elemento esencial para la existencia del hombre, pues ella hace posible la adaptación
y la supervivencia en un medio físico y social sumamente dinámico. La condición
humana puede entenderse como el “conjunto de carencias informativas del hombre y las
consecuencias que traen aparejadas”. (MICÓ, 2014, p. 16).
El término en mismo –acuñado en la década de los años 90– ha sido objeto de
discusión, pues especialistas indican que este se refiere más bien a la información que a
los individuos, cuando en realidad son los individuos quienes tienen un comportamiento.
Aun así, es el rmino de uso más extendido en la literatura científica. (BATES, 2010;
MUTSHEWA, 2007).
Entre las conceptualizaciones sobre q es el comportamiento informacional
articuladas por los expertos se destacan:
Taylor (1968, p. 7) lo define como “el conjunto de actividades en las cuales la
información se convierte en algo útil”, en dependencia del tipo de problema que un
individuo tenga que resolver.
Para Krikelas (1983, p. 11) constituye “cualquier actividad de un individuo
dirigida a identificar un mensaje que satisfaga una necesidad percibida como tal”.
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Wilson (1981, p. 22) –uno de los principales, más destacados y prolíficos
estudiosos del tema– lo definió como “la totalidad del comportamiento humano en
relación con las fuentes y canales de información, incluida la búsqueda activa y pasiva de
información y el uso de la información. Así, incluye la comunicación cara a cara con
otros, tanto como la recepción pasiva de información (por ejemplo, al mirar los anuncios
de televisión), sin intención alguna de actuar sobre la información percibida”.
Parra (2006, p. 15) también sustenta la idea de que “comprende esencialmente la
búsqueda de información, así como la totalidad de otros comportamientos no
intencionales o pasivos, y los comportamientos intencionales que no envuelven dicha
búsqueda, como el hecho de ignorar en forma persistente determinada información”.
Calva (2004, p. 26) lo entiende como “la manifestación de las necesidades de
información del sujeto, originadas a partir de la insuficiencia de información y
conocimiento acerca de un objeto, fenómeno o acontecimiento”.
Para Fisher, Erdelez y McKechnie (2005, p. 10) representa “el área de la
Documentación que se centra en investigar el modo en que los individuos necesitan,
buscan, gestionan, difunden y utilizan la información en contextos diferentes”.
Savolainen (2007, p. 8) coincide con esta afirmación al declarar que “es el
término que describe cómo las personas necesitan, buscan, gestionan, dan y usan (la)
información en diferentes contextos”.
En clara alusión a la complejidad del comportamiento informacional Spink &
Coles (2006, p. 13) lo confirman como “un complejo proceso informacional y humano
donde se incluye la actividad social y cotidiana de los individuos y los procesos de su
vida”.
Steinerová y Šušol (2007, citados por MICÓ, 2014, p. 14) plantean que es “la
actividad humana integrada en varios niveles de procesamiento y uso de la
información”.
Raza et al. (2010) apunta que el comportamiento en la búsqueda de información
se refiere a las estrategias para localizar información, y tiene tres componentes:
personas, información y sistemas.
Bates (2010, p. 16) por su parte asevera que “es el término cuyo uso actualmente
se prefiere para describir las diversas maneras en que los seres humanos interactúan
con la información, en particular las maneras en que las personas buscan y utilizan la
información”.
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Se debe hacer notar que en repetidos casos los autores utilizan explícitamente
como elemento integrante del comportamiento informacional de los seres humanos el
término actividad (palabra proveniente del latín activitas o activas y que significa actuar,
mediatizando la vinculación del sujeto con el mundo real, y generando un reflejo
psíquico que a su vez mediatiza a la propia actividad).
Atendiendo al concepto de actividad humana, se tiene que este representa el
contexto donde se forman y transforman los conocimientos, habilidades, hábitos,
capacidades, emociones y sentimientos. De donde se desprende, entonces, que esta
actividad humana tiene un componente interno y otro externo que están directamente
relacionados el uno con el otro.
Figura 1 – Mapa conceptual de la actividad humana según el enfoque histórico-cultural.
Fuente: Tomado de NÚÑEZ PAULA & ZAYAS CABALLERO, 2013, p. 14.
De este modo, es posible afirmar que toda actividad humana implica en sí misma
un comportamiento informacional, homologando así ambos conceptos. Es decir, que
toda actividad humana o toda manifestación del comportamiento humano es un
comportamiento ante la información (NÚÑEZ PAULA, citado por MICÓ, 2014), y los
procesos correspondientes de selección, obtención, procesamiento, memorización,
utilización y difusión de esta, que ocurren de manera consciente o inconsciente (NÚÑEZ
PAULA & ZAYAS CABALLERO, 2016).
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En virtud de esto, Núñez Paula & Zayas Caballero (2013, p. 23) han propuesto una
“concepción avanzada y compatible con el enfoque histórico-cultural” de
comportamiento informacional humano, planteando que “es el sistema de acciones y
operaciones que realizan las personas en los contextos y situaciones que actúan como
mediadores, en las que se integran dialécticamente sus facetas interna o psíquica
(reguladora) y externa (observable)”.
Hay que subrayar que la actividad interna y la externa son directamente
proporcionales, y así también los correspondientes procesos (transformadores) de
internalización y externalización se producen en paralelo, donde el sujeto y el objeto son
afectados mutuamente.
Reyes Ramírez (2011, p. 21) también propone, en esta dirección, una nueva
aproximación epistemológica al reconceptualizar el comportamiento informacional
como un:
“Sistema complejo de actividades sociales relacionadas con el acceso y uso de la
información, con un propósito innovador y que muestra resultados positivos, en la
práctica social de actores competentes infoculturalmente. Se define a través de la
información como atributo esencial, el valor que esta adquiere en la apropiación del
conocimiento por parte de los sujetos y las implicaciones que tiene en el proceso de
innovación social”.
Como parte de los contextos que abarcan el comportamiento o actividad
informacional humana en medio de la Sociedad de la Información y el Conocimiento
imperante en la época actual, es ineludible subrayar la preponderancia y desarrollo
vertiginoso de las tecnologías de la información y la comunicación, que han afectado en
toda su extensión los ‘saberes’ y ‘haceres’ informativos de los individuos.
Aunque la utilización de la Teoría de la Actividad como herramienta útil para los
estudios de comportamiento informacional no ha sido totalmente explotada, sí es
documentado su estimable valor y relevancia en este sentido. (HJØRLAND, 2002;
SUNDIN & JOHANNISSON, 2005; WILSON, 2006; URIBE, 2008)
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Es preciso aclarar, pues, en qconsiste el enfoque histórico-cultural (también
conocido como sicología histórico-cultural) en que se fundamenta la Teoría de la
Actividad y a qué se refieren concretamente ambas conceptualizaciones teóricas. El
reconocido sicólogo ruso Lev S. Vygotsky fue quien dio origen a la concepción de que el
desarrollo personal es una construcción cultural, que se realiza a través de la
socialización con adultos de una determinada cultura, mediante la realización de
actividades sociales compartidas. (ÁLVAREZ Y DEL RÍO, citado por IBÁÑEZ HERRÁN,
2003)
García (2010) también ha sustentado los postulados del enfoque histórico-
cultural al apuntar que para emprender cualquier investigación sobre la base de la
Teoría de la Actividad se deben considerar los principios básicos de que:
los factores sociales, culturales, históricos e institucionales juegan un importante
rol en la cognición humana.
todas las funciones mentales tienen un origen social.
la acción (tanto social como individual) no puede ser separada del contexto
social, cultural, histórico e institucional en el cual es llevada a cabo.
Para la sicología histórico-cultural el concepto de actividad tiene un
protagonismo esencial, pues a través de ella se produce la creación de sentido y en ella
se integran los aspectos prácticos, emocionales, relacionales y cognitivos.
Otro destacado sicólogo ruso, A. S. Leontiev, sistematizó el estudio de la actividad,
dando lugar a la Teoría de la Actividad, sobre la base del principio de la sicología
histórico-cultural de que la actividad intelectual no es separada de la actividad
práctica. Él la definió en la siguiente manera (citado por IBÁÑEZ HERRÁN, 2003, p. 17):
“Las actividades se componen de acciones, que son sistemas de coordinación al
servicio de fines, que a su vez, representan pasos intermedios de cara a satisfacer el
motivo. Las acciones, a su vez, se componen de operaciones, o medios por los que se
lleva a cabo un acción bajo condiciones específicas”.
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Figura 2 – Jerarquía y composición de la actividad.
Fuente: Tomado de GARCÍA, 2010, p. 11.
Para Leontiev, en la actividad, el objeto con el cual interacciona el sujeto y el
motivo, coinciden y se dirigen a satisfacer determinada necesidad. En las acciones, por
su parte, no coinciden el objeto con el que se interacciona y el motivo. Las acciones se
dirigen a objetivos que se alcanzan de forma secuencial para satisfacer la necesidad final
que motiva la actividad del sujeto. En el caso de las operaciones, son las condiciones de
la actividad las que determinan cómo proceder y su ejecución es automática, pudiendo
darse de forma secuencial, pero también al mismo tiempo. Esto las diferencia de las
acciones. (BLANCO, MORALES & RODRÍGUEZ, 2010)
Según Bermúdez & Rodríguez (2003), no se puede perder de vista que:
“Las habilidades se relacionan con la actividad consciente y los hábitos con la
actividad inconsciente, o sea, realizada de forma automática. Ambos representan altos
niveles de dominio de la ejecución de que se trate, pero constituyen dos niveles
diferentes de ejecución de la actividad, la habilidad a un nivel más razonado o consciente
y la operación de una forma más automática y en ese sentido inconsciente. (Entiéndase
que el uso de los términos ‘consciente’ e ‘inconsciente’ no tiene relación con el estado de
vigilia). Psicólogos como el propio A. N. Leontiev, S. L. Rubinstein y L. S. Vygotsky
consideraron como formas de asimilación de la actividad los conceptos de hábitos,
habilidades y capacidades, los cuales reflejan el dominio de las operaciones, acciones y
actividad, respectivamente”.
Esencialmente, la Teoría de la Actividad ubica a los individuos en su contexto
histórico, social y cultural, que demarca e influye en la manera que estos desarrollan la
suma de acciones y operaciones que componen su actividad, y en el que ejercen
influencia sobre un objeto determinado a través de herramientas de mediación dentro
de un conjunto de reglas que rigen la comunidad en la que los individuos actúan según
los roles y/o jerarquías que poseen.
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Ingwersen & Järvelin, Wilson, y Allen et al. (citados por ROOS, 2012) han
resaltado el valor de la Teoría de la Actividad para el estudio efectivo, desde una
perspectiva holística e interdisciplinar, del comportamiento informacional humano.
Concuerdan en que brinda el marco teórico-conceptual apropiado y necesario para
entender mejor el orden contextual en que las personas se desenvuelven.
Para un mayor entendimiento de la Teoría de la Actividad, Druker (2002) ha
resumido las características de la actividad humana como sigue:
a) Ante una necesidad particular, el proceso activo del conocimiento produce en la
mente la imagen de un objeto; por lo tanto es objetal.
b) Siempre tiene un carácter social, ya que transcurre en activa interacción con
otras personas, en comunicación y colaboración con ellas.
c) Da lugar a la formación de la conciencia; esta no se origina del conocimiento de la
realidad, sino de la relación que el hombre establece con ella; es un producto
subjetivo, “una forma transformadora de manifestación de aquellas relaciones,
sociales por naturaleza, que se realizan en virtud de la actividad del hombre en el
mundo material” (LEONTIEV, 1976, p. 27).
d) La actividad transformadora del hombre no es inmediata, sino que está
mediatizada por signos. Antes que exista una actividad interna, mental, habrá una
externa, de carácter intersicológico, que, a partir de una actividad conjunta
provoca que las funciones psíquicas se interioricen, adquiriendo un carácter
intrasicológico.
e) El análisis psíquico de la actividad y la conciencia revela sus cualidades
sistémicas generales; no es correcto analizar aisladamente procesos como la
memoria, la percepción o el pensamiento, sino conjuntamente y en relación con
las esferas cognoscitiva y afectiva.
Tomando en cuenta la subdivisión en tres etapas o niveles que componen el
comportamiento informacional (global) propuesta por Wilson (2000, p. 16), se tiene:
Comportamiento en la búsqueda de información (information seeking
behaviour): es el propósito de buscar información conscientemente como
consecuencia de la necesidad de satisfacer algún objetivo.
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Comportamiento en la recuperación de información (information searching
behaviour): es un micronivel del comportamiento empleado por los individuos
cuando interactúan con los sistemas de información, que incluye tanto la
interacción humano-computador (e.g.: uso del mouse, los clics, links, estrategia
de búsqueda) como las acciones cognitivas (e.g.: juzgar relevancia).
Comportamiento en el uso de la información (information use behaviour):
son los actos sicos y sicológicos involucrados para incorporar la información
encontrada en la existencia de la persona, en su base de conocimiento.
Después de homologar los conceptos de actividad y comportamiento
(informacional), se asume que:
Figura 3 – Homologación de la actividad y el comportamiento informacional (con sus componentes
correspondientes).
Fuente: Elaboración propia.
Es necesario destacar que en esta jerarquía planteada “la actividad puede perder
su motivo originario y transformarse en una acción, que realiza un tipo de relación
completamente diferente respecto al mundo, otra actividad; por el contrario, una acción
puede adquirir una fuerza excitadora propia y convertirse en actividad específica;
finalmente, la acción puede transformarse en un procedimiento para alcanzar el
objetivo, en una operación, que coadyuva a la realización de distintas acciones”.
(LEONTIEV, 1974).
Esta movilidad de los distintos “componentes” del sistema de la actividad se
manifiesta, por otra parte, en el hecho de que cada uno de ellos puede fraccionarse, o por
el contrario, integrar unidades que anteriormente eran independientes. (NÚÑEZ PAULA,
2004).
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Ingwersen (2004, citado por TRAMULLAS, 2013) también ha dejado claro la
naturaleza dinámica y cambiable de los procesos de búsqueda de información, al
remarcar que “la búsqueda de información ha sido comprendida como un proceso en el
cual la comprensión del usuario de sus tareas o problemas, necesidades de información,
relevancia, criterios y del espacio de información disponible, evoluciona...”
En el estudio del comportamiento informacional los dos paradigmas
prevalecientes son el centrado en el sistema (llamado también tradicional) y el centrado
en el usuario (llamado también alternativo). Cada uno de ellos responde a corrientes de
pensamiento diferentes: el primero al conductismo, y el segundo al cognoscitivismo. Sus
características fundamentales se resumen en (DERVIN & NILAN, 1986):
Paradigma orientado al sistema o tradicional:
Información objetiva
Usuarios pasivos
Transituacional
Visión parcial del proceso de búsqueda de información
Conducta externa
Individualidad caótica
Metodología cuantitativa
Paradigma orientado al usuario o alternativo:
Información subjetiva
Usuarios activos
Situacional
Visión integral del proceso de búsqueda de información
Pensamientos internos
Individualidad sistemática
Metodología cualitativa
Estas visiones paradigmáticas deben estar conjugadas entre e integradas
congruentemente al análisis comportamental que se emprenda para alcanzar una eficaz
comprensión global y la efectividad deseada.
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En los marcos teórico-metodológicos y conceptuales de estos paradigmas se
inscriben varios modelos de análisis que intentan esquematizar los modos o maneras en
que las personas se comportan informacionalmente. Entre ellos sobresalen los
esbozados por Wilson (1981, 1996, 1999, 2006) –quien igualmente defiende la
viabilidad y utilidad de los principios de la Teoría de la Actividad para una mejor
comprensión de los procesos que promueven y tienen lugar en el comportamiento
informacional humano–, Belkin (Anomalous State of Knowledge ASK, 1980), Krikelas
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Barros, Vélez & Verdejo (2004) han subrayado que la Teoría de la Actividad
constituye un marco teórico-metodológico funcional para analizar desde una
combinación de perspectivas objetivas, ecológicas y socioculturales la actividad humana.
Nardi (1996) también ha sugerido la Teoría de la Actividad como uno de los
presupuestos teóricos que mejor describe los procesos de la actividad humana, pues
ofrece amplias posibilidades de análisis y flexibilidad para establecer conclusiones
teóricas, a la vez que representa una teoría que se desarrolla y progresa con la
expansión de sus postulados a las más diversas áreas de conocimiento.
