V. 3 | N. 1
Jan.-Jun. / 2018
ISSN 2525-3468
Informação em Pauta
IP
Inf. Pauta
ISSN 2525-3468
Fortaleza
v. 3
p. 1-133
jan.-jun. 2017
Ficha Catalográfica
Informação em Pauta : IP / Universidade Federal do Ceará, Departamento de
Ciências da Informação, Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação. - v. 3, n. 1 (jan./jun. 2018)-- Fortaleza : UFC, 2018 -.
v. 3, n. 1 : il. ; 27 cm.
Semestral.
Descrição baseada em: v. 3, n. 1 (jan./jun. 2018).
Disponível no Portal de Periódicos da UFC em:
<http://www.periodicos.ufc.br/index.php/informacaoempauta/index>
1. Biblioteconomia Periódicos. 2. Ciência da Informação Periódicos. I.
Universidade Federal do Ceará. Departamento de Ciências da Informação. II.
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação.
CDD 020.5
CDU 02(05)
Expediente volume 3, número 1 (jan./jun. 2018)
Reitor
Prof. Dr. Henry de Holanda Campos
Vice-reitor
Prof. Dr. Custódio Luís Silva de Almeida
Editora
Profa. Dra. Maria Giovanna Guedes Farias UFC, Brasil
Comissão Científica
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© 2018 Informação em Pauta
ISSN 2525-3468
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Informação em Pauta
Informação em Pauta (IP) é uma revista multidisciplinar da área de Ciências Sociais Aplicadas, tendo como
campos prioritários a Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e áreas afins. É uma publicação de
acesso aberto, e sua periodicidade é semestral. A revista é ligada ao Departamento de Ciências da Informação e
ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará
(DECINF/PPGCI/UFC), em formato exclusivamente eletrônico. A revista publica pesquisas originais com elevado
mérito científico, contribuições inéditas em português, inglês e espanhol, visando contribuir para o
desenvolvimento de novos conhecimentos entre pesquisadores, docentes, discentes e profissionais em Ciência
da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e áreas afins, desde que aprovados em revisão cega por pares
(Double Blind Peer Review) e pelo Comitê Editorial. A Informação em Pauta exige originalidade dos artigos
submetidos e que pelo menos um dos autores tenha titulação de Mestre ou de Doutor.
Editora
Maria Giovanna Guedes Farias
Doutora em Ciência da Informação
Professora do Departamento de Ciências da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação da Universidade Federal do Ceará.
Telefone: (85) 3366-7700
E-mail: giovannaguedes@ufc.br / informacaoempauta@gmail.com
Correspondência
Departamento de Ciências da Informação/UFC
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Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
Acesso online
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Editorial .....................................................................................................................................................................
7
Artigos
A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação .........................................................................
Roberto Vilmar Satur
9
Museu de Arte e Cultura do Ceará: uma análise dos riscos baseados em um modelo
integrado dos fluxos de informação dos métodos Fine e Mosler .....................................................
Lucievando Silveira Nobre; Osvaldo de Souza
26
Estudo de usuários para o desenvolvimento das atividades nas bibliotecas do Instituto
Federal da Bahia ....................................................................................................................................................
Andréia Santos Ribeiro Silva; Márcia Ferreira Lima
52
Gestão e marketing em unidade de informação: competências do profissional da
informação ...............................................................................................................................................................
Jade Gomes de Sousa Ferreira; Maria Aurea Montenegro Guerra
81
Arquitetura da informação no website Geledés: a mulher negra em foco ...................................
Ana Rafaela Sales de Araújo; Midinai Gomes Bezerra; Henry Poncio Cruz de Oliveira
97
Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção: uma análise a partir do
Portal de Periódicos da Capes .........................................................................................................................
Weslayne Nunes de Sales; Ana Cristina Azevedo Ursulino Melo; Maxweel Veras
Rodrigues; Sueli Maria de Araújo Cavalcante
113
Resumo de
Dissertação
Diagnóstico da acessibilidade informacional na biblioteconomia brasileira .............................
Joana DArc Páscoa Bezerra Fernandes
132
SUMÁRIO
Prezados(as) leitores(as),
No primeiro número do terceiro volume da revista Informação em Pauta (IP) apresentamos os
artigos submetidos, avaliados e aprovados pelos nossos pareceristas, aos quais somos sempre gratos
pela colaboração. Além disso, refletimos sobre a relevância da comunicação científica como forma de
legitimar os resultados de pesquisas disseminadas para a comunidade científica e a sociedade em
geral, favorecendo a credibilidade e a visibilidade das produções acadêmicas. Essa reflexão nos move
e nos direciona a continuar trabalhando com vistas a fortalecer nossa IP junto às bases de dados,
indexadores, diretórios nacionais e internacionais, agências de fomento e de avaliação de periódicos
no Brasil e no exterior, colocando à disposição dos pesquisadores um periódico de qualidade
conduzido por um corpo científico e editorial consolidado.
Neste número trazemos seis artigos de pesquisadores de diversas universidades brasileiras. O
primeiro, denominado A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação, de autoria de Roberto
Vilmar Satur, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), apresenta a interface entre a pesquisa e a
característica interdisciplinar da Ciência da Informação (CI) e procura responder se a
interdisciplinaridade contribui com a CI ou prejudica seu desenvolvimento como ciência.
Museu de Arte e Cultura do Ceará: uma análise dos riscos baseados em um modelo integrado
dos fluxos de informação dos métodos Fine e Mosler foi escrito por Lucievando Silveira Nobre e
Osvaldo de Souza, ambos da Universidade Federal do Ceará (UFC). O artigo aborda a temática do
gerenciamento de riscos no contexto das unidades de informação, que, em geral, possuem acervos
sujeitos a várias fontes e agente de riscos.
Andréia Santos Ribeiro Silva, do Instituto Federal da Bahia (IFBA), e Marcia Ferreira Lima, da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), escreveram o artigo intitulado Estudo de usuários para o
desenvolvimento das atividades nas bibliotecas do Instituto Federal da Bahia visando investigar o
perfil da comunidade acadêmica e suas necessidades de informação, tendo o estudo de usuários
como um canal de comunicação entre a comunidade e a biblioteca.
Gestão e marketing em unidade de informação: competências do profissional da informação,
de autoria de Jade Gomes de Sousa Ferreira e Maria Aurea Montenegro Albuquerque Guerra, da
Universidade Federal do Ceará (UFC), tem como objetivo mostrar que o profissional da informação
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EDITORIAL
contemporâneo tem necessidade de diferentes perfis e competências de atuação, a exemplo da
gestão voltada para a aplicação das ferramentas do marketing.
Ana Rafaela Sales de Araújo, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Midinai Gomes Bezerra
da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Henry Poncio Cruz de Oliveira, da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), escreveram o artigo Arquitetura da informação no website Geledés: a mulher negra
em foco, que traz a arquitetura da informação como elemento potencializador de acesso, uso e
recuperação da informação em ambientes digitais, visando atender a todos os tipos de público.
Os autores Weslayne Nunes de Sales, Ana Cristina Azevedo Ursulino Melo, Maxweel Veras
Rodrigues e Sueli Maria de Araújo Cavalcante, da Universidade Federal do Ceará (UFC), assinam o
artigo intitulado Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção: uma análise a partir do
Portal de Periódicos da Capes, o qual teve como objetivo conhecer as fontes de informação sobre a
Engenharia de Produção contidas no Portal de Periódicos da Capes, propiciando a compreensão das
diferenças entre tipos de bases de dados.
Finalizamos este número inaugurando uma nova seção na IP, denominada “Dissertações”. Esta
seção será destinada aos resumos das dissertações defendidas pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade Federal do Ceará (PPGCI/UFC). Nesta edição, trazemos o
resumo da primeira dissertação defendida no PPGCI, que se intitula Diagnóstico da acessibilidade
informacional na Biblioteconomia brasileira, de autoria de Joana D’Arc Páscoa Bezerra Fernandes. A
pesquisa teve como objetivo realizar um diagnóstico da acessibilidade informacional nas ações da
biblioteconomia brasileira sob o olhar da percepção da área e a sua contribuição para solução do
problema.
Desejamos uma ótima leitura.
Maria Giovanna Guedes Farias
Editora
Informação em Pauta
Junho/2018
ARTIGO
A PESQUISA INTERDISCIPLINAR NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
THE INTERDISCIPLINARY RESEARCH ON INFORMATION SCIENCE
Roberto Vilmar Satur
UFPB
RESUMO
Objetiva refletir sobre aspectos relevantes da interface entre a pesquisa e a característica
interdisciplinar da Ciência da Informação e responder se a interdisciplinaridade contribui com a
Ciência da Informação ou prejudica seu desenvolvimento como ciência. Metodologicamente, trata-
se de um estudo teórico reflexivo, de natureza qualitativa e bibliográfica. A discussão se pauta no
pressuposto de que as abordagens devem ser interligadas, visando entender bem mais as reflexões,
aprimorá-las e construí-las. Esse tipo de discussão é ainda mais relevante porque a Ciência da
Informação é considerada nova e em evolução, e muitos de seus autores receiam refletir sobre a
interdisciplinaridade, por considerar que isso dificulta o fortalecimento da identidade da própria
Ciência da Informação. Os resultados evidenciam que a interdisciplinaridade ajuda a fortalecer a
Ciência em questão, ao proporcionar visibilidade e respeito.
Palavras-chave: Ciência. Interdisciplinaridade. Ciência da Informação. Teoria. Informação.
ABSTRACT
This article seeks to reflect if interdisciplinarity contributes to the Information Science or harms in
its development as a science. It aims then to reflect on some important aspects of interdisciplinarity
and Information Science and its interface. Methodologically it is a reflective theoretical study, based
qualitative studies and literature review. The discussion shall be based on the idea that one should
not isolate such approaches but relate them in order to foster better understanding, improvement
and construction of reflections. This kind of discussion is even more relevant due to the fact that the
Information Science is a new and evolving science. Many of the authors are afraid to reflect upon
interdisciplinarity as they consider that it makes more difficult for the Information Science to get its
own identity. The results show that, despite some popular belief, interdisciplinarity helps to
strengthen the science of information because it gives it a greater visibility and respect from other
areas.
Keywords: Science. Interdisciplinarity. Information Science. Theory. Information.
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ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
Surgida, inicialmente, da indagação Ao fazer pesquisas interdisciplinares,
estamos contribuindo para o crescimento da Ciência da Informação como Ciência ou a
estamos enfraquecendo por trabalhar em suas fronteiras, e não, no desenvolvimento do
seu chamado núcleo duro central?, a interdisciplinaridade já contribui e pode contribuir
mais ainda para o crescimento dessa Ciência e sua visibilidade na sociedade científica.
São esses os argumentos que nortearão este trabalho.
A interdisciplinaridade e a Ciência da Informação são abordagens que devem
estar interligadas e ser entendidas, refletidas e aprimoradas. A Ciência da Informação é
nova, está em plena evolução, mas isso o a diminui nem a proíbe de pensar e agir de
forma interdisciplinar. Apesar dos receios apontados por alguns autores, ao admitirem
que, quando se esquecem da centralidade teórica da disciplina e focam na
interdisciplinaridade, estão passíveis de perder seu foco e que isso faz certo sentido e é
pertinente, quer-se demonstrar que a interdisciplinaridade não veio para substituir ou
diminuir as disciplinas, mas para engrandecê-las.
Pode-se citar o trabalho original de White e McCain (1998) como um importante
precursor dessa preocupação, ao dizer que a Ciência da Informação está parecendo a
Austrália, cuja costa é povoada, enquanto que seu interior (área central) tem uma
pequena povoação. No ano seguinte, foi a vez de Saracevic (1999) adotar esse
apontamento de White e McCain. Posteriormente, outros autores seguiram essa linha.
No Brasil, por exemplo, Pinheiro (2006), Souza (2011, 2012) e outros autores também
demonstram essa preocupação.
Igualmente, levantamos essa preocupação em uma publicação recente, em que
reafirmamos que ela é relevante, mas, ao mesmo tempo, que a interdisciplinaridade de
uma Ciência tanto nova quanto madura não prejudica sua centralidade nem o
desenvolvimento de seu chamado "centro duro" teórico, porém ajuda para que seja vista
pelos demais campos científicos. Portanto, são temas e preocupações que correm em
paralelo e não são excludentes nem conflitantes, tampouco promovem a guerra e a
destruição de um e de outro (SATUR; SOUZA; DUARTE, 2015).
Esta é a ideia central de nossa reflexão: acreditar que, por meio da
interdisciplinaridade, a Ciência da Informação tem a possibilidade de fazer parcerias
para se fortalecer cientificamente, e não destruir-se, mesmo sendo uma ciência nova. Por
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ARTIGO
essa razão, o objetivo é refletir sobre os aspectos relevantes da interface entre a
pesquisa e a característica interdisciplinar da Ciência da Informação. No que diz respeito
à metodologia, trata-se de um estudo teórico reflexivo, de natureza qualitativa e
bibliográfica.
2 A CIÊNCIA, A INTERDISCIPLINARIDADE E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Ao se estudar o estágio do conhecimento por meio de pesquisa em uma Ciência,
em particular, não se mensura o assunto focalizado como também se definem
estratégias úteis ao saber-fazer-poder daquela Ciência e se contribui para compará-lo
com outros ramos do saber científico. Meadows (1999) afirma que íntima relação
entre o crescimento científico e o crescimento econômico das nações, partindo-se da
premissa irrefutável de que quem mais produz ciência e tecnologia é quem avança no
processo desenvolvimentista global. Logo, deduz-se que as atividades de pesquisa vivem
seu apogeu.
Trujillo Ferrari (1982, p. 167) entende que a “pesquisa é uma atividade humana,
honesta, cujo propósito é de descobrir respostas para as indagações ou questões
significativas que são propostas”. Portanto é um processo contínuo, que envolve a
dinâmica da descoberta, por isso está sempre em fase de ampliação, reformulação e
comprovação, o que, consequentemente, envolve a pesquisa-atividade voltada para
formular teorias, modelos e leis.
Como afirma Weick (1995), a teoria e, especialmente, a Ciência ou o campo
científico constituem, por si sós, um processo, e não, um produto, cuja construção é
demorada, preguiçosa e, muitas vezes, confusa. Mesmo que determinada teoria ou
Ciência ainda não esteja madura, sua reflexão, seus desdobramentos, seus
questionamentos e seu processamento servem como meio para o próprio
desenvolvimento.
Dificilmente uma nova teoria surge como madura. Ela é testada, contestada,
aprimorada e reconstruída ao longo do tempo. Teoria é fruto de continuidade. Quanto às
respostas que deve dar, é preciso ter claros seu limite, seu nível de evolução e sua
ambição, porque a teoria surge para ganhar uma luta, e não, a “batalha toda”. A teoria
o precisa ser o derradeiro trunfo da luta, mas um somatório de lutas (teorias)
provisórias que vão vencendo uma batalha (problema) por vez (WEICK, 1995).
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Quem propõe uma teoria tem a consciência de que ela poderá ser negada algum
dia, questionada e testada a todo instante. Existem muitas construções atuais que ainda
são teorias parciais, estão evoluindo continuamente, abastecidas com mais informações
e desenvolvimentos reflexivos, todavia ainda não estão completas. Por essa razão, existe
a teorização, a quase teoria, a não teoria e a teoria falsa. Muitos construtos teóricos se
confirmam posteriormente como teoria; muitos não serão completados e ficarão pelo
meio do caminho; tantos outros são complementados futuramente por outros teóricos, e
muitos serão negados. É o processo da teoria. E por mais que a teoria seja considerada
completa, será apenas uma aproximação (WEICK, 1995).
A resistência de alguns cientistas e autoridades das diferentes áreas à
interdisciplinaridade faz algum sentido, quando a teoria é jovem, devido à complexidade
dos construtos relatados acima. No entanto, muitas vezes, está centrada no receio de
perder o espaço, a exclusividade e o poder de determinado campo científico. Como
afirma Bourdieu (1983), a Ciência não é neutra nem desinteressada, tampouco são
desinteressados ou neutros os cientistas que a promovem. O que as ciências e os
cientistas buscam é o interesse pelo reconhecimento, ser ovacionados pelos pares
(concorrentes) e não ficar fazendo simplesmente o que eles gostam ou querem. Farão o
que repercute, o que dá lucro simbólico. Assim, o campo científico
é o lugar, o espaço do jogo de uma luta concorrencial. O que está em jogo
especificadamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida,
de maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se
quisermos, o monopólio da competência científica, compreendida enquanto
capacidade de falar e de agir legitimamente. (BOURDIEU, 1983, p. 122).
Quem pensa que a interdisciplinaridade retira essa prerrogativa de "área para
agir legalmente" equivoca-se, pois, ao contrário, ela amplia esse horizonte de atuação
com novas possibilidades e nuances. No entanto, a interdisciplinaridade incomoda para
quem quer, comodamente, ficar apenas numa área permanentemente estática,
conhecida e não inovativa. Embora Bourdieu (1983) o declare abertamente essa
referência como novos campos interdisciplinares, esse argumento é aplicável, no sentido
interdisciplinar.
O caminho interdisciplinar de determinada ciência ou das ciências é fruto da
inquietude de seus pesquisadores, insatisfeitos com as respostas internas de sua ciência
para questões novas que surgem, ou velhas, que ressurgem com uma nova roupagem.
“Há algum tempo, a Ciência vem fazendo caminhos entrelaçados, especialmente no que
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ARTIGO
se chama de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, visando melhorar o
desempenho em relação à busca de respostas convincentes que inquietam os
pesquisadores” (SATUR; NEVES; DUARTE, 2015, p.1).
A interdisciplinaridade surgiu, de certa forma, como uma ruptura ao comodismo,
ao conformismo e à mesmice das áreas. Como assevera Bourdieu (1983, p. 143), a
Ciência “encontra na ruptura contínua o verdadeiro princípio de sua continuidade”. Por
isso, para ele, são os novatos na área que têm chances de ser “mais ricos
cientificamente”, porquanto, à medida que o tempo passa, os cientistas e os profissionais
tendem a se acomodar e a se manter nas áreas conhecidas, tendem “a se realizar,
segundo os padrões regulamentados de uma carreira” e perdem parte importante de sua
capacidade de ousar e de inovar.
Esse argumento também é defendido por Kuhn (2007), quando diz que, quando o
pesquisador está em início de carreira, tende a dar contribuições mais inovadoras,
porque ainda o está armado pela cientificidade da área, não sabe ao certo o que pode
ou não pode e vê coisas sobre as realidades e os contextos que as lentes dos mais
maduros não conseguem mais ver. Ele pode ver o presente como o não passado, em vez
de continuidade do passado, e olhar mais distante, fantasiar mais, negando o que já
existe para construir algo novo.
Com a interdisciplinaridade, diversas disciplinas podem dirigir o olhar para
determinada informação e/ou conhecimento ao mesmo tempo. Nesse sentido, é
importante ressaltar o que afirmam Kobashi e Tálamo (2003) sobre o fato de que cada
disciplina deve identificar na informação seu objetivo específico e que “a compreensão
não se na amplitude do fenômeno geral, que está presente em todos os contextos
disciplinares; [...], ela requer a delimitação do contexto específico no qual a informação
está sendo vista como valor e produtora de valor” (KOBASHI; TÁLAMO, 2003, p.7). Essa
preocupação remete ao fato de que o acesso à informação é um direito global e uma
questão de cidadania.
Ao argumentar sobre a interdisciplinaridade, deve-se sempre ter em mente o que
afirma Pimenta (2008, p. 63): “A interdisciplinaridade nem sempre é
epistemologicamente superior à disciplinaridade, mas apresenta manifestas vantagens
explicativas em vários projectos de investigação, contribuindo decisivamente para o
progresso científico”. E segue, mais adiante, afirmando que a interdisciplinaridade não é
a corrente dominante, pois esta continuará sendo a disciplinaridade, e que, apesar de
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ARTIGO
se perceber que a frequência da interdisciplinaridade está sendo recorrente nas ciências,
ser ou exercitá-la continua sendo um ato “de rebeldia, uma ruptura da e na reprodução,
o desbravar de um novo caminho” (PIMENTA, 2008, p. 73).
Assim,
o conhecimento interdisciplinar não é meramente descritivo, não se apresenta
como operacionalização que visa à uniformização e generalização. Ele se
constrói como atividade tradutora, fundada em diversas linguagens, sobre um
determinado tema. Pressupondo-se que a Ciência da Informação opere com
formas sociais de explicitação do conhecimento, produzindo informação
circulável, de se convir que a informação esteja cada vez mais imperceptível
porque, apesar do crescimento geométrico da indústria da informação, uma
parte somente das atividades informacionais é externalizada. (TÁLAMO; SMIT,
2007, p. 51).
Com um olhar prudente mais amplo nos diversos autores - alguns dos quais
citados neste trabalho - pode-se dizer que, de algum modo, a Ciência da Informação é
interdisciplinar. Ela é uma ciência nova, nascida em uma época turbulenta, em que se
começa a fazer a transição da Modernidade para a Pós-Modernidade, e quando muitas
verdades, inclusive a científica, passam a ser revistas, questionadas e redimensionadas, e
as fronteiras demarcadas do conhecimento não existem mais, eles se misturam e
formam redes que se entrecruzam. Nesse cenário, mesmo que não se queira, qualquer
ciência nascerá com “um pé” na interdisciplinaridade. É o caso da Ciência da
Informação.
Há que se ressaltar que não é a interdisciplinaridade que torna a Ciência da
Informação frágil, mas sua jovialidade. Por ser uma Ciência com pouca idade, ainda está
em desenvolvimento, em construção, em fase de crescimento, no processo de
consolidação e fortalecimento. E ao contrário do que se possa pensar, pode ajudar a
fortalecer a Ciência da Informação, dando-lhe a visibilidade que merece junto com os
demais campos científicos que passam a se reportar a ela (SATUR; SOUZA; DUARTE,
2015).
3 O CAMINHO PARA A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: o desenvolvimento por meio da
interdisciplinaridade
Para Pombo (2003), não um consenso sobre o que é, efetivamente,
interdisciplinaridade, pois quem a pratica não sabe ao certo, tampouco, quem a teoriza.
Satur | A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação
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Não um conceito estável, as definições são inúmeras e distintas, e o termo tem sido
empregado excessivamente e com banalidade. A palavra, de certa forma, está gasta,
porque, frequentemente, quando se reúnem três ou quatro profissionais de diferentes
áreas para discutir superficialmente sobre algo, já se diz que isso é interdisciplinaridade.
Por causa disso, alguns têm trocado o termo interdisciplinaridade por “integração dos
saberes”, embora o problema seja o mesmo. Numa tentativa de harmonizar o conceito
de interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, multi e pluridisciplinaridade, a autora
apresenta uma proposta terminológica assentada em dois princípios fundamentais
(POMBO, 2003):
1º) Concordar com a existência de três prefixos considerados como os três
grandes horizontes de sentido: 1) multi ou pluri, 2) inter e 3) trans. Nesse caso, do
ponto de vista etimológico, não se distingue o pluri do multi, mas dos outros dois
grandes horizontes de sentido - inter e trans;
2º) Aceitar a existência de uma espécie de continuum,que é atravessado por algo
que, em seu interior, vai crescendo e se desenvolvendo.
A autora entende que, se algo acontece de forma mínima, mas atua
conjuntamente com algum tipo mínimo de coordenação, paralelamente aos seus pontos
de vista, é pluri (ou multi) disciplinaridade. Mas, quando ultrapassa a dimensão do
paralelismo e avança para uma combinação, uma convergência ou uma
complementaridade, está no terreno intermediário e pode ser chamado de
interdisciplinaridade. E quando se aproxima de tal maneira, que tende a um ponto de
fusão e de unificação, a ponto de desaparecer a convergência e parecer algo novo e
unificado, podemos, numa perspectiva holista, apontá-lo efetivamente como
transdisciplinaridade. Essas “tais três palavras, todas da mesma família, devem ser
pensadas num continuum que vai da coordenação à combinação e desta à fusão. [...] do
paralelismo pluridisciplinar ao perspectivismo e convergência interdisciplinar e, desta,
ao holismo e à unificação transdisciplinar. (POMBO, 2003, p. 4-5).
Para reforçar a proposta de forma sintética, apresenta-se esta figura elaborada
por Pombo (2003):
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Satur | A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação
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ARTIGO
Figura 1 Pluri, inter e transdisciplinaridade.
Fonte: Pombo (2003, p. 5).
Ainda nessa mesma perspectiva, didaticamente, a figura toma a forma que segue:
Figura 2 Formas da pluri, da inter e da transdisciplinaridade.
Fonte: Pombo (2003, p. 5).
Essa apresentação didática é fundamental para se entender, por exemplo, que,
quando vários profissionais de diversas áreas se reúnem para agir em conjunto,
mediante uma coordenação, tem-se uma equipe pluri ou multidisciplinar, mas cada um
exerce sua função naquele contexto, somando as atividades para atingir algo mais
amplo. Quando o processo é interdisciplinar, entendem-se os vários olhares em um
mesmo problema, com o fim de interagir e de se combinar para encontrar a melhor
solução. E por fim, quando isso avança a ponto de se criar algo novo, fruto da interação,
em que se faz uma fusão, que resulta em algo novo e híbrido, entende-se como
transdisciplinar. Nesse caso, pode até surgir daí uma nova Ciência.
Silva (2006) apresenta uma proposta da construção trans e interdisciplinar da
Ciência da Informação, que apresentamos na figura 3 (a seguir).
Satur | A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação
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ARTIGO
Figura 3 Diagrama da construção trans e interdisciplinar da Ciência da Informação.
Fonte: Adaptado de Silva (2006, p. 28).
Como visto, a Ciência da Informação, mesmo jovem, já dialoga com as outras
ciências. Segundo Rojas (2008, p.6),la Ciencia de la Información posee esa identidad
dentro del núcleo central de su programa de investigação científico; y desde ese núcleo
se desprenden las diferentes relaciones con otras áreas del saber humano para poder
estudiar su objeto de estudio”. Nessa mesma perspectiva, Mata (2010, p.129) afirma: “a
Ciência da Informação surge como uma ciência interdisciplinar, com grande potencial de
crescimento e de influência nas demais ciências, pois o seu objeto de pesquisa, a
informação, é matéria-prima de todas as demais ciências e atividades humanas.” Satur,
Souza e Duarte (2015, p. 13) concordam com essa afirmativa, quando referem que a
Ciência da Informação
tem, em seu interior, o “canal” mais relevante e necessário para todas as áreas,
e que todos precisam buscar: a informação e o trato dela. Assim,
independentemente de ser grande ou pequeno, de ter um centro muito bem
desenvolvido ou uma relação de fronteira, o que importa, efetivamente, é ser
estratégico, estar no lugar mais adequado e de posse de um meio ou recursos
de que todos necessitam. Assim como o canal é relevante para o Panamá se
tornar estratégico no mundo, a informação, que é o objeto de estudo da Ciência
da Informação, é importante para essa ciência se tornar estratégica junto com
as demais.
CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
Fundada numa
dinâmica
transdisciplinar
Biblioteconomia
Documentação
Arquivologia
Sistemas de
Informação,
Computação ou
Tecnologia da
Informação
Organização e
Métodos
(a Museologia é
potencial neste
"espaço")
CONSTRÓI SEU OBJETO
- A INFORMAÇÃO -
E RECORTA-O DA
FENOMENALIDADE
HUMANA E SOCIAL
FENÔMENO INFO-
COMUNICACIONAL
Expressão e partilha por vários
códigos de ideias,
acontecimentos e emoções
vividas pelo ser humano em
sociedade
CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS
SOCIOLOGIA
ANTROPOLOGIA
SEMIÓTICA
PSICOLOGIA
HISTÓRIA
ADMINSTRAÇÃO
ECONOMIA
GESTÃO PÚBLICA
DIREITO
CIÊNCIAS EXATAS E
NATURAIS (como):
MATEMÁTICA
LÓGICA
INFORMÁTICA
FÍSICA
QUÍMICA
BIOLOGIA
E, AINDA,
ESTUDOS LITERÁRIOS E
ARTÍSTICOS
Dinâmica
interdisciplinar
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ARTIGO
Saracevic (1995, p. 1) também defende a interdisciplinaridade na área, ao dizer
que “a Ciência da Informação é interdisciplinar por natureza, entretanto, as relações com
as diversas disciplinas estão mudando. A evolução da interdisciplinaridade está longe de
acabar.” Pombo (2003) refere que existe certa confusão sobre o que seja
interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade. O problema não
está no nome, em si, mas no conceito e no significado que partem dele, porque pode ser
a mesma coisa com nomes diferentes ou coisas diferentes com o mesmo nome.
Sobre isso, é preciso optar pela denominação e esclarecer o que se quer dizer
sobre tal nome. Pimenta (2008) aceita que um autor utilize a terminologia que considera
mais adequada, desde que comece por explicitar o significado que lhe atribui, e opta pela
referida dicotomia: a) disciplinaridade, para designar a decomposição do objeto
científico e; b) especialização na formação do conhecimento científico; c)
interdisciplinaridade, para indicar o movimento de articulação de disciplinas diferentes,
visando à interpretação científica de dada realidade.
Como demonstrado, a interdisciplinaridade não enfraquece uma disciplina, mas
auxilia a incluí-la no mundo científico. É por meio dela que uma Ciência pode participar
de estudos conjuntos e dar sua contribuição. A “verdadeira interdisciplinaridade
permitirá compreender o objeto da área em toda a sua complexidade”, o que equivale
aos “diversos olhares” para somar com a resolução de uma questão específica. Portanto,
ser interdisciplinar é buscar novas parcerias, visando fortalecer a disciplina. Caso não se
faça estudos interdisciplinares, a disciplina ficará isolada do mundo científico, o que é
inaceitável atualmente.
Evidentemente,
a Ciência da Informação é recente, se comparada com as ciências tradicionais, e
está caminhando lentamente rumo ao desenvolvimento de suas teorias e
fundamentações centrais. Parece que caminha mais rapidamente em sua
relação interdisciplinar e integradora com as demais ciências. Mesmo que possa
parecer contraditório, ser interdisciplinar, mesmo antes de ser desenvolvido
internamente, pode ajudar no desenvolvimento interno. Para isso, basta não se
esquecer de pensar em seu interior permanentemente. Poucas conseguiram
atingir esse patamar plenamente. Desenvolver-se no âmbito científico é um
processo, e não parece ser diferente na Ciência da Informação. [...] dificilmente
se poderia pensar sobre a reconstrução da Ciência da Informação sem suas
áreas de fronteiras, sem sua interdisciplinaridade. (SATUR; SOUZA; DUARTE,
2015, p. 14).
Saracevic (1995, p. 3) justifica a interdisciplinaridade argumentando que
compreender a informação e a comunicação, suas manifestações e seus efeitos no
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comportamento humano e tornar mais acessível o confuso mundo do conhecimento
assim como as iniciativas para criar soluções tecnológicas são questões que não podem
ser resolvidas em uma única disciplina. O autor acrescenta que
a interdisciplinaridade, na Ciência da Informação, foi introduzida pelas
diferentes experiências daqueles que procuram soluções para problemas. As
muitas e diferentes experiências são moldadas tanto pela riqueza do campo
como pelas dificuldades da comunicação e da educação. Certamente, nem todas
as disciplinas têm uma contribuição igualmente relevante a dar, mas sua
variedade é a responsável pela sustentação de uma característica fortemente
interdisciplinar da ciência de informação. Não é preciso procurar por ela. Ela
está lá. (SARACEVIC, 1995, p. 3).
Isso significa que a Ciência da Informação tem facilidade e interesse em compor
uma integração interdisciplinar, fato que a torna também muito importante e útil para
as demais ciências. Ainda sob a ótica da interdisciplinaridade, Saracevic (1995) afirma
que a cooperação entre as áreas visa à corrida da informação. Afinal, ao abordar sobre as
relações interdisciplinares que envolvem os campos que lidam com problemas
informacionais, estão se alterando. Entende que mais interdisciplinaridade em todos
os esforços de pesquisa e desenvolvimento (P&D), da prática profissional aos negócios.
Em consequência disso tudo, a explosão da comunicação”, exemplificada pela
propagação da Internet e dos conceitos de infraestrutura global da informação, em
vários campos, está se movimentando para trabalhar com a informação.
Consequentemente, a competição na área dos serviços de informação está aumentando e
provocando tensões e oportunidades para alianças. Para a Ciência de Informação, essas
pressões promovem mais cooperação interdisciplinar (SARACEVIC, 1995).
As alianças estratégicas, a cooperação, o compartilhamento, a interação, as redes
e a interdisciplinaridade parecem ser, definitivamente, as formas de fazer Ciência na
pós-modernidade. Esse é um campo que deve avançar, e isso vale tanto para as áreas do
conhecimento tradicionais quanto para as novas. Todavia tudo dependerá do vel de
integração entre as disciplinas, da tradição de cada uma e de o quanto cada uma
“empresta” à outra e absorve dela. Pimenta (2008) entende a interdisciplinaridade está
presente nos processos de aproximação de saberes científicos que, até esse momento,
encontravam- separados e que esse processo de aproximação pode ter uma
variabilidade que pode ir da simples convivência à utilização de uma pela outra, como
por exemplo, da adoção comum de metodologias à fusão e à constituição de uma nova
ciência.
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Pimenta (2008) apresenta três níveis de aproximação interdisciplinar:
a) o nível muito primário, em que o peso da disciplinaridade é muito grande e o
da interdisciplinaridade, quase inexistente. Há, tão somente, uma troca de
informações entre ciências diferentes;
b) o segundo, em que uma Ciência aproveita as descobertas de outras e, de
alguma forma, integra-as em seu objeto científico;
c) o terceiro, de forte interdisciplinaridade, em que diversas ciências cujos
objetos científicos se interceptavam contribuíram para construir um novo objeto
científico de uma nova Ciência.
Portanto, Pimenta (2008, p.66-7) “considera que é legítimo falar em
interdisciplinaridade se existir um processo de aproximação de ciências diferentes e
uma 'contaminação' de umas pelas outras, podendo até promover o surgimento de uma
nova ciência”.
Ao se argumentar sobre interdisciplinaridade, não se está negando a
disciplinaridade, mas avançando para além dela. A interdisciplinaridade utiliza “como
referência essa mesma disciplinaridade. Não pode haver interdisciplinaridade sem a
junção e a articulação de disciplinas diferentes, sem mudança de um modo de pensar,
sentir e agir que têm na sua gênese as disciplinas científicas” (PIMENTA, 2008, p.65).
Assim, a interdisciplinaridade é a continuação da construção do conhecimento
disciplinar em um ambiente mais complexo, variado e ampliado.
Choo (2003) afirma que, ao se construir conhecimento, quer-se ampliar a
variedade de informações, e isso implica também tentar encontrar soluções ou conceitos
para o seu problema em outros campos do saber. Essa é, “quase sempre, uma
precondição para as soluções criativas, enquanto atenuar a variedade de informações
(como limitar a busca a um mercado selecionado) ajuda a concentrar os esforços de
desenvolvimento” (CHOO, 2003, p. 409).
Segundo Kobashi e Tálamo (2003, p. 13), a interdisciplinaridade é “um processo
dialógico que requer interpenetração metodológica e uma (meta) linguagem
compartilhada. O conhecimento produzido distingue-se, nessa medida, do que existe nas
disciplinas de origem”. O que era uma condição científica de uma disciplina vira
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condições científicas de diversas outras que se entrecruzam. A partir disso, surge uma
nova condição científica, que pode ser uma mistura de várias outras condições.
Pimenta (2008, p. 64) enuncia que o ambiente universitário é o local mais
propício à interdisciplinaridade e o mais resistente. Para o autor, “as Universidades são,
em muitos casos, os expoentes máximos de uma contradição entre o epistemológico e o
institucional: em nenhum outro espaço social tantas possibilidades de
interdisciplinaridade e tantos obstáculos ao seu florescimento.” Isso porque, apesar de a
universidade ser um espaço onde a pesquisa e o despertar científico devem estar
sempre presentes, com o passar do tempo, certos cientistas, consolidados em seu
saber científico, tendem a se acomodar no campo de domínio já estabelecido. Mudar isso
implica tirar deles o poder e o domínio de conhecimento estabelecido, portanto, nem
sempre, é confortável ou agradável. Como ciência nova e que ainda precisa se
desenvolver mais, a Ciência da Informação não deve negar nem refutar a
interdisciplinaridade, tampouco esquecer sua centralidade científica. Na verdade, ela
deve se desenvolver em três perspectivas ou elementos fundamentais- uma envolve a
interdisciplinaridade - tais como:
1. Desenvolvimento de métodos para cada uma das suas perspectivas teóricas,
reconhecendo o seu pluralismo;
2. Confronto entre conceitos, sejam eles originais ou tomados de empréstimo,
estabelecendo a autonomia da sua linguagem e construindo, de fato, sua
interdisciplinaridade;
3. Desenvolvimento de estratégias de uso e de mediação da informação.
(TÁLAMO; SMIT, 2007, p. 54).
Agindo assim, a Ciência da Informação consolida, cada vez mais, aquela que é,
originalmente, sua gênese científica: uma ciência humana e social, que está em processo
de construção e fortalecimento. Para Araújo (2014, p.70-1), dentre as Ciências Humanas
e Sociais, a Ciência da Informação convive com diferentes correntes e diferentes
modelos teóricos, sem estabelecer monopólios de pensamento sobre o social ou sobre a
realidade. E como também é considerada uma Ciência Humana e, portanto, tem
características poliepistemológicas, consegue articular conhecimentos culturais e de
significação, incluindo métodos de antropologia e de linguística. Na Ciência da
Informação, o conhecimento ganha, além de tudo o que já foi relatado, outros
conhecimentos:
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um conhecimento metainformacional (relativo à regulação dos ciclos e fluxos
de informação, com métodos da administração, gestão e política); e um
conhecimento infraestrutural (relativo à dimensão técnica e tecnológica, que
articula métodos da computação e da economia). É esse caráter
poliepistemológico que permite a convivência de modos tão diferentes de
produção de conhecimento, na medida em que funciona como um princípio
articulador das diversidades. (ARAÚJO, 2014, p. 70-71).
Assim, entende-se que a interdisciplinaridade não deve ser vista como um
problema para a Ciência da Informação, mas como algo que agrega uma importante
característica para ela e dela. Nesse sentido, é uma ciência disciplinar, com espaço
privilegiado, em que também se produz conhecimento interdisciplinar.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou que as Ciências, na atualidade, têm a necessidade de ser
interdisciplinares. E não seria diferente com a Ciência da Informação. Apesar de serem
necessários o cuidado e a prudência com essa área do conhecimento, no tocante à sua
centralidade teórica, por ser uma ciência nova, fica evidente que a interdisciplinaridade
não prejudica seu desenvolvimento, ao contrário, ajuda a incluí-la nos demais campos
científicos e a ser respeitada por eles.
Atualmente, quando a pós-modernidade começa a dar seus primeiros sinais e
um deles é exatamente o de que não conhecimento absoluto, único ou puro seria
imprudente querer imaginar uma Ciência pura, forte, única e absoluta. As Ciências
caminham para a integração e a colaboração entre os saberes, visando diminuir os
vazios e as contradições entre eles e aumentar as possibilidades e as oportunidades.
Nesse contexto, também se diminuem as certezas, devido ao fim do chamado
conhecimento único e absoluto das áreas científicas.
A Ciência da Informação nasceu nesses caminhos em direção à pós-
modernidade, logo, nunca conseguirá ser pura, absoluta e única, será, cada vez mais,
interdisciplinar e, consequentemente, mais forte e notável. Portanto, quem estuda e
pesquisa no campo interdisciplinar e tem na Ciência da Informação uma parceira de
seus estudos está contribuindo para visibilizá-la na Sociedade Científica como um todo e
marcar seu espaço com as demais, com contribuições novas, que possam ser
incorporadas pela Ciência da Informação e, evidentemente, contribuir para uma possível
aquisição de conhecimentos novos nas regiões de fronteiras entre as ciências.
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ARTIGO
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SOBRE O AUTOR
Roberto Vilmar Satur
Professor do Departamento de Mediações Interculturais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Doutor em Ciência da Informação.
E-mail: robertosatur@yahoo.com.br
Recebido em: 02/01/2018; Aceito em: 08/03/2018; Revisado em: 20/03/2018.
Como citar este artigo
SATUR, Roberto Vilmar. A pesquisa interdisciplinar na Ciência da Informação. Informação em Pauta,
Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 9-25, jan./jun. 2018.
ARTIGO
MUSEU DE ARTE E CULTURA DO CEARÁ: uma análise dos riscos baseados
em um modelo integrado dos fluxos de informação dos métodos Fine e Mosler
MUSEUM OF ART AND CULTURE OF CEARÁ: a risk analysis based on an
integrated model of the information flows of the Fine and Mosler methods
Lucievando Silveira Nobre
UFC
Osvaldo de Souza
UFC
RESUMO
Este trabalho aborda a temática do gerenciamento de riscos no contexto das unidades de
informação, que em geral possuem acervos sujeitos a várias fontes e agente de riscos.
Explora as metodologias Fine e Mosler e propõe um modelo integrado dos dois métodos. A
integração ocorre pela combinação do fluxo informacional produzido pela aplicação dos
respectivos métodos. O modelo proposto é direcionado para a investigação com objetivo de
identificação e análise dos riscos. No trabalho também se aplica o modelo integrado
proposto, visando-se à sua validação, em um denso estudo de caso no Museu de Arte e
Cultura do Ceará (MAUC), com observação direta no campo. Na pesquisa foram identificados
diversos riscos, os quais foram, então, analisados e classificados em diferentes graus de
severidade e criticidade. O trabalho permite compreender os níveis e tipos de riscos aos
quais o MAUC está exposto, oferecendo contribuição para a tomada de decisão quanto a uma
política pública de proteção ao importante acervo da Instituição. Os resultados obtidos
demonstram que o modelo proposto é promissor e tem potencial para aplicação em unidades
de informação no estabelecimento de uma gestão eficaz de riscos.
Palavras-chave: Gerenciamento de Risco. Metodologia Fine-Mosler. MAUC. Gerenciamento da
Informação.
ABSTRACT
This paper discusses risk management subject in information centers as libraries, museums,
etc. that usually are exposed to risks sources. It explores the Fine and Mosler methodologies
and proposes an integrated model of the two methods. The integration occurs focusing in
information flows of Fine and Mosler methods. The proposed method is designed to help the
investigation in order to identify and analyze all risks. In order to validate the integrated
method, it was used in a dense case study at the Museum of Art and Culture of Ceará (MAUC).
The research identified several risks, which then analyzed and classified according to their
levels of severity and urgency. The work allows to understand the levels and types of risks
which the MAUC is exposed, contributing to the decision making regarding a public policy of
protection to the important collection of the Institution. The results show that the proposed
model is promisor and has potential in information units in the establishment of effective
risk management.
Keywords: Risk management. Fine-Mosler Methodology. MAUC. Information Managment.
Inf. Pauta ISSN 2525-3468
Fortaleza, CE
v. 3
n. 1
jan./jun. 2018
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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
Em razão dos diferentes métodos e abordagens relativas ao tema de gestão de
riscos em diversas áreas, e em função da complexidade de adequação destes às
necessidades das Unidades de Informação (UI), a questão que se apresenta é: como
adaptar as recomendações destes sistemas a fim de construir uma abordagem eficaz que
permita identificar e tratar, de modos e tempos adequados, os diferentes tipos de riscos
aos quais uma UI possa estar exposta, considerando-se ainda que seja comum as UI
contarem com baixo orçamento e não existir normalmente em seus quadros funcionários
com conhecimento e experiência em gestão de riscos?
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(MAUC) 
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validação de um modelo de análise de risco para UI, tendo-se por base a integração dos
fluxos de informação dos métodos de análise de risco de William T. Fine (FINE, 1971) e
Karl Mosler (MOSLER, 1994), relativa às fontes de riscos de Fine e aos dez agentes de
deterioração de Mosler, aplicados a unidades de informação.
Para o alcance desses objetivos, desdobram-se os mesmos nos seguintes objetivos
específicos: (1) desenvolver uma integração entre os modelos de análise de riscos
considerados no escopo do trabalho; (2) aplicar o modelo na identificação e análise de
riscos do MAUC como um estudo de caso; (3) avaliar a eficácia do modelo proposto
através do desempenho do mesmo no estudo de caso.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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2.1 A GESTÃO DE RISCOS
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2.2 AS QUATRO FONTES DE RISCO E OS DEZ AGENTES DE DETERIORAÇÃO
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Tabela 1 –
FONTES DE
RISCOS
DESCRIÇÃO
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(Fenômeno
natural)
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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS      
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Tabela 2 Descrição dos agentes de deterioração e tipologias.
AGENTES
OS DEZ AGENTES DE DETERIORAÇÃO: DESCRIÇÃO
TIPOLOGIA DE
RISCOS
1. Forças
físicas
Podem danificar o patrimônio cultural por meio de choque, vibração,
tensão, compressão e fricção, causando colapso, quebra, perfurações,
deformação, rasgos, abrasão, etc.
Evento raro e
catastrófico; evento
esporádico de
impacto moderado;
processo contínuo.
2.
Criminosos
Os atos criminosos de furto, roubo ou vandalismo, perpetrados por
indivíduos externos ou internos à instituição, acarretam a perda total,
destruição ou desfiguração de itens e elementos patrimoniais.
Evento raro de
impacto
significativo; evento
esporádico de
impacto moderado.
3. Fogo
Os incêndios podem ser de pequenas e grandes proporções. Suas
causas podem ser naturais ou antropogênicas. As consequências da
ação do fogo sobre acervos e outros elementos patrimoniais incluem a
queima total ou parcial, deposição de fuligem e deformação. Danos
colaterais por forças físicas (devido a explosões e ao colapso de
estruturas afetadas pelo fogo)
Evento raro e
catastrófico; evento
raro/esporádico de
impacto moderado a
significativo.
4. Água
A interação da água com as coleções e outros elementos patrimoniais
pode causar, dependendo da composição dos mesmos, desintegração,
deformação, dissolução, manchas, mofo, enfraquecimento,
eflorescência e corrosão. inúmeras fontes de água (internas e
externas ao edifício, naturais e tecnológicas) e diferentes mecanismos
pelos quais ela pode atingir as coleções (infiltrações, vazamentos,
inundações, respingos, ascensão por capilaridade, etc.).
Evento raro e
catastrófico; evento
esporádico de
impacto moderado;
processo contínuo.
5. Pragas
O conceito de praga engloba os organismos vivos capazes de desfigurar,
danificar e destruir o patrimônio cultural. Exemplos típicos incluem os
insetos, roedores, aves e morcegos.
Evento esporádico
de impacto
moderado a
significativo;
processo contínuo.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
6.
Poluentes
Substâncias poluentes são os gases, aerossóis, líquidos ou sólidos, de
origem natural ou antropogênica, que afetam negativamente as
coleções e outros elementos patrimoniais por meio de reações
químicas ou formação de depósitos, causando corrosão,
enfraquecimento, alterações estéticas, etc.
Evento esporádico
de impacto
moderado a
significativo;
processo contínuo.
7. Luz/
radiação UV e IR
A luz (radiação visível), a radiação ultravioleta (UV) e a radiação
infravermelha (IR) provenientes do sol e de fontes elétricas (lâmpadas)
podem causar danos a certos materiais constituintes do patrimônio
cultural. A luz provoca o esmaecimento de cores a partir de reações
fotoquímicas (a velocidade do esmaecimento depende da sensibilidade
do material e da dose de luz recebida). A radiação ultravioleta induz
reações químicas nos materiais, podendo resultar em amarelecimento,
formação de resíduos pulverulentos em superfícies (chalking),
enfraquecimento e desintegração de materiais, dependendo
igualmente da vulnerabilidade do material e da dose recebida.
Processo contínuo.
8. Temperatura
incorreta
Temperaturas demasiadas elevadas ou baixas, assim como flutuações
de temperatura de amplitudes significativas, podem ocasionar danos a
certos materiais do patrimônio cultural. As temperaturas elevadas
acarretam danos químicos (acelerando as diferentes reações de
degradação), físicos (deformações, ressecamento, fraturas,
derretimento, resultantes do aquecimento de materiais) e biológicos
(favorecendo o desenvolvimento de microrganismos e o metabolismo
de certos tipos de pragas).
Evento esporádico
de impacto baixo a
moderado; processo
contínuo.
9. Umid
ade relativa
incorreta
De forma análoga à temperatura incorreta, umidades relativas muito
elevadas, muito baixas, ou com flutuações de grande amplitude
também acarretam danos a certos materiais do patrimônio cultural.
Umidades relativas elevadas favorecem o desenvolvimento de
microrganismos (mofo) em substratos orgânicos, reações químicas de
degradação hidrolítica de materiais orgânicos e corrosão de metais,
condensação em superfícies, migração de substâncias solúveis em
água, deliquescência de sais, etc. Os efeitos incluem enfraquecimento,
manchas, desfiguração etc.
Evento esporádico
de impacto baixo a
moderado; processo
contínuo.
10. Dissociação
A dissociação refere-se à tendência natural, com o passar do tempo, de
desorganização de sistemas. Ela envolve a perda de objetos da coleção
(dentro da própria instituição), a perda de dados e informações
referentes aos objetos da coleção, e a perda da capacidade de recuperar
ou associar objetos e informações. As causas de dissociação incluem a
deterioração de etiquetas e rótulos; a inexistência de cópias de
segurança (backups) de registros informativos referentes às coleções
(inventários, etc.)
Evento raro e
catastrófico; evento
esporádico de
impacto moderado;
processo contínuo.
Fonte: (SPINELLI JUNIOR; PEDERSOLI JUNIOR, 2010, p. 25).
2.3 MÉTODO FINE
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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
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ARTIGO
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
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
           