Adams et al. (citado por GARCÍA, 2010) resume las características de la Teoría de
la Actividad en estos elementos:
jerarquía de las actividades (basado en el nivel de actividades especificado por
Leontiev: actividad, acción y operación)
carácter colectivo de las actividades (la dirección hacia un objetivo involucra
habitualmente a varias personas trabajando como comunidad)
carácter contextual de las actividades (las actividades no se llevan a cabo en el
vacío, siempre hay un contexto que las condiciona con sus circunstancias)
dinamismo de las actividades (las actividades no son estáticas y para
comprenderlas es necesario el análisis histórico de su evolución)
la mediación (la actividad está mediada por herramientas, reglas y división de
tareas)
elección contextual de las acciones (repertorio de acciones y operaciones que son
creadas para hacer posible una actividad cualquiera)
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comprensión de las acciones en su contexto (las acciones no pueden ser
comprendidas aisladamente sino en el marco de la actividad de la que forman
parte; por lo tanto, para un desempeño eficiente de la acción es necesario
comprender el objeto de la actividad)
planificación del trabajo (la actividad puede ser modificada en el proceso de su
ejecución conforme a las condiciones del contexto, por lo que un plan no impone
una prescripción)
el valor de las excepciones (las desviaciones de un plan original pueden ocurrir, y
dan oportunidad para el aprendizaje que genera otras formas de ejecución)
granularidad basada en la perspectiva (puede suceder que una actividad o acción
dependa de la perspectiva particular de quien la ejecute)
El desarrollo de la Teoría de la Actividad partió de considerar primeramente la
actividad como la interacción de sujeto y objeto a través de artefactos de mediación
(VYGOTSKY, 1933), luego definir la estructura de la actividad, compuesta por acciones y
operaciones (LEONTIEV, 1984), hasta incluir más recientemente el contexto en el que se
encuentran inmersos sujeto, objeto y artefactos mediadores, lo que se manifiesta en los
sistemas de producción, distribución, consumo e intercambio de una comunidad y
materializados por las reglas, la división del trabajo y las interacciones de todos los
miembros de la comunidad por alcanzar el objetivo del sistema y transformar el objeto
(ENGESTRÖM, 2000). De este modo, la “actividad mediada” de Vygotsky y Leontiev se
tornó en “sistemas de actividad” por Engeström.
Figura 4 – Estructura del sistema de actividad de Engeström.
Fuente: Tomado de ENGESTRÖM, 2000, p. 21.
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Donde cada uno de los elementos intervinientes representa:
Sujeto: individuo o subgrupo cuya agencia se toma como el punto de vista del
análisis. [ROOS (2012) sugiere que, desde el punto de vista de la Teoría de la Actividad y
considerando que las actividades son conscientes y dinámicas, y son propulsadas por
motivos –sean estos globales o específicos–, también se le denomine actor, pues así se
toma en cuenta la naturaleza interactiva del proceso donde el actor transforma las
metas/objetivos en salidas/resultados de una mejor forma –más protagónica,
participativa y decisiva– que el usuario.]
Objeto: espacio de problema o parte del mundo material al que está dirigida la
actividad en función de alcanzar el resultado requerido, y que demanda ser
transformado.
Herramientas: artefactos mediadores, sean ‘técnicos’ o ‘psicológicos’.
Comunidad: colectivo de individuos y grupos cuya actividad está orientada hacia
el objeto compartido.
División del trabajo: división horizontal de actividades y división vertical de
poder y responsabilidad; quién realiza qué acciones en relación al objeto compartido.
Reglas: cultura compartida del sistema de actividades con regulaciones explícitas
e implícitas, restricciones, procesos, prácticas culturales, normas, puntos de vista,
convenciones, etcétera.
Resultado (‘outcome’ o salida): aquello que se espera alcanzar o lograr.
Cada uno de estos componentes representan los actores y factores que demarcan
el espacio contextual de participación en que tiene lugar la actividad o comportamiento
informacional individual y/o colectivo.
En este sistema de actividades, la relación sujeto/objeto está mediada por los
artefactos mediadores o herramientas (también se incluyen dentro de estos los signos,
e.g.: el lenguaje, símbolos o imágenes, que implican significados), que pueden ser físicos,
intelectuales o materiales (e. g.: programas, instrumentos); la relación
sujeto/comunidad está mediada por las reglas; la relación (e. g.: leyes); la relación
objeto/comunidad está mediada por la división del trabajo. Cada uno de estos términos
es históricamente formado y susceptible al cambio (KUUTTI, 1995, citado por ROOS,
2012).
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Reafirmando esta idea, Núñez Paula (2004) declara que producto a la naturaleza
social del hombre, cuyas relaciones se basan en el lenguaje, en la conciencia y en la
transformación consciente de la realidad, la relación sujeto-objeto ocurre mediatizada
por –e integrada cognoscitiva y afectivamente a– la historia de sus relaciones con otras
personas o grupos y con su contexto organizacional y social.
Otros conceptos centrales a considerar en el intento de analizar el
comportamiento informacional desde la Teoría de la Actividad son los motivos y las
necesidades informativas. Toda actividad humana está impulsada y dirigida por un
motivo (rector o complementario), que a su vez está asociado a una necesidad por
alcanzar una meta u objetivo. (NÚÑEZ PAULA, 2004)
Leontiev (1978) planteó que la actividad es “el proceso originado y dirigido por
un motivo, dentro del cual ha tomado forma de objeto determinada necesidad”.
Los motivos, de acuerdo a su alcance funcional en la regulación de la actividad o
comportamiento se pueden clasificar, según González Rey (1989), en:
1. De carácter objetal: aquellos objetos, situaciones o resultados concretos que
satisfacen una necesidad.
2. Presentes ante condiciones actuantes sobre el sujeto: Cuando lo que motiva al
individuo son valoraciones, reconocimientos, placeres estéticos, situaciones
organizativas, ventajas económicas, y otras condiciones.
3. Orientadores de la actividad y de las relaciones del hombre: Son los motivos que se
interiorizan por la persona durante la vida, como sistemas de reglas elementales
de comportamiento ante determinadas situaciones y que, al interiorizarse o
automatizarse, se salen parcial o totalmente de la conciencia, no obstante lo cual,
regulan el comportamiento del sujeto en las situaciones actuantes concretas.
4. Orientadores del sentido de la vida: Son los que tienen un carácter más abstracto y
consciente, como las valoraciones, las convicciones, las actitudes, que regulan
fundamentalmente el comportamiento del sujeto en la situación presente, pero
bajo el control interactivo de la reflexión sobre el sentido del comportamiento
para la vida.
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5. Tendencias orientadoras de la personalidad: orientan el comportamiento hacia sus
objetivos esenciales en la vida. Tienen un sentido personal y consciente para el
sujeto, tales como los ideales (la visión, en el caso de las organizaciones), las
intenciones, la autovaloración, y otras situaciones. Implican una proyección hacia
el futuro, consciente y bien estructurada.
Muy estrechamente ligado a los motivos están las necesidades de información, que
actúan como trasfondo de los primeros. Según Wilson (1981) “se constituyen a partir de
otras necesidades originadas en los diferentes contextos de la experiencia y la acción; a
partir del contexto físico y biológico y de los contextos de trabajo, sociales, políticos,
etcétera”.
De acuerdo a Salazar Hernández (1993) las necesidades están condicionadas por:
El nivel de experiencia sobre la disciplina de interés.
El tiempo de experiencia en la disciplina.
La actividad individual o grupal del usuario.
Su persistencia.
Su motivación.
Su manejo del lenguaje.
Su capacidad de análisis de la información.
La disponibilidad de los recursos de información.
El medio en el que se desarrolla el usuario: situación social, política y económica
de su entorno.
Las contradicciones son otro elemento fundamental en la Teoría de la Actividad, y se
manifiestan a través de tensiones estructurales acumuladas históricamente. Pueden
estar dadas, por ejemplo, por la introducción de una nueva tecnología en un sistema
determinado, y no solo producen perturbaciones y conflictos sino también conducen al
surgimiento de soluciones innovadoras para resolverlas y cambiar la actividad.
(ENGESTRÖM, 2001).
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Gregory Z. Bedny es otro autor que ha abordado con profundidad la Teoría de la
Actividad, denominándola como Teoría Sistémico-Estructural de la Actividad, y
añadiendo al modelo de sistemas de actividades de Engeström el elemento de la
retroalimentación que se recibe luego de que los individuos obtienen los resultados de
su actividad e introducen nuevos cambios al ‘producto’ alcanzado.
Figura 5 – Teoría Sistémico-Estructural de la Actividad.
Fuente: Tomado de BEDNY, 2003, p. 9.
Este autor conceptualiza la actividad como “un sistema orientado a una meta,
donde la cognición, el comportamiento y la motivación están integrados por un
mecanismo de autorregulación para alcanzar una meta consciente”. Además clasifica la
actividad en dos tipos: ‘objetiva’ (orientada al objeto) y ‘subjetiva’ (orientada al sujeto).
En la primera, el sujeto modifica al objeto a través de las herramientas o instrumentos, y
en la segunda, también conocida como interacción social, involucra a dos o más sujetos
que comparten información (information sharing) y sostienen contactos interpersonales
y de entendimiento mutuo. (BEDNY & HARRIS, 2004)
Mwanza (2002) ha propuesto el siguiente modelo de ocho pasos para el análisis
de la Teoría de la Actividad:
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Figura 6 – Modelo de Ocho Pasos para el Análisis Metodológico de la Teoría de la Actividad.
Fuente: MWANZA, 2008. (Tomado de GARCÍA, 2010, p. 7).
Dando respuestas a estas interrogantes se tend claridad de los elementos
componentes que intervienen en una actividad determinada. Siguiendo este modelo se
pueden analizar los subsistemas de actividades, de manera que se facilita el estudio del
fenómeno.
Atendiendo a lo anterior se tiene que la actividad o comportamiento
informacional representa un sistema general que engloba a los subsistemas de
búsqueda, recuperación y uso de información –vistos anteriormente por Wilson–.
Para descubrir el comportamiento informacional desde la perspectiva de la
Teoría de la Actividad es preciso aplicar estos presupuestos, tomando como unidad
básica de análisis a la actividad de los individuos (ya sea a nivel personal o grupal).
Para su eficiente aplicación se debe tomar en cuenta que, antes que una
metodología, constituye un modelo para el análisis a través de una aproximación
transdisciplinar, ofreciendo herramientas conceptuales y principios metodológicos que
deben ser adaptados de acuerdo a la naturaleza concreta de aquello que es objeto de
escrutinio. (ENGESTRÖM, 1993).
El comportamiento informacional humano continúa siendo objeto de estudio
como instrumento revelador de los procederes informativos de los individuos en tanto
gestionan la información que necesitan.
3 CONSIDERACIONES FINALES
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Superada ya la etapa en que solo se atendía a cuestiones meramente cuantitativas
en los estudios de usuarios, no despreciables pero insuficientes para describir/discernir
la complejidad de los múltiples entornos que median en los procesos de búsqueda
informativa, se da un salto cualitativo hacia enfoques inter- y transdisciplinarios que
aporten luz más profundamente en el esclarecimiento de estos temas.
Es en esta dirección que resalta la Teoría de la Actividad, subproducto de la
sicología histórico-cultural, proponiendo un marco de principios teórico-metodológicos
aplicables a los estudios de comportamiento informacional (que implica las etapas o
procesos de búsqueda, recuperación y uso de información) en tanto consideran la
actividad humana –que es inherentemente informacional– como la unidad nima de
análisis de los individuos como seres sociales; de donde se entiende que el
comportamiento es visto como sinónimo de la categoría sicológica de la actividad, lo cual
conlleva un componente interno o síquico y otro externo o conductual.
Los contextos (socioeconómicos e histórico-culturales), la jerarquía de
actividades (acciones, operaciones), la historicidad y las contradicciones en los sistemas
de actividades (que involucran las relaciones de producción, consumo, reparto e
intercambio [de información] entre sujeto-objeto a través de herramientas de mediación
–como el lenguaje y los símbolos/signosdentro de una comunidad específica, regida
por determinadas leyes o estatutos, y con una distribución del trabajo, tareas o
funciones establecidas) constituyen ejes cardinales que (re)direccionan las motivaciones
y necesidades informativas de los sujetos.
A partir de estas nuevas visiones teórico-conceptuales en la literatura
especializada se ha ampliado y equiparado la idea del comportamiento informacional a
todas las actividades relacionadas con el acceso y uso de la información de las personas
en medio de su contexto histórico-social. Es decir, desde el enfoque histórico-cultural
de origen sicológico– y la perspectiva de la Teoría de la Actividad, el comportamiento
informacional es mejor comprendido como “el sistema de acciones y operaciones que
realizan las personas en los contextos y situaciones que actúan como mediadores, en las
que se integran dialécticamente sus facetas interna o síquica [reguladora] y externa
[observable]” (NÚÑEZ PAULA & ZAYAS CABALLERO, 2013), lo cual clarifica y adecua
más eficientemente las estructuras de análisis, estudio e interpretación global del
fenómeno de los procesos del comportamiento informacional humano (tanto en su nivel
individual como grupal u organizacional).
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Esto supone una comprensión más cabal y precisa de las etapas y variaciones que
atraviesan las personas (en su dimensión socio-psicológica más completa) cuando
necesitan y buscan información; de manera que resulta una ayuda inestimable para que
los sistemas informativos estén mejor preparados para entender y responder a este
reto.
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ARTIGO
SOBRE O AUTOR
Raciel García Rodríguez
Mestre em Ciências da Informação pela Universidade da Havana (Cuba). Professor em Gestão da
Informação da Universidade de Matanzas (Cuba).
E-mail: rguez86@gmail.com
Recebido em: 06/03/2017; Revisado em: 07/05/2017; Aceito em: 16/05/2017.
Como citar este artigo
GARCÍA RODRÍGUEZ, Raciel. La Teoría de la actividad en el estudio del comportamiento informacional
humano: consideraciones fundamentales. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n.1, p. 50-72, jan./jun.
2017.
IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA 5S NA GESTÃO DE ARQUIVOS
DEPLOYMENT OF 5S SYSTEM IN ARCHIVES MANAGEMENT
Marcelo Cavaglieri
SENAC
Jordan Paulesky Juliani
UDESC
RESUMO
Uma gestão documental eficiente traz diversos benefícios, não apenas ao profissional, mas,
principalmente, aos gestores das empresas que podem usufruir de tais informações nas tomadas de
decisão para desfrutar de vantagens competitivas acerca dos concorrentes. Tendo em vista que a
eficácia é uma busca constante de qualquer empresa a fim de atingir os objetivos estratégicos e
melhorar as técnicas que possibilitem mais produtividade com o uso de menos recursos financeiros.
Nesse sentido, buscou-se aplicar a filosofia 5S na gestão de arquivos do Grupo Santa Fé, uma vez que
é preciso melhorar os processos atuais, com menos desperdícios e mais eficiência, tendo em vista a
necessidade de atender o cliente com mais eficácia diante de suas necessidades informacionais.
Quanto ao método utilizado, caracteriza-se por ser uma pesquisa-ação, de abordagem quali-
quantitativa, classificada como exploratória e descritiva. Entre os resultados obtidos da pesquisa
realizada, destaca-se, de forma quantitativa, a redução de desperdícios com ganhos significativos do
Lead Time, diminuindo o tempo gasto para processar as atividades. Ganhos financeiros também
foram obtidos, com mais aproveitamento dos recursos e uma reformulação na forma de guardar os
documentos. De forma qualitativa, destaca-se um melhor ambiente de trabalho e aumento da
eficiência do serviço prestado, gerando mais satisfação do cliente.
Palavras-chave: Arquivo empresarial. Gestão documental. Gestão da informação. 5S.
ABSTRACT
An efficient document management brings various benefits, not only for professionals of the
area but, mainly, for business managers who can use this information in their decision-
making to enjoy competitive advantages on competitors. Having in mind that effectiveness
is a constant pursuit for any company in order to achieve their strategic goals and improve
the techniques which enable more productivity using fewer financial resources. In this
sense, it was sought to apply the 5S philosophy in the document file management of Santa
Company, once it is necessary to improve the current processes with less waste and
more efficiency, with a view to the need to suit the client more efficiently before their
information necessities. Regarding to the method used, it is characterized as a research-
action in a quali-quantitative approach, classified as exploratory and descriptive. Among the
obtained research results, it stands out in a quantitative way the reduction of waste, with
significant gains of Lead Time, diminishing the time to process the activities. Financial gains
were also obtained with a better use of resources and a redesigning of the way to keeping
the documents. In a qualitative way, a better working environment is highlighted and
increase of the service efficiency in bringing more customer satisfaction.
Keywords: Company Archives. Document Management. Information Management. 5S.
Inf. Pauta Fortaleza, CE v. 2 n. 1 jan./jun. 2017
ARTIGO
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Cavaglieri; Juliani | 5s na Gestão de Arquivos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo prevaleceu o entendimento de que os arquivos empresariais
eram apenas um setor do depósito de documentos e, eventualmente, eram utilizados
para comprovar alguma transação em caso de fiscalização. Com a atribuição da devida
importância à informação no processo decisório das organizações, o papel do arquivo
nas empresas foi substancialmente modificado. Logo, deixou de ser um simples depósito
de documentos para se tornar um setor estratégico, capaz de organizar, armazenar e
processar informações utilizadas pelos diversos setores da empresa para a realização de
suas atividades. Percebeu-se que as informações arquivadas poderiam ser
estrategicamente utilizadas pela empresa, permitindo aos gestores tomarem decisões
mais acertadas. Neste cenário, o arquivo passa a ser entendido como uma fonte de
informações valiosas e confiáveis, que vai nortear decisões de planejamento e ações
gerenciais.
A necessidade de gerir informação de maneira eficaz é uma preocupação de
empresas de diversos segmentos e portes, uma vez que a gestão inadequada de seus
documentos conduz a situações de risco fiscal, trabalhista, previdenciário e cível. Tais
situações podem ser evitadas por meio de uma gestão documental, que vai zelar e tratar
os documentos nas fases corrente, intermediária e permanente, de forma a obter um
controle adequado desde a criação do documento até a sua eliminação.
Observando a necessidade da gestão eficiente dos arquivos, especialmente no que
se refere ao processo de recuperação da informação, buscou-se, por meio desta
pesquisa, localizar, a partir de um levantamento bibliográfico, modelos e ferramentas de
gestão compatíveis às mudanças que precisam ser feitas para tornar o arquivo mais
eficiente. Foi encontrada na filosofia 5S a especificação de uma forma de trabalho que
propõe uma organização do ambiente mais eficiente e, por consequência, dos
documentos manipulados pelas organizações.
O 5S é uma filosofia que busca uma mudança de qualidade nas atividades diárias
dos colaboradores, possibilitando um planejamento sistemático de classificação, ordem,
limpeza e destinação adequada de materiais. Segundo Liker e Hoseus (2009), o 5S cria
um padrão para o primeiro passo da solução de problemas, que é o alicerce para o
estabelecimento de um ambiente de trabalho adequado para todos os membros da
equipe. Isso possibilita, de imediato, maior produtividade, segurança, clima
Cavaglieri; Juliani | 5S na Gestão de Arquivos
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ARTIGO
organizacional, motivação dos funcionários e consequente melhoria da competitividade
organizacional.
Esta pesquisa foi realizada no arquivo das empresas do Grupo Santa Fé.
Atualmente, o Grupo perfaz onze empresas ativas nas áreas de comercialização de
veículos, administração de consórcios, construção civil, hotelaria e administração de
shopping centers.
Com a aplicação da filosofia 5S, investigou-se a solução de alguns problemas
vivenciados no arquivo, relacionados à demora de recuperar documentos e à falta de
organização física dos documentos e do espaço físico.
A formulação do problema deste estudo está na aplicação dos conceitos do 5S em
um ambiente distante da aplicação usual. Neste sentido, pretende-se responder à
seguinte questão de pesquisa: como aplicar o 5S na gestão de arquivos? A questão de
pesquisa retrata uma problemática voltada às melhorias necessárias à gestão de
arquivos, pois, com a massa documental cada vez maior, a gestão se torna desafiadora, e
novas cnicas devem ser implantadas para garantir o sucesso e o bom funcionamento
desses ambientes.
O objetivo geral da pesquisa é aplicar o 5S na gestão de arquivos. os objetivos
específicos são:
a) atender com mais rapidez os pedidos de recuperação dos documentos;
b) melhorar a organização do espaço físico;
c) melhorar o ambiente de trabalho;
d) reduzir o tempo destinado ao armazenamento dos documentos;
e) avaliar os resultados da aplicação do 5S na gestão do arquivo do Grupo Santa
Fé.
2 GESTÃO DOCUMENTAL
Apesar das técnicas de gestão documental serem antigas, elas foram efetivamente
inseridas nas empresas a partir do final do século XX, quando o número de empresas
cresceu e, por consequência, o volume de documentos manipulado por estas.
Nishitani (2010) destaca que o termo “gestão de documentos” surgiu de forma
mais contundente apenas no final da década de 1940, a partir de reformas
administrativas ocorridas nos Estados Unidos e Canadá. Após esse período, buscou-se
76
Cavaglieri; Juliani | 5s na Gestão de Arquivos
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maior eficácia na produção, manutenção, utilização e alocação final dos documentos,
pois se percebeu a impossibilidade de lidar, de acordo com os moldes tradicionais, com a
massa documental que estava sendo produzida pelas organizações e, com isso, novas
práticas de avaliação, seleção e eliminação de documentos de arquivo começaram a ser
estruturadas.
As empresas começaram, gradativamente, a valorizar os documentos produzidos
internamente. Isto aconteceu pela necessidade de informações estratégicas para
orientar suas decisões, ou devido às fiscalizações, que as obrigavam a organizar
adequadamente sua massa documental. Como consequência, as empresas optaram pela
contratação de profissionais qualificados para cuidar da gestão dos documentos,
facilitando, assim, o processo de recuperação dos mesmos.
Tendo em vista a preocupação dos empresários e o crescimento da oferta de
profissionais arquivistas no mercado, o processo de gestão documental tornou-se mais
efetivo nas empresas, independente de seu segmento ou porte. Para melhor
entendimento dessa atividade, busca-se o suporte conceitual na Lei brasileira n. 8.159,
que define, no artigo 3º, a gestão documental como sendo:
[...] o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e
intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda
permanente. (BRASIL, 1991, p. 1).
Em consonância, o CONARQ (2006, p. 15) destaca que a gestão documental trata
de “[...] documentos produzidos e recebidos no decorrer das atividades de um órgão ou
entidade, independente do suporte em que se apresentam, registram as políticas,
funções e decisões”.
No entendimento de Valentim (2012), a gestão documental é parte da gestão da
informação e pode ser definida como o conjunto de atividades documentais integradas
com foco na informação arquivística, pois esta contempla todo e qualquer tipo de
informação existente no ambiente organizacional.
Para Moreno e Bartalo (2008, p. 73), “um dos componentes da gestão da
informação é a gestão documental, que amplia a capacidade da gestão administrativa”. A
gestão de documentos pode auxiliar o diagnóstico organizacional, pois surge como uma
ferramenta indispensável à otimização do uso das informações contidas nos mais
variados suportes para os variados níveis da organização.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
ARTIGO
A informação estruturada e organizada é fundamental e indispensável às
organizações que desejam entrar e competir no mundo globalizado. Para que a
informação possa ser acessível, é preciso trabalhar rigorosamente as três principais
fases da gestão de documentos descritas por Paes (2004):
produção de documentos: é uma atividade relacionada à elaboração de
documentos em decorrência das atividades de um órgão ou setor de determinada
instituição. Nesta fase, o profissional responsável pelo arquivo, seja um bibliotecário ou
arquivista, deve contribuir para que sejam criados apenas documentos essenciais à
administração, orientando e padronizando a redação de documentos oficiais, bem como
a forma e a estrutura dos documentos produzidos;
utilização de documentos: refere-se ao recebimento, classificação, registro,
distribuição, empréstimo e recuperação da informação dos documentos;
destinação dos documentos: diz respeito às atividades de análise, seleção e
definição de prazos para o armazenamento dos documentos. Para isso, é necessário
conhecer a legislação vigente, para fixar o tempo de conservação de cada documento, e,
também, o ramo de atividade, a missão e os objetivos da empresa.
Nas fases de gestão dos documentos, deve-se observar o ciclo de vida dos
mesmos ou a teoria das três idades. Nesta teoria, os documentos são inicialmente
organizados, mantidos e utilizados ativamente pelos criadores, depois são armazenados
por um período adicional de uso não frequente e, finalmente, quando o uso operacional
termina completamente, são selecionados como de valor arquivístico e transferidos para
um arquivo permanente, ou são declarados sem valor e destruídos (RONDINELLI, 2005).
Para que o processo de gestão documental seja concretizado, é necessário um
profissional qualificado para administrar o fluxo de informação, aplicando técnicas de
organização, recuperação e conservação da informação contida nos documentos, de
modo que possibilitem seu uso com qualidade durante todo o período de vigência.
O processo final de destinação de documentos é o de maior importância e o que
apresenta maior complexidade, por isso, é imprescindível o acompanhamento
profissional, pois é a partir dele que se inicia o processo de disponibilizar as informações
contidas nos documentos para a tomada de decisão e a comprovação de direitos e
obrigações. Isso se fundamenta somente se os documentos estiverem devidamente
classificados e guardados. Observa-se que a organização irá impactar no descarte ouo
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
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de determinado documento, pois, por mais que ele perca o valor legal, ele pode ter valor
histórico para a empresa e, neste caso, não deve ser eliminado (PAES, 2004).
Tratando do aspecto histórico, é intrínseca a relação da gestão de documentos
com a área de conservação dos mesmos, uma vez que os suportes físicos passam por
processo de desgaste durante sua vida útil. A utilização, aliada a condições desfavoráveis
de umidade, temperatura e iluminação, acelera o processo de deterioração dos
documentos e contribui para a proliferação de fungos, ácaros e traças.
Além do benefício de preservação dos documentos que integram o patrimônio
documental, Avagliano (2011) destaca outros benefícios da gestão documental:
agilidade no acesso às informações e documentos públicos e privados;
eliminação criteriosa dos documentos desprovidos de valor que não justificam
seu armazenamento;
agilidade no processo de tomada de decisões;
agilidade no planejamento, execução, controle e avaliação das ações
governamentais;
transparência das ações administrativas.
Dentre os benefícios destacados acima, Bernardes e Delatorre (2008) reiteram,
ainda, que a implantação de um processo de gestão documental pode auxiliar as
organizações no controle sobre as informações produzidas e recebidas. Assim, com o uso
da tabela de temporalidade, é possível obter maior controle dos documentos que devem
permanecer no arquivo.
Além da relevância de arquivar os documentos, o mais importante é poder
localizá-los posteriormente, de forma ágil e no momento desejado. Dessa forma, quando
se enfatiza a importância de gestão documental, não se pode esquecer o papel do
profissional da informação, que é o responsável pela organização e, consequentemente,
pelo acesso às informações dos arquivos. Para isso, o arquivo precisa estar organizado e
com um controle de qualidade ideal. Buscando esse diferencial, na próxima seção serão
expostos os conceitos da filosofia 5S que podem ser úteis e aplicáveis à gestão de
arquivos.
Cavaglieri; Juliani | 5S na Gestão de Arquivos
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3 5S: FERRAMENTA DE GESTÃO
A filosofia 5S apareceu no Japão a fim de melhorar o sistema de funcionamento
das instituições. Não é apenas voltada para empresas, mas também para os funcionários,
a fim de contribuir para a melhoria da produtividade, qualidade e segurança, através da
mobilização dos funcionários para comportamento e ações disciplinadas e contínuas
(CAMPOS, 1992; LIKER, 2005).
A essência dos 5S está em mudar atitudes e condutas das pessoas no ambiente de
trabalho. O objetivo é acrescentar eficiência à produção, motivando e conscientizando as
pessoas a manterem o ambiente organizado, ordenado e acessível, gerando um clima
organizacional mais saudável. Essa organização das pessoas é a base para melhorias
contínuas.
Albino (2011, p. 62) destaca que “o 5S é um processo educativo que possibilita a
mudança comportamental e cultural das pessoas na organização”, porém lembra que “a
implantação da filosofia dos 5S deve ser adaptada às características e às necessidades de
cada empresa, não devendo conflitar com a cultura local.” Essa mudança
comportamental com o alinhamento das necessidades de cada empresa é fundamental
para que a implantação da filosofia 5S obtenha sucesso.
Cada um dos 5S representa as iniciais de cinco termos japoneses que começam
com a letra S, e que indicam boas práticas para o ambiente de trabalho. Os cinco termos
são:
a) Seiri (Senso de Utilização) – separar o que é útil do que não é necessário.
Melhorar o uso do que é útil ferramentas, peças, materiais, documentos, entre outros
utensílios. É preciso ter habilidade para o gerenciamento pela estratificação, que é a
maneira eficiente de tomar decisões quanto à frequência de uso.
b) Seiton (Senso de Ordenação) organizar o que sobrou. Um lugar para cada
coisa e cada coisa no seu lugar. Nesta etapa é preciso adotar uma metodologia de
organização, definindo suportes e materiais para o arranjo dos documentos, elaborando
manuais de procedimentos e definindo o layout que melhor se ajusta às áreas de
trabalho.
c) Seisou (Senso de Limpeza) limpar e evitar sujar para contribuir com o bom
funcionamento dos processos. Para isso, é preciso também investigar as rotinas que
geram sujeira, tentando modificá-las.
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d) Seiketsu (Senso de Saúde e Higiene) padronizar as práticas saudáveis
resultantes dos três primeiros. A melhor maneira de se conseguir isso é fazendo cumprir
os prazos estabelecidos nos regulamentos, mantendo a padronização, definindo o layout,
a iluminação e o mobiliário adequado ao ambiente de trabalho.
e) Shitsuke (Senso de Autodisciplina) assumir a responsabilidade de seguir os
padrões saudáveis. É de suma importância, pois enfatizar o aspecto cultural e a
autodisciplina das pessoas é elemento vital para a continuidade do processo do 5S
(LEAN ENTERPRISE INSTITUTE, 2011; RIBEIRO, 2010; VIVER 5S, 2014).
A filosofia dos 5S traz muitos benefícios, pois agrega qualidade e organização
para o bom funcionamento da empresa. A base para os princípios de melhoria contínua
e mudança de hábitos pode ser buscada na filosofia 5S com a finalidade de criar um
ambiente organizado, limpo, seguro, padronizado e com colaboradores disciplinados.
Pequenas ações em direção a essa cultura podem representar no aumento de
produtividade e na redução de custos associados à eliminação de desperdícios.
O programa 5S pode ser aplicado em empresas de todos os tipos, ramos e portes,
e a conscientização, bem como a participação de todos os colaboradores, é fundamental
ao sucesso do programa. Seguindo os passos de Naves (2013), a implantação pode ser
dividida em três etapas:
a) 5S Ativos: envolve a introdução dos conceitos no sentido de “colocar em
ordem” o ambiente de trabalho.
b) 5S Eficazes: essa etapa busca tornar um hábito a aplicação desses conceitos,
mantendo a ordem conseguida por meio dos 5S ativos, com a identificação de materiais
que não são utilizados e o descarte adequado.
c) 5S Preventivos: tem o objetivo de buscar a eficiência, por meio da prevenção, da
aplicação dos conceitos que se consolidaram como hábito. A prevenção é alcançada a
partir da busca da melhoria contínua aplicada a cada senso. Isto se faz mediante a
indagação permanente sobre quais motivos ainda levam à ineficiência e à intervenção de
suas causas.
O 5S ganha muita importância principalmente em projetos que incluem grandes
mudanças culturais. O ambiente de trabalho limpo e organizado colabora para que os
operadores se sintam mais satisfeitos e o trabalho seja mais produtivo (OHNO, 2009).
Com a melhoria da produtividade, é possível atender precisamente as necessidades dos
clientes, que é uma das principais demandas do ambiente estudado.
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4 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa se caracteriza como uma pesquisa-ação, em que existe uma
participação direta dos envolvidos na pesquisa com a solução do problema. Assim, a
filosofia 5S foi aplicada nas empresas do Grupo Santa Fé.
A escolha pela aplicação de uma pesquisa-ação foi instigada pela possibilidade de
se desenvolver um novo conhecimento por meio de ações práticas com a participação
dos atores envolvidos. Thiollent (1997) esclarece que o foco da pesquisa-ação é
diagnosticar problemas e buscar soluções para a organização. Com caráter
interrogativo-crítico, o pesquisador deve conduzir os atores a formular perguntas acerca
da situação em que vivem no ambiente de trabalho, promovendo ampla interação entre
pesquisadores e membros representativos da situação investigada.
Em relação à natureza das variáveis pesquisadas, caracteriza-se por ser uma
pesquisa quali-quantitativa. Segundo Roesch (2000), as pesquisas qualitativas e
quantitativas se complementam. A primeira estimula o pesquisador a falar livremente
sobre o tema, visando a uma maior compreensão do leitor, e a segunda apura opiniões e
atitudes de forma objetiva, através de análises numéricas.
Devido à necessidade de se conhecer alguns aspectos relacionados à gestão
documental e da informação do Grupo Santa Fé, o estudo se classifica como exploratório
e descritivo. No entendimento de Andrade (2003, p. 124), a pesquisa exploratória é o
primeiro passo de todo trabalho científico. a pesquisa descritiva para Alves (2006, p.
52) “[...] tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre fenômenos”. O uso dessa
técnica é essencial para mapear as atividades que compõem os dois processos estudados
do setor de despachante e fazer uma descrição do ambiente e da população em estudo.
4.1 UNIVERSO DA PESQUISA
Com o objetivo de aplicar o 5S na gestão de arquivos, optou-se por desenvolver a
pesquisa no arquivo do Grupo Santa Fé. O Grupo conta atualmente com onze empresas
ativas, gerando cerca 2.500 empregos diretos e indiretos, atuando em setores como:
comercialização de veículos, administração de consórcios, construção civil, hotelaria e
administração de shopping centers.
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4.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS
Durante o procedimento de análise dos dados, identificou-se a necessidade de
estabelecer métricas que permitissem ter uma melhor avaliação das técnicas
implantadas.