             
            


2.3.1 Grau de consequência (C) da metodologia Fine

            

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                

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Tabela 03 –
CRITÉRIO DE CONSEQUÊNCIA
Classificação
Valor
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Fonte
2.3.2 Grau de exposição (E) da metodologia Fine

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Tabela 4 –
EXPOSIÇÃO AO RISCO
Classificação
Valor


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
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

Fonte
2.3.3 Grau de probabilidade (P) da metodologia Fine
           
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
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 
Tabela 5 –
PROBABILIDADE
Classificação
Pontuação*





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



Fonte
2.3.4 O cálculo do grau de criticidade
CE
PGC
CEP


            

Tabela 7 –
GRAU DE CRITICIDADE (GC) E TRATAMENTO DO RISCO
Grau de criticidade
Tratamento do risco







Fonte
2.4 MÉTODO MOSLER
Assim como o método Fine, o método Mosler é baseado no impacto financeiro e
tem critérios para identificação dos riscos em uma escala de valores. É um método que
viabiliza o acompanhamento dos riscos pela operacionalização de seis critérios; assim
como a metodologia Fine, seus valores são predefinidos para classificar os diferentes
riscos.
Brasiliano (2005, p. 27) apresenta os seis critérios da metodologia de Mosler, que
são:
1- a caracterização da função (F) que estima os danos que podem ocorrer e
alterar as atividades em: (a) muito gravemente, pontuação de 05; (b)
gravemente, pontuação 04; (c) medianamente, pontuação de 03; (d)
levemente, com pontuação 02; (e) muito levemente, com pontuação 01;
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2- a caracterização da substituição (S), que estima os danos que podem
resultar em uma difícil substituição, como: (a) muito dificilmente,
pontuação 05; (b) dificilmente, pontuação 04; (c) sem muita dificuldade,
pontuação 03; (d) facilmente, com pontuação 02; (e) muito facilmente, com
pontuação 01;
3- a caracterização da profundidade (P) que mede as consequências
resultantes da ocorrência do risco. Ou seja, sua profundidade para a
instituição, sendo: (a) muito graves, pontuação 05; (b) graves, pontuação
04; (c) limitadas 03; (d) leves 02; (e) muito leves 01;
4- a característica de extensão (E) a qual mede o alcance que um risco
acarretaria, com as seguintes escalas e pontuações: (a) e caráter
internacional, com pontuação de 05; (b) de caráter nacional 04; (c) regional
03; (d) local 02; (e) de caráter individual 01;
5- A quinta é a característica da probabilidade (Pb) que indica a chance do
risco acontecer. Melhor representado na tabela 8;
Tabela 8 –
PROBABILIDADE
Classificação
Pontuação*
Muito alta.
05
Alta
04
Média
03
Baixa
02
Muito baixa
01
Fonte
6- A sexta e última característica refere-se ao impacto financeiro (IF)
resultante se o risco vier acontecer, perdas como: (a) muito alta, pontuação
de 05; (b) alta 04; (c) normal 03; (d) baixa 02; (e) muito baixa 01.
Assim como no método Fine, o valor do risco a ser encontrado se baseia no cálculo
de uma equação; neste caso, na equação do método de Mosler, mensurada como o grau de
magnitude do risco.
Esse grau pode ser obtido através da fórmula M = I (F x S) + D (P x E), na qual as
variáveis representam: M é Magnitude; F é Função; S é Substituição; o I é Importância do
Sucesso; D é Dano Causado; P é Profundidade; e o E é extensão.
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ARTIGO
Depois de encontrado o valor de magnitude, parte-se para a segunda etapa, na qual
se deve encontrar o valor da Perda Esperada (PE = Pb x IF). Pb é probabilidade e IF é
impacto financeiro. Assim se tem o produto com o valor da Perda Esperada pelos danos
se o risco se concretizar.
2.5 CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS FINE E MOSLER QUANTO AO TIPO DE DADOS
Os métodos Fine e Mosler são métodos semiquantitativos. Segundo Carvalho
(2007), existem apenas três grupos nos quais os métodos estão enquadrados no
gerenciamento de risco, são eles: (1) o qualitativo (MAQl); (2) o quantitativo (MAQt) e;
(3) o semiquantitativo (MASqt). A característica principal dos métodos MASqt, é
denominada de Método de Valoração do Risco, o qual foi adotado no modelo integrado
proposto neste trabalho.
Nos métodos MASqt, identificam-se os riscos através de valores relativos à sua
gravidade de ocorrência,        
intervenção através da identificação dos principais riscos; sensibilizam os diferentes
elementos da organizCARVALHO, 2017, p. 16).
Com relação às limitações dessa análise, Carvalho (2007, p. 17) coloca que

São fortemente dependentes da experiência dos . Nesse sentido, 
, em
razão da experiência condizente com a realidade de ocorrências de risco da UI analisada.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho teve início com a realização de uma pesquisa exploratória de
cunho bibliográfico, cuja finalidade principal foi: (1) a de permitir identificar os trabalhos
publicados e relacionados ao tema e, desta forma, definir o limite entre o novo e o
estabelecido; (2) fornecer elementos que compusessem o referencial teórico que sustenta
este trabalho. A análise dos estudos identificados na pesquisa bibliográfica permitiu o
mapeamento entre as abordagens dos métodos de Fine e Mosler, definindo-se uma
abordagem integrativa entre os métodos, proposta neste trabalho, a qual é resumida na
figura 1.
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
A partir da definição do modelo integrado proposto no trabalho, a pesquisa passou
a uma fase experimental organizada em dois momentos: (1) no estudo de campo, quanto
à realização da validação em um locus real, para o qual foi eleito o MAUC; e (2) quanto à
validação ou o da efetividade do modelo integrado proposto. As conceituações de
pesquisa, método e análise utilizadas neste trabalho apoiam-se no entendimento de Gil
(2008).
Quanto ao estudo de caso, o leitor deve observar que existem duas considerações
sendo feitas simultaneamente: (1) avaliar o método proposto neste trabalho; e (2) avaliar
o MAUC quanto aos riscos que a UI está sujeita.
Quanto à coleta de dados no campo, ela foi realizada com dois focos distintos: 
            


              
2- nas fontes de risco; agentes de riscos e os riscos em si.
A coleta foi realizada através de entrevistas estruturadas, com o estrito apoio dos
questionários produzidos para esse fim por meio da utilização do método proposto neste
trabalho.         

            
 
              
            



         


           


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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Quanto à análise dos dados do estudo de campo, esta se divide, portanto, em duas
análises: 1- à sua aplicabilidade,
praticidade e eficiência. Essa análise tem caráter majoritariamente qualitativo, com
aspectos analisados do ponto de vista quantitativo
; 2- análise quanto aos dados coletados sobre a real exposição da
UI, locus do estudo de caso, quanto a fontes e agentes de riscos que a ameaçam. A análise
desses dados segue o que foi definido pelo modelo integrado proposto, o qual é detalhado
mais adiante na seção que apresenta o método.
 locus        Museu de Arte e Cultura da
Universidade Federal do Ceará, o MAUC, que foi inaugurado pelo reitor Antônio Martins
Filho em 25 de junho de 1961. Sua sede própria foi construída em 1965, passando, desde
então, por diversas reformas. Está localizado no Campus do Benfica, próximo à Reitoria
da UFC. O MAUC é um dos equipamentos culturais da Universidade Federal do Ceará no
qual se tem como forte característica o apoio e fortalecimento das artes do Estado do
Ceará, sendo um importante centro de preservação da cultura artística cearense.
Além do acervo nacional e coleções estrangeiras da escola de Paris, o MAUC possui
exposições permanentes, acervo fixo de cinco artistas cearenses: de Raimundo Cela,
Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Chico da Silva, Descartes Gadelha, e objetos da cultura
popular nordestina. O museu também desenvolveu progressivamente uma política de
difusão das produções artísticas através de uma abertura permanente aos eventos
temporários, bem como vem abrindo caminhos pedagógicos para o ensino do desenho da
pintura e da gravura, sendo nesta área um dos pioneiros no Estado.
4 O MODELO INTEGRADO DE ANÁLISE DE RISCOS PARA UI
A integração dos fluxos informacionais entre os modelos de Fine e Mosler foi
realizada apoiando-se na dedução óbvia de que todo risco se inicia em uma das fontes
gerais: fonte biológica; fonte interna; fonte externa; ou fonte humana, e se manifesta pelos
agentes de riscos. Assim, integram-se o fluxo informacional do método Fine, quanto às
fontes de riscos, com o fluxo informacional do método Mosler.
Na integração, abordou-se a questão partindo-se do geral para o específico quanto
às fontes e agentes de risco, os quais são identificados pelos respectivos métodos
empregados na integração. A figura 1 ilustra conceitualmente essa abordagem de
Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
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ARTIGO
integração de fluxo. A partir dessa integração inicial foi possível estruturar um
questionário, discutido mais à frente.
Figura 1 Característica da integração de fluxo informacional na identificação do risco em UI.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Como resultado dos procedimentos estabelecidos pelo método Fine e os
procedimentos do método Mosler, e levando-se em conta o tipo de análise de dados
envolvidos em ambos os métodos, compôs-se o novo modelo, cuja integração do fluxo
informacional pode ser vista na figura 2.
A figura 2 não representa a totalidade do modelo integrado proposto neste
trabalho; nela se vê apenas uma parte da integração. O modelo integrado finalizado pode
ser visto na figura 3.
Observe-se na figura 2 que uma direta colaboração entre as metodologias Fine
e Mosler, e essa colaboração abrange todo o ciclo de identificação e análise dos riscos.
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Figura 2 Fluxo integrativo das macroatividades.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Como se pode perceber na figura 3, o modelo integrado Fine-Mosler, proposto
neste estudo, aborda a análise de riscos em três fases de coleta de dados, denominadas de
preliminar; secundária e efetiva, as quais são textualmente detalhas a seguir.
1- Fase preliminar, por fazer uma identificação prévia dos riscos advindos das
fontes de risco: ambiental, externo, humano e interno dos potenciais perigos à
unidade de informação. Ao final desta fase são excluídas as fontes de risco não
aplicáveis à UI em análise e é produzida uma versão preliminar do
questionário;
2- Fase secundária, por prosseguir na identificação dos agentes de riscos, de
forma mais específica dos potenciais perigos percebidos na etapa anterior, um
maior detalhamento dos potenciais riscos a setores da unidade de informação.
Ao final desta fase são excluídos os agentes de risco que o oferecem
potencial de risco na UI em análise, a elaboração do questionário deve ser
finalizada nesta fase;
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Figura 3 O fluxo informacional completo do modelo integrado Fine-Mosler.
Fonte: Elaborada pelos autores.
3- Fase efetiva, em razão da aplicação do Modelo Integrado com o
questionário produzido com o auxílio dos dados das fases (1) e (2) e do
histórico de ocorrências formulados para entrevistas com os responsáveis
pela UI.
Com os dados coletados, parte-se para aplicação do cálculo do grau de criticidade
(GC = C x E x P).     C   E  
P



Percebe-se que o modelo integrado proposto se preocupa com todas as fases da
análise de riscos, preparando uma abordagem que minimiza as possibilidades do
esquecimento de uma fonte ou agente de riscos. O modelo permite, contudo, a exclusão
de elementos que não se apliquem à UI e que sejam objeto da avaliação de riscos.
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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
5 O ESTUDO DE CASO DE VALIDAÇÃO DO MÉTODO

        

Tabela 9 –
RISCO DE FONTE HUMANA
Agente de Risco: Força física
Descrição: Choques ou atrito durante o manuseio de guarda ou transporte de itens.
CRITÉRIO DE CONSEQUÊNCIA
Classificação
Valor
Confirmação
 











EXPOSIÇÃO AO RISCO
Classificação
Valor
Confirmação









PROBABILIDADE
Classificação
Pontuação
Confirmação









Fonte


            
         
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Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
44
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
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LISTA DE RISCOS MAUC / CONFIRMAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE.
Fonte
Nome do risco
Descrição
C
E
P
GC
Ambiental,
(Fenômeno
natural)
Deterioração por
água
Chuvas; enchentes;
25
0,1
0,1
0,25
Danificação por
força física
Queda de árvores sobre o edifício ou as
pessoas por conta do vento;
05
0,5
0,5
1,25
45
Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Deterioração por
pragas
Cupins, traças, baratas, formigas e
roedores.
15
10
6
900
Fonte
Nome do risco
Descrição
C
E
P
GC
Externa
Destruição por
fogo
Incêndios de veículos estacionados ao
redor do prédio;
01
0,1
0,1
0,01
Destruição por
forças físicas
Colisão de veículos como carros,
caminhões, ônibus com o prédio;
05
10
1
50
Destruição por
forças físicas
Trepidação provocada pelo fluxo de
veículos.
01
0,1
0,1
0,01
Deterioração por
poluentes.
Emissões de gases provenientes do
trânsito próximo;
15
6
10
900
Fonte
Nome do risco
Descrição
C
E
P
GC
Humana
Danificação por
água
Acidentes durante procedimentos de
limpeza;
15
3
0,5
22,5
Dissociação.
Erros no registro do objeto de coleção;
erro na recolocação de itens de coleção
após uso;
01
3
3
9
Destruição por
fogo
Incêndio criminoso;
05
3
3
45
Danificação por
forças físicas.
Choques ou atrito durante o manuseio
de guarda ou transporte de itens;
05
3
3
45
Furto, roubo.
Furto ou roubo dos itens do museu;
25
10
6
1.20
0
Danificação por
vandalismo.
Manifestação violenta de cunho social,
político ou religioso;
05
0,1
0,5
0,25
Danificação por
vandalismo.
Falta de educação;
05
3
10
150
Fonte
Nome do risco
Descrição
C
E
P
GC
Interna
Deterioração por
água.
Vazamentos hidráulicos
05
1
0,5
2,5
Deterioração por
água.
Vazamento no teto do prédio por conta
da chuva
15
1
6
90
Deterioração por
água.
Vazamento na calha derivado de
entupimento por folhas das árvores.
15
1
6
90
Destruição por
fogo:
Falha nas instalações elétricas obsoletas
ou sobrecarregadas;
25
3
0,5
37,5
Deterioração por
luz e radiação
ultravioleta (UV)
e infravermelha
(IV).
Uso de lâmpadas fluorescentes
tubulares. (Luminosidade indireta)
15
6
6
270
Danificação por
poluentes;
Uso inadequado de produtos na
manutenção utilizada no edifício.
15
1
0,5
7,5
Danificação por
poluentes;
Uso inadequado de produtos de limpeza.
05
0,1
0,5
0,25
Danificação por
suporte
inadequado
Choque de itens em exposição com o
chão por uso indevido de suporte;
05
10
3
150
Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
46
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Danificação por
suporte
inadequado
Choque de itens em exposição com o
chão por uso de fios inadequados de
suporte;
05
10
3
150
Danificação por
suporte
inadequado
Espaço inadequado do item em
exposição com a parede.
05
6
0,5
15
Deterioração por
temperatura
incorreta.
Sistema de ar-condicionado defeituoso;
05
10
6
300
Deterioração por
temperatura
incorreta.
Falha na instalação hidráulica;
05
1
0,5
2,5
Deterioração por
temperatura
incorreta.
Uso intermitente do ar-condicionado.
05
10
10
500
Deterioração por
umidade
incorreta.
Sistema de ar-condicionado defeituoso;
05
6
3
90
Deterioração por
umidade
incorreta.
Vazamentos hidráulicos.
01
0,1
0,5
0,05
C = Consequência E = Exposição P = Probabilidade GC = Grau de Criticidade
Fonte: Elaborada pelos autores.
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GRAU DE CRITICIDADE (GC) E TRATAMENTO DO RISCO
Grau de criticidade
Tratamento do risco
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6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
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47
Nobre; Souza | MAUC: uma análise dos riscos
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO

          
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6.1 O DESEMPENHO DO MÉTODO PROPOSTO
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7 CONCLUSÃO
Na aplicação do modelo integrado para identificação dos riscos no MAUC, visando
determinar sua efetividade para gerenciamento de risco, demonstrou-se não ser um
método estático, mas sim dinâmico, permitindo adaptação e um controle sobre os
diversos riscos e de suas possíveis evoluções, características que acontecem
constantemente em uma UI, em um acompanhamento estruturado.
Na sua implementação de identificação dos riscos, mesmo o havendo um
histórico de ocorrências, que nos parece ser comum nas bibliotecas, museus e arquivos
brasileiros, não houve empecilho ao modelo integrado, pois a necessidade foi suprida
através de levantamento dos dados junto aos profissionais que lidam diariamente com a
UI.
Assim, o modelo integrado proposto neste trabalho demostrou sua eficácia,
conclusão essa suportada pelos dados obtidos no robusto estudo de caso, comprovado
pela identificação precisa de 29 riscos, dos quais 6 eram de alto grau de criticidade.
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SOBRE OS AUTORES
Lucievando Silveira Nobre
Graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: vandosn@hotmail.com
Osvaldo de Souza
Professor do Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em
Engenharia de Teleinformática pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: osvsouza@gmail.com
Recebido em: 05/07/2017; Aceito em: 08/03/2018; Revisado em: 20/03/2018.
Como citar este artigo
NOBRE, Lucievando Silveira; SOUZA, Osvaldo de. Museu de Arte e Cultura do Ceará: uma análise dos riscos
baseados em um modelo integrado dos fluxos de informação dos métodos Fine e Mosler. Informação em
Pauta, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 26-51, jan./jun. 2018.
ARTIGO
ESTUDO DE USUÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
NAS BIBLIOTECAS DO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA
USER’S STUDIES TO DEVELOP ACTIVITIES IN THE ACADEMIC
LIBRARIES AT INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA
Andréia Santos Ribeiro Silva
IFBA
Marcia Ferreira Lima
UFBA
RESUMO
Neste artigo apresentamos um estudo de usuários desenvolvido nas bibliotecas do Instituto
Federal da Bahia com o objetivo de investigar o perfil da comunidade acadêmica e conhecer
as suas necessidades de informação além das atividades realizadas nas bibliotecas que
contribuam para o desenvolvimento da competência em informação nos usuários. Aponta a
importância do estudo de usuários como um canal de comunicação entre a comunidade e a
biblioteca, trazendo o modelo de comportamento de busca e uso da informação
desenvolvido por Kuhlthau (1991), que representa o processo de construção de sentidos. O
método se caracteriza como um estudo de caso, que utilizou questionário online com a
abordagem de tratamento dos dados quali-quantitativa. Traz, como resultados, que a
informação é a condição necessária para o indivíduo adquirir conhecimentos, e a biblioteca é
o local apropriado para fomentar programas para o desenvolvimento de habilidades
informacionais. Desse modo, precisa ocorrer maior envolvimento por parte dos profissionais
da informação no que tange ofertar produtos e serviços que satisfaçam a relação de usuários
com as bibliotecas.
Palavras-chave: Estudo de usuários. Competência em informação. Instituto Federal da Bahia.
ABSTRACT
In this article we present a study of users developed in the libraries of the Instituto Federal
da Bahia with the objective of investigating the profile of the academic community and
knowing their information needs, besides the activities carried out in the libraries that
contribute to the development of information literacy in users. It points out the importance
of the study of users as a communication channel between the community and the library, by
bringing the information search and use behavior model developed by Kuhlthau (1991),
which represents the process of sense construction. The method is characterized as a case
study that used online questionnaire with the qualitative-quantitative data treatment
approach. It results that information is the necessary condition for the individual to acquire
knowledge and the library is the appropriate place to foster programs for the development
of informational skills. Thus, there must be greater involvement by information
professionals in offering products and services that satisfy the users' relationship with
libraries.
Keywords: Study of users. Informational Literacy. Instituto Federal da Bahia.
Inf. Pauta ISSN 2525-3468
Fortaleza, CE
v. 3
n. 1
jan./jun. 2018
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
1 INTRODUÇÃO
Investigar o papel da biblioteca no Instituto Federal da Bahia (IFBA), compreendendo
o estímulo ao desenvolvimento da competência em informação, que perpassa por uma
formação para o uso das fontes de informação que fomentam a produção de conhecimento e
a construção do aprendizado ao longo da vida. Objetivo dessa pesquisa é conhecer as
necessidades de informação dos usuários das bibliotecas do Instituto, considerando-se que
essas necessidades são contempladas nas atividades fins das bibliotecas. A pesquisa busca,
assim, a simetria entre os sistemas e seus usuários, numa tentativa de encontrar uma
posição equilibrada e harmoniosa entre usuários e a instituição.
Pensando nas necessidades e possíveis expectativas dos usuários, foi desenvolvida
uma pesquisa que pudesse potencializar as ações realizadas pelos bibliotecários, colocando,
como foco central a importância do usuário para as unidades informacionais, pois, muitas
vezes sem perceber, são desenvolvidas ações para as atividades meio do trabalho dos
bibliotecários, esquecendo-se da importância dos usuários nas unidades informacionais. A
partir desse estudo, todos os envolvidos no processo terão ciência da necessidade de
mudança para atender as demandas de sua comunidade. Outro fator considerado
importante foi averiguar a necessidade do usuário em relação aos produtos, serviços e
atividades culturais que são desenvolvidas nessas unidades Informacionais. Quanto à
metodologia, foi aplicado um questionário via e-mail, por meio do portal da Instituição,
tendo como público-alvo a comunidade do IFBA.
A pesquisa traz como resultados a evidência de que bibliotecários trabalhando em
conjunto com outros profissionais podem oferecer oportunidades de aprendizagem para a
busca e uso da informação nas bibliotecas do Instituto, e a falta dessa cooperação torna a
biblioteca um lugar passivo dentro do contexto escolar.
2 EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: caminhos para a competência em
informação
Para o convívio na Sociedade da Informação o sujeito precisa possuir requisitos
educacionais necessários para um aprendizado contínuo, ao longo da vida. Isso requer do
indivíduo uma educação continuada, que lhe permita acompanhar as mudanças tecnológicas
e, sobretudo, inovar, criando competências sugeridas pela nova economia.
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Para Le Coadic (2004, p. 114), este cenário globalizado, onde o fluxo de informação
eletrônica circula constantemente nas redes virtuais, leva o indivíduo a possuir habilidades,
atitudes e conhecimentos necessários para aprender a se informar, a informar outros e saber
onde encontrar a informação, e essas habilidades não encontraremos em um sistema
tradicional de ensino, será preciso um programa onde os estudantes possam aprender para
ensinar informação.
Carol Kuhlthau compartilha essa ideia de programas para ensinar a aprender e
ensinar habilidades informacionais a alunos, que poderá ocorrer desde as séries iniciais até
a universidade. A biblioteca da escola ou da universidade pode ser este espaço fora da
educação tradicional e salas de aulas para fomentar programas de competência em
informação, essenciais para aprender a aprender, que se aproxima do que Le Coadic (2004, p.
114) considera como “um programa de ensino ‘que’ levará, [...], a aprender a se informar,
aprender a informar, ou seja, aprender a pesquisar e a usar a informação e a construí-la e
comunicá-la.” Nesse cenário, o conhecimento se constrói a partir da relação do indivíduo
com o mundo. A informação é condição necessária para o conhecimento, mas não é condição
suficiente, não conhecimento sem aprendizagem (ALARCÃO, 2011). E passa a ser
necessário que entre a informação a ser utilizada e o indivíduo se faça presente a figura do
mediador da informação a quem é imprescindível o conhecimento, comprometimento e a
responsabilidade. Como asseguram Sanches e Rio (2010, p. 107), “o mero acesso a
documentos torna a biblioteca um repositório informacional, eximindo o bibliotecário da
participação construtiva de conhecimento.”
Sendo assim, a mediação pressupõe atividade de interferência, que perpassa por todo
o fazer bibliotecário.
Mediação envolve a ação de quem intercede, interfere por alguém por outro;
implicando em vários caminhos, opção e escolhas, constatamos que na mediação
alguém está entre duas ou mais pessoas, coisas, facilita uma relação, serve de
intermediário, sugere algo, sem agir pela pessoa ou lhe impor alguma coisa.
(BICHERI, 2008, p. 93).
Almeida Júnior (2009) apresenta o que ele desenvolveu como o conceito apropriado
para a mediação da informação, que vai além de uma ligação ou ponte entre o usuário da
informação e a informação propriamente dita. Para o autor, a mediação da informação está
implícita e explícita em todos os fazeres do profissional da informação, e a este conceito
tomamos como base para este estudo:
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Toda ação de interferência realizada pelo profissional da informação direta ou
indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que
propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma
necessidade informacional. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 92).
Para Carvalho Silva e Silva (2012, p. 3), isso significa dizer que a mediação da
informação inclui dois fatores fundamentais: a apropriação da informação que é inerente ao
processo de produção/disseminação da informação, e a interferência que é inerente aos
procedimentos de como a informação será destinada ao usuário.
Quanto a estes conceitos de apropriação da informação e interferência, Vygotsky
(1978, p. 32) tem contribuído com a área da Ciência da Informação com questões e reflexões
acerca da mediação da informação a partir do seu conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal (ZDP), que trata entre as práticas que um aluno já domina em um dado vel e as
atividades nas quais ele poderia alcançar intelectualmente com a ajuda de outro.
Podemos visualizar a ZDP no modelo Information Searching Process (ISP), ou o
Processo de Busca da Informação, elaborado por Carol Kuhlthau (1991, p. 362), onde um
estudante, para realizar a pesquisa, perpassa por diferentes fases até o momento em que ele
se depara com o sentimento da incerteza, considerado como o aspecto central do ISP, pois
quanto mais informações o estudante recebe para o desenvolvimento da sua pesquisa, maior
poderá ser também a incerteza dele; isso não significa que o aumento da incerteza é sintoma
de que algo esteja errado, mas de anseios a serem entendidos. Para que essa incerteza seja
diminuída e o aluno se aproxime do sentimento de clareza é que Kuhlthau (1991, p. 366)
apresentou a Zona de Interferência, considerando o que poderia ocorrer na biblioteca
escolar, com a mediação do bibliotecário e do professor com orientações sobre a busca da
informação, no momento em que fosse percebida essa incerteza no desenvolvimento da
pesquisa, para que o aluno tenha conhecimento da direção que deverá seguir. A mediação e
o papel do mediador passam a ser a chave para que o estudante chegue à conclusão das
atividades.
Assim, baseado no Modelo do ISP, o aumento da incerteza cria uma zona de
intervenção para os mediadores ou intermediários que apoiam os usuários no processo de
busca de significados a partir da informação. Baseado, então, no modelo ISP e no princípio de
incerteza, Kuhlthau desenvolveu o conceito de zona de intervenção, apoiada na ideia de que
o aumento da incerteza determina a necessidade de assistência do aluno. Assim, o conceito
de Zona de Intervenção é, portanto, modelado a partir da ZDP de Vygotsky (1978, p. 32), que
dá o caminho para o entendimento da intervenção no processo construtivista de uma pessoa.
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Para Kuhlthau (1991, p. 362), a zona de intervenção é a área em que o usuário da informação
faz com assistência de outra pessoa o que não pode fazer sozinho. A intervenção nesta zona
permite aos indivíduos o cumprimento das suas tarefas. Entretanto, a intervenção fora desta
zona é desnecessária e ineficiente e é encarada pelos usuários como intrusiva, o que evoluiu
no sentido do conceito de mediação da informação, que desempenha importante função,
aproximando centro de informação do usuário.
Baseada nessa mediação necessária ao indivíduo, para que o mesmo possa organizar
a informação para constituí-la em conhecimento, é que Alarcão (2011, p. 28) assevera que a
nova sociedade exige de todos os indivíduos o permanente aprendizado. O aprendizado ao
longo da vida, e as escolas precisam preparar seus estudantes para um mundo voltado para
a era tecnológica. Como assegura Kuhlthau (1999, p. 9), “não se pode perder de vista que o
mundo para o qual está se preparando o estudante é um mundo voltado para a tecnologia.”
Sendo assim, a escola e a biblioteca escolar precisam preparar esse aluno para vivenciar suas
experiências nesta Sociedade da Informação, a qual produz um novo desafio na educação:
aprender a aprender (SILVA; NEVES; GOMES, 2013, p. 27).
Werthein (2000) considera a ideia de aprendizagem” a essência do novo paradigma
na Sociedade da Informação. “A noção de ‘aprendizagem’ passa a ser empregada em vários
níveis, sendo o organizacional sua aplicação de maior significado na reestruturação
capitalista no novo paradigma.” (WERTHEIN, 2000, p. 73).
Essa concepção inicial de aprendizagem apenas organizacional foi logo superada e
hoje se percebe que precisamos ter habilidades, atitudes e competências em todos os ramos
do nosso fazer, e essas competências podem ser ensinadas às crianças nas séries inicias até a
vida adulta. A verdade é que se tivermos nas bibliotecas programas que trabalhem
conteúdos de buscas, avaliações e usos das informações, conforme descritas por Alarcão
(2011, p. 19), prepararemos os cidadãos para encontrarem as informações necessárias, para
decidirem sobre as suas relevâncias e para avaliarem a sua fidedignidade. Sem o saber que
lhe permita acessar a informação e ter um pensamento independente e crítico, esse usuário
poderá ser manipulado e infoexcluído.
Sendo assim, a escola, na figura do professor, e a biblioteca da escola precisam
preparar esse aluno para vivenciar suas experiências nesta Sociedade da Informação, que
produz um novo desafio na educação: o aprender a aprender. A biblioteca precisa ofertar
variadas fontes de informação e ensinar os alunos a se tornarem autônomos na pesquisa
escolar, pois nesta atividade os alunos têm a oportunidade de vivenciar as etapas de um
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programa que desenvolva competências em informação, tais como: possuir a necessidade de
informação, acessar conteúdos, usar a informação e transformar em um novo conteúdo.
Assim, o aluno terá independência e levará esse aprendizado para a sua vida
cotidiana e profissional. Nesta perspectiva, Kuhlthau assegura que esse aprendizado serve
para todas as fases da vida:
O trabalhador precisa de um alto nível de competência e de habilidade para se
adaptar em ambientes em constante mutação. Em segundo lugar, na preparação do
estudante para a cidadania é necessário considerar as maneiras pelas quais a
tecnologia muda o senso de comunidade do individuo e suscita questões urgentes
sobre a sua forma de participação como eleitor informado em uma sociedade
democrática. Em terceiro lugar, na preparação de estudantes para a vida cotidiana
devem-se considerar as formas pelas quais a tecnologia aumenta a complexidade da
vida e desencadeia questões problemáticas sobre como o indivíduo alcança um
sentido de si mesmo em relação ao outro e desenvolve criatividade e satisfação
pessoal. (KUHLTHAU, 1999, p. 9).
A American Library Association (ALA, 1989) afirma que para uma pessoa ser
competente em informação é necessário um conjunto de habilidades que o indivíduo
necessita ter para reconhecer quando a informação é necessária, bem como capacidade de
avaliar, localizar e usar essa informação na produção de conhecimentos.
Pontes Júnior e Tálamo (2009, p. 82), baseados na Conferência Nacional de
Bibliotecas Universitárias ocorrida em Londres, em 1999, apresentaram o modelo que
mostra as habilidades e as relações com as competências na busca, recuperação e uso da
informação em sete pilares, através do qual o usuário progride na competência com perícia a
informação de que ele necessita, ao mesmo tempo praticando suas habilidades adquiridas ao
longo do processo.
Lau (2007, p. 13) assevera que as habilidades em informação são fatores-chave para o
aprendizado, principalmente no período educacional, pois existe uma relação entre
aprendizado ao longo da vida e o uso da informação. Por isso, o autor elaborou diretrizes
para criação de Desenvolvimento de Habilidade em Informação (DHI) em bibliotecas, local
apropriado para os alunos aprenderem a elaborar estratégias para encontrar a informação,
como, ao mesmo tempo, desenvolver o pensamento crítico para selecionar, avaliar e usar
essa informação.
A biblioteca poderá ser o espaço destinado a esses programas de ensino, ofertando
variadas fontes de informações e ensinando os alunos a se tornarem autônomos na pesquisa
escolar, na busca pela informação e na construção de um novo conhecimento. Assim, os
alunos terão independência e levarão esse aprendizado para a sua vida cotidiana e
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profissional (SILVA; NEVES; GOMES; 2013, p. 27).
Desse modo, habilitar os alunos a construírem seus próprios sentidos, possuindo
habilidades de leitura, escrita e cálculo, adaptando-se às TIC, pois eles precisarão
desenvolver habilidades que os ajudem a aprender a partir de uma abundância de
informações disponibilizadas pelas redes.
Ferreira (2004) assegura que a educação está relacionada com a difusão do
conhecimento via internet, o que tem proporcionado uma formação continuada na sociedade
desde o século XVI.
na época da Revolução Industrial se desenhava o projeto informático, como
resultado histórico de movimentos que abrigavam tecnólogos, filósofos iluministas,
lógicos e matemáticos. Diga-se, de passagem, que até Marx advoga, posteriormente,
a representação do pensamento dialético através da matemática. O código binário, a
base dos sistemas de sinais da informática, foi criado por Francis Bacon (século XVI).
Descartes, Hobbes e Leibniz desenvolveram rias especulações e tentativas de
automatizar o processo de construção do conhecimento e de comunicação. A lógica
de Boole e a demonstração de Joseph Fourier (1768-1830) de que os sinais podem
ser matematizados deram um passo adiante no sentido da operacionalização dessas
prefigurações feitas pelos filósofos. Babagge (1792-1871), um tecnólogo, é quem
criará a transposição desses conhecimentos para o mundo prático. Primeiro, para a
produção industrial, com a automação através de cartões perfurados dos teares
Jacquard (criados em meados do século XVIII), a pedido de Napoleão. Segundo, com
os planos de máquinas (de cálculos complexos) visando à confecção de tabelas
numéricas para navegação (a pedido do governo inglês). Portanto, podemos falar da
informática como um projeto histórico iluminista de tecnologia construída por
estes e outros filósofos, matemáticos, lógicos e tecnólogos, cujo centro é a automação
dos processos de produção social de bens materiais e de bens simbólicos a
linguagem, o conhecimento e a comunicação. (FERREIRA, 2004, p. 231).
Embora a educação pautada no desenvolvimento da Sociedade da Informação seja um
fenômeno eminentemente contemporâneo, possui bases que remontam ao início da Idade
Moderna e que têm forte diálogo e conflito com os fundamentos históricos e tecnológicos do
regime industrial. O desenvolvimento das tecnologias digitais e suas contribuições para a
educação são buscas incessantes desde a Idade Moderna.
Isso não significa dizer que a sociedade industrial é semelhante à Sociedade da
Informação (a sociedade industrial está mais focada na tecnologia como ferramenta de uso
restrito para produção e consumo), mas o advento da segunda só pode ter sido constituído a
partir de rompimentos na forma de conduzir a produção, acesso, consumo e apropriação de
bens materiais e imateriais.
Uma Sociedade da Informação que é mais globalizada, compartilhada e planetária, na
medida em que a educação prima pelo desenvolvimento de competências para o uso crítico e
dinâmico das tecnologias que estimulem perspectivas de aprendizado de modo dialógico e
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autônomo, deve focalizar um olhar mais amplo para o desenvolvimento humano, e não
simplesmente mecânico.
No entanto, é preciso considerar que nem sempre discurso e prática no contexto da
Sociedade da Informação são tão próximos e harmoniosos em virtude de haver monopólios e
manipulações no controle e uso das tecnologias digitais (como grandes empresas públicas
e/ou privadas do capital midiático, industrial e bancário), interferindo negativamente no
processo de apropriação crítica da realidade pela população.
O Livro Verde da Sociedade da Informação trata a educação como elemento chave na
construção de uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado, e
vai além quando diz que:
[...] educar em uma sociedade da informação significa muito mais que treinar as
pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: tratase de
investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter
uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas
no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu
trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples
rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os
indivíduos para ‘aprender a aprender’, de modo a serem capazes de lidar
positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica
(TAKAHASHI, 2000, p. 45, grifo do autor).
Pensar a educação na Sociedade da Informação é pensar no papel que as Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC) desempenham na construção de uma sociedade que
tenha como prioridade a inclusão. A inclusão social pressupõe formação para a cidadania,
por isso, as TIC devem ser utilizadas para a democratização, para a transparência política e
para incentivar a mobilização dos cidadãos. Nesse sentido, as TIC devem ser utilizadas para
integrar a escola e a comunidade (TAKAHASHI, 2000). Formar cidadãos significa capacitar as
pessoas para a tomada de decisão.
Para se atingirem avanços efetivos e permanentes e educar a população para a
sociedade do conhecimento, torna-se necessário um conjunto amplo de ações
consistentes, complementares e contínuas, voltadas para a estrutura formal de
ensino e para a comunidade em geral. Ao lado da modernização e do
aperfeiçoamento do ensino de ciências nas escolas, tornam-se prioritários a elevação
da qualidade e do interesse da cobertura dos meios de comunicação aos assuntos de
Ciência, Tecnologia e Inovação; o desenvolvimento de redes de educação à distância
e a ampliação e o aperfeiçoamento de bibliotecas virtuais; o treinamento de
professores e produção de conteúdos para internet relacionados à divulgação
científica; o fortalecimento e a ampliação de museus e exposições de Ciência e
Tecnologia (BRASIL, 2002, p. 69).
Vieira (2005) justifica as mudanças ocorridas na sociedade como sendo desejáveis
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para uma Sociedade da Informação para todos:
[…] as mais significativas desde a Revolução Industrial, [e] são de longo alcance e
globais. Não se trata meramente de mudanças tecnológicas, pois elas afectarão todas
as pessoas, em todos os locais. Aproximando comunidades, rurais e urbanas, criando
riqueza e partilhando conhecimentos, têm um enorme potencial para enriquecer a
vida de todas as pessoas (COMISSÃO EUROPEIA, 1999, p. 2 apud VIEIRA, 2005, p.
87).
Vieira (2005, p. 82) relata ainda a diferença que existe nos documentos europeus
sobre o que seria o significado da máxima da educação na Sociedade da Informação:
“aprender ao longo da vida”. Conforme discutido pela autora em alguns documentos,
podemos concluir que os relatórios traduziram esses aprendizados como competências
digitais, trabalhar em equipe para resolver problemas, saber usar a informação e outras
competências informacionais necessárias aos indivíduos.
Caregnato (2000, p. 50) afirma que esse termo designa as habilidades que o indivíduo
precisa ter no uso das bibliotecas, no percurso dos estudos, a cognição necessária para a
manipulação da informação, e outros. Lau (2007) apresenta diferentes conceitos de
habilidades em informação de diferentes autores e associações. O autor cita American
Association of School Librarians (AASL), que se refere a habilidades em informação, como as
“habilidades para acessar e usar a informação”, e afirma ainda que “estudantes com
habilidades em informação acessam a informação de forma efetiva e eficientemente, avaliam
a informação de maneira crítica e competente e utilizam de maneira criativa e precisa.” (LAU,
2007, p. 7).
Para a nova sociedade baseada no conhecimento e uso da informação e das
tecnologias digitais, o aprendizado ao longo da vida e as habilidades informacionais