A criação de métricas para avaliar os resultados é necessária para avaliar se a
implantação da filosofia 5S trouxe ou não resultados significativos à organização
estudada. Para mensurar os ganhos relacionados aos resultados, a aplicação da pesquisa
teve como fundamento a análise do parâmetro lead time, com a finalidade de mensurar
os tempos de recuperação da informação antes e depois da aplicação do método
proposto. A fórmula do lead time é calculada da seguinte forma:
Tempo de processamento: tempo gasto para processar as atividades.
Tempo de retenção: tempo em que o material fica parado, esperando ser processado.
Para saber se a recuperação dos documentos está sendo feita de acordo com a
demanda do cliente, foi utilizado o Takt time, também conhecido como Tempo Takt,
responsável por projetar o trabalho com a avaliação especificada e no ritmo exigido pelo
cliente.
Takt time = Tempo total disponível
Demanda do cliente
Outra métrica considerada é a financeira, com objetivo de medir os custos atuais
e os futuros para desempenhar o processo. A última métrica considerou o espaço físico,
tendo em vista que o arquivo atual não suporta mais o crescimento documental, e o
aluguel de novo espaço iria gerar um custo adicional, que não é parte do plano
orçamentário do Grupo.
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Um dos grandes problemas levantado na fase inicial da pesquisa refere-se ao
tempo elevado de retorno do arquivista para atender alguns pedidos de documentos,
Lead time: tempo de processamento + tempo de retenção
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cujo grau de dificuldade de localização é maior. Isto ocorre porque alguns pedidos não
apresentam data de entrada exata ou possuem algum dado inconsistente com o sistema;
logo, é preciso uma busca mais abrangente para localizá-los. Por atender a todas as
empresas e não dispor de mais funcionários para auxiliar, o tempo médio de retorno
desses processos críticos, com uma solicitação de até 10 documentos, é de seis horas.
Entretanto, muitos pedidos são urgentes, uma vez que o cliente precisa de imediato do
documento, e nem sempre é possível cumprir essa exigência, pois a busca por esses
processos críticos acaba atrasando também os de fácil localização, que poderiam ser
atendidos no mesmo instante.
Para melhorar esse tempo de retorno, fez-se uma reorganização do espaço físico,
com a finalidade de preconizar uma gestão organizada e limpa dos ambientes e das
ferramentas, bem como de alguns documentos, pensando no menor desperdício de
tempo e no menor deslocamento para busca. Para operacionalizar essa condição, optou-
se pelo uso da ferramenta 5S, uma vez que os resultados são rápidos e de fácil
visualização.
5.1 A IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA 5S NO ARQUIVO
A implantação da ferramenta 5S no arquivo foi desenvolvida por partes, levando
em consideração a sequência de cada S, conforme descrito nos resultados a seguir.
5.1.1 Seiri (Senso de Utilização)
Para cumprir esta etapa, fez-se um levantamento de materiais de escritório e
documentos que não seriam utilizados e poderiam ser descartados.
Para o descarte dos documentos, consultaram-se a legislação e a tabela de
temporalidade, para verificar o tempo de guarda de cada tipo de documento. Após a
finalização da lista, foi preciso a aprovação dos gerentes de todos os setores envolvidos
no descarte. Alguns tipos de documentos, mesmo sem valor legal, podem ser úteis para
suprir a necessidade dos clientes, por isso a importância de aprovação dos gerentes, pois
são eles que estão em contato com os clientes externos e sabem melhor de suas
necessidades. Aprovada pelos setores, a relação foi apresentada para o proprietário da
empresa, que fez, por escrito, a liberação do descarte dos documentos relacionados.
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A relação dos documentos aprovada pela diretoria compreende 1130 caixas de
arquivos, o que corresponde a mais de oito toneladas de papel, conforme apresentado
na figura 1:
Figura 1 – Documentos descartados para reciclagem.
Fonte: Dados primários (2017).
O descarte desses documentos foi feito por uma empresa especializada em
reciclagem. Foi necessário que o arquivista e mais um auditor da empresa
acompanhassem o trabalho de picoteamento dos documentos, pois muitos eram
confidenciais e, por segurança, deveriam ser destruídos antes de serem reciclados.
Após o descarte dos documentos, uma vistoria foi feita a fim de eliminar do local
de trabalho tudo que não era mais necessário relacionado ao material de escritório,
cuidando para não jogar fora o que ainda poderia ser útil. Assim, objetos que ainda
poderiam ser utilizados foram realocados para outros setores da empresa. A figura 2
ilustra o material de escritório que foi eliminado ou retirado do setor de arquivo.
Cavaglieri; Juliani | 5S na Gestão de Arquivos
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Figura 2 – Material de escritório descartado.
Fonte: Dados primários (2017).
A figura 2 ilustra uma grande quantidade de objetos quebrados, presentes no
arquivo e que não tinham mais utilidade. Os objetos sem utilidade foram enviados para
reciclagem, e os que poderiam ser úteis foram enviados ao departamento de compras
para realocação em outros setores.
Com a retirada dos objetos, o ambiente do arquivo ficou mais limpo e livre para o
arquivista exercer suas funções. As figuras 3 e 4 ilustram essa mudança:
Figura 3 – Organização antes do 5S. Figura 4 – Organização após 5S.
.
Fonte: Dados primários (2017).
Para a recuperação de algum documento, era preciso retirar os objetos. Esta
tarefa extra acarretava em uma demora maior no atendimento do pedido do cliente.
Com a retirada desses objetos, o trabalho do arquivista pode ser feito de forma mais
eficiente, configurando mais agilidade no atendimento do cliente.
Com o primeiro S implantado, já é possível observar alguns benefícios como:
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mais espaço para guarda de novos documentos;
maior espaço para busca de documentos, sem objetos atrapalhando o trajeto;
menos desperdício com relação ao material de escritório;
mais organização.
5.1.2 Seiton (Senso de Ordenação)
O segundo S consiste em ordenar materiais e informações úteis de maneira
funcional, para que o acesso ao que se deseja seja o mais rápido possível. Neste sentido,
identificou-se que seria necessário fazer uma reordenação dos documentos distribuídos
no arquivo, para que os mais utilizados ficassem localizados mais próximos da sala do
arquivista e, portanto, fossem rapidamente acessados.
A primeira mudança foi no armário em que um arquivo funcional dos
colaboradores ativos. O armário é constantemente acessado para identificar
advertências de funcionários, incluir pastas de novos funcionários e excluir informações
dos que são desligados. Este se encontrava a uma distância de 18 metros da sala do
arquivista e, a fim de proporcionar velocidade à busca, foi posicionado dentro da mesma,
conforme pode ser observado na figura 5. Assim, o desperdício de tempo para chegar até
o armário passou a ser quase nulo.
Figura 5 – Localização do arquivo funcional.
Fonte: Dados primários (2017).
Outra mudança foi identificar para qual empresa maior solicitação de
documentos. Por meio dos protocolos, foi possível contabilizar que a Florence Peugeot é
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a que possui maior demanda, representando cerca de 50% a mais que a Ponto Um
Veículos, empresa cujas informações estão em uma sala ao lado do escritório do
arquivista, possuindo acesso mais rápido. Assim, foi possível constatar que deveria
haver uma inversão da localização dos documentos das duas empresas, pois a Florence
Peugeot está, atualmente, na sala mais distante do escritório. Essa mudança ainda está
sendo planejada, pois envolve a troca de quatro mil caixas de arquivo e requer ajuda de
outros profissionais.
A última mudança deste senso foi confeccionar uma etiqueta na entrada de cada
sala, informando qual empresa encontra-se arquivada em cada uma. Além de identificar
o nome da empresa, a etiqueta foi impressa colorida, com a mesma cor da caixa que
corresponde à empresa. Desse modo, em uma busca documental na sala dois para a
empresa Santa Rosa, será possível identificar mais rápido quais caixas pertencem a ela,
por ser a única que apresenta caixas vermelhas.
Figura 6 – Etiquetas de identificação das salas.
Fonte: Dados primários (2017).
Como o arquivo é composto por cinco salas, quatro que servem para armazenar a
documentação e uma sendo o escritório do arquivista, a identificação visual agiliza a
localização dos documentos da empresa, proporcionando redução de movimentação e
espera.
5.1.3 Seisou (Senso de Limpeza)
Quanto à limpeza do ambiente do arquivo, são realizadas faxinas semanais e
um controle de pragas com desinsetização e desratização uma vez por ano. No entanto, é
preciso um controle maior, pois, como não um dia exato para faxina, houve semanas
em que não foi feita. Além disso, o controle de pragas perdia a eficácia próximo ao
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vencimento, e alguns insetos, como baratas, podiam ser visualizados. Para aumentar
esse controle, consultou-se uma empresa especializada que sugeriu a desinsetização a
cada seis meses. Logo, foi feita uma reprogramação com o setor administrativo para
atender a esta necessidade. Para resolver o problema da limpeza, programou-se com o
setor responsável que toda segunda à tarde seria feita uma faxina geral no arquivo e
haveria o recolhimento do lixo do ambiente em todo final de tarde.
Quanto à limpeza dos documentos, iniciou-se uma higienização dos relativos aos
Recursos Humanos, pois são os que necessitam de um tempo de guarda maior, superior
a 25 anos. O objetivo é a substituição dos grampos trilho de metal e a retirada de
grampos em excesso, conforme ilustrado nas figuras 7 e 8. Isto foi necessário, pois, com
o tempo, estes grampos de metal oxidam, criando ferrugem, que deteriora o documento
e dificulta o seu manuseio.
Figura 7 – Documentos antes do 5S. Figura 8 – Documentos após 5S.
.
.
Fonte: Dados primários (2017).
Com a higienização, a recuperação de um documento torna-se mais rápida, pois o
grampo trilho de metal é mais difícil de ser retirado e incluído novamente e, com a
ferrugem, esta dificuldade aumenta. o grampo trilho de plástico, além de ser mais fácil
de manusear, não deteriora o documento.
5.1.4 Seiketsu (Senso de Saúde e Higiene)
O quarto senso foi instituído com a preocupação de implantar e manter boas
condições de trabalho, de forma a favorecer a saúde física e mental do trabalhador.
Inicialmente, houve a preocupação com a ergonomia do trabalhador. Então,
substituíram-se a mesa do escritório e a cadeira, pois não forneciam o conforto ideal
para o desenvolvimento das atividades. Em seguida, instalaram-se mais 5 jogos de
lâmpadas fluorescentes a fim de que o ambiente tivesse a iluminação adequada. Por fim,
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
ARTIGO
colocou-se uma fita feltro nas extremidades da porta que dá acesso ao escritório, pois ela
fica ao lado da oficina de uma concessionária e fortes ruídos podiam ser ouvidos. Com
estas medidas, o ambiente ficou mais silencioso e agradável.
Figura 9 – Escritório antes do 5S. Figura 10 – Escritório após 5S.
.
Fonte: Dados primários (2017).
A substituição da mesa e cadeira do escritório, aliada à reorganização do material
de expediente, possibilitou um ambiente mais limpo e saudável, com menos entraves
para a realização das atividades.
5.1.5 Shitsuke (Senso de Autodisciplina)
O quinto senso está sendo implantado diariamente no setor de Arquivo. É
necessário um olhar mais crítico de todos os detalhes que envolvem o setor, pensando
sempre num ambiente mais agradável e com menos desperdícios, seja material ou
temporal, até se tornarem hábitos cotidianos. A autodisciplina é uma qualidade que
precisa ser desenvolvida diariamente para que as melhorias conseguidas com os quatro
primeiros S sejam sustentáveis e novas melhorias possam ser implantadas.
5.2 AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DA FERRAMENTA 5S NO ARQUIVO
Com a implantação dos 5S, podem-se vislumbrar alguns benefícios, além daqueles
apresentados na seção 5.1:
- mais motivação do colaborador, devido às melhorias no ambiente de trabalho;
- mais produtividade, uma vez que é possível ser mais eficiente no
desenvolvimento das atividades com o ambiente ordenado;
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Cavaglieri; Juliani | 5s na Gestão de Arquivos
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- redução dos desperdícios com relação ao material de escritório;
- ambiente de trabalho mais limpo e higiênico;
- redução do tempo de respostas aos clientes.
A busca deste último benefício foi um dos motivos que impulsionaram a aplicação
desta ação e, mesmo que ainda esteja em andamento, é possível medir o ganho com a
reorganização do espaço físico, que culminou na redução do tempo de retorno ao cliente,
conforme descrito a seguir:
Lead time do estado atual: 6h + 0h
Lead time: 6h
Lead time do estado futuro: 3h + 0h
Lead time: 3h
O lead time foi calculado a partir de três testes realizados antes e após a aplicação
dos 5S, que correspondem, respectivamente, ao resultado do lead time do estado atual e
do lead time do estado futuro. Nestes testes, era necessário localizar até 10 documentos
com alto grau de dificuldade de localização. O tempo de retorno ao cliente foi reduzido
em 50%, passando de 6 para 3 horas de duração. Logo, com a aplicação dos 5S, foi
possível diminuir significativamente o tempo gasto com as atividades que o
agregavam valor ao processo.
Com a conclusão, faz-se necessário calcular novamente o Takt time do processo
para ver se a demanda do cliente, após o 5S, está sendo atendida no instante desejado.
Takt time = Tempo total disponível
Demanda do cliente
Takt time = ____180 min____
10
Takt time = 18 min para recuperação de cada documento.
Com o tempo de recuperação dos documentos reduzido em 50%, é possível,
ainda, atender a demanda do cliente sem a contratação de novos funcionários.
Lead time: tempo de processamento + tempo de retenção
Cavaglieri; Juliani | 5S na Gestão de Arquivos
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
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Resultado final da aplicação do 5S
Economia
de tempo
Economia financeira
Economia
d
o
espaço físico
180 min
Colaborador: 180 min x 0.273: R$49,14
Aluguel: 31,7 m
2
x 8,5 x 12 m:
R$3.233,40
Estantes: 31 x 160,00:
R$4.960,00
Total: R$8.242,54
31,7 m
2
O cálculo da economia financeira do colaborador foi feito sobre o custo de um
funcionário em regime da CLT. O salário médio deste funcionário é de R$ 2.000,00,
somando-se, ainda, 80% de encargos, resultando em um custo de R$ 0.273 por minuto. A
economia financeira do aluguel das salas, estantes, assim como do espaço físico, foi
calculada a partir da reciclagem das 1130 caixas de arquivos realizada no primeiro
senso. Para o cálculo do aluguel, foi considerado custo mensal do aluguel de R$ 8,5/m
2
e
estimado que as caixas abrangessem uma área de 31,7 m
2
. Então, fez-se a projeção em
12 meses, para verificar a economia anual com a reciclagem dos documentos que não
possuíam valor legal. Referente ao cálculo das estantes, a reciclagem contribuiu para
liberar espaço em 31 estantes, que não precisarão ser compradas para suportar os
novos documentos. Com o valor de mercado de R$ 160,00 por estante, a economia
financeira chegou a R$ 4.960,00.
O representativo valor da economia financeira desta ação reflete na importância
de se preocupar tanto com a geração de novos documentos quanto com os que
existem e, principalmente, no ambiente que estão armazenados. É imprescindível seguir
a tabela de temporalidade dos documentos, descartando os que não possuem mais
valor legal de guarda, pois o preço que se paga para manter os documentos sem
serventia é muito alto e desnecessário. Para seguir rigorosamente o descarte anual,
projetou-se para que fosse feito, em todo mês de janeiro, o descarte de documentos que
perderam a validade legal.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo apresentado mostrou o processo de implantação da filosofia 5S em um
arquivo empresarial. O objetivo inicial deste trabalho foi alcançado, uma vez que foi
apresentada e discutida toda a implantação da ferramenta 5S na empresa descrita.
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O aprofundamento na literatura brasileira e estrangeira, acerca dos conceitos e
princípios da filosofia 5S, norteou este trabalho para alcançar os objetivos
preestabelecidos e ajudou a solucionar o problema de pesquisa. A realização de uma
leitura crítica de textos científicos possibilitou a instigação do pesquisador. Assim,
exemplos do sucesso da aplicação em outras áreas foram estudados e adaptados para a
aplicação desses conceitos na gestão do arquivo.
Entre os principais resultados, pode-se citar uma redução do tempo médio para
busca dos documentos, uma economia do espaço físico e uma considerável economia
financeira. A reorganização de documentos e objetos e a eliminação dos que não
possuíam mais valor legal liberaram uma área livre no arquivo de 31,7m
2
, o que
possibilitou o arquivamento de mais de 1000 caixas de documentos. Tal resultado é
expressivo e importante para o momento atual do arquivo, uma vez que ele estava
atingindo a sua lotação máxima.
O uso do método para executar melhorias na gestão de arquivos gerou resultados
acima do esperado, considerando as análises realizadas. Uma das hipóteses da obtenção
destes resultados representativos está relacionada ao fato de que poucos estudos,
atualmente, são direcionados a melhorar a prática da gestão de arquivos. Poucas
empresas demonstram interesse em melhorar setores que são considerados atividades-
meio, que é o caso do arquivo na maioria das organizações. Neste sentido, a gestão da
informação ainda tem muito a evoluir, e novas pesquisas podem proporcionar ganhos
ainda maiores, contribuindo não somente para melhorar a gestão no arquivo, mas
também na empresa como um todo, que é um local que tem relação com todos os
setores da empresa.
Diante dos resultados apresentados, entende-se que os conceitos do 5S podem
ser aplicados de forma eficiente na gestão de arquivos, implementados como forma de
eliminar desperdícios e tornar os processos, que dependem das informações ali
contidas, mais eficientes. Essa iniciativa demonstra que a gestão documental deve ser
bem estruturada nas empresas, permitindo que seja vista e empregada como
oportunidade de ampliação das ações estratégicas, e não apenas como forma de
atendimento às demandas legais, relacionadas à salvaguarda de documentos.
Em termos de geração de novos conhecimentos, este estudo mostrou que a
aplicação dos princípios do 5S na área de gestão de arquivo possibilita que problemas
antigos sejam resolvidos a partir de novas soluções. Para o proponente da pesquisa e
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 2, n. 1, jan./jun. 2017
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todos os envolvidos no estudo, foi uma oportunidade de aprender novos conceitos e
novas práticas de trabalho. O grande desafio com o término do estudo é sustentar as
melhorias alcançadas e buscar sempre novas oportunidades de melhoria, a fim de que
novas técnicas e ferramentas possam surgir para aprimorar cada vez mais a eficiência na
gestão de arquivos.
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ARTIGO
SOBRE OS AUTORES
Marcelo Cavaglieri
Mestre em Gestão de Unidades de Informão pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Biblioterio
do SENAC.
E-mail: marceloglieri@yahoo.com.br
Jordan Paulesky Juliani
Professor do Programa de Mestrado Profissional em Gestão da Informação da UDESC.
E-mail: jordanjuliani@gmail.com
Recebido em: 14/03/2017; Revisado em: 28/04/2017; Aceito em: 04/05/2017.
Como citar este artigo
CAVAGLIERI, Marcelo; JULIANI, Jordan Paulesky. Implantação do sistema 5s na gestão de arquivos.
Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 73-95, jan./jun. 2017.
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: a lógica instrumental do acesso à informação
e ao conhecimento
INFORMATION SOCIETY: the instrumental logic of access to information and
knowledge
Vinicius Aleixo Gerbasi
Unesp
RESUMO
A ideia de sociedade da informação não pode ser desvinculada da estrutura sócio-produtiva. No
capitalismo contemporâneo, o imaterial constitui fator preponderante no modelo produtivo, à
medida que o campo informacional passa a ser de suma importância no processo produtivo-
econômico, científico e cultural. Informação e conhecimento caracterizam-se como fatores
intrínsecos à reconfiguração produtiva, na qual se opera a racionalização e a apropriação de várias
frentes: Ciência e Tecnologia, inovação e apropriação da cooperação e das relações sociais. Por essa
razão, sua devida operacionalização e instrumentalidade são essenciais para a criação de mais-valia.
Este artigo apresenta uma breve análise crítica sobre o termo sociedade da informação e ressalta o
plano histórico-ideológico a partir do qual este foi elaborado. Os conceitos de “Economia do
Conhecimento” e “Regime de Informação” são introduzidos. A metodologia utilizada é de natureza
bibliográfico-exploratória. Como conclusão, reflete sobre a importância da disseminação da
informação e do conhecimento como processo de democratização. Para além da operacionalização da
informação científica e de métodos de controle que visam captar informações e conhecimento e,
portanto, de geração de mais-valia, as tecnologias de informação e a cidadania têm colocado no
horizonte possíveis ações e capacidades de transformação, ainda que imparciais e instáveis.
Palavras-chave: Capitalismo. Sociedade da informação. Economia do Conhecimento. Regime de
Informação. Informação-mercadoria.
ABSTRACT
The idea of an information society cannot dissociate from the socio-productive structure. In
contemporary capitalism, the immaterial is a preponderant factor in the productive model. Due to the
informational field becomes essential in the productive-economic, scientific and cultural process.
Information and knowledge characterize as intrinsic factors to the productive reconfiguration to
capitalism, in which the rationalization and appropriation is shaped: Science and Technology,
innovation and appropriation of cooperation and social relations. For this reason, their proper
operation and instrumentality are very important for the creation of surplus value. This article
presents a brief critical analysis of the term information society and highlights the historical-
ideological plan from which it elaborated. We introduces the concepts of "Knowledge Economy" and
"Information Regime". The methodology used is of bibliographic-exploratory nature. As a conclusion,
it reflects on the importance of the dissemination of information and knowledge as a process of
democratization. The operationalization of scientific information and control methods that seek to
capture information and knowledge, and thus generate surplus value, information technologies and
citizenship have put in the horizon possible actions and capacities of transformation, even if impartial
and unstable.
Keywords: Capitalism. Society of information. Information-commodite. Productive reconfiguration.
Information. Knowledge.
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1 INTRODUÇÃO
Profundas transformações no campo tecnológico-científico, produtivo e cultural,
e a importância das dimensões informação, conhecimento e da comunicação nestes
processos, definem a Sociedade da Informação.
O presente artigo propõe apresentar fundamentos para uma perspectiva crítica
da Sociedade da Informação, ressaltando a instrumentalidade das dimensões imateriais,
tais como informação, conhecimento e os processos comunicacionais, os quais
organizam as bases sociais e produtivas no capitalismo contemporâneo e, em última
instância, é colocado à prova o próprio conceito de sociedade da informação.
Os conceitos de “Economia do Conhecimento” e “Regimes de Informação” serão
discutidos. No plano teórico-analítico, estes conceitos articulam de forma crítica a
existência da instrumentalidade e operacionalização em relação à informação, ao
conhecimento e ao trabalho cultural e intelectual, vetores necessários à acumulação
capitalista. Tecnologia, inovação e aprendizado tornam-se essenciais em função do
aspecto imaterial do desenvolvimento e da reconfiguração econômica. Nesse aspecto,
fazemos um contraponto às possibilidades abertas de utilização dessas dimensões para
além de sua operacionalização e instrumentalização.
O artigo é de natureza bibliográfica-exploratória, a abordagem dialética e crítica
permite também trazer à luz as contradições e os antagonismos inerentes ao capital,
apreendendo o movimento das forças antagônicas e da multiplicidade dos sujeitos e
suas potencialidades cognitivas. O método dialético propõe a compreensão do sistema
capitalista enquanto desenvolvimento das estruturas capitalistas, mas também de suas
contradições (FUCHS, 2012). A abordagem aqui focada compreende a sociedade da
informação a partir de sua estrutura “socioeconômica” e de sua “historicidade” (ARAÚJO,
2009), reveladores de contradições e de dinâmicas de poder, que levam a desigualdade
de acesso e a sua instrumentalização para fins ideológicos e econômico-produtivos.
2 SOBRE A IDEIA DE SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: breve histórico do termo
A Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, realizada em 2003 em
Genebra, e em 2005 em Túnis, ressalta a importância da educação tecnológica, do acesso
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ao conhecimento, da cooperação internacional, da capacitação profissional e das
políticas públicas em infraestrutura para as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), em todas as suas aplicações científicas, econômicas e sociais.
Como entender em termos teóricos a sociedade da informação? É preciso
compreendê-la a partir de um marco referencial crítico, expondo suas especificidades
históricas, culturais econômicas, técnico-comunicacionais e políticas. Indagando-se
sobre a legitimidade na substituição do termo capitalismo pelo de Sociedade da
Informação, Fuchs (2012) apresenta duas tipologias para discutir essa questão.
aqueles que defendem ser a Sociedade da Informação como uma descontinuidade com o
capitalismo nesse grupo estão Bell e Castells, para os quais as transformações
tecnológicas nos levaram a outra ordem social e econômica (FUCHS, 2012). Assim, a
sociedade “pós-industrial” (BELL, 1977), a “sociedade em redes” (CASTELLS, 1999) ou a
sociedade pós-capitalista (DRUCKER, 2003) sustentam que as relações sociais e os
interesses de classe estariam erodindo. Com a emergência de um novo paradigma
produtivo, transformação em que a tecnologia, a ciência e o conhecimento passam a
caracterizar o processo de valorização do capital, o argumento desses autores é de que a
análise sociológica referente ao capitalismo industrial se torna insuficiente para
compreender as especificidades da Sociedade da Informação. Nessa corrente, pesa muito
o fato de que tecnologia, educação e aprendizado estariam tornando os indivíduos mais
competentes e inteligentes, tendo, como consequência, o aumento da participação e da
consciência política.
Por outro lado, aqueles que percebem a Sociedade da Informação em termos
de continuidade com o capitalismo. Esses advogam que, apesar de profundas mudanças
estruturais nas relações sociais e de produção, vivemos ainda no capitalismo, uma vez
que a valorização do capital e a mercantilização da vida são as dimensões mediadoras da
sociedade. Tal pensamento é representado pela perspectiva do “capitalismo cognitivo”
(HARDT; NEGRI, 2005) e do “capitalismo digital” (SCHILLER, 2011).
Cabe dizer que, no plano geopolítico, a ideia de democratização via
universalização das tecnologias de informação às massas será levada pelo caráter
prático que cumpre o “Relatório Nora-Minc” (MATTELART, 2006). Há, nesse sentido,
uma preocupação com as estratégias de industrialização da informação por parte dos
países desenvolvidos, ainda que, segundo Mattelart (2006), não fosse exatamente essa a
ideia dos autores ao elaborarem o relatório. O ponto de partida de Mattelart (2006) é o
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papel do Japão como modelo “político-administrativo” que, desde a década de 1970,
havia instalado uma estratégia nacional com o objetivo de responder aos desafios das
novas tecnologias, e que talvez teria evitado a recessão da crise dos anos 70. A ideia de
“crise” é exatamente a que teria norteado os discursos das grandes economias mundiais
sobre a “informatização”.
O processo de globalização destaca uma característica importante: o argumento
dos “fluxos de informação”, no qual é levada em conta a quantidade das informações, e
não o seu conteúdo. Desse ponto de vista, pode-se inferir que o foco está na liberdade e
completa mobilidade e rapidez dos “fluxos de capitais” e dos mercados (CASTELLS,
1999; MATTELART, 2000; SCHILLER, 1984). E é, de fato, esse processo que corresponde
à ruptura das nações em detrimento do funcionamento do sistema capitalista, que as
redes sustentam e reproduzem os fluxos de decisões, de investimentos. A não
legitimidade em relação aos processos decisórios e à soberania do Estado frente à
centralidade das empresas transnacionais, com a consequente derrota do estado de
bem-estar social, o qual foi perdendo energia, ao mesmo tempo em que a lógica do
mercado e da competição entre os indivíduos, foi moldando as sociedades capitalistas.
Os países, principalmente os menos desenvolvidos, que carecem de
infraestrutura, de tecnologia e de educação, acabam sendo os mais prejudicados e
vulneráveis às pressões comerciais, por falta de recursos financeiros que possam
gerenciar e produzir recursos humanos e tecnológicos que levariam a uma situação de
maior competitividade. Por outro lado, o funcionamento da empresa transnacional e sua
atuação nos territórios influenciam negativamente as culturas locais, subordinadas ao
processo de universalização do capital. As empresas estrangeiras na América Latina, por
exemplo, ao imporem padrões de consumo e de exploração do trabalho, destroem o
núcleo social dos valores e das práticas culturais (FROHMANN, 1993). Aqui, percebe-se a
destituição em relação ao conhecimento e às identidades tradicionais. Se antes estes
possuíam um conjunto de valores e crenças, transmitidos de uma geração a outra e que
permitiam uma coesão ao grupo, agora se caracterizam como mais dentre tantas outras
informações no contexto globalizante do capitalismo. Assim, o conjunto de hábitos,
práticas sociais e tradições vai perdendo o significado que tinha para o grupo, de modo a
ser incorporado em outros sistemas de valores e visões de mundo; que se definem a
partir de uma concepção utilitarista e mercadológica e racional em nível mundial.
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É importante notar a rápida mobilidade comunicativa, que acentua ainda mais a
transformação da produtividade econômica, atualmente em curso, qual seja, a
compressão das barreiras de tempo e espaço na expansão do capital e na
imprevisibilidade nas mudanças do mercado financeiro, tão velozes quanto os bits que
são trocados diariamente; os fluxos financeiros e a descentralização dos sistemas
produtivos e do conhecimento. Esses condicionantes, apreendidos sob o influxo das
transformações qualitativas subsidiadas pelo processo de acumulação do capital,
sugerem, de acordo com Harvey (1992, p. 181), “[...] a flexibilidade conseguida na
produção, nos mercados de trabalho e no consumo antes como resultado de soluções
financeiras para as tendências da crise do capitalismo do que o contrário.” É nesse
sentido que se constroem regulações institucionais e político-econômicas, e também
ideológicas, como podem ser observadas com o surgimento de mecanismos
internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do
Comércio (OMC), a Organização Mundial para a Propriedade Intelectual (WIPO) e a
União Internacional das Telecomunicações (ITU), como destaca Mattelart (2008).
Na França, por exemplo, a preocupação em relação aos desafios advindos com as
tecnologias de informação vinha se fazendo sentir desde o final da década de 70, ocasião
em que o relatório Nora-Minc, cujo objetivo era demonstrar os efeitos da informatização
da sociedade, veio afirmar o papel redentor a ser desempenhado pela comunicação. O
relatório sustenta que, com a informatização, inicia-se um ambiente favorável aos
diálogos entre Estado, instituições e sociedade civil. Com isso, há a necessidade em
promover comunicações laterais, em contrapartida da comunicação centralizada da
mídia de massa, trazendo à tona vários grupos e desejos sociais, formalizando uma
gestão do consenso e o surgimento de uma “ágora informacional” (MATTELART, 2006).
Uma afirmativa por diversas vezes salientada no relatório se encontra no
entendimento de que as pequenas e médias empresas, tendo em vista a criação de
empregos que podem gerar, têm levado os países a alargarem as políticas referentes a
competências tecnológicas e de acesso à internet.
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3 A INSTRUMENTALIDADE DO ACESSO E DA CRIAÇÃO DA INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: pressupostos de análise
No atual contexto produtivo, uma grande parte dos serviços e bens produzidos
caracteriza-se pela sua imaterialidade, criando uma natureza econômica em função de
novas modalidades de apropriação privada da informação e do conhecimento. O
desenvolvimento tecnológico propicia um nível de circulação e produção que, por sua
vez, vai produzir formas de mercados e concorrência em consequência do
desenvolvimento tecnológico das comunicações, à medida que aumentam a socialização
das informações. Ao mesmo tempo, colocará novos problemas e contradições de “valor”
de “regulação” das redes e dos direitos de propriedade intelectual, este último fruto de
uma convenção social e das modalidades de apropriação do imaterial pelo capital
(HERSCOVICI, 2012).
3.1 APROPRIAÇÃO DA INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
O atual estágio das transformações econômicas e sócio-tecnológicas produz
configurações produtivas, as quais colocam o imaterial ou o informacional como
processo fundamental.
A interação universidade-empresa-sociedade promove uma lógica interna de
produção científica ligada à produtividade científica, ou seja, as possibilidades que esta
tem de influenciar a competitividade do mercado e se transformar em algum tipo de
atividade econômica. Isso concretiza uma “espécie de apropriação privada” dos recursos
públicos destinados à produção de informação científica, uma vez que o acesso gratuito
das empresas não implica em contrapartida, um oferecimento aos pesquisadores
vinculados às instituições/universidade públicas (BOLANO, 2003; BOLAÑO, KOBASHI,
SANTOS, 2006, 206, p. 128). Essa relação caracteriza-se pela relação de gratuidade do
acesso público às bases de dados pelas empresas individuais, o que será crucial para
acumulação de capital e da competitividade de cada setor.
A “informação científica certificada”, legitimada no universo acadêmico,
produzida e reconhecida no âmbito de cada campo de conhecimento científico, promove
um conjunto de atividades mercantis, desenvolvendo atividades comerciais como
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editoração e comercialização de base das informações científicas produzidas pelos
autores/pesquisadores (BOLAÑO, KOBASHI, SANTOS, 2006, p. 128).
A informação, nesse contexto, demonstra a limitação analítica da forma
mercadoria, que é de quantificação invariável, dada sua especificidade imaterial e os
diversos valores de uso que poderá ter. Outras motivações explicam também a criação
da informação científica como o prestígio acadêmico (HERSCOVICI; BOLAÑO, 2005).
A deformidade entre utilização social da informação científica pública e utilização
privada constitui o núcleo da Economia do Conhecimento: o processo de apropriação
privada está vinculado a uma “acumulação primitiva do capital às expensas do conjunto
da sociedade; da informação científica como função pública, de cooptação da pesquisa
das universidades, a partir de investimentos públicos, por parte da iniciativa privada.