começam a dar espaço a outro termo designado de competência em informação, que não se
limita ao conhecimento do uso das fontes de informação e de bibliotecas, mas diz respeito,
sobretudo, em entender, avaliar criticamente e usar o autoaprendizado e a tecnologia de
forma ética. Coelho (2008, p. 39) assevera que a origem do termo competência em
informação está no próprio contexto da Sociedade da Informação, em decorrência do
aumento do volume de informações, do incremento das tecnologias, como também da
síndrome da fadiga da informação.
O conceito de competência informacional, associado com aprendizagem ao longo da
vida, foi enfatizado, inicialmente em todos os setores da educação, ampliando-se o
interesse para os profissionais da informação e preconizando-se a necessidade de
educar todas as pessoas para viverem e trabalharem na sociedade da informação
(AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1989, p. 1).
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A competência em informação, termo que utilizamos nesse estudo, constitui uma
capacidade essencial aos cidadãos para se adaptarem à nova realidade da sociedade
informacional, implicando que as pessoas tenham capacidade de entender suas necessidades
de informação e de localizar, selecionar e interpretar informações, utilizando-as de forma
crítica e responsável.
Para que estes objetivos possam ser alcançados em uma biblioteca escolar, e que a
mesma possa construir sentidos na vida de um aluno, será necessária uma reestruturação na
aprendizagem baseada em questionamentos, “onde o estudante está envolvido ativamente
no processo de construção de significados.” (KUHLTHAU, 1999, p. 10). Nesse cenário, o
bibliotecário deverá desempenhar um papel importante na criação de uma biblioteca escolar
como centro de questionamentos, tornando-se o mediador da informação.
3 DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO A PARTIR DA BIBLIOTECA
NA ESCOLA
O termo competência em informação culminou com a publicação, em 1989, do
relatório final do Presidential Committee on Information Literacy da American Library
Association (ALA), designando um conjunto de habilidades e conhecimentos necessários a
um indivíduo para conviver na sociedade atual.
O mais importante dos documentos sobre competência em informação, e que diz
respeito à biblioteca escolar, é o Information Power, de 1998, o qual indica competências a
serem desenvolvidas na escola, além das funções desse tipo de biblioteca e do profissional
que nela atua.
Quadro 1 Normas de competência em informação.
Competência
informacional
1.
O aluno que tem competência informacional acessa a informação de forma
eficiente e efetiva;
2.
O aluno que tem competência informacional avalia a informação de forma
critica e competente;
3.
O aluno que tem competência informacional usa a informação com precisão e
criatividade;
Aprendizagem
independente
4.
O aluno que tem capacidade de aprender com independência possui
competência informacional e busca informação relacionada com os seus
interesses pessoais com persistência;
5.
O aluno que tem capacidade de aprender com independência possui
competência informacional e aprecia literatura e outras formas criativas de
expressão da informação;
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6.
O aluno que tem capacidade de aprender com independência possui
competência informacional e se esforça para obter excelência na busca de
informação e de geração de conhecimentos.
Responsabilidade
Social
7.
O aluno que contribui positivamente para a comunidade de aprendizagem e
para a sociedade tem competência informacional e pratica o comportamento
ético em relação à informação e à tecnologia da informação;
8.
O aluno que contribui positivamente para a comunidade de aprendizagem e
para a sociedade tem competência informacional e pratica o comportamento
ético em relação à informação e à tecnologia da informação;
9.
O aluno que contribui positivamente para a comunidade de aprendizagem e
para a sociedade informacional tem competência informacional e participa
efetivamente de grupos, a fim de buscar e gerar informação.
Fonte: AASL, adaptado de Campelo (2006).
A competência informacional concentra-se em dar ao aluno ou ao trabalhador
ferramentas que lhes proporcionarão aprendizagem continuada para fazer pesquisa
independente, conduzida e direcionada pelos seus próprios entendimentos, para aprender e,
por conseguinte, contribuir de forma positiva com a sociedade (COELHO, 2008, p. 64).
A expressão competência informacional originou-se em meio ao surgimento da
Sociedade da Informação que se caracterizou pelo rápido crescimento das
informações disponibilizadas e as mudanças ocasionadas pelas tecnologias usadas
no ciclo informacional. A noção de tecnologia da informação que perpassa no
conceito de competência em informação é considerada por Campelo (2009) como
uma consequência natural do conceito de Sociedade da Informação.
Na atual sociedade, uma das principais tarefas da biblioteca escolar é proporcionar o
uso de fontes de informação e transformação dessas informações em conhecimentos,
especialmente dos estudantes em fase de aprendizagem.
O conceito de Sociedade da Informação pressupõe que exista uma aprendizagem ao
longo da vida e o desenvolvimento de habilidades para o uso da informação, de acordo com o
contexto social no qual o indivíduo está inserido. Faz-se necessário, portanto, conhecimento
sobre o acesso à informação e seu uso crítico e eficaz.
Campelo (2003, p. 30), ao citar uma publicação de 1998, intitulada Association for
Educational Communications and Technology Information power: building partnerships for
leaning, da American Association of School Librarians (AASL), sintetiza o contexto que
justifica a exigência inevitável da competência em informação na Sociedade da Informação
como o espaço mais abrangente por onde trafega o movimento da competência em
informação. É o mundo ‘alterado pela rápida disponibilização de uma abrangência de
informação, em uma variedade de formatos’.
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É um ambiente o diferente e mutante que exige novas habilidades para nele se
sobreviver. Espaço problemático e interconectado, que vai demandar que as
crianças desenvolvam capacidades que lhes permitam aprender a reconhecer e lidar
com visões de mundo diferentes das suas (CAMPELO, 2003, p. 33).
Nesta Sociedade da Informação, uma das tarefas importantes da biblioteca escolar é
proporcionar o uso de fontes de informação e transformação dessas informações em
conhecimento, especialmente dos estudantes em fase de aprendizagem, sendo que
professores e bibliotecários precisam formar experiência para desenvolver a competência
em informação no estudante.
Nessa perspectiva, as escolas precisam preparar seus estudantes para um mundo
voltado para a era tecnológica. Como assegura Kuhlthau (1999, p. 9), “não se pode perder de
vista que o mundo para o qual está se preparando o estudante é um mundo voltado para a
tecnologia.”
O trabalhador precisa de um alto nível de competência e de habilidade para se
adaptar em ambientes em constante mutação. Em segundo lugar, na preparação do
estudante para a cidadania é necessário considerar as maneiras pelas quais a
tecnologia muda o senso de comunidade do indivíduo e suscita questões urgentes
sobre a sua forma de participação como eleitor informado em uma sociedade
democrática. Em terceiro lugar, na preparação de estudantes para a vida cotidiana
deve-se considerar as formas pelas quais a tecnologia aumenta a complexidade da
vida e desencadeia questões problemáticas sobre como o indivíduo alcança um
sentido de si mesmo em relação ao outro e desenvolve criatividade e satisfação
pessoal (KUHLTHAU, 1999, p. 9).
Desse modo, a competência em informação habilita o aluno a construir seus próprios
sentidos, possuindo habilidades de leitura, escrita e cálculo, adaptando-se às TIC, pois ele
precisa desenvolver habilidades que o ajudem a aprender a partir de uma abundância de
informações.
Para que este objetivo possa ser alcançado em uma biblioteca escolar, e que a mesma
possa construir sentidos na vida de um aluno, será necessária uma reestruturação na
aprendizagem baseada em questionamentos, “onde o estudante estará envolvido ativamente
no processo de construção de significados.” (KUHLTHAU, 1999, p. 10). Nesse cenário, o
bibliotecário deverá desempenhar um papel importante na criação de uma biblioteca escolar
como centro de questionamentos.
Pensando nesse sentido é que a bibliotecária norte-americana Kuhlthau (1991)
pesquisou e desenvolveu o modelo ISP, que é uma abordagem alternativa ao modelo do
comportamento informacional que descreve pessoas que procuram informação para realizar
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uma determinada tarefa dentro de um determinado período de tempo, como o caso da
pesquisa na biblioteca escolar. Segundo Campelo (2010, p. 27), a aprendizagem nesse
processo acontece pela construção ativa de novas ideias ligadas aos processos cognitivos de
cada aluno. Para Kuhlthau (2010, p. 24), a pesquisa que utiliza a abordagem baseada em
processos combina a aprendizagem de conteúdos com a de habilidades de uso da
informação, necessários para lidar com problemas reais em contextos do mundo real na era
da informação.”
Nesse sentido, a biblioteca escolar deve assegurar que o aluno tenha uma
aprendizagem baseada em processos para a atividade da pesquisa escolar, que deverá “estar
centrada na construção do conhecimento do usuário.” (CARVALHO SILVA; SILVA, 2012, p.
17).
Demo (1996) considera que a educação pela pesquisa ocorre em dois momentos: o
primeiro é quando o professor aplica a pesquisa no seu cotidiano e faz dele uso constante
dessa atividade, servindo, assim, de exemplo para os seus alunos; e o segundo, quando o
aluno apreende os passos da pesquisa e passa a ser companheiro de trabalho desse
professor. Para isso, é necessário competências do professor, orientador da pesquisa escolar;
do bibliotecário, responsável pelo ensinamento das fontes de informação e orientação para a
pesquisa na biblioteca escolar; e do aluno, a quem se destina a educação pela pesquisa.
Segundo Carvalho Silva e Silva (2012, p. 19, adaptado de DEMO, 1996), para
incentivar o hábito de pesquisa, a biblioteca da escola poderá mediar atividades que possam
ser aplicadas, tais como: elaborar guias para elaboração de artigos, projetos, monografias,
normalização e outros; promover a divulgação permanente de eventos, revistas e produção
dos docentes; estimular a atividade de pesquisa como a produção do conhecimento; elaborar
eventos, palestras e outras atividades que abordem o cotidiano da comunidade.
Kuhlthau (2010, p. 24) completa dizendo que:
desenvolver habilidades de pesquisa como um processo de busca da informação.
Sendo necessário para muitos indivíduos na Sociedade da Informação possuir a
habilidade de identificar necessidades de informação, localizar informações
apropriadas e utilizá-las para aprender, tomar decisões e resolver problemas é
necessário a qualquer pessoa.
O modelo do processo de busca da informação desenvolvido por Kuhlthau para a
pesquisa ocorre em seis estágios (iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta,
apresentação) e deverá ser aplicado em uma biblioteca tanto escolar quanto em outras fases
de aprendizagem. Os estágios do processo são denominados de acordo com a tarefa a ser
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realizada e os sentimentos que envolvem cada etapa. A avaliação ao final do processo torna-
se necessária para examinar o progresso que foi obtido pelo aluno.
Na fase inicial do processo de busca da informação, o aluno sente-se confuso e
inseguro, pois ainda não possui domínio do conteúdo abordado para a pesquisa. Como
assegura Campelo (2010, p. 27), a biblioteca escolar nesta fase pode ser o espaço para o
desenvolvimento dessa atividade, e o bibliotecário da escola pode ser o parceiro nesse
processo junto ao professor.
Figura 1 Processo de busca da informação.
Fonte: Adaptado de Kuhlthau (1991).
Uma boa biblioteca possuindo coleções selecionadas que atendam aos perfis do seu
público, sendo organizada de forma a permitir que os alunos encontrem os materiais que
procuram, também pode auxiliar os alunos no processo de busca da informação, fazendo
com que, durante a fase de seleção, o aluno possa diminuir a sua incerteza e começar a se
familiarizar com o que está pesquisando.
Possuindo um pouco de certeza e sensação de otimismo, o estudante começa a fase de
exploração dos materiais necessários à sua produção, nesta fase ele será capaz de coletar
informações que o ajudem a formular o foco da sua pesquisa, mais uma vez uma biblioteca
bem organizada, com um bibliotecário auxiliando o processo de busca da informação, poderá
fazer com que esse aluno encontre o foco da sua pesquisa de forma mais rápida e com
qualidade de busca. Nesse momento, o estudante precisa ter conhecimento sobre a literatura
daquilo que ele estabeleceu como foco para o seu trabalho. Em seguida, o aluno percebe a
sua perspectiva em relação ao que ele está pesquisando, tomando consciência de suas
necessidades. Na fase da coleta, o aluno deverá reunir todos os materiais que ele selecionou,
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fazendo conexões entre as informações e produzindo o texto que será apresentado para os
seus colegas e professores.
O processo de produção do conhecimento é um meio adequado para levar os alunos a
trabalhar com autonomia, usando variadas fontes de informação. Essa perspectiva está
centrada no processo de aprendizagem construtivista, que vem realizando estudos para
ajudar a entender como as pessoas aprendem pela busca e uso de informações.
Segundo este referencial, o conhecimento não é uma representação da realidade,
mas um mapeamento das ações e operações conceituais que provaram ser viáveis na
experiência do indivíduo. Portanto, a aprendizagem é um resultado adaptativo que
tem natureza social, histórica e cultural. […] o processo de desenvolvimento é
otimizado pelo aprendizado e que a presença ou a colaboração de outra pessoa mais
capaz conduz este processo, o referencial sócio construtivista situa a educação e a
escola como tendo um papel essencial na promoção do desenvolvimento dos
indivíduos, e o professor, como planejador, observador, promotor e desafiador do
desenvolvimento dos mesmos. (BOIKO; ZAMBERLAN, 2001, p. 51).
Documentos elaborados em reuniões que abordavam a competência em informação,
como as de Praga, em 2003, e Alexandria, em 2005, sugerem a formação do usuário da
informação, declarando que a competência em informação é um pré-requisito básico para
uma participação efetiva do indivíduo na Sociedade da Informação, tendo como conexão a
aprendizagem permanente.
A formação de usuários no processo de busca e uso da informação tem como sentido
contar com um usuário formado que tenha competências suficientes para entender o que é a
informação e o seu processo de produção, organização, recuperação uso e transformação
para uma nova informação e conhecimento em função da sua vida pessoal e social.
Muitos documentos debatidos sobre o tema abordaram diretrizes para a formação de
usuários da informação, tais como: a informação e sua importância; orientação e instrução
da biblioteca; uso e produção da informação. Nesse sentido, o que as pessoas necessitam não
é simplesmente saber usar a biblioteca, e sim dominar as competências para informar-se e
usar a informação disponível em qualquer suporte e lugar, o que implica conhecer as fontes
e aplicar os procedimentos adequados para obter informação.
4 METODOLOGIA
Como o objeto empírico desta investigação são as bibliotecas de uma instituição, a
pesquisa se apoiou no método de estudo de caso, que, segundo Goldenberg (2011, p. 33), não
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é uma técnica específica, mas sim uma análise holística, a mais completa possível, que
considera a unidade social estudada como um todo. Sendo o principal objetivo do estudo de
caso compreender a instituição ou a comunidade em seus próprios termos.
Segundo Bell (2008, p. 17), o método de estudo de caso pode ser apropriado para
pesquisas em Ciências Sociais “[...] porque possibilita que um determinado aspecto de um
problema seja estudado com alguma profundidade.” O mesmo autor ressalta, ainda, que
todas as organizações e indivíduos possuem suas características comuns e específicas, por
isso um estudo de caso nessas organizações visa identificar os vários processos interativos
que influenciam a maneira como as organizações funcionam. Para completar, o estudo de
caso tem sido feito sobre decisões, programas, processos de implantação e mudança
organizacional (YIN, 2010).
No primeiro momento desta investigação foi realizado um levantamento bibliográfico
sobre o tema biblioteca escolar e estudo de usuários da informação: conceitos e
competências apontadas pela literatura, além do histórico do IFBA, uma instituição
centenária. Essa etapa objetivou uma aproximação teórica com o tema da pesquisa para
elaboração do instrumento de coleta de dados.
A abordagem de tratamento dos dados nesse estudo é qualitativa e quantitativa
(quali-quanti), pois a análise apresenta dados do discurso da pesquisa qualitativa e
procedimentos estatísticos com validade científica da pesquisa quantitativa (BARROS;
LEHFELD, 2010), em nível descritivo, pois, segundo Gil (2010), a pesquisa descritiva tem
como objetivo a descrição das características de determinada população, incluindo as
características de um grupo, utilizando-se da técnica de aplicação de questionários. Os
questionários foram aplicados aos discentes, docentes e técnico-administrativos do IFBA, via
e-mail e por meio do portal da Instituição. Segundo Cunha (1982, p. 8), “[...] O questionário é
autoadministrável podendo ser empregado na ausência do pesquisador.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o desenvolvimento da pesquisa, além de armazenar, classificar e codificar as
observações feitas e os dados obtidos, o mais importante desta fase da pesquisa é analisá-los.
Para Barros e Lehfeld (2010, p. 87), analisar os dados significa buscar o sentido mais
explicativo dos resultados da pesquisa.
Conforme explicado anteriormente, aplicamos os instrumentos para coleta de dados,
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os questionários eletrônicos disponibilizados na página web do Sistema de Bibliotecas e
encaminhado por e-mail na lista oficial do Instituto, por um período de três meses
(setembro/ outubro/novembro/ 2017) para discentes e servidores da instituição.
Obteve-se um retorno de 229 respostas. Sendo que 151 dos respondentes eram
alunos, 22 respostas de técnico-administrativos e 56 respostas de professores dos seguintes
campi, conforme gráfico a seguir:
Gráfico 1 Distribuição dos respondentes por campus.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os cursos que mais participaram da pesquisa foram: Informática, Edificações,
Eletrônica, da modalidade Integrado, seguido dos cursos da graduação, Engenharia Elétrica,
Engenharia Civil, e Meio Ambiente, conforme observado nas respostas abertas.
Sobre a frequência desses usuários nos espaços das bibliotecas, percebe-se que
diariamente frequentam a biblioteca, sendo 32,8% dos entrevistados confirmam essa
frequência diária e outros 45% frequentam até três vezes na semana. A frequência diária na
biblioteca é quase que exclusivamente para empréstimos e devoluções de obras, seguida da
consulta e leitura nos ambientes individuais. Corroborando isso, percebe-se que os usuários
só estão em busca de livros físicos, em consonância com gráfico 2:
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Gráfico 2 Serviços mais utilizados.
Fonte: Dados da pesquisa.
A reforma do ensino, pautada na Escola Nova idealizada por Anísio Teixeira,
legitimou a biblioteca escolar, construindo uma valorização educativa e de estímulo ao
processo de ensino-aprendizagem. Nesse período ocorre ao discurso da importância da
composição do acervo e da participação direta dos usuários discentes e dos pais na
construção da biblioteca escolar, por meio de ações pedagógicas. Além do acervo, contendo
suportes físicos e virtuais, a biblioteca deve disponibilizar serviços de aprendizagem e o uso
efetivo das tecnologias digitais.
A biblioteca deve exercer as funções de incentivo à leitura dos estudantes, aprimorar
a produção e uso da informação em diversos suportes e meios de comunicação, apoiar as
atividades integradas ao currículo da escola (UNESCO, 1999).
Desse modo, as bibliotecas do IFBA precisam criar maneiras de fidelizar esses
usuários em várias atividades, pois percebe-se que os usuários subutilizam a unidade de
informação por falta de conhecimento dos recursos disponíveis e das ações desenvolvidas
pela biblioteca. Os usuários deixam de conhecer outras formas de consulta e leitura, como,
por exemplo, os livros eletrônicos disponibilizados pela Instituição, de acordo com os
gráficos que se seguem:
Gráfico 3 Fontes de informações mais consultadas.
Fonte: Dados da pesquisa.
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Esse dado é reforçado quando a maioria dos respondentes afirmam que o conteúdo a
ser pesquisado possui um exemplar na biblioteca disponível para o empréstimo:
Gráfico 4 Disponibilidade de exemplares do livro.
Fonte: Dados da pesquisa.
Carvalho Silva e Silva (2012) entendem que a coleção da biblioteca o pode ser
realizada de maneira aleatória, a biblioteca precisa fornecer diversos suportes de busca de
conteúdo.
O acervo precisa ser formado e desenvolvido com critérios levando-se em conta o
Projeto Político Pedagógico da escola, em função das propostas curriculares de cada
área oferecendo materiais de consulta, acesso à internet, para garantir que os alunos
utilizem esse tipo de recurso, livros para empréstimo domiciliar e periódicos.
(CARVALHO SILVA; SILVA, 2012, p. 12).
Desse modo, o aluno terá uma vasta gama de possibilidades de realizar uma pesquisa,
um trabalho ou até mesmo de uma leitura. Mas, na prática, a realidade apresenta uma
distorção, pois, mesmo com outras ferramentas de busca, o aluno ainda desconhece os
instrumentos que estão à sua disposição.
Gráfico 5 Utilização das bases de livros eletrônicos.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os 79% dos respondentes desconhecem as bases de livros eletrônicos assinados pela
Instituição, sendo isso proveniente da falta de treinamentos ou divulgação aos usuários dos
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sistemas vigentes. Como um ponto está implicitamente ligado a outro, provavelmente seja
um dos motivos que geram a insatisfação do usuário, frente à falta de livros físicos
insuficientes para empréstimos in loco.
A biblioteca tem a tarefa de coletar e disponibilizar materiais informacionais nos
diversos formatos, tanto em papel quanto em audiovisuais e meios eletrônicos, como a
internet. Dessa maneira, a coleção da biblioteca não é um conjunto de materiais reunidos
aleatoriamente e sem nenhum propósito (CAMPELO, 2009).
Gráfico 6 Satisfação do usuário em relação ao acervo.
Fonte: Dados da pesquisa.
Como percebe-se no gráfico 6, quando os usuários não encontram o livro físico
específico que procuram para a pesquisa, eles afirmaram que preferem buscar a informação
em outros recursos, como o Google, deixando de realizar as suas buscas nos livros
acadêmicos digitais ou desistindo da busca. Apenas 9,6% dos usuários que responderam ao
questionário informaram que buscam o bibliotecário do campus ou de outra unidade para
sanar dúvidas e orientá-los quanto a uma nova estratégia de busca. Percebe-se, também,
uma deturpação nesse gráfico quanto à insatisfação apresentada na quantidade de livros
disponíveis para empréstimos na biblioteca, pois no gráfico 4, o usuário considera-se
satisfeito com a disponibilidade dos livros para empréstimos.
Gráfico 7 Estratégias para a busca da informação.
Fonte: Dados da pesquisa.
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O gráfico 7 deixa claro que não existe envolvimento dos usuários em relação à busca
pela informação, necessitando do envolvimento do bibliotecário para orientar essa busca. A
pesquisa é uma didática que pressupõe o envolvimento ativo do usuário na construção de
seu conhecimento. Como estratégia didática, deve ser, portanto, orientada e mediada.
Conforme destacou Campelo (2009, p. 42), a pesquisa orientada é definida como a
intervenção do professor e do bibliotecário, cuidadosamente planejada e supervisionada
para orientar os usuários na exploração de temas.
No âmbito da biblioteca, a teoria aponta que o bibliotecário que atua na escola deve
ser ativo, e a mediação da informação deve fazer parte de todos os fazeres desse profissional.
O fato é que bibliotecários precisam participar do processo de aprendizagem, trabalhando
em colaboração com o professor, e eliminar o que Campelo (2009) chamou de “característica
típica do bibliotecário: a preferência por trabalhar isolado.”
Gráfico 8 Oferta de serviços e produtos.
Fonte: Dados da pesquisa.
O envolvimento do bibliotecário na orientação aos usuários para a busca da
informação poderia refletir nas respostas do gráfico 8. Nesse caso específico, os usuários
conhecem apenas o serviço básico da biblioteca: reserva/renovação/empréstimo.
O trabalho em colaboração do bibliotecário e do docente poderá refletir em uma boa
orientação do que seja a biblioteca dentro da instituição de ensino. Os usuários precisam
conhecer a oferta de serviços e produtos disponíveis na biblioteca para que possam ter a
empatia de sugerir, por exemplo, a aquisição de livros paradidáticos, o que não ocorre
atualmente em muitos campi, conforme a fala de muitos alunos que responderam ao
questionário. Mesmo com todas as dificuldades apresentadas nessa pesquisa, os usuários