Apesar disto, ela promove um paradoxo, à medida que a “socialização de informação” vai
criar formas não econômicas de informação e conhecimento ao conjunto social
(HERSCOVICI, BOLAÑO, 2005). É essa contradição permanente entre o acesso público e
o caráter não público, portanto privado, da informação e do conhecimento que marca a
Economia do Conhecimento e, além disso, sua apropriação privada, seja a partir de
preços, seja a partir da implementação de direitos de propriedade intelectual (ciência e
tecnologia). Essa especificidade faz surgir um tipo também específico de produção,
denominada Economia do Conhecimento:
A economia atual, na qual a Informação e todas as formas de Conhecimento têm
um papel chave, é o objeto desta contradição: se, por um lado, ela oferece
condições para criar espaços democráticos e para divulgar Informação e
Conhecimento, por outro lado, em função das lógicas da acumulação capitalista,
ela tem que limitar, a partir de um sistema de exclusão pelos preços, ou de um
sistema de direito de propriedade, as modalidades de acesso social a essas
Informações. É apenas a partir do estabelecimento de determinadas
convenções, ou seja, de determinadas combinações entre o econômico e o
extra-econômico, que essas oportunidades de re-apropriação social da
Informação poderão se tornar efetivas; essas arbitragens sociais vão
determinar as modalidades concretas de apropriação da Informação e do
Conhecimento (HERSCOVICI;BOLAÑO, 2005, p. 20).
Nota-se o caráter contraditório deste tipo de Economia do Conhecimento, uma
vez que informação e conhecimento ostentam a possibilidade de serem rearticulados de
forma social e não privada, embora seja justamente esse mecanismo que define o
processo de conversão da informação pública e científica ao processo de acumulação do
capital.
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O surgimento no capitalismo da Economia do Conhecimento se definirá
(BOLAÑO, 2003; HERCOVICI, BOLAÑO, 2005) em torno da emergência de um espaço que
se assemelha à comunidade científica, e esta, por sua vez, será cada vez mais
influenciada pela dinâmica competitiva industrial. Salienta-se, dessa forma, que um
elo comum entre a esfera pública acadêmica e uma mais ampla, na qual se podem definir
como os sistemas de divulgação científica, espaços que são responsáveis pela
interlocução entre os agentes que compõem as ciências certificadas que adquirem uma
importância fundamental no contexto onde a inovação e o conhecimento como eixos
centrais da acumulação. Nesse contexto de “renovação da esfera pública”, a organização
do trabalho também é reorganizada, tornando visíveis seus aspectos intelectuais.
A Economia do Conhecimento pela interação entre conhecimento tácito e
codificado depende hoje da existência de enormes bancos de dados informatizados, que
deverão ser constantemente renovados, não simplesmente no sentido de que novos
dados serão agregados, mas também no sentido de uma codificação ininterrupta, o que
exige o manejo de códigos em permanente atualização, articulando os “trabalhadores
intelectuais” dos diferentes campos do saber, usuários daqueles bancos, e os
“trabalhadores da informação”, qual sejam, os técnicos alimentadores e mantenedores
dos bancos de dados, responsáveis pela sua manutenção dos ambientes vivos da
“comunicação produtiva” (HERSCOVICI;BOLAÑO, 2005, p. 04-05). Ocorre aqui uma
divisão do trabalho com informação: o dos pesquisadores, cujo objetivo é o de codificar
as informações, gerando, ao mesmo tempo, informações tangíveis e intangíveis
(codificadas), numa relação dialética e contínua. E também outro tipo de função, mais
técnico, que é realizada por indivíduos que alimentam e administram o banco de dados
das pesquisas, sempre inseridos em áreas específicas em torno das quais certos códigos
são socializados pela comunidade.
Mas também um outro elemento importante para pensar o aspecto produtivo-
organizacional na sociedade da informação: é a existência do conhecimento tácito e sua
articulação e apropriação nas formas de produção.
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3.2 A APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO IMPLÍCITO
A diversificação de estratégias produtivas para manter o fluxo de conhecimento
específico em cada realidade empresarial, incrementando sua competitividade, passa
por canais estruturáveis ou não estruturáveis, formais ou não formais.
Brito (2008, p. 136), citando Nonaka e Takeuchi, lembra que a criação do
conhecimento organizacional diz respeito a um processo que “amplia
organizacionalmente o conhecimento criado pelos indivíduos cristalizando-o como
parte da rede de conhecimentos da organização.” A gestão do conhecimento, portanto,
teria como principais desafios a aquisição e a transferência do conhecimento pessoal do
trabalhador (tácito) e do conhecimento declarativo (explícito) num processo de
transformação interativa e em espiral (BRITO, 2008 p. 137). As estratégias de
socialização, externalização, combinação e internalização, formam o esquema conceitual
para as relações possíveis entre conhecimento tácito e conhecimento tácito/explicito.
A cultura organizacional e a gestão do conhecimento mostram o nível estratégico
e a instrumentalidade na qual se assentam o conhecimento e sua utilização como fator
estratégico para a competitividade. Nonaka e Takeuchi foram os precursores dos
estudos da gestão do conhecimento. O surgimento da Gestão do Conhecimento nos anos
90, elaborada por Nonaka e Takeuchi, significou um importante processo de “subsunção
do trabalho intelectual ao capital” (BOLAÑO, 2002; BOLAÑO; MATTOS, 2002). Como
propõem Nonaka e Takeuchi apud Brito (2008, p. 136), para que se realize o processo de
criação do conhecimento organizacional, por meio do qual se fortalecerá o capital
intangível das empresas, e relacionado ao impacto da empresa no mercado, o aumento
do “capital humano” e “intelectual” se constitui em modelos gerenciais do conhecimento.
Eles são consolidados na combinação da percepção, criação, avaliação e disseminação
dos conhecimentos tácitos e explícitos, formando, assim, uma interação espiralada.
Ainda no que diz respeito ao espaço cada vez maior destas ferramentas, pode-se citar a
importância da diferenciação entre “fluxos de informações estruturáveis”, que podem
ser transponíveis em suportes físicos e alguma forma de registro ou documento,e os
“fluxos de informações não estruturáveis”, os quais constituem as vivências e saberes,
não registrados, de um determinado grupo ou organização, e que se caracterizam pela
aprendizagem organizacional e pela socialização de conhecimento em um espaço
organizacional também específico (VALENTIM, 2010, p. 15-19).
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A codificação gera conhecimento tácito, que, por sua vez, gera conhecimento
explícito, garantindo aquela espiral infinita existente na criação do conhecimento
científico, mas também em outras formas de conhecimento e de inovação.
Processar, armazenar, recuperar e comunicar informações não apenas se
restringem à materialidade de documentos, disponíveis em vários formatos e mídias
através da internet, mas multiplicam as fontes e os canais entre emissor e receptor,
sejam instituições, empresas ou indivíduos. Para Robredo (2003, p. 104):
A informação é suscetível de ser: registrada (codificada) de diversas formas;
duplicada e reproduzida ad infinitum; transmitida por diversos meios;
conservada e armazenada em suportes diversos; medida e quantificada;
adicionada a outras informações; organizada, processada e reorganizada
segundo diversos critérios; recuperada quando necessário segundo regras
preestabelecidas.
Informação tem o significado de informar alguém através de um processo
comunicativo. Como sugere Buckland (2004), a “informação como coisa” sugere o
conhecimento que determinado indivíduo possui sobre informações às quais ele informa
alguém (por exemplo, um evento ou assunto). Mas tal processo é registrado em um sinal,
linguagem ou texto, tornando-se novamente “informação como coisa”: “[...] não pode
existir algo como um sistema específico de ‘conhecimento fundamentado’ ou um sistema
de ‘acesso ao conhecimento’, somente sistemas baseados em representações físicas de
conhecimento.” (BUCKLAND, 2004, p. 03).
Daí que seja a informação o processo de informar alguém, sejam informações
inscritas em um sistema de informação específico (como uma biblioteca, museu, base
dados), ou, ainda, a informação com o objetivo de gerar conhecimento a alguém ela
sempre será representada através de um suporte (digital, escrita) ou em algum processo
comunicacional, caracterizando-se como “energia” para a criação de possíveis
significados.
Outro ponto crucial para a investigação teórica do estatuto epistêmico e social da
informação é seu caráter mercadológico. Se ela passa a ser importante nas
transformações do capitalismo, no que diz respeito aos processos econômicos e
organizativos, ela passa a ser fundamental também para os processos ideológicos e
culturais que os sustentam e os reproduzem.
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3.3 REGIME DE INFORMAÇÃO: da característica pública à finalidade comercial
O domínio do poder informacional deixa de ser o Estado, o governo, as editoras
ou as bibliotecas, para ser a escrita e o discurso, os dispositivos complexos como os
sistemas de rádio aberta ou a Internet, ou qualquer das constelações institucionais que
intervenham na construção “categorial-documentária” de “identidades oficiais”,
“individuais e coletivas” (pensamos em categorias tal como as denominações de
estrangeiro, aposentado, entre outras) (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2012).A informação,
nesse sentido, aparece dinamizada em vários aparelhos e dispositivos, passa a ser volátil
e flexível, contemplando muitas narrativas e significados. E uma vez colada à estrutura
capitalista de produção, a forma de mercadoria da informação (consumo, propaganda)
passa a ter um atributo e especialmente preponderante.
Frohmann é quem propõe, de maneira explícita, o conceito de regimes de
informação”, criticando o reducionismo do estudo das abordagens da política, praticas
no âmbito da Ciência da Informação e da Biblioteconomia (GONZÁLEZ DE GÓMEZ,
2012). A crítica a esse reducionismo é dirigida às abordagens que consideram as
“políticas de informação” como uma classe das políticas governamentais restritas ao
âmbito estatal. Uma abordagem direta dessa implicação seria as políticas de informação
referentes à produção, disseminação e organização da informação científico-tecnológica.
Mas nota-se que, a partir da década de 70, as abordagens da política de informação se
tornam ineficientes, dada a equiparação da informação aos bens de consumo, as
commodites.
Assim, os grandes sistemas de informação não mais poderiam estar confinados
ao planejamento e competência estatais, se estivessem regidos pelos mercados sujeitos a
condições privadas de produção e acesso. O Estado fica sendo, então, um agente passivo,
facilitador dos processos de acumulação. Nesse horizonte, a disciplina acadêmica, cujo
objetivo é a abordagem de questões de políticas informacionais, passa a ser ilusória
(FROHMANN, 1995). A proliferação de questões acerca dos estudos técnicos e
instrumentais de acesso aos documentos e a implementação de tecnologia no âmbito
dos governos criariam um agrupamento de questões mais próximas da gestão e não da
política:
O foco em problemas instrumentais e em questões epistemológicas envolvidas
com a demarcação e policiamento das fronteiras entre as disciplinas, desvia a
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atenção das questões de como o poder é exercido e, é através das relações
sociais mediadas pela informação, como o domínio sobre a informação é
alcançado e mantido por grupos específicos, e como formas específicas de
dominação – especialmente de raça, classe, sexo e gênero estão implicadas no
exercício entre poder e informação (FROHMANN, apud GONZÁLEZ DE GÓMEZ,
2012, p. 51).
O descolamento da lógica político-estatal em direção à esfera do mercado não
anula a relação inerente entre política e poder, nem reduz necessariamente as formas de
controle e vigilância do Estado; tratando-se antes de uma mudança de direcionamento.
Além disso, demarca a operacionalização e instrumentalização no acesso e disseminação
de informações, afastando-se de uma leitura crítica sobre a epistemologia de tais
informações, sobretudo no que se refere a pensá-la como resultado de relações sociais e
históricas.
O poder, informacional, desdobra-se capilarmente e difusamente, não estando
confinado apenas às dimensões do governo, da biblioteca, das instituições, passando a
circular também na escrita, no discurso ou em sistemas complexos, tal como a Internet,
ou, por exemplo, qualquer categoria de identidades oficiais, de reconhecimento
valorativo ou cultural. A informação deve ser apreendia numa relação estabelecida entre
dois lugares, “centro” e uma periferia” e cujo significado esboça uma relação de poder
legítima e condensada nos aparelhos, técnicos e instituições (LATOUR, 2004).
Frohmann (1992) sugere que as relações de poder constituem um sistema
informacional no qual estão configurados a produção, distribuição, a organização e o
consumo, e sobre o qual estão dominados pelas relações de produção. A ciência,
enquanto conhecimento institucionalizado, é formadora e mantenedora de sistemas de
disciplinas e conhecimentos científicos, a depender dos interesses nacionais e
comerciais. Dessa forma, os saberes em questão estão ligados na materialidade de bases
sócio produtivas e culturais.
Uma aproximação sobre o sistema informacional pode ser discutida a partir da
concepção sistêmica, reveladora das relações entre criação, circulação e distribuição dos
fenômenos informacionais e suas respectivas determinações valorativas no conjunto.
Essa noção é compreendida, segundo González de Gómez (1990, p. 119), pela
homogeneização de um domínio plural, afirmado pelas “ações de informação”, ou seja,
aquelas institucionalizadas (como bibliotecas, arquivos, centros de documentação),
mas também outras ainda incipientes a serem formalizadas. As dimensões
administrativas, financeiras e culturais são todas elas exemplos de ações de informação.
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O sistema se baseia na reciprocidade “normativa” entre indivíduos que partilham o
processo de atividades de recuperação da informação, instituídas, dessa forma, de um
“valor informacional”, atribuídos pelas regras valorativas do sistema. Esses valores
“normativos são justamente os determinantes e legitimadores da “pragmática
narrativa” em relação ao sistema informacional (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1990). O
problema aqui posto é de como superar ou ir além das pragmáticas narrativas colocadas
pelos sistemas valorativos, tecendo novas relações e significações, novas práticas e
valores. Nesse sentido, uma “ação de informação” prescinde de uma realização não
restritiva, ou seja, que não estanque a circulação da informação, buscando uma
reformulação participativa no campo de significados; em outros termos, não se
limitando aos quadros “institucionais-normativos” (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1990).
O usuário de informação adquire consistência e relevância num espaço marcado
pela horizontalidade das tecnologias de informação, dispositivos de potencialização de
espaços mercadológicos, em bases informationon pay-per-use basis (FROHMANN,
1992). As bases de “informação científica” encontradas nas instituições e universidades,
e no consumo de conteúdos culturais e de entretenimento como mercadorias, seguem o
modelo de mercado consumidor, práticas conhecidas do sistema de produção
capitalista.
Um segundo desdobramento pode ser apreciado sobre a imersão das
informações nas práticas sociais. Uma primeira aproximação pode ser pensada em
termos da dualidade da materialidade da informação, tanto como “propriedade física”
quanto “prática social institucionalizada” à qual, por sua vez, é condição necessária ao
seu surgimento. Uma vez que a informação se refere sempre à materialidade e às
práticas sociais, a “ética” sobre os regimes de informação não deve estar restrita a algo
denominado “informação”, mas norteado sobre uma construção reflexiva mais ampla.
Trata-se de uma questão que não se distancia de uma reflexão ética mais abrangente
sobre a qual estão inseridas as práticas informacionais. Citando novamente Frohmann
(2002, p. 10):
Acesso à informação, se refere, para nós, acesso a práticas sociais. O problema
para o pobre, o marginal e aos ‘outsiders’ não é que lhe faltam dispositivos de
comunicação, mas que eles são injustamente excluídos das relações sociais,
essenciais para a verdade nos documentos, nos enunciados e nas
representações e textos de qualquer tipo, em resumo, para que lhes surjam
informações.
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As desigualdades em informação se referem às mesmas inequidades do mundo
material; como educação, saúde, justiça e promoção de políticas públicas. Os fluxos de
inovação e de conhecimento científico e tecnológico, o fortalecimento do
desenvolvimento e da economia local derivam de relações sociais determinadas e de
distintos fluxos desiguais de comunicação e de conhecimento, de dinheiro e de
possibilidade de construção do mundo simbólico, cultural e material.
4 USOS E ARTICULAÇÕES SOCIAIS DO CONHECIMENTO
Informação e conhecimento ganham espaço cada vez maior na sociedade da
informação. O aumento de fluxos dos mesmos está ligado, no entanto, à sua inserção na
dimensão da produção econômica. A “apropriação da informação científica” do saber, o
controle do trabalhador pela empresa e por sistemas de classificação e tratamento da
informação, como os buscadores na Internet para efeitos comerciais, além da
importância dos processos de inovação e de novos serviços em informação que surgem
em função das tecnologias de informação em um campo informacional altamente
complexo e dinâmico, expõem a lógica instrumental da informação e do conhecimento,
corolário da sociedade da informação.
A reorganização das finanças e da produtividade, que marcam a acumulação
capitalista, baseia-se nas redes e em processamento de informação. A noção de
“propriedades regenerativas da informação”, na qual aparecem grandes eixos sociais,
culturais e econômicos (educação, medicina, biotecnologia, softwares) que continuam
preparados para a exploração comercial e altamente lucrativa da indústria da
informação, através de sistemas de redes e processamento de informações (SCHILLER,
2011).
A percepção da inevitabilidade dos rumos do desenvolvimento tecnológico, ou de
que as decisões nessa área se restringem a especialistas, investidores e gestores
públicos e privados, obscurece o fato de que as escolhas tecnológicas constituem um
campo de disputas. Do mesmo modo, contrariamente à visão do papel ativo do capital e
ativo/passivo do trabalho no âmbito da dinâmica tecnológica, observa-se que,
historicamente, a introdução de diversas tecnologias e inovações é precedida de
conflitos que envolvem capital e trabalho (ALBAGLI, 2013, p. 118).
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A dialética e as contradições que caracterizam as sociedades se relevam também
no campo das inovações, das tecnologias e da apropriação da informação e do
conhecimento, da ciência e da tecnológica, pois:
É a partir dessa perspectiva que devem ser compreendidos os atuais
antagonismos em torno da disputa pela apropriação da informação e do
conhecimento e das tecnologias que lhes dão suporte. Significa reconhecer que
as relações sociais de produção precedem o desenvolvimento das forças
produtivas (aí incluídas ciência e tecnologia). (ALBALGI, 2013, p. 118).
O processo de inovação e aprendizado tem sido focado, até agora, pelos
parâmetros ligados à intensificação da racionalização do trabalho e do lucro, a partir do
qual se busca compreender, em termos de inovação tecnológica, suas “mensurações”,
“fontes” e “resultados”, que se baseiam na competitividade e na lucratividade, objeto ao
qual se debruçaram correntes do pensamento econômico como os “neo-
schumpetarianos” e a “escola de regulação” (ALBAGLI, 2010, p.07).
A captura das subjetividades do trabalhador pelas empresas e do valor
econômico atribuído às informações, não obstante, faz parte de um processo mais amplo
e dinâmico de resistências e contradições, devido à própria dinâmica informacional
sobre a qual está assentada a produção econômica, à medida que permite a socialização
da linguagem, do conhecimento e das subjetividades pelo “trabalho informacional”. Em
oposição à sociedade industrial, o trabalhador torna-se comunicativo por excelência e
disposto a colaborar, a inventar e a produzir novos procedimentos produtivos. Essa
nova forma de organizar o trabalho coloca no centro do processo produtivo os “recursos
imateriais” (SANSON, 2009, p. 41), que, como observa bem os autores do capitalismo
imaterial, reproduz novas relações sociais e de subjetividades (SANSON, 2009).
Essa é a tese do capitalismo cognitivo para o qual o “trabalho imaterial”, ao
produzir as subjetividades e baseado na comunicação, característica comunicacional, dá-
se pela elasticidade da dinâmica social da produção à qual produz, por sua vez,
contradições e tensionalidades (HARDT; NEGRI, 2005). Isso coloca a questão da
subversão da tecnologia e da inovação em favor dos interesses das pessoas:
A percepção da inevitabilidade dos rumos do desenvolvimento tecnológico, ou
de que as decisões nessa área se restringem a especialistas, investidores e
gestores públicos e privados obscurece o fato de que as escolhas tecnológicas
constituem um campo de disputas. Do mesmo modo, contrariamente à visão do
papel ativo do capital e ativo/passivo do trabalho no âmbito da dinâmica
tecnológica, observa-se que historicamente a introdução de diversas
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tecnologias e inovações é precedida de conflitos que envolvem capital e
trabalho. (ALBAGLI, 2013, p. 118).
O uso de tecnologias pelos indivíduos em certa comunidade aumenta a
capacidade de intercâmbio de informações, de soluções e de reconhecimento
sociocultural. Pode, além disso, sustentar uma complexa teia de informações, ideias e
representações às quais perpassam os indivíduos e compõem o universo simbólico e
cultural (MARTELLETO; SILVA, 2004), de modo a fortalecê-los e dinamizá-los.
A reorganização do paradigma produtivo, no qual novos formatos, processos e
serviços, somados ao papel essencial dos insumos econômicos informação,
conhecimento e inovação–, ressalta a necessidade de políticas públicas orientadas à
tecnologia e a inovação, capazes de promover ações interventivas e estruturais em
relação às novas configurações sociais e políticas. Em conjunto, essas transformações
nos padrões econômicos e sociais, traduzidos em termos de investimentos a partir da
ação política, acarretam consequências positivas ou negativas ao desenvolvimento.
4.1 DESENVOLVIMENTO LOCAL
O termo sociedade da informação passou algum tempo a ceder espaço para o de
sociedade do conhecimento (PYATI, 2010, p. 406). Não se trata apenas de uma escolha
puramente terminológica. O binômio informação-conhecimento sofre uma ruptura a
medida que o primeiro é entendido sobre sua forma apenas como mercadoria ou algo
puramente operatório, enquanto o segundo expande as fronteiras impostas a este
entendimento, a medida em que está disponível e pode ser apropriado a quem se
interessa. (UNESCO, 2005).
Com a derrocada do neoliberalismo na década de 90, projetos políticos voltados
à educação e à aplicação de tecnologias sociais não têm sido empregados de forma
sistemática. Além disso, com a mercantilização da informação, as empresas de
telecomunicações sofreram, sobretudo na década de 90, com a penetração do
neoliberalismo nos países menos desenvolvidos, como no caso do Brasil, um amplo
processo de privatização e fusões de empresas estrangeiras, em função da
potencialidade de consumo, advinda das tecnologias de informação, mas também das
necessidades dos investimentos e melhorias nesses setores e da impossibilidade dos
estados as custearem.
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No Brasil, em 2000, sob o governo do então presidente Fernando Henrique
Cardoso, realizou-se o programa “Sociedade da Informação no Brasil” (1995-2003), cujo
estudo trazia algumas análises, estratégias e ações no tocante à construção e ao impacto
da Sociedade da Informação. Esses elementos de discussão e estudo desenvolvidos por
expoentes de diferentes áreas do conhecimento deram origem ao que se denominou de
Livro Verde. O estudo trazia também uma discussão, em âmbito nacional, das
convergências entre interesse privado e o interesse público.
A implementação de uma política condizente com os postulados neoliberais, que
visavam à desburocratização, à desestatização e à desregulamentação – em todos os
segmentos (trabalho, economia, telecomunicações etc.), fundamentou as diretrizes do
governo federal, inviabilizando o ganho democrático no acesso à informação,
comunicação e conhecimento. À medida que a política de liberalização econômica foi se
instalando, foram sendo feitas fusões, aquisições e processos de privatização, trazendo
ao Brasil empresas estrangeiras. O mercado de bens e serviços de informática e
telecomunicações no país movimentou cerca de US$ 50 bilhões anuais em 2000,
contribuindo significativamente para o crescimento da economia. Ademais, tal mercado
teve um impacto positivo na diminuição de custos, impelindo à inovação e, dessa forma,
à maior competitividade por parte das empresas (TAKAHASHI, 2000).
Políticas públicas em longo prazo, e não apenas pontuais, são necessárias para a
elaboração de processos sólidos e sustentáveis. Uma dimensão que merece particular
destaque refere-se à consciência das políticas tecnológicas e científicas como um todo
orgânico, uma vez que elas trazem o estímulo à disseminação e ao uso de novos
produtos, serviços e processos. Projetos com enfoque nas tecnologias de informação e
educação de qualidade promovem o empreendedorismo e a inovação.
É importante fatores como aprendizado, conhecimento, educação e valorização
do capital social, este último sustentado a partir das relações sociais específicas, o que
significa ressaltar a dimensão espacial desses fenômenos. O capital social é entendido
pela literatura como normas, valores e relacionamentos compartilhados que permitem a
cooperação dentro dos grupos sociais (MARTELETO; SILVA, 2004). A ampliação ou o
estrangulamento do capital social diz respeito à interconexão com redes institucionais,
sejam instituições políticas sejam cadeias produtivas-econômicas, exteriores a uma
determinada realidade, grupo social ou comunidade. O processo de aprendizado e de
fortalecimento das redes culturais, econômicas e sociais, dimensões estruturantes de
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uma determinada região bem como suas inter-relações (tanto em termos institucionais,
quanto em termos de iniciativa privada), forma um ambiente complexo, o qual deve
estar harmoniosamente configurado ao desenvolvimento regional.
Assim, junta-se a inter-relação entre estrutura governamental e capital social,
uma vez que as decisões e instituições políticas podem tanto promover quanto impedir o
desenvolvimento do capital social. A natureza da relação aqui se pela
descentralização e participação no processo político. A forma de “estruturas formais de
cooperação” constitui na formalização entre governo local e associações, formando um
ambiente político favorável à participação democrática (ALBAGLI, 2013; MARTELETO,
SILVA, 2004). Para Cavalcante (2012, p. 124):
[...]o desenvolvimento local está ligado a importantes fatores que contribuem
para o crescimento comunitário: as questões geopolíticas, a difusão espacial, os
fluxos temporais e informacionais, a cultura e as potencialidades existentes e
identificadas, como turismo, agronegócio, artesanatos etc., fomentando
atividades produtivas de bens e serviços como participação comunitária.
De um ponto de vista sociológico, Piaty (2010) afirma que a articulação e as vozes
de movimentos sociais e ONGs para com os grupos e atores sociais marginalizados, tanto
quanto aqueles que estão no setor do emprego informal, em suma, aqueles que não são
contemplados com legislações e políticas específicas, também podem ser uma ponte
mediadora para a construção de consenso e de representatividade que almeje à criação
de centros, bibliotecas que vão ao encontro das necessidades informacionais destes
grupos. O emprego de tecnologias de inovação e do acesso à informação e,
principalmente, do “empreendedorismo” deve estar vinculado a partir da prática social
da solidariedade e de bem comum; caso contrário, fica limitada a ideologia do cidadão
consumidor, diminuindo conceitos essenciais como democracia social, participação
democrática e bens públicos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A perspectiva adotada dialoga com o referencial teórico segundo o qual expõe a
tecnicidade e a instrumentalização da informação e do conhecimento.
A gênese do termo sociedade da informação demonstra a noção histórico-
ideológica sobre a qual ele foi criado, uma vez que a “informatização” das sociedades
esteve relacionada à acumulação do capital. Dessa forma, a sociedade da informação
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reproduz o paradigma da produção mercadológica da informação e do conhecimento,
informação-científica, a construção do conhecimento corporativo, a recuperação da
informação e informação para entretenimento e consumo.
É importante destacar aqui a impossibilidade da neutralidade” da informação e
do conhecimento, pois partimos do pressuposto de que estes estão imersos dentro de
práticas institucionais e socialmente determinadas (ALMEIDA, 2015). Tal perspectiva se
choca com o paradigma conservador da Ciência da Informação, que faz dela um campo
específico de disseminação e recuperação da informação científica e tecnológica,
servindo como as demais ciências positivas aos fins de dominação, esquivando-se de
determinações humanistas e problematizadoras da ordem social. Em contraposição a
isto, momentos históricos que demonstram o flerte com posições mais “militantes”
(FROHMANN, 1993) e revolucionárias, nos quais surgem termos como “biblioteca
pública” e “informação social” (ALMEIDA, 2015).
Nesse sentido, devemos buscar uma reorientação político-prática, enquanto
ações afirmativas que promovam potencialidades e competências informacionais entre
os indivíduos, baseadas sobre o acesso público da informação, da cultura e do
conhecimento.
Políticas de desenvolvimento focadas nas novas tecnologias de informação e no
ensino de qualidade, o qual, por sua vez, gera capacidades de formalizar conhecimentos
e inovação, desenvolve ao mesmo tempo o empoderamento informacional, enfatizando
em tal processo a ideia de desenvolvimento participativo. Desenvolvimento, aqui,
associado também a importância de participação de regiões em cadeias econômicas de
alto valor agregado, assim como de utilização social da tecnologia. A particularidade da
reconfiguração produtiva pautada nos serviços e em tecnologia exige mão de obra
qualificada, conhecimento e inovação, bem como capacidades intercomunicativas. A
ausência de investimentos públicos para a educação, e de uso de ciência e tecnologia
(seja ela de informação e comunicação ou tecnologia social), destroem o argumento que
de uma sociedade da informação e curso, à medida em que a participação nela se
concretiza em poucos países e regiões, criando processos desiguais entre os fluxos de
informação e de riqueza.
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ARTIGO
SOBRE O AUTOR
Vinicius Aleixo Gerbasi
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp-Marília.
E-mail: vinicius.gerbasi@yahoo.com.br
Recebido em: 05/04/2017; Revisado em: 10/05/2017; Aceito em: 20/05/2017.
Como citar este artigo
GERBASI, Vinicius Aleixo. Sociedade da informação: a lógica instrumental do acesso à informação e ao
conhecimento. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, n. 1, p. 96-118, jan./jun. 2017.
HOMENAGEM AO PROFESSOR RAFAEL CAPURRO
TRIBUTE TO PROFESSOR RAFAEL CAPURRO
Jefferson Veras Nunes
UFC
KELLY, Matthew; BIELBY, Jared (Org.). Information cultures in the digital age: a Festschrifit in
honor of Rafael Capurro. Berlim: Springer VS, 2016.
O livro Information cultures in the digital age: a Festschrift in the honor of Rafael
Capurro foi publicado em 2016 pela Spinger VS. A obra se apresenta como o resultado
do reconhecimento da contribuição de Rafael Capurro à Ciência da Informação. De
origem germânica, o termo Festschrift significa homenagem e faz parte de uma tradição
acadêmica para caracterizar uma publicação que galardeia, ainda em vida, um
pesquisador de determinada área científica.
Organizada por Matthew Kelly e Jared Bielby, a coletânea conta com textos de
pesquisadores de diferentes países – tais como África do Sul, Israel, Reino Unido, Suécia,
Finlândia, Portugal, Alemanha, Índia, Tailândia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Uruguai
e Austrália –, comprometidos com a complexa tarefa de abordar temas que envolvem
questões relacionadas à informação a partir de uma perspectiva filosófica, cultural,
epistemológica, ética, semiótica, comunicacional, educacional, hermenêutica,
fenomenológica e, também, tecnológica. Neste livro, podem-se encontrar verdadeiros
“jogos de linguagem” sobre o tema informação, já que, conforme afirmou o próprio
Capurro em entrevista, “nenhum conceito existe isoladamente, desconectado de redes
de relações semânticas e pragmáticas [...]” (MANSO, 2014, p. 181).
Rafael Capurro nasceu em 1945, em Montevidéu, e iniciou seus estudos
acadêmicos em filosofia, em 1971, na Universidade Del Salvador, em Buenos Aires.
Durante sua estadia na Argentina, trabalhou em um centro de documentação, ocasião
que o levou a se interessar pela área de informação. O trabalho neste centro lhe
possibilitou uma viagem à Alemanha, onde ingressou, em 1972, no Centro de
Documentação em Energia Nuclear (Zentralstelle für Atomkernenergie-Dokumen
t
ation
ZAED). Neste centro, à época, desenvolvia-se uma importante base de dados
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bibliográfica em colaboração com o Sistema Internacional de Informações Nucleares
(International Nuclear Information System INIS) (CAPURRO, 2010; KELLY; BIELBY,
2016).
Em 1978, ainda na Alemanha, Rafael Capurro torna-se Doutor em Filosofia, pela
Düsseldorf University; e, em 1989, conclui o seu pós-doutoramento na Stuttgart
University, atuando como docente do Instituto de Filosofia desta instituição a 2004.
Além disso, de 1986 a 2009 foi professor emérito em Ciência da Informação e Ética da
Informação na Stuttgart Media University.
Rafael Capurro tem participação em renomadas entidades internacionais
preocupadas com questões voltadas à informação e à ética. É editor-chefe da
International Review of Information Ethics (IRIE) e membro do conselho editorial de
diferentes revistas científicas, dentre as quais, seis são brasileiras: Brazilian Journal for
Information Science; Informação em Pauta; Informação e Tecnologia; Perspectivas em
Ciência da Informação; Perspectivas em Gestão e Conhecimento; e Revista
Conhecimento em Ação.
Como salientam Jared Bielby e Matthew Kelly, Information cultures in the digital
age: a Festschrift in the honor of Rafael Capurro não é um livro que trata tão somente do
conceito de informação, mas, em especial, sobre a contribuição de Rafael Capurro à
epistemologia da Ciência da Informação, ao aproximar a informação da filosofia, assim
como a hermenêutica da fenomenologia. Influenciado por Martin Heiddeger, Rafael
Capurro, cada vez mais, tem voltado seu olhar para fenômenos provindos do que se
pode chamar de Era Digital, num entendimento próximo ao que o sociólogo canadense
Marshall McLuhan (1974) atribuiu aos meios de comunicação, em meados dos anos
1960. Ao assinalar que “o meio é a mensagem”, Marshall McLuhan ressalta que os
conteúdos que as mensagens carregam consigo correspondem justamente às
transformações sociais, culturais, políticas e comportamentais que os meios suscitam
nos indivíduos.