sentem que os serviços oferecidos e as atividades desempenhadas na biblioteca estão
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compatíveis com as suas necessidades, visto que a necessidade de informação desses
usuários tem se resumido à busca pela informação do livro impresso.
A mediação da informação está ligada a todo o fazer do profissional da informação, e
é um efetivo instrumento para reflexões e estudos no campo da Ciência da Informação.
Sendo assim, significa dizer que a mediação da informação é uma atividade que está inserida
no cotidiano, é construída por meio do diálogo com o ser e com vistas à satisfação de
determinadas necessidades informacionais (CARVALHO SILVA; SILVA, 2012, p. 4).
Partindo da premissa que a mediação permeia por todas as atividades do
bibliotecário, é natural que esse profissional as desenvolva naturalmente, contribuindo com
a formação do aluno. Provavelmente este é o motivo para que 72,5% dos participantes
informaram estarem satisfeitos com os serviços da sua biblioteca.
Gráfico 9 Grau de satisfação com os serviços oferecidos na biblioteca.
Fonte: Dados da pesquisa.
Mesmo desconhecendo alguns serviços da biblioteca, 72,5% dos usuários sentem-se
satisfeitos com os serviços que conhecem, nesse caso empréstimo/renovação. Para atuar na
Sociedade da Informação, o indivíduo deve reconhecer quando precisa de informação e deve
possuir habilidades para saber localizar, avaliar e usar efetivamente a informação, assim
como habilidades para utilizar a biblioteca (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1989).
Conforme Bagno (1998), ensinar a aprender também é criar possibilidades para que
o usuário chegue sozinho às fontes de conhecimento que estão à sua disposição. Ensinar a
aprender, então, o é apenas mostrar os caminhos, mas também orientar o usuário para
que desenvolva um olhar crítico que lhe permita reconhecer as trilhas que conduzem às
verdadeiras fontes de informação e conhecimento.
A transição da busca e uso da informação do meio físico (biblioteca) para o meio
eletrônico (internet) ocorre, por ser este um dos novos hábitos de pesquisa na
Silva; Lima | Estudo de usuários para o desenvolvimento das atividades nas bibliotecas do IFBA
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contemporaneidade, na qual a internet desempenha grandes funções, tais como: pesquisar,
comunicar e publicar. Possuir a habilidade para a busca de informação é tão necessário
quanto selecionar e avaliar essa informação na web (VIEIRA, 2005). Desse modo, ter acesso
a uma boa rede de internet é fundamental nos dias atuais, principalmente no espaço da
biblioteca, onde muitas atividades deixaram de ser no meio físico, principalmente os
empréstimos, consultas e renovações realizadas constantemente pelos usuários. Assim,
procuramos saber como é a rede wireless do campus no gráfico a seguir:
Gráfico 10 Satisfação com a rede wireless na biblioteca.
Fonte: Dados da pesquisa.
A utilização de uma boa internet também se faz necessária tanto para pesquisas dos
usuários quanto para um bom funcionamento do sistema de bibliotecas web. No caso do
gráfico 10, precisamos ter mais atenção para melhorar esse conteúdo nas unidades.
Em relação ao espaço físico ou à infraestrutura dos ambientes relativos às bibliotecas,
os usuários apresentaram uma grande insatisfação em itens que podem e devem ser
melhorados nas bibliotecas do IFBA, tais como:
Melhorar a área de estudos coletivos para que o barulho causado pelo grupo não
atrapalhe os estudos individuais;
Melhorar a área de estudos individuais para aqueles que precisam de espaços onde
possam concentrar-se melhor nos estudos;
O silêncio precisa ser preservado no dia a dia, deixando o barulho para momento de
atividades culturais ou outro tipo de atividades que movimentem a biblioteca para os
grandes grupos;
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A quantidade de computadores para pesquisa, assim como a sua manutenção
constante é algo que pode melhorar em todos os campi;
Manutenção dos banheiros próximos à área da biblioteca;
A disponibilidade de guarda-volumes na entrada de cada biblioteca, permitindo com
que os alunos possam utilizar os escaninhos para além da permanência no espaço da
biblioteca.
São pequenas ações que podem melhorar muito a perspectiva do usuário em relação
ao ambiente físico da biblioteca e fazer com que o espaço possa contribuir, e muito, no
processo educacional.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aquisição e partilha de conhecimentos passa a ser o instrumento modificador nas
estruturas cognitivas do sujeito, alterando a consciência humana e produzindo
conhecimento no indivíduo ao trazer benefícios para o desenvolvimento social. A informação
passa a ser a condição necessária para o indivíduo adquirir conhecimento e aprender a
aprender ao longo da vida.
A escola é o local onde as novas habilidades podem ser adquiridas, sendo a biblioteca
o ambiente propício da nova educação, pois é o espaço onde os alunos deverão aprender a
lidar com as variadas fontes e recursos de informação e, sobretudo, com a internet.
A biblioteca da escola é o espaço apropriado para fomentar programas que ensinem
habilidades informacionais aos alunos com programas de competência em informação,
auxiliando os mesmos na busca do conhecimento no processo da pesquisa escolar.
Os resultados alcançados apresentam a evidência de que os usuários possuem pouca
familiaridade com a biblioteca. Eles não têm o hábito de frequentar a biblioteca como espaço
de aprendizagem. Aqueles que frequentam a biblioteca o fazem por razões diversas, dentre
muitas, utilizar o espaço apenas para encontrar amigos ou utilizar o acesso à internet para
outras finalidades.
Isso pode ser considerado como um aspecto negativo para a imagem da biblioteca no
IFBA, que é corroborado quando eles afirmam que frequentam pouco a biblioteca do campus,
mesmo com a estrutura diferenciada dessas bibliotecas em relação a outras do mesmo
município.
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Por outro lado, constatamos que os servidores também frequentam pouco o ambiente
da biblioteca nos campi do IFBA, mesmo reconhecendo a sua importância no processo de
ensino-aprendizagem. Os dados levantados apresentam, ainda, que os usuários buscam
informações diretamente em fontes digitais, sendo esse o motivo da baixa frequência nos
ambientes de aprendizagem da biblioteca.
Os dados levantados apresentam o fato de que os usuários não conhecem os passos
necessários para usar a biblioteca de forma independente, desconhecem o papel do
bibliotecário que, por sua vez, pouco tem feito para apresentar o seu papel de educador e
mediador da informação.
Isso pode ser justificado quando percebemos que as bibliotecas do IFBA possuem um
diferencial em relação a outros tipos de bibliotecas. As bibliotecas funcionam em horários
ininterruptos para atendimento a alunos de diversas modalidades de ensino, comunidade
interna e externa. Dessa forma, o bibliotecário, que em muitos casos está sozinho no campus,
divide-se entre tarefas de cunho administrativo, atendimentos em geral, na função de
catalogador, proponente de atividades culturais, e outras, não sendo, muitas vezes, possível
administrar o seu tempo na função de mediador e colaborador para o desenvolvimento de
atividades que desenvolvam a competência em informação em seus usuários.
Diante dessa dificuldade do bibliotecário de realizar a sua função educacional,
percebe-se que os usuários continuam com a visão limitada sobre o espaço da biblioteca, não
conhecendo profundamente a sua importância no contexto pedagógico. Tanto alunos quanto
outros membros da comunidade interna não olham para biblioteca como espaço que deve
ser aproveitado por todos, principalmente na realização da pesquisa.
A pesquisa normalmente é realizada com buscas diretamente no Google e sites
similares. Por outro lado, também existe um pequeno grupo de usuários que aprenderam a
utilizar outras formas de pesquisa na internet, tais como: o Portal de Periódicos da CAPES e
o SciELO, ensinados, muitas vezes, pelos professores em sala de aula, fora do espaço da
biblioteca e sem a interferência do bibliotecário, desconhecendo outras fontes disponíveis
como as bibliotecas virtuais da instituição.
O fato é que tanto servidores quanto alunos desconhecem a função educativa do
bibliotecário na figura de mediador e de educador para o desenvolvimento da competência
em informação, desconsiderando-o como aquele que poderia ensiná-los a localizar a
informação de forma efetiva nas fontes de informação confiáveis.
O bibliotecário poderia contribuir com a busca pela informação dos usuários em fase
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escolar, ensinando a eles o conhecimento mínimo de fontes de informação, além de ensinar a
avaliar a informação encontrada nos diferentes suportes. A biblioteca do campus
contribuiria com essa formação se conhecesse os seus usuários e as suas necessidades de
informação, através de um estudo da comunidade, de forma que organizasse atividades de
formação de usuários para o processo da pesquisa. Atualmente, percebemos que o usuário
pouco conhece os serviços que a biblioteca pode lhes oferecer e buscam os auxiliares de
biblioteca e, algumas vezes, o bibliotecário para informar sobre algum livro do acervo que
ele não tenha localizado. Da mesma forma, o bibliotecário conhece pouco o perfil de seus
usuários e quais as suas reais necessidades de informação.
Para ocorrer uma mudança nas estruturas das bibliotecas, onde a mesma possa
inserir-se no cotidiano dos usuários, é necessário que haja uma colaboração entre
professores e bibliotecários no sentido de se tornarem mediadores da informação no
processo da pesquisa, promovendo, assim, o senso crítico nos usuários a partir da concepção
construtivista, aprendendo a aprender ao longo da vida e sentindo o prazer na busca das
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SOBRE AS AUTORAS
Andréia Santos Ribeiro Silva
Bibliotecária do Instituto Federal da Bahia (IFBA). Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA).
E-mail: asribeiro2001@gmail.com
Marcia Ferreira Lima
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
E-mail: marcialima100@hotmail.com
Recebido em: 09/03/2018; Aceito em: 26/05/2018; Revisado em: 03/06/2018.
Como citar este artigo
SILVA, Andréia Santos Ribeiro; LIMA, Marcia Ferreira. Estudo de usuários para o desenvolvimento das
atividades nas bibliotecas do Instituto Federal da Bahia. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 52-80,
jan./jun. 2018.
ARTIGO
GESTÃO E MARKETING EM UNIDADE DE INFORMAÇÃO: competências
do profissional da informação
MANAGEMENT AND MARKETING IN INFORMATION UNIT: competences
of the information professional
Jade Gomes de Sousa Ferreira
UFC
Maria Aurea Montenegro Albuquerque Guerra
UFC
RESUMO
Apresenta o profissional bibliotecário e as possibilidades de se inserir no mercado de
trabalho, mostrando como as transformações na sociedade repercutem na sua atuação em
unidades de informação. O objetivo desse estudo é mostrar que o profissional da
informação contemporâneo tem necessidade de diferentes perfis e competências de
atuação, dentre esses a gestão voltada para a aplicação das ferramentas do marketing.
Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, realizada em artigos e livros de
autores que são expoentes na gestão e em marketing. Os resultados indicam que as
ferramentas de marketing contribuem para um alcance maior da divulgação de produtos e
serviços em unidades de informação. Seu alcance estende-se para uma proposta de gestão
de toda unidade de informação. Conclui-se que atualização e conhecimento dos
profissionais da informação, com novas estratégias de gestão, são condições emergentes.
Palavras-chave: Gestão e marketing em unidade de informação. Profissional da
informação contemporâneo. Bibliotecário.
ABSTRACT
It presents the professional librarian and the possibilities of insertion in the work market,
showing how the transformations in the society have repercussion in its action in
information units. The objective of this study is to show that the contemporary information
professional needs different profiles and performance skills, among which the management
focused on the application of marketing tools. The methodology used was bibliographic
research, carried out based on articles and books written by authors who are exponents in
management and marketing. The results indicate that the marketing tools contribute to a
greater reach of the dissemination of products and services in information units. Its scope
extends to a management proposal for the entire information unit. We conclude that
updating and knowledge of information professionals, with new management strategies,
are emerging conditions.
Keywords: Management and marketing in information units. Professional of contemporary
information. Librarian.
Inf. Pauta ISSN 2525-3468
Fortaleza, CE
v. 3
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Ferreira; Guerra | Gestão e marketing em unidade de informação
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ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
As mudanças são evidentes em todas as esferas da vida, seja ela social,
econômica, política, científica, tecnológica e, não menos importante, profissional. Na
composição desse pensamento, torna-se essencial discutir a influência do marketing na
gestão em unidades de informação, tendo como ponto de partida o reconhecimento da
profissão de bibliotecário como uma das mais antigas; portanto, mais passível de sofrer
as alterações oriundas das transformações sociais é que esta pesquisa se impõe. Tal
imposição refere-se ao modo de como o bibliotecário acompanha as transformações e se
alia a elas no seu fazer cotidiano. Neste sentido, o marketing se apresenta como uma
estratégia ou possibilidade de tornar a ação do bibliotecário mais competitiva, signo da
sociedade contemporânea.
Essas alterações giram em torno da informação, de sua geração, armazenamento
e disseminação. Segundo Castro (2000, p. 144), dentre todas as transformações
ocorridas no mundo, a da informação é a que maior impacto causou no século XX, visto
que ela não obedece a fronteiras, ou seja, não tem espaço determinado de origem e seu
significado também passou por alterações.
O conceito de informação, segundo Capurro e Hjorland (2007), no sentindo de
conhecimento comunicado, desempenha um papel central na sociedade contemporânea.
É comum considerar a informação condição básica para o desenvolvimento econômico,
juntamente com o capital, o trabalho e a matéria-prima, mas o que torna a informação
especialmente significativa na atualidade é sua natureza digital.
Essas mutações implicam diretamente no profissional da informação, que,
diante dos avanços tecnológicos, em face ao crescimento acelerado da informação,
deixou de usar apenas as técnicas e passou a exercer, também, o intelectual. Diante
disso, o bibliotecário passou a realizar atividades antes não vistas na sua composição
profissional, a exemplo do marketing. Com o avanço econômico, científico e tecnológico,
surgiram oportunidades de inserção e expansão no mercado de trabalho de novas
profissões na área de Ciência da Informação (CI).
Deve-se reconhecer o valor dos conhecimentos e das habilidades da área, mas o
profissional deve estar preparado, também, para adquirir novas habilidades. Com as
Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), os bibliotecários tiveram que se
atualizar e adquirir competências para se comunicar através do novo meio o digital,
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ARTIGO
seja no setor de referência ou em outro. Entretanto, essas novas competências não
anularam as teorias consolidadas e se encaixaram em dois perfis profissionais
demandados na atualidade: o bibliotecário facilitador de informação e o bibliotecário
criador de conhecimento.
Nossa inquietação recai acerca do mercado de trabalho do bibliotecário, diante
das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, e o impacto dessas
transformações numa sociedade altamente competitiva e cada vez mais exigindo
propostas de gestão aderentes ao momento atual de crises. Neste sentido, o marketing
se apresenta como aliado para a gestão em unidades de informação, tendo em vista sua
eficácia numa perspectiva de alcance de objetivos organizacionais. Diante do contexto
enunciado, indagamos: em que medida o bibliotecário contemporâneo se alia ao
marketing na consecução dos objetivos organizacionais e quais competências são
necessárias para a adequação do marketing na gestão em unidade de informação?
Nosso objetivo é destacar as competências necessárias ao profissional da
informação/bibliotecário, no que diz respeito à gestão e ao marketing como elementos
constituintes do seu perfil profissional, e ainda mostrar que a gestão e o marketing em
unidades de informação são nichos de mercado altamente promissores e dinâmicos.
Assim, este artigo se apresenta em
três perspectivas: a informação como
elemento transformador na sociedade da informação; o profissional bibliotecário
contemporâneo; e a gestão e o marketing em unidade de informação.
2 A INFORMAÇÃO E SUA FORÇA DE TRANSFORMAÇÃO NA SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO
A informação é, hoje, a peça fundamental para entendermos as transformações
ocorridas no mundo, pois essa informacionalização afeta tanto as sociedades, a
economia, as relações de trabalho e o próprio indivíduo em suas relações.
Capurro e Hjorland (2007) enfatizam que o termo informação dentro da CI é o
que é informativo para uma determinada pessoa, ou seja, o informativo depende das
necessidades do indivíduo. Em consonância, Machlup (1983 apud CAPURRO;
HJORLAND, 2007) diz que a informação é um fenômeno humano, pois envolve
indivíduos, transmitindo e recebendo mensagens no contexto de suas ações possíveis.
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Para Capurro e Hjorland (2007, p. 164), informação não é um elemento observável
puro, mas construto teórico, ou seja, é um dado interpretado.
Portanto, a informação deve ser estudada como fator essencial que permite o
salto para a verdadeira transformação da sociedade. Esse conceito de informação
evoluirá à medida que evoluir o conceito de consciência coletiva da sociedade, isto
porque, quando uma sociedade evolui, ocorre a transformação advinda da mudança de
foco em relação aos fatores de produção e desenvolvimento econômico. A base dessa
transformação é que o setor de informação, no qual se inserem as unidades de
informação, é intensivo em conhecimento, e não em trabalho manual. O valor agregado
do conhecimento ou do segmento tecnológico é progressivamente mais importante e
incorporado ao bem, provocando a transformação industrial da matéria-prima pelo
valor agregado.
A informação é algo muito valioso, e não apenas na sociedade atual, mas em
toda a história das sociedades, em virtude de impactar na economia, política, educação e
cultura. É importante entender a relevância da informação e do conhecimento para o
desenvolvimento da sociedade, porém, a prática profissional da prestação de serviços da
rotina cotidiana nem sempre deixa explícito tal importância. Segundo Le Coadic (2004),
duas características marcam o futuro da informação: a explosão da informação e a
implosão do tempo.
Com o pós II Guerra e o advento das tecnologias, é sabido que houve uma
crescente produção de informação, o que conhecemos por boom informacional, e este
teve impacto no desenvolvimento da CI e, conseguintemente, no profissional da
informação/bibliotecário, e o o somente neste, mas na sociedade, que passou a ser
conhecida por Sociedade da Informação.
Essa Sociedade da Informação exige maiores habilidades do profissional
bibliotecário, pois entende que este deva acompanhar o desenvolvimento do seu objeto
de trabalho: a informação, pois ela [informação] passa a ser um pressuposto de
benefícios, mas também de exclusão, para uma parte da sociedade. Benefícios, pois
permite que se tenha acesso a praticamente todo acervo informacional mundial, através
da dita internet; exclusão, pois esse acesso é limitado a uma parcela da sociedade,
àqueles que têm melhores condições socioeconômicas para se conectar ao mundo.
Conforme Castells (2008), o termo sociedade da informação enfatiza o papel da
informação na sociedade. Em concordância, Mattelart , p.  exalta que não
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faltam exortações que insistem na urgência de se estimular ativamente a aquisição de
conhecimentos e de competências com o fim de transformar a sociedade da informação
emergente em uma sociedade do saber.
Assim, não restam dúvidas de que, na sociedade da informação, todos os
ambientes que lidam com a informação precisam ser analisados, a fim de que
acompanhem toda essa explosão informacional e contribuam para a melhoria da
qualidade de vida das pessoas.
É notório que os últimos anos têm sido caracterizados por transformações
econômicas, políticas e sociais, apoiadas nos avanços tecnológicos e numa nova cultura
informacional, cuja riqueza encontra-se, cada vez mais, no acesso e uso da informação de
forma inteligente para a construção do conhecimento e da sociedade.
Desse modo, e nesse contexto em que a informação tem papel decisivo, abrem-
se inúmeras oportunidades para o profissional da informação/bibliotecário. Em todos os
âmbitos profissionais estão aflorando novas necessidades, e o que mais se busca são
atitudes como: receptividade perante as mudanças, saber atuar como aliado junto à
consecução da missão, objetivos e valores da organização, ser capaz de enfrentar
desafios e os compromissos assumidos de maneira inovadora. Assim, o bibliotecário
deve ser capaz de situar-se no centro da organização, sendo elemento fundamental para
a transformação e adequação desses ambientes às novas tendências e expectativas da
sociedade.
3 O BIBLIOTECÁRIO CONTEMPORÂNEO
Na contemporaneidade, a biblioteca adquiriu outro sentido que não apenas
depósito de livros, mas sim um lugar onde se formam cidadãos críticos, ou seja,
dimensionou suas funções educativas e produtora do conhecimento agregando também
sua função social. Esse redimensionamento implicou num redirecionamento das
atividades do bibliotecário, onde o mesmo teque desenvolver competências capazes
de honrar as emergentes funções da biblioteca.
A capacidade de colocar em prática as nossas habilidades e conhecimentos
seria, então, considerada competência. Para Dutra (2012), a competência tem a ver com
diferentes fatores: de um lado, temos a organização que possui um conjunto de
competências que lhe são próprias advindas de sua gênese e formação ao longo do
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tempo. […] de outro lado temos as competências que podem ou não estar sendo
aproveitadas pela organização. (DUTRA, 2012, p. 23).
No nosso dia a dia, é possível perceber que a influência de nossas habilidades
em detrimento da realização com sucesso das nossas atividades nos auxilia no nosso
crescimento pessoal, sendo, portanto, mais utilizada a noção de competência como a
capacidade de utilizar as nossas habilidades e ser capaz de incorporar valor ao meio em
que se insere.
É notório que as competências e habilidades humanas, inseridas no mercado de
trabalho por uma profissão, seja bibliotecário ou outra, muitas vezes, sofrem alterações
com o decorrer do tempo, o que corrobora as experiências vivenciadas ao longo de sua
trajetória sua inserção geográfica, as demandas sociais. Essas alterações são
concebidas por novas funções adicionadas às que já são rotineiras.
Essas mudanças refletem-se, inclusive, nos codinomes utilizados em alusão ao
bibliotecário, exemplificados na fala de Carvalho (2002) por profissional da informação,
agente de informação, organizadores de informação, profissional do conhecimento,
trabalhador do conhecimento, gestor do conhecimento; mas o que todas têm em comum
é o papel multifacetado que o bibliotecário assume em suas funções, junção do
humanismo à técnica.
Para Fleury, M. e Fleury, A. (2001), da área de Administração, o conceito de
competência está associado a verbos como: saber agir, mobilizar recursos, integrar
saberes, saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidade e ter visão
estratégica, ou seja, está alinhado à percepção do mercado atual.
O conhecimento gerado resultante das inovações científicas exige um perfil cada
vez mais especializado do bibliotecário em virtude dessas mudanças. Esse perfil
especializado vai ao encontro do que Castro (2002) chamou de moderno profissional da
informação.
O ambiente organizacional faz parte de um universo que abrange a organização,
sendo formado por agentes que influenciam interna ou externamente, e ainda direta ou
indiretamente a empresa. O ambiente organizacional é formado por vários integrantes,
que, por vezes, podem não ser controláveis. Oliveira (2008) afirma que o ambiente é
formado pela reunião de fatores que podem influenciar a operação do sistema.
A administração é um processo contínuo. Sabendo disso, torna-se fácil
compreender que uma unidade de informação não é uma organização isolada. Como
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afirma Vergueiro (2007, p. , [...] as unidades de informação são afetadas pelo meio
ambiente em que atuam, recebendo influência direta de seu contexto econômico-social.
E o ambiente organizacional faz valer a necessidade de um ciclo constante de gestão em
qualquer tipo de organização.
O atual perfil do bibliotecário exige que o profissional seja capaz de lidar com
várias responsabilidades, realizando atividades para além das técnicas (catalogar,
indexar, classificar). A gestão de unidades de informação se mostra um tema com
bastante relevância, diante da crescente importância dada às unidades de informações,
portanto, um profissional que tenha a competência e gosto de gerir/administrar estes
espaços encontra-se em vantagem no mercado de trabalho.
4 GESTÃO E MARKETING EM UNIDADE DE INFORMAÇÃO
As organizações estão modificando as suas condutas de gestão e marketing. No
século XX, o movimento já mencionado [boom informacional] foi relacionado com a
gestão do acúmulo de informações produzidas e registradas, que, para a
Biblioteconomia, impactou no tratamento, organização e disseminação de todas essas
novas informações.
As grandes transformações ocorridas ao longo do tempo culminaram na forma
como a informação era vista, sendo agora de forma rápida e globalizada. A gestão torna-
se, então, um ponto de grande preocupação do bibliotecário, uma vez que, na sociedade
da informação, os usuários/clientes estão cada vez mais exigentes e desejam conteúdos
selecionados e prontos num curto espaço de tempo. Cabe ao bibliotecário desenvolver
estratégias para poupar o tempo do usuário, fazendo luz a uma das Leis de Ranganathan.
Valls e Vergueiro (2006, p. 121) destacam a importância de analisar as
tendências sobre a aplicação da qualidade em serviços de informação:
Se evidencia uma certa predisposição por parte dos dirigentes destes serviços
em modernizar as práticas gerenciais utilizadas, buscando inclusive novas
formas de organização do trabalho, muito mais focado no atendimento das
necessidades dos usuários, em contraposição à disponibilização de documentos
e informações de forma passiva.
Levando em consideração a gestão de serviços, o profissional deve se preocupar
com o desempenho do que está sendo oferecido, pois a qualidade é o que trará ao cliente
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a satisfação sobre o serviço informacional prestado e ao gestor a certeza de que está
administrando corretamente, ou mesmo a análise sobre o que se pode melhorar.
As organizações em geral necessitam de um marketing forte entendendo que
este é a alma do negócio , e no caso das bibliotecas não seria diferente, visto que o
sucesso de qualquer empresa advém de satisfazer os desejos dos clientes/usuários, que
representam a base social e econômica de qualquer organização. Apesar de o marketing
em unidades de informação ser ainda pouco utilizado, não se deve menosprezar a sua
existência.
O marketing, atualmente, é dito como um processo gerencial que engloba várias
atividades, como a análise, desenvolvimento e avaliação. Entretanto, historicamente, de
acordo com So
(2007, p. 37), a designação da palavra marketing surgiu pela primeira vez
na década de 1950. Embora o processo existisse, foi somente naquele período que
surgiu a definição de seu conceito. A atividade de marketing já era realizada, porém, sob
diferentes enfoques, cada um deles relacionado a um determinado cenário econômico.
A partir dos anos 60, iniciou-se uma expansão da aplicação das ferramentas do
marketing para os mais diversos setores. Por muitas vezes, o marketing foi relacionado
apenas às atividades com fins lucrativos; entretanto, a partir da década de 70, ocorreu
uma ampliação desta área de competência do marketing. A sua apropriação pela área
cultural se concretizou pela introdução de estratégias nos setores filantrópico e social,
com a denominação de marketing social.
Segundo Kotler (1978, p. 20), o marketing
Exige a oferta de valor a alguém, em troca de valor. Através das trocas, várias
unidades sociais indivíduos, pequenos grupos, organizações, nações inteiras
obtêm os insumos de que precisam. Pela desistência de alguma coisa, elas
adquirem alguma outra coisa em seu lugar. Essa alguma outra coisa é
normalmente mais valiosa do que aquilo de que se desistiu, o que explica a
motivação da troca.
Compreende-se, então, que o marketing é uma moeda de troca, onde ambos
instituição/biblioteca e cliente/usuário ganham valor informacional. Ainda segundo
Kotler (2000, p. 25), o marketing é visto como a tarefa de criar, promover e fornecer
bens e serviços a clientes, papel este também das bibliotecas.
Desse modo, podemos dizer que o marketing tem uma orientação voltada para o
usuário, especificamente para a satisfação dele, trazendo esta satisfação aos propósitos
da organização/biblioteca, visto que a função da biblioteca é atender as demandas do
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seu público. Sendo assim, o marketing pode ser utilizado como uma forma de captar a
atenção dos usuários, ao passo que ele surge como um instrumento auxiliar planejado e
que visa à criação de estratégias para se atentar às mudanças que, de alguma forma,
possam se voltar como ameaças aos serviços promovidos pela instituição, ou, como
mencionado anteriormente, aliado à satisfação dos usuários, ou seja, ao modo como eles
usuários veem a qualidade dos serviços, alertando aos bibliotecários melhorias e
sugestões.
Assim como empresas privadas, as organizações culturais também estão
sujeitas a ameaças, e por isso Wood (1987, p. 173-174) diz que:
O marketing ajuda os bibliotecários e o pessoal da informação a melhorar sua
reputação, tanto dentro das instituições quanto como profissão dentro da
sociedade [...] os bibliotecários são frequentemente ingênuos quando se trata
de política interna das organizações onde trabalham [...] eles têm de promover
um bom trabalho de relações públicas para estarem seguros de que sejam
ouvidos e que estejam bem representados.
Pode-se dizer, então, que o papel do marketing em unidades de informação é a
promoção das atividades, de modo que satisfaça às necessidades dos usuários e, assim,
justifique a existência da biblioteca, ao passo que o retorno dessa satisfação seja visto
como lucro para a instituição. O marketing é mais que venda, é, portanto, visto como
uma relação de troca usada pelos bibliotecários com o propósito de expandir seu
mercado, ao mesmo tempo em que introduz inovações na biblioteca. E isso chama a
atenção dos usuários, despertando seu interesse de participar efetivamente dessas
atividades.
O marketing sempre foi encarado como uma técnica de vender produtos,
entretanto, hoje, ele é a arte de construir relacionamentos. Assim, nasce o marketing de
relacionamento. O marketing de relacionamento, de acordo com McKenna (1992), trata-
se de um novo marketing, sendo que a solução real obviamente não é mais o marketing,
e sim o melhor marketing. E isso significa um marketing que encontra um modo de
integrar o cliente à empresa, como forma de criar e manter relação entre a empresa e o
cliente. É importante salientar que o marketing de relacionamento está sempre voltado
para o usuário.
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5 O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO: nuances na gestão e marketing em unidades
de informação
As TICs impulsionaram mudanças em diferentes cenários, desde as áreas de
Ciência & Tecnologia (C&T), bem como nas de Administração e Informação. Milanesi
(2002) discorre sobre a complexidade do reconhecimento social do profissional
bibliotecário, visto que o autor percebe que nem sempre é o bibliotecário quem ocupa os
cargos de liderança. Entretanto, essa visão vem mudando, pois é possível enxergar o
bibliotecário atuando enquanto líder/gestor cada vez mais presente nas organizações.
Segundo Ferreira (2016), o marco inicial dos estudos sobre o mercado de
trabalho e as competências dos profissionais da informação da área da CI data de 1969,
com um estudo dirigido por Wasserman e Bundy, nos Estados Unidos. Esses autores
iniciaram a discussão acerca da mudança do mercado de trabalho versus a atuação do
profissional da informação.
Um estudo importante sobre a descrição de perfis de atuação do profissional, e
que se destaca por ser referência para a profissionalização do bibliotecário, para os
gestores de biblioteca e para as escolas de Biblioteconomia, é o documento Consejo de
Cooperacion Bibliotecaria Grupo de Trabajo sobre perfiles profesionales, de 2013. Nessa
mesma linha de raciocínio, Moreiro e Tejada Artigas (2004) trazem uma reflexão a
respeito das competências definidas pelo MERCOSUL e pela União Europeia e onde estas
se relacionam, por exemplo: conhecimento técnico; gestão e direção; habilidades de
comunicação e expressão linguística; habilidades informáticas; atitudes pessoais e
habilidades criativas.
Diante de um mundo consumista, competitivo e cheio de incertezas, devemos
transformar ameaças em oportunidades inovadoras. A gestão é o processo que visa
atingir os objetivos e metas de uma organização, de forma eficiente e eficaz. De acordo
com Alves e Oliveira (2016, p. 83),
O bibliotecário com a visão de gestor de pessoas, comprometido com a
motivação e com a gerência de recursos e serviços informacionais são
essenciais para que os objetivos da biblioteca sejam almejados. Nesse aspecto, a
necessidade de capacitação contribuirá com sua formação enquanto
responsável pelo setor, pois junto com os seus colaboradores poderão ofertar
para a comunidade uma disseminação de informação com mais credibilidade.
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Ou seja, o bibliotecário enquanto gestor é uma função que vem ganhando espaço
e importância, diante das mudanças do ambiente, além de contribuir, de forma mais
eficaz e eficiente, com a disseminação da informação.
Amaral , p. , por sua vez, sugere que as bibliotecas adotem a
administração orientada para o marketing como forma inovadora e capaz de melhorar o
desempenho dessas organizações conduzindo-as a uma atuação efetiva junto aos seus
públicos. A autora conclama seus pares a estarem atentos aos avanços tecnológicos,
assim como sugere aos bibliotecários brasileiros que procurem se antecipar às
necessidades de informação de seus usuários. Revela preocupação com as bibliotecas
que ficarão obsoletas se não compreenderem e não comunicarem a importância dos
seus serviços automatizados. Diante disso tudo, a autora ressalta o papel dos gerentes
das unidades de informação, responsáveis pela motivação de sua equipe; de manter a
biblioteca em reconhecida atividade; e garantir o enfoque mercadológico da gerência de
bibliotecas.
Segundo Ottoni (1996, p. 171),
O marketing em unidades de informação pode ser entendido como uma
filosofia de gestão administrativa na qual todos os esforços convergem em
promover, com a máxima eficiência possível, a satisfação de quem precisa e de
quem utiliza produtos e serviços de informação.
O marketing direto, para Silveira (1992, p. 22-23),
[...] é um processo de gestão que utiliza a comunicação interativa em forma de
diálogo permanente entre a organização e o cliente, mantendo uma base de
dados para registrar e medir a demanda dos produtos e adequação do preço, a
eficiência dos diferentes meios de comunicação utilizados, a eficácia da própria
comunicação com o cliente e a efetividade das transações na totalidade do
Sistema de Informações de Marketing (SIM). O marketing direto é também uma
alternativa para manter uma relação pessoal e personalizada com os
consumidores, posto que (sic) permite sua localização, identificação e uma
comunicação interativa com eles.
No marketing de relacionamento, o cliente ajuda a empresa a fornecer o pacote
de benefícios que ele valoriza, sendo um esforço contínuo e colaborativo entre empresa
e cliente, funcionando em tempo real. E as empresas estão pretendendo desenvolver
confiança e lealdade junto a seus consumidores finais.
Figueiredo (1991, p. 124) conclui que:
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ARTIGO
O conceito de marketing inverte a ordem das prioridades em um sistema de
informação, no sentido de que, em vez de fazer com que os
usuários/consumidores façam uso dos produtos que têm a oferecer, o sistema
cria produtos específicos que vão ao encontro das necessidades e interesses
dos usuários. Coloca, assim, a eficácia em plano superior ao da eficiência, sem
abandonar, contudo, a meta da eficiência. Esta abordagem pode assegurar a
plena utilização dos serviços/produtos do sistema de informação, meta final a
ser alcançada por todo administrador.
Targino (2006, 125) reafirma que o bibliotecário precisa estar ciente da
evolução científica e tecnológica; entretanto, a mesma diz que essa evolução deve ser
acompanhada também pelos usuários, dando uma nova função ao bibliotecário, que é o
papel de partícipe da educação digital em prol da coletividade onde atua.
É visível que o objeto de trabalho do profissional de informação é a informação,
e que esta vem sofrendo alterações além das paradigmáticas e da evolução das TICs, que,
para Valentim (2000), é a questão da importância que a sociedade atribui à informação,
ou seja, isso mostra que o bibliotecário deve, sempre, antecipar-se às necessidades da
sociedade. Devemos ser o que Mueller (1996, p. 271) propõe: um profissional vivo e
atuante.
Conforme Valentim (2000), a formação do bibliotecário supõe o
desenvolvimento de determinadas competências e habilidades e o domínio dos
conteúdos da Biblioteconomia, além de entender que os bibliotecários devem estar
preparados para enfrentar, com proficiência e criatividade, os problemas de sua prática
profissional, produzir e difundir conhecimentos, refletir criticamente a realidade que os
envolve e buscar aprimoramento contínuo.
O profissional que atua em unidades de informação precisa estar preparado
para enfrentar essa realidade, percebendo que a disseminação das técnicas
mercadológicas poderá contribuir para a efetiva mudança de atitude profissional, pois
representa uma oportunidade de inovação. A opção pela orientação de marketing na
administração das unidades de informação propiciará que os recursos sejam melhor
aproveitados, incluindo-se, nesse contexto, o aproveitamento máximo da potencialidade
das novas tecnologias disponíveis para a captação e recuperação da informação.
Portanto, é interessante refletir sobre as vantagens do marketing como
ferramenta gerencial para melhorar o desempenho das unidades de informação. Essa
reflexão poderá contribuir no sentido de que as unidades de informação cumpram
satisfatoriamente o seu papel como organizações essenciais para o desenvolvimento
social, econômico, político e cultural da sociedade.
Ferreira; Guerra | Gestão e marketing em unidade de informação
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6 CONCLUSÃO
Indubitavelmente, as mudanças no mundo estão afetando os modelos
tradicionais do fazer do profissional da informação, devido ao seu objeto de trabalho ser
a informação. Esse objeto, portanto, tem sido afetado sistematicamente pelas
tecnologias de informação, modificando seu formato, suporte, tratamento e
disseminação, e influindo no ser bibliotecário. Outro fator que interfere na informação é
a sociedade, mais precisamente o valor que a mesma à informação, e isso está
diretamente ligado ao seu desenvolvimento, ou seja, quanto mais desenvolvido é um
país, maior é o nível de produção informacional.
O profissional da informação deve perceber seu papel de processador e filtrador
de informação e usá-lo de forma coerente e eficiente, voltado para o usuário. Novas
mediações da informação, envolvendo profissional e usuário, devem ser sempre
estudadas e implementadas, estruturando a disseminação e distribuição da informação.
A atualização contínua do profissional é fundamental. Essa capacidade de renovação
influencia diretamente a capacidade de trabalho e produtividade de um profissional e,
conseguintemente, da sociedade.
Devemos reconhecer o valor dos conhecimentos e das habilidades básicas do
profissional bibliotecário, mas o mesmo deve estar preparado para adquirir novos
conhecimentos também, pois a diversidade das funções do profissional da informação
constitui um leque de novas competências que podem ser aplicadas em diversos
contextos e ambientes, mas, antes de tudo, são necessárias novas atitudes e a
transformação de entendimento do profissional.
O profissional da informação pode e deve usar a informação como fator de
competitividade, trazendo-a como contribuinte na tomada de decisão, insumo na
inovação, fator de produção e gestão, saindo da zona de conforto do
indexar/catalogar/classificar. Dessa forma, acreditamos que o profissional da
informação/bibliotecário em formação deve ter uma consciência em torno de sua
prática futura, nas articulações do saber e do saber fazer, de modo a (re)significar os
paradigmas e conceitos inerentes à Biblioteconomia. E, para isto, os cursos formadores
devem acompanhar as mudanças e as novas exigências sociais e se preocupar em
modificar seus currículos em função de inserir no mercado de trabalho profissionais
adequados com as aptidões e competências da atualidade.
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SOBRE AS AUTORAS
Jade Gomes de Sousa Ferreira
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: jadegomesdesousa@hotmail.com
Maria Aurea Montenegro Albuquerque Guerra
Doutoranda em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professora do
Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: aureamag@yahoo.com.br
Recebido em: 13/05/2018; Aceito em: 26/05/2018; Revisado em: 03/06/2018.
Como citar este artigo
FERREIRA, Jade Gomes de Sousa; GUERRA, Maria Aurea Montenegro Albuquerque. Gestão e marketing em
unidade de informação: competências do profissional da informação. Informação em Pauta, Fortaleza, v.
3, n. 1, p. 81-96, jan./jun. 2018.
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ARTIGO
ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO NO WEBSITE GELEDÉS: a mulher
negra em foco
INFORMATION ARCHITECTURE AT THE GELEDÉS WEBSITE: the black
woman in focus
Ana Rafaela Sales de Araújo
UFC
Midinai Gomes Bezerra
UEPB
Henry Poncio Cruz de Oliveira
UFPB
RESUMO
Este artigo aborda a Arquitetura da Informação como elemento potencializador de acesso, uso e
recuperação da informação em ambientes digitais, que visa atender a todos os tipos de público.
Diante do exposto, tem-se como objetivo examinar o website da organização social Geledés de acordo
com os princípios propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015). Como metodologia, adota-se a
pesquisa bibliográfica sobre arquitetura da informação digital e seus pressupostos e, recorre-se à
netnografia como forma de descrever profundamente o website da organização Geledés, campo
empírico escolhido. Como resultados obtidos, aponta-se que a arquitetura do sítio geledes.org.br
apresenta deficiências, sobretudo no sistema de rotulagem e busca. Como conclusão, considera-se
substancial a aplicação das recomendações propostas nesta pesquisa para ampliar, facilitar e
promover o acesso às informações de equidade de gênero, étnico-racial.
Palavras-chave: Arquitetura da Informação. Geledés (Organização). Sítios web.
ABSTRACT
This article discusses information architecture as a catalyzing element for access, use and retrieval
of information in digital environments, which aims to cater to all kinds of public. On the exposed, has
an objective to examine the website of the Geledés social organization according to the principles
proposed by Rosenfeld, Morville and Arango (2015). As a methodology, the bibliographical research
on digital information architecture and its assumptions are adopted, and netnography is used as a
way of describing deeply the website of the Geledés organization, chosen empirical field. As results
obtained, it is pointed out that the architecture of the site geledes.org.br presents deficiencies, mainly
in the system of labeling and search. In conclusion, the application of the recommendations proposed
in this research to broaden, facilitate and promote access to gender, ethnic and racial equity
information is considered substantial.
Keywords: Information Architecture. Geledés (Organization). Web site.
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ARTIGO
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, na sociedade pós-moderna
1
, os crescentes avanços da técnica e da
tecnologia desencadeiam mudanças na produção, comunicação, acesso, uso, busca e
recuperação da informação, bem como provocam demandas na produção de artefatos
tecnológicos cada vez mais sofisticados e integrados ao dia a dia das pessoas.
Dentre os artefatos tecnológicos, os ambientes digitais, especificamente, os sítios
web
2
, possuem uma quantidade demasiada de informação, tornando os processos de
busca, recuperação e o uso da informação, em muitas vezes, de difícil acesso.
A arquitetura da informação surge nesse cenário, fornecendo elementos que
potencializam o acesso, o uso, a busca e a recuperação da informação em ambientes
digitais, visando atender todos os tipos de público.
Sendo assim, este artigo analisa o ambiente informacional digital da organização
Geledés Instituto da Mulher Negra. Essa organização disponibiliza conteúdos que se
posicionam em defesa das mulheres negras em particular e da comunidade negra em
geral por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e
discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo
vigentes na sociedade brasileira.” (GELEDÉS, 2016, não paginado).
Desse modo, a pesquisa apoia-se na seguinte questão: Como está disposto o
ambiente virtual da organização social Geledés (Instituto da Mulher Negra) em relação a
arquitetura da informação, para melhor recuperação da informação? Essa pergunta
desencadeou a busca pelo seguinte objetivo: examinar o website da organização social
Geledés de acordo com os princípios propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015).
Convém destacar que este estudo aborda brevemente acerca de alguns processos
de busca realizados no site Geledés, consequentemente, representa apenas uma parte da
área de recuperação da informação, que é bem mais ampla.
Dessa forma, concebe-se os processos de busca e recuperação da informação como
interdependentes e intimamente ligados. Sendo a busca, entendida como uma atividade
empreendida pelo usuário para o alcance da informação e, a recuperação, compreendida
como resultado do processo de busca.
1
Terminologia utilizada para denominar a sociedade contemporânea, proposta por Lyotard (1993).
2
Neste trabalho adota-se como sinônimos os termos: sítio web, website, portal, ambiente digital, ambiente
informacional digital, site, ao abordar a organização social Geledés, campo online empírico descrito ao longo
da pesquisa.
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ARTIGO
2 ARQUITETURA E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Escrever uma seção sobre arquitetura e recuperação da informação é
imprescindível para o embasamento teórico-prático desta pesquisa.
Wurman (1997) discorre sobre uma das evidências históricas da Arquitetura da
Informação (AI), termo cunhado no artigo: “Beyond Graphics: The Architecture of
Information”, escrito pelo arquiteto e desenhista gráfico, Richard Saul Wurman e,
coautoria de Joel Katz, em outubro 1975, na Conferência American Institute of
Architecture (AIA), sob a perspectiva dialógica entre a Arquitetura e a Informação.
A AI, desenhada para o contexto web, tornou-se amplamente difundida e
popularizada pelos bibliotecários Louis Rosenfeld, Peter Morville, por meio da obra:
“Information architecture for the World Wide Web” (1ª edição 1998; 2ª edição 2002;
edição 2006; edição 2015, esta última, sob o título: “Information architecture for
the Web and Beyond” e, com a participação do arquiteto Jorge Arango).
Oliveira, Vidotti e Bentes Pinto (2015, p. 52) relacionam a Arquitetura como
“campo devotado à racionalização dos espaços em função do uso que a sociedade ou os
sujeitos lhe atribuem [...] uma práxis projetiva que racionaliza o espaço, o território, o
tempo, o belo, o bem-estar e as necessidades dos sujeitos.”
Duarte (1999) sinaliza a arquitetura como algo maior que uma proteção dos
sujeitos das intempéries, é uma espécie de forma de organização de referências culturais
dos sujeitos e de seu posicionamento crítico junto ao ambiente natural, “[...] é um meio de
transmissão de informações com o qual o homem vem dando sua medida aos territórios
que ocupa [...]” (DUARTE, 1999, p. 13).
Em sua obra mais recente, Rosenfeld, Morville e Arango (2015) conceituam a
Arquitetura da Informação como uma disciplina de design que evidencia a informação,
visando torná-la compreensível e acessível ao usuário.
Ainda conforme Rosenfeld, Morville e Arango (2015) os princípios que propiciam
uma adequada Arquitetura da Informação compõem sistemas de organização, navegação,
rotulagem e busca. Os sistemas supramencionados, apoiam-se nos sistemas de
representação da informação: tesauros, vocabulários controlados e metadados.
No entendimento de Vidotti, Cusin, Corradi (2008, p. 182) a Arquitetura da
Informação se constitui de:
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[...] um conjunto de procedimentos metodológicos que visa estruturar ambientes
hipermídia digitais flexíveis e customizáveis de modo a possibilitar ao usuário a
busca, seleção, produção e interligação de documentos digitais, tendo no próprio
usuário o elemento ativo e capaz de representar e interrelacionar as informações
segundo seus caminhos de exploração e de descoberta.
Conforme ainda Vidotti, Cusin, Corradi (2008) a Arquitetura da Informação baseia-
se nas relações entre usuários, necessidades, sistema e à luz dos processos de navegação,
organização, rotulagem e busca.
Por conseguinte, tratando-se da recuperação da informação, estima-se que o termo
surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), considerado um serviço de
informação especial, uma possível solução diante do problema do crescimento
vertiginoso da literatura científica, ocorrido na época supracitada. Considera-se também
que a recuperação da informação emana da relação dialógica e interdisciplinar entre a
Ciência da Informação e a Ciência da Computação (SARACEVIC, 1992).
Calvin Northrup Mooers, cientista da computação, cunhou o termo recuperação da