A teoria de Marshall McLuhan oferece importantes elementos ao
desenvolvimento de um campo de investigação chamado angelética, cujo significado, em
grego, remete à palavra mensagem. Segundo Rafael Capurro (2000), a “revolução
técnica” propiciada pela imprensa foi responsável por produzir não apenas uma nova
conjuntura midiática, mas, também, angelética. Tal conjuntura torna-se ambígua, na
medida em que pode se mostrar tanto como uma oportunidade, como também enquanto
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um perigo à esfera pública (HABERMAS, 2003). Portanto, a partir da ideia de que o
“meio é a mensagem”, é possível questionar até que ponto as tecnologias de informação
e comunicação disponíveis à sociedade são capazes de provocar “novas sinergias de
mensagens e mensageiros assim como de seus emissores e receptores [...]” (CAPURRO,
2000, online).
Através da angelética, Rafael Capurro defende a necessidade de se investigar
sobre a “ética da informação”, cuja tarefa é “explicar as possíveis estruturas teóricas e
práticas” (CAPURRO, 2000, online) da sociedade contemporânea e de sua relação
ambivalente com a mídia e com a técnica através da informação; sobretudo, no modo
como a sociedade lida com as mensagens e os conteúdos dos meios, produzindo-os,
consumindo-os e mediando-os. Segundo o autor, a partir disso é possível realizar
aproximações entre a hermenêutica e a angelética, que a interpretação pressupõe um
processo de transmissão de mensagens. Contudo, a angelética, ao contrário da
hermenêutica, é dotada de um caráter prático; por conta disso, “a relação entre o
remetente e o destinatário pode ser concebida em analogia com o círculo hermenêutico
como círculo angelical. Todo receptor é um potencial emissor e, portanto, também um
mensageiro e vice-versa” (CAPURRO, 2000, online).
Desse modo, a angelética se traduz como uma teoria da mensagem, cujo
propósito é compreender a
[...] origem, finalidade e conteúdo das mensagens, estruturas de poder, técnicas
e meios, modos de vida, história(s) de mensagens e mensageiros, codificação e
interpretação, sociológica, psicológica, política, econômica, estética, ética e
religiosa. (CAPURRO, 2000, online).
As ideias de Rafael Capurro possibilitam perceber como valores, linguagens e
práticas afetam as maneiras por meio das quais as sociedades concebem seus
documentos, desenvolvendo diferentes processos informativos e comunicacionais.
A coletânea Information cultures in the digital age: a Festschrift in the honor of
Rafael Capurro está dividida em seis partes, que se intitulam: Culture and Philosophy of
Information; Information Ethics; From Information to Message; Historic and Semiotic
Themes; Resisting Information Hegemony; e Futures: Information Education.
Na primeira parte, constam sete artigos que tratam de temas que vão desde as
fundações da Ciência da Informação até debates acerca de seus paradigmas, abordando
a perspectiva da hermenêutica, da fenomenologia, da ética e da filosofia da informação
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na própria constituição da área. No artigo de abertura, cuja autoria é de David Bawden e
Lyn Robinson, teóricos como Karl Popper e Charles S. Peirce são evocados para auxiliar
na discussão acerca do conceito de informação. Em contraponto, no texto de Joseph E.
Brenner a importância de se considerar, apoiando-se em Heiddeger, como as ações e
comportamentos do ser humano são afetadas pelo fenômeno informacional, percebendo
esta influência enquanto “realidade ética ontológica” (KELLY; BIELBY, 2016). No texto
de Michael Eldred, é problematizado o que o próprio Rafael Capurro nomeia como ética
e hermenêutica digital, recorrendo à ideia de máquina universal cuja concepção inicial
é de Alan Turing para abordar os contornos do contemporâneo mundo digital, assim
como seus dilemas e desafios.
No quarto artigo desta primeira parte, Matthew Kelly defende a hermenêutica
como um dos caminhos ao estabelecimento de uma ontologia e filosofia da informação.
Por sua vez, o texto de Fernanda Ribeiro e Armando Malheiro explora a composição dos
paradigmas custodial e pós-custodial da Ciência da Informação, salientando sua
natureza interdisciplinar. Anna Suorsa e Maija-Leena Huotari escrevem acerca da
contribuição da abordagem hermenêutica e fenomenológica aos estudos empíricos
sobre o tema conhecimento no contexto das organizações. E, por fim, Araun Kumar
Tripathi aponta para a importância de uma hermenêutica dos ambientes digitais à
formulação de uma filosofia da tecnologia.
A segunda parte do livro se intitula Information Ethics e fornece um exame crítico
sobre algumas das questões éticas relacionadas às culturas digitais. O primeiro artigo
desta seção é de autoria de John T. Burgess e tem como objetivo discutir dilemas éticos
relativos à prática profissional. Christian Fuchs assina o segundo artigo da segunda
parte, realizando um contraponto entre Rafael Capurro e Luciano Floridi na
problematização do papel social da mídia e de sua influência política e econômica à
composição de uma sociedade com acesso equitativo à informação. Ainda nesta seção,
Soraj Hongladarom escreve sobre os aspectos interculturais da ética em informação e de
sua importância no respeito às diferenças. O capítulo de Bernd Stahl chama atenção à
noção de Pesquisa e Inovação Responsáveis (Responsible Research and Innovation – RRI),
tendo como premissa a ideia de que o desenvolvimento da pesquisa e da inovação pode
e deve ser alterado conforme demandas sociais.
A seção seguinte se intitula From Information to Message e conta com textos de
John D. Holgate, Fernando Flores Morador e Gustavo Silva Saldanha. Os três textos têm
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em comum a discussão da angelética proposta por Rafael Capurro. John D. Holgate se
propõe a aplicar elementos da angelética na análise da pintura The School of Athens,
concebida entre 1509 e 1511, cuja autoria é do artista italiano Raffaello Sanzio da
Urbino – conhecido como Raphael. Fernando Flores Morador explora a relação existente
entre informação e intencionalidade, de modo a ressaltar o caráter objetivo e subjetivo
da informação, admitindo a possibilidade da mensagem produzir mudanças tanto no
emissor como no receptor no ato da comunicação. E Gustavo Saldanha recorre a um
filme de Wim Wenders, que tem como cenário uma Alemanha dividida, intitulado Wings
of Desire (em português: Asas do Desejo), para, através da imagem mitológica de anjos e
demônios, discutir elementos da ética da informação e da hermenêutica capurriana.
Em Historic and Semiotic Themes ricas contribuições teóricas e conceituais de
Bernd Fhromann, Jonathan Furner, Joacim Hansson e Vesa Suominen. No primeiro
artigo da seção, Bernd Frohmann assume o desafio de analisar as complexas dimensões
éticas e políticas da comunicação e da teoria da mensagem; para isso, recorre a Paul
Virno e Aristóteles. Jonathan Furner aborda a importância não apenas do conceito de
informação, mas, também, do conceito de dado e documento à Ciência da Informação,
observando, com base em apontamentos de Luciano Floridi, os diferentes significados de
dado para além daquele relacionado exclusivamente aos ambientes digitais. Joacim
Hansson toma a Biblioteconomia como ponto de partida para se discutir a questão da
ética. Segundo o autor, tratar sobre ética no espaço informacional não é um fenômeno
novo. Recorrendo às ideias de Michael Buckland, ressalta que tão importante quanto a
forma é a função e o significado dos documentos. Vesa Suominen encerra a seção com o
objetivo de apontar as contribuições da filosofia de Descartes à área, recorrendo,
também, à hermenêutica de Gadamer.
Na seção seguinte, nomeada Revisinting Information Hegemony, textos de
Thomas Hausmanninger, Juliet Lodge e Daniel Nagel, Marco Schneider e Shaked Spier.
No primeiro artigo da seção, Thomas Hausmanninger debate acerca de temas
relacionados à economia, mercado e trabalho, com foco na questão da ética da
informação. Juliet Lodge e Daniel Nagel abordam questões relativas ao self e às
interações sociais no ciberespaço, compreendendo este enquanto espaço ontológico.
Marco Schneider busca entrelaçar as discussões capitaneadas por Capurro acerca de
uma “ética da informação intercultural” com a abordagem marxista. Na visão do autor, a
defesa de uma ética intercultural colabora para um melhor entendimento da complexa
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relação entre informação, cultura e tecnologia. Encerrando a seção, Shaked Spie examina
como o conceito de Indústria Cultural pode auxiliar na concepção de uma Sociedade da
Informação, trazendo à tona questões relacionadas à sobrecarga de informação, bem
como o avanço de um capitalismo informacional.
A última seção do livro tem como título Futures: Information Education e conta
com artigos de Juan Carlos Fernández-Molina e Enrique Muriel-Torrado, Lena Vania
Pinheiro, Chaim Zins e Plácida L. V. A. C. Santos e, por fim, Rachel Fischer, Johannes Britz
e Coetzee Bester. No primeiro texto desta seção, Juan Carlos Fernández-Molina e
Enrique Muriel-Torrado abordam o tema ética, aplicando-o à educação em Ciência da
Informação. Lena Vania Pinheiro ressalta em seu texto as contribuições de Rafael
Capurro à área e sua recepção no meio acadêmico brasileiro, sobretudo através de
temas envolvendo questões históricas e epistemológicas da Ciência da Informação. No
artigo de Chaim Zins e Plácida L. V. A. C. Santos, há um esforço em compreender aspectos
curriculares relacionados à Ciência da Informação. Por fim, Rachel Fischer, Johannes
Britz e Coetzee Bester divulgam o trabalho realizado na África do Sul, cujo objetivo tem
sido, desde 2005, congregar uma rede de pesquisadores interessados em debater sobre
o tema ética da informação. Como resultado desse esforço, pode-se citar o African
Network for Information Ethics (ANIE) e African Center of Excellence in Information Ethics
(ACEIE).
A coletânea se caracteriza não apenas como uma merecida homenagem a Rafael
Capurro, mas, também, como um presente à comunidade acadêmica internacional com
textos acerca de sua rica obra. Desse modo, aborda temas que envolvem ética da
informação, filosofia da informação, angelética, desenvolvimento histórico e
epistemológico da Ciência da Informação, dentre tantos outros, atualizando-os a partir
das diferentes perspectivas teórico-conceituais dos autores que compõem a obra.
Information cultures in the digital age: a Festschrift in the honor of Rafael Capurro
mostra-se, portanto, como um convite à reflexão sobre como a informação afeta a
sociedade e a cultura, num processo ambivalente.
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RESENHA
SOBRE O AUTOR
Jefferson Veras Nunes
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp/Marília). Professor do Departamento de Ciências da Informação e do Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará.
E-mail: jefferson.veras@yahoo.com.br
Recebido em: 07/04/2017; Revisado em: 09/05/2017; Aceito em: 12/05/2017.
Como citar esta resenha
NUNES, Jefferson Veras. Homenagem ao Professor Rafael Capurro. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2,
n. 1, p. 119-126, jan./jun. 2017.
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suplementares durante a submissão do artigo.
Nomenclatura: O uso da nomenclatura padronizada em todos os campos da ciência é um passo essencial
para a integração e ligação de informação científica na literatura publicada. Recomendamos o uso de
nomenclatura correta e estabelecida sempre que possível.
Citação: A Informação em Pauta (IP) adota a NBR 10520 para citações, contudo, não segue o sistema
numérico de citação. Deve ser utilizado o sistema autor-data para as citações e a elaboração da lista de
referências deve seguir a ordem alfabética.
Citação direta com até 3 linhas:
Conforme a NBR 10520 (2002, p. 2) revela ser a “Transcrição literal da parte da obra do autor
consultado”. Nesse sentido, o recomendável é que todos os elementos textuais, tais como a ortografia,
sinais gráficos, pontuação, entre outros, sejam rigorosamente respeitados, funcionando como uma
espécie de cópia fiel das ideias reveladas pelo autor em questão. As citações curtas com até três linhas
são inseridas no texto, entre aspas duplas. Neste tipo de citação, é obrigatória a informação do intervalo
de páginas.
Exemplos:
Le Coadic (2004, p. 26) refere-se metaforicamente à informação como a “seiva” da ciência, ou seja,
“Fluido precioso, continuamente produzido e renovado, a informação interessa se circula, e,
sobretudo, se circula livremente”.
OU
“A ideia de que a mente funciona como um computador digital e que este último pode servir de modelo
ou metáfora para conceber a mente humana iniciou a partir da década de 40”. (TEIXEIRA, 1998, p. 35).
Citação direta longa:
As citações diretas com mais de três linhas devem aparecer em um parágrafo distinto, com
espacejamento simples de entrelinhas, recuo de 4 cm da margem esquerda e descrito em fonte 10.
Exemplos:
Para Barros e Lehfeld (2000, p. 107):
As citações ou transcrições de documentos bibliográficos servem para fortalecer e apoiar a tese do
pesquisador ou para documentar sua interpretação. O que citar? Componentes relevantes para
descrição, explicação ou exposições temáticas. Para que citar? Para o investigador refutar ou aceitar o
raciocínio e exposição de um autor suporte [...].
OU
As citações ou transcrições de documentos bibliográficos servem para fortalecer e apoiar a tese do
pesquisador ou para documentar sua interpretação. O que citar? Componentes relevantes para
descrição, explicação ou exposições temáticas. Para que citar? Para o investigador refutar ou aceitar o
raciocínio e exposição de um autor suporte [...]. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 107).
Citação indireta
A citação indireta se caracteriza como uma espécie de paráfrase das ideias de um determinado autor,
por meio de suas próprias palavras, porém, mantendo o mesmo sentido. A informação do intervalo da
página neste tipo de citação é opcional.
Exemplos:
Independentemente do nosso reconhecimento, segundo Apple (1994 apud MOREIRA; SILVA, 2002), o
currículo, bem como as questões educacionais, vistas sob um ponto de vista mais generalizado, mantêm-
se relacionados a aspectos históricos relativos a conflitos de classe, raça, sexo e religião, não somente
em se tratando dos Estados Unidos, mas também a outros países.
OU
Independentemente do nosso reconhecimento, o currículo, bem como as questões educacionais, vistas
sob um ponto de vista mais generalizado, mantêm-se relacionados a aspectos históricos relativos a
conflitos de classe, raça, sexo e religião, não somente em se tratando dos Estados Unidos, mas também
a outros países. (APPLE, 1994 apud MOREIRA; SILVA, 2002).
Citação de citação (apud):
Seguem as mesmas regras da citação direta e indireta.
Citação de citação (Citação direta):
Exemplos:
Para Apple (1994 apud MOREIRA; SILVA, 2002, p. 39), “Quer reconheçamos ou não, o currículo e as
questões educacionais mais genéricas sempre estiveram atrelados à história dos conflitos de classe,
raça, sexo e religião, tanto nos Estados Unidos quanto em outros países”.
OU
“Quer reconheçamos ou não, o currículo e as questões educacionais mais genéricas sempre estiveram
atrelados à história dos conflitos de classe, raça, sexo e religião, tanto nos Estados Unidos quanto em
outros países”. (APPLE, 1994 apud MOREIRA; SILVA, 2002, p. 39).
Citação de citação (Citação indireta):
No modelo serial de Gough (1972 apud NARDI, 1993), o ato de ler envolve um processamento serial que
começa com uma fixação ocular sobre o texto, prosseguindo da esquerda para a direita de forma linear.
OU
O ato de ler envolve um processamento serial que começa com uma fixação ocular sobre o texto,
prosseguindo da esquerda para a direita de forma linear. (GOUGH, 1972 apud NARDI, 1993).
Referências: A lista de referências deve seguir a ordem alfabética.
Exemplos:
Livro no todo (Um autor):
LE COADIC, Yves-françois. Ciência da Informação. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. 124 p.
Livro no todo (Até três autores):
FRANÇA, Junia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cristina de. Manual para normalização de publicações
técnico-científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
Capítulo de livro:
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado; PASSOS, Edilenice Jovelina Lima. Introdução: as questões da
comunicação científica e a Ciência da Informação. In: ______. Comunicação Científica. Brasília: DCI/UNB,
2000. p. 13-34.
Artigo de periódico em meio eletrônico:
SILVEIRA, Murilo Artur Araújo; BAZI, Rogério Eduardo Rodrigues. As referências nos estudos de citação:
algumas questões para discussão. DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro,
v. 10, n. 4, ago. 2009. Disponível em: <http://www.datagramazero.org.br/ago09/Art_04.htm>. Acesso
em: 10 out. 2012.
Para mais exemplos, consultar as normas abaixo:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e Documentação - Artigo em
publicação periódica científica impressa - Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 5 p.
______. NBR 6023: Informação e Documentação Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2003. 24 p.
______. NBR 6028: Informação e Documentação Resumo - Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 2 p.
______. NBR 10520: Informação e Documentação Citações em documento - Apresentação. Rio de
Janeiro, 2003. 7 p.
______. NBR 6024: Informação e Documentação Numeração Progressiva das seções de um documento
escrito - Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 3 p.
IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993.