informação, em tese escrita para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Mooers (1951, p. 25, tradução nossa) apresenta ainda o célebre conceito de recuperação
da informação: “[...] processo onde um potencial usuário da informação pode converter a
sua necessidade de informação em uma lista real de citações de documentos
armazenados, que contenham informações úteis a ele [...]”
Nesse viés, recuperar informação num sistema, consiste em reconhecer, de forma
seletiva, em um conjunto de documentos, aquele que responda a necessidade do usuário.
Em suma, pondera-se que a AI, em prol da recuperação da informação nas páginas
web, facilite “a interação entre o usuário e a informação com o maior nível de simplicidade
possível, admitindo o resgate do conteúdo informacional, que o mesmo procura no
processo de recuperação da informação.” (SALES; BENTES PINTO; SOUSA, 2016, p. 4).
3 METODOLOGIA
A priori, quanto aos objetivos, esta pesquisa possui caráter exploratório, inserida
na abordagem qualitativa, sendo que no entendimento de Gil (2010, p. 27) “As pesquisas
exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”.
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O delineamento desta pesquisa ocorre mediante a pesquisa bibliográfica sobre
arquitetura e recuperação da informação: princípios, conceitos, evidência histórica. Nesse
viés, procede-se a busca compreensiva na literatura científica nacional e internacional em
livros eletrônicos e impressos, dissertações, artigos de periódicos. Em um segundo
momento, depreende-se a pesquisa documental no site Geledés.
Em linhas gerais, a pesquisa bibliográfica e documental permite “a construção de
um aporte teórico reflexivo e crítico sobre o ‘estado da arte’ de uma determinada área
temática, desde as suas concepções históricas, culturais e ideológicas até o que há de mais
atual sobre o estudo” (BENTES PINTO; CAVALCANTE, 2015, p. 32).
Por conseguinte, recorre-se também à etnografia aplicada à web (netnografia)
como forma de descrever em profundidade o website da organização Geledés, campo
empírico escolhido. A netnografia caracteriza-se por uma descrição consistente (GEERTZ,
2008) que tenta compreender a relação entre indivíduos e informação, tomando como
base os espaços sócio-interativos engendrados pelas tecnologias de informação.”
(NUNES; ALMEIDA JÚNIOR, 2015, p. 52).
Neste trabalho, a netnografia concebe-se a partir das relações sociais
empreendidas na comunicação mediada por computador, bem como da observação,
análise e participação dos pesquisadores nesta interação social com o website, sob o
desiderato de examinar o portal da organização social Geledés, conforme os princípios da
Arquitetura da Informação, propostos por Rosenfeld, Morville e Arango (2015).
Ao encontro do exposto acima, realiza-se a análise crítica e descritiva do website
“Geledés”, a partir de seus sistemas de organização, navegação, rotulagem e busca, com o
intuito de promover a recuperação da informação.
Para tanto, a pesquisa empírica foi realizada no período de 21 a 25 de agosto de
2017. Utilizou-se o recurso de extensão para Google Chrome e Mozilla Firefox: Nimbus
Screenshot, para captura de telas, edição de imagens e análise descritiva do sítio web
supramencionado.
Vale ressaltar que, a escolha da organização em questão, fundamenta-se sob o seu
olhar social e humano, em prol da militância da mulher negra, umas das minorias
brasileiras, bem como para propalar, facilitar e promover o acesso às informações de
equidade de gênero, étnico-racial.
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ARTIGO
4 ANÁLISE DO WEBSITE GELEDÉS
A organização social Geledés Instituto da Mulher Negra atua desde 1988 no
desenvolvimento de projetos ou em parcerias com outras organizações que operam na
causa da defesa de direitos dos cidadãos, priorizando os temas voltados para os campos
de ação política e social como a questão racial e de gênero e a relação desses temas com
os direitos humanos, a educação, a saúde, a comunicação, o mercado de trabalho, a
pesquisa acadêmica e as políticas públicas.
No sítio web Geledés, se instiga o debate público sobre os obstáculos que
continuam a existir para a concretização da justiça social, a igualdade de direitos e
oportunidades em nossa sociedade como também no mundo. Mostra como característica
principal o seu posicionamento contra todas as formas de discriminação que limitam a
realidade plena da cidadania.
O referido portal dissemina e produz informações étnico-raciais e de gênero,
especificamente à mulher negra. Oliveira (2010, p. 54) conceitua a informação étnico-
racial como sendo:
[...] todo elemento inscrito num suporte físico, (tradicional ou digital), passivas
de significação linguística por parte dos sujeitos que a usam, e tem o potencial de
produzir conhecimento sobre os elementos históricos e culturais de um grupo
étnico na perspectiva da afirmação desse grupo étnico e considerando a
diversidade humana.
Sob o olhar da Geledés Instituto da Mulher Negra, acrescenta-se ao conceito
supramencionado, a perspectiva do empoderamento de mulheres negras, colocando-as
como sujeitos ativos de mudança, tornando-as cientes de seus direitos, posicionando-as
em todos os campos sociais, políticos e econômicos.
Por conseguinte, nas próximas seções (4.1; 4.2; 4.3; 4.4) analisa-se de forma
descritiva os princípios que regem as boas práticas no âmbito da arquitetura da
informação: organização, navegação, rotulagem e busca no ambiente digital
geledes.org.br.
4.1 ORGANIZAÇÃO
No que diz respeito ao princípio de organização, o website possui estruturas que
utilizam hiperlinks imagéticos, ou seja, pontos com imagens que direcionam o usuário
Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
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ARTIGO
para artigos e matérias jornalísticas. também textos, vídeos, animações e nenhuma
utilização de som.
Quanto à estrutura hierárquica, o ambiente informacional digital é organizado de
forma incompreensível, o apresenta simplicidade e clareza, um excesso de
informações e de menus, no entanto, como aspecto positivo, observa-se que os itens dos
menus possuem um agrupamento lógico, ordenados por assunto.
No campo de busca emprega-se o esquema de organização exato em ordem
cronológica, com base na figura 1.
Figura 1 - Esquema de organização exata (cronológica)
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Porém, cabe destacar, a predominância do esquema de organização ambíguo em
tópicos, de acordo com a figura 2.
Figura 2 - Esquema de organização ambíguo (tópicos)
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
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ARTIGO
Concernente a sua taxonomia, constata-se o tipo larga e rasa, o que dificulta a
navegação do usuário pela presença de inúmeros itens, causando confusão no momento
da navegação.
A classificação social acontece via facebook, twitter, googleplus. Há também o
recurso de assinatura do feed notícias, em que o usuário pode receber as notificações do
portal.
A seguir, sistematiza-se a partir da figura 3 os elementos norteadores da
arquitetura Top-Down, adotado pelo referido sítio web, de acordo com as 10 perguntas
elaboradas por Rosenfeld, Morville, Arango (2015).
Figura 3 - Arquitetura da Informação Top-Down
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Diante do exposto, quanto a pergunta 3, o portal dificulta a navegação com
inúmeros itens, causando confusão e perda de tempo no momento da navegação, bem
como na encontrabilidade da informação.
Sabe-se também que a interface deve prezar pela eficiência, minimizando o esforço
gasto para executar uma tarefa, por meio da redução de movimentos dos olhos e mãos,
conforme Tedd e Large (2005).
Onde estou? (1)
Eu sei o que estou
procurando? Como faço
para buscá-lo (2)
Como faço para
percorrer este site? (3)
O que é importante e
exclusivo sobre essa
organização? (4)
O que há neste site? (5)
ausente
O que está acontecendo
aí? (6)
Como faço para me
envolver com vários
outros canais digitais
populares? (7)
Como posso contatar um
humano? (8)
Qual é o endereço deles?
(9) ausente
Como posso acessar
minha conta? (10)
ausente
Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
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As perguntas 5, 9 e 10 estão ausentes na interface do sítio web supracitado,
desencadeando falhas no princípio de organização.
Com relação a pergunta 8, o portal possui somente endereço e formulário para
envio de dúvidas, não disponibiliza o contato telefônico direto.
4.2 NAVEGAÇÃO
Observa-se que o sistema de navegação integra a navegação global e local em sua
interface, possuindo também a navegação contextual, dispostas conforme Figura 4.
Identifica-se a barra de navegação predominantemente textual, bem como menu do tipo
Pull-down (clicar no item).
Figura 4 - Sistema de navegação
Fonte: Adaptado de Geledés (2017).
Não possui sistemas de navegação suplementares: sitemaps, índices, guias. Em se
tratando da navegação social, somente inúmeros links de redes sociais, que
predominantemente, não remetem à página da organização social.
O ambiente informacional digital possui condições de localização, com o máximo
de 3 camadas, por meio do recurso breadcrumb, popularmente conhecido como migalhas
de pão”, que consiste em permitir que o usuário percorra inúmeros caminhos sem se
perder dentro do sistema.
Integram a
navegação
global,
local
Navegação
contextual
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4.3 ROTULAGEM
A atividade de atribuir rótulos é inerente ao ser humano. O objetivo da rotulagem
é comunicar conceitos ou representar informações de forma eficiente e significativa para
o usuário (ROSENFELD, MORVILLE E ARANGO, 2015).
Percebe-se que o princípio de rotulagem é o mais complexo, pois uma grande
possibilidade de erros linguísticos passarem desapercebidos pelo olhar dos atores
envolvidos na construção do website.
Face ao exposto, quanto ao princípio de rotulagem, o ambiente digital analisado
possui links contextuais, utiliza tags ou hashtags em seus respectivos perfis e/ou páginas
do facebook, twitter e google plus, indexando os assuntos e facilitando a sua recuperação.
Apresenta-se também como aspecto positivo, o rótulo da logomarca Geledés e
“Gęlędę na tradição yorubá”, permitindo uma maior aproximação e experiência do
usuário com as línguas africanas, valorizando certamente a cultura afrodescendente.
No entanto, um erro de rotulagem nos ícones das redes sociais, confundindo o
usuário, pois um mesmo ícone do facebook direciona tanto para a página do Geledés
quanto para a página inicial de login do facebook.
O sistema de rotulagem do portal possui informações acessíveis, tanto por meio de
rótulos textuais, localizados no início da página, quanto por rótulos iconográficos,
identificados no cabeçalho e na navegação.
Constata-se uma ambiguidade, embora considerada consistente pelos
especialistas, no rótulo textual “home” e no rótulo icônico casinha”, que direcionam à
página inicial. Percebe-se um outro erro no banner incrementado “guest post” (post
convidado) e no item “PLP 2.0” do menu, provocando ambiguidades em termos visual,
conceitual e linguístico. Recomenda-se também evitar o uso de siglas nos itens para uma
melhor compreensão linguística.
Concernente ao estilo, observa-se que não é padronizado, pois alguns itens são em
caixa alta e outros em caixa baixa. No que tange à apresentação, o tamanho de letras e
aplicação de cores também não seguem um padrão, porém utilizam termos pontuais nos
itens. Denota-se que a aplicação de cores faz alusão à bandeira da África, em alguns pontos
do site.
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4.4 BUSCA
Por conseguinte, tratando-se do processo de busca informacional, o usuário
basicamente procura identificar no conjunto de apontamentos sobre o tema selecionado,
aquele que lhe atenda, de acordo com sua necessidade de informação.
Pondera-se que, quanto ao princípio de busca, o ambiente informacional digital
não utiliza o algoritmo do google, frequentemente utilizado em vários websites. Apresenta
sistema de busca por linguagem artificial, frases, tipos específicos de itens, porém
superficial e limitado.
Ao digitar a palavra-chave “racismo” no mecanismo de busca, obtêm-se como
resultado, ocorrências correspondentes ao assunto. No entanto, baseado em testes
executados, o portal não propicia o uso de ferramentas e estratégias de busca, por
exemplo: buscadores booleanos (and, or e not), recuperação da informação por
truncagem, proximidade (asterisco, aspas e cifrão), conforme à concepção de Rowley
(2002), dificultando o acesso eficaz dos conteúdos, assim como as necessidades de seus
usuários.
No entendimento de Sales, Bentes Pinto e Sousa (2016, p. 4) o sistema de busca é
considerado “o mais importante, pois é, provavelmente, a partir da busca que o usuário
consegue satisfazer a sua necessidade informacional para realização de suas tarefas.”
5 RESULTADOS
Como resultado, depreende-se no quadro 1 a análise não exaustiva dos elementos
da Arquitetura da Informação: organização, navegação, rotulagem e busca no portal
Geledés, descritos ao longo das seções 4.1; 4.2; 4.3; 4.4.
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Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
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ARTIGO
Quadro 1 - Análise dos elementos da Arquitetura da Informação no portal Geledés.
ELEMENTOS DA
ARQUITETURA DA
INFORMAÇÃO
DIAGNÓSTICO DO SITE
PESQUISADO
ASPECTOS
POSITIVOS
ASPECTOS A
MELHORAR -
RECOMENDAÇÕES
SISTEMA DE
ORGANIZAÇÃO
- Esquema de organização
ambíguo em tópicos e no
campo de busca emprega-
se o esquema de
organização exato em
ordem cronológica
- Taxonomia do tipo larga
e rasa
- Sistema hierárquico Top-
down (geral para o
específico)
- Estruturas que utilizam
hiperlinks imagéticos
- Os itens dos menus
possuem agrupamento
lógico, ordenados por
assunto
- A classificação social
acontece via facebook,
twitter, googleplus
- Incompreensível
(excesso de menus) e
não apresenta clareza
- Não apresenta o
contato telefônico e
informações sobre o site
na página inicial
SISTEMA DE
NAVEGAÇÃO
- Barra de navegação
predominantemente
textual
- Menu do tipo Pull-down
(clicar no item)
- Apresenta o recurso
breadcrum (migalhas
de pão)
- Não possui sistemas de
navegação
suplementares:
sitemaps, índices, guias.
- Para navegação social
há somente inúmeros
links de redes sociais,
dos quais, boa parte, não
remete à página da
instituição.
SISTEMA DE
ROTULAGEM
- Apresenta identificação
iconográfica e textual,
predominando a forma
textual
- Possui links
contextuais, utiliza
tags ou hashtags em
redes sociais
- Utiliza termos
pontuais nos itens
- Alguns rótulos em
língua africana
- Estilo e apresentação
não padronizado
- Equívoco no
direcionamento dos
ícones das redes sociais
- Banner com problemas
de ambiguidade em
termos visual, conceitual
e linguístico
- Uso de siglas
SISTEMA DE BUSCA
- Sistema de busca por
linguagem artificial, frases,
tipos específicos de itens
-
- Processo de busca
superficial e limitado
- Não utiliza o algoritmo
do google
- Não propicia o uso de
ferramentas e
estratégias de busca
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
Em suma, aponta-se que a arquitetura do sítio geledes.org.br apresenta alguns
aspectos a melhorar, sobretudo no sistema de rotulagem e busca.
Quanto à rotulagem, recomenda-se a reparação dos ícones das redes sociais que
remetem tanto para a própria página do Geledés quanto para a página inicial de login da
rede social, de forma a unificar o direcionamento dos links; padronização do estilo e
apresentação (tamanho de letras e aplicação de cores); corrigir as ambiguidades em
termos visual, conceitual e linguístico no banner incrementado “guest post” (post
Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
convidado); por último, sugere-se evitar o uso de siglas nos itens como “PLP 2.0” do menu,
para uma melhor compreensão linguística.
No que diz respeito à busca, indica-se a utilização do algoritmo do google,
frequentemente utilizado em vários websites; o uso de ferramentas e estratégias de busca,
por exemplo: buscadores booleanos (and, or e not), recuperação da informação por
truncagem, proximidade (asterisco, aspas e cifrão), para facilitar o acesso e a recuperação
eficaz dos conteúdos.
Quanto ao sistema de organização, recomenda-se um menu claro e enxuto;
apresentação do contato telefônico na página inicial.
Tratando-se do sistema de navegação, sugere-se a construção de sistemas de
navegação suplementares: sitemaps, índices, guias; para navegação social, exibir links que
direcionem realmente à página da instituição nas redes sociais.
No que se refere aos elementos adicionais da AI, não foram detectadas opções de
alteração de tamanho de fontes, textos narrados e ajuda, carecendo de atenção no âmbito
da acessibilidade.
Por fim, em relação aos sistemas de representação da informação, os termos
utilizados no website devem ser escolhidos para servir as necessidades da maioria dos
usuários. Para tanto, indica-se o uso de termos específicos, o que resulta em um índice
maior de precisão na recuperação da informação, ao recuperar apenas os documentos que
correspondem exatamente à questão de busca do usuário.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista a comunidade de mulheres negras, observa-se que há uma série de
elementos da Arquitetura da Informação a serem considerados no desenvolvimento de
projetos, planejamento e reestruturação de sítios web que atendam efetivamente à
comunidade supracitada, a fim de propiciar uma interface organizada, de forma
compreensível, de simples navegação, com terminologias claras, buscas rápidas e
satisfatórias, em prol da recuperação da informação.
Considera-se substancial a aplicação dos aspectos a melhorar recomendações
propostas nesta pesquisa, vide seção 5, para facilitar, ampliar e promover o acesso às
informações de equidade de gênero e étnico-racial, sendo necessária também a
apreciação pelo seu público-alvo/comunidade de usuários.
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ARTIGO
Vale ressaltar que este estudo não esgota as possibilidades de análise dos
pressupostos da Arquitetura da Informação no ambiente informacional digital da
organização social Geledés.
REFERÊNCIAS
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111
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VIDOTTI, Silvana Aparecida Borsetti Gregório; CUSIN, Cesar Augusto; CORRADI, Juliane
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GUIMARÃES, José Augusto Chaves; FUJITA, Mariângela Spotti Lopes (Org.). Ensino e
pesquisa em Biblioteconomia no Brasil: a emergência de um novo olhar. o Paulo:
Cultura Acadêmica, 2008. p. 173-184.
WURMAN, Richard Saul. Information architects. Zurich, Switzerland: Graphis Press
Corp., 1997.
SOBRE OS AUTORES
Ana Rafaela Sales de Araújo
Mestranda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Bibliotecária da Universidade
Federal do Ceará (UFC).
E-mail: rafaela@ufc.br
Midinai Gomes Bezerra
Mestranda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Bibliotecária da Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB).
E-mail: midnaygomes@gmail.com
Henry Poncio Cruz de Oliveira
Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Professor Adjunto do
Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
E-mail: henry.poncio@gmail.com
Recebido em: 17/05/2018; Aceito em: 14/06/2018; Revisado em: 23/06/2018.
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Araújo; Bezerra; Oliveira | Arquitetura da informação no website Geledés
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Como citar este artigo
ARAÚJO, Ana Rafaela Sales de; BEZERRA, Midinai Gomes; OLIVEIRA, Henry Poncio Cruz de. Arquitetura da
informação no website Geledés: a mulher negra em foco. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 97-
112, jan./jun. 2018.
ARTIGO
BASES DE DADOS PARA PESQUISA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: uma
análise a partir do Portal de Periódicos da Capes
DATABASES FOR RESEARCH IN PRODUCTION ENGINEERING: an analysis
from Capes Journals Portal
Weslayne Nunes de Sales
UFC
Ana Cristina Azevedo Ursulino Melo
UFC
Maxweel Veras Rodrigues
UFC
Sueli Maria de Araújo Cavalcante
UFC
RESUMO
Discernir entre diferentes tipos de fontes de informação e ter conhecimento prévio sobre as características e
diferenciais que cada uma delas oferece é um importante passo para a pesquisa científica. A pesquisa foi
norteada pelo objetivo de auxiliar pesquisadores a conhecerem as fontes de informações sobre a Engenharia
de Produção contidas no Portal de Periódicos da Capes e estratégias de busca, bem como contribuir para
disseminação das bases de dados aqui apresentadas e conceituar diferentes tipos de bases de dados segundo
a classificação de autores consagrados na área. Utilizou-se, no estudo, uma pesquisa exploratória, em forma
de estudo de caso, analisando-se o caso das bases de dados da subárea da Engenharia de Produção
disponíveis no Portal de Periódicos da Capes. Conclui-se que o Portal oferece uma cobertura abrangente e
diversificada para a subárea de Engenharia de Produção. A maior parte das bases recuperadas, no entanto,
traz material em língua inglesa, e este fato pode representar um desafio aos pesquisadores que não possuem
familiaridade com a língua. A referida pesquisa norteou pesquisadores a obter noções sobre os conceitos de
fontes de informação primária, secundária e terciária; conhecer as estratégias de busca no Portal de
Periódicos da Capes; entender as diferenças entre tipos de bases de dados; perceber a importância do
domínio da ngua inglesa nas pesquisas científicas, além de listar as bases encontradas para a subárea em
questão, tais como
Emerald Insight (Emerald) e Oxford Journals (Oxford University Press).
Palavras-chave: Bases de dados. Portal de Periódicos da Capes. Fontes de Informação.
ABSTRACT
Discerning between different types of sources of information and having prior knowledge about the
characteristics and differentials that each offers is an important step for scientific research. The research was
guided by the objective of helping researchers to know the sources of information about Production
Engineering contained in Capes' Portal of Periodicals and search strategies as well as to contribute to the
dissemination of the databases presented here and to conceptualize different types of databases according to
the classification of consecrated authors in the area. An exploratory study was used in the study, in the form
of a case study, analyzing the case of the databases of the Production Engineering sub-area available at Capes'
Portal of Periodicals. It is concluded that the Portal offers a wide and diversified coverage for the Production
Engineering sub-area. Most recovered bases, however, carry English material, and this fact can pose a
challenge to researchers who are unfamiliar with the language. This research guided researchers to obtain
notions about the concepts of primary, secondary and tertiary information sources; to know the search
strategies in the Capes Portal; understand the differences between database types; to understand the
importance of English proficiency in scientific research, and to list the found bases for the subarea in question
such as Emerald Insight (Emerald) and Oxford Journals (Oxford University Press).
Keywords: Data base. CapesJournals Portal.Information sources.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 3
n. 1
jan./jun. 2018
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Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
1 INTRODUÇÃO
O acesso ampliado ao ensino superior, a forte tendência para cursar uma pós-
graduação, a inovação tecnológica e o fomento à escrita têm elevado as produções
científicas em ritmo acelerado e também exigido mais criticidade no processo de
avaliação das pesquisas.
Fontes confiáveis de informação deixaram de ser uma regalia para aqueles que
detêm maior poder aquisitivo e passaram a ser um recurso importante e acessível aos
pesquisadores de mais variados perfis socioeconômicos e acadêmicos. Vive-se, de fato, a
democratização do acesso. Entretanto, a rápida difusão da informação e a quantidade
robusta de materiais trazem desafios, como o de localizar fontes confiáveis de
informações em meio à explosão bibliográfica vivida no século XXI.
Discernir entre diferentes tipos de fontes de informação e ter conhecimento
prévio sobre as características e diferenciais que cada uma delas oferece são passos
importantes para selecionar textos, dados, tabelas e outros recursos indispensáveis à
produção científica. A dificuldade em produzir academicamente não é um fator isolado,
mas sim uma realidade palpável, cuja consolidação representa uma barreira para o
sucesso acadêmico.
Caminho consolidado é aquele cujos riscos de consultar fontes de informações
não confiáveis são reduzidos ou nulos (KOBASHI; SANTOS, 2008). São fontes que, por
sua própria rigidez, garantem autenticidade, veracidade e confiabilidade às informações
disseminadas. Nesse contexto, o Portal de Periódicos da Capes é, sem dúvida, um
poderoso arsenal de informações; no entanto, o volume de informações nele depositadas
não elimina a necessidade de estratégias de busca. E é com esse objetivo que se
desenvolve este estudo, que tem foco nas pesquisas em Engenharia de Produção,
buscando resolver a seguinte problemática: quais estratégias são facilitadoras no
processo de busca pela informação na área de Engenharia de Produção no âmbito do
Portal de Periódicos da Capes?
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo identificar as bases de dados de
informações para pesquisas na área de Engenharia de Produção contidas no Portal de
Periódicos da Capes.Pretende-se, portanto, que este estudo seja um fator encorajador
para profissionais de Engenharia de Produção que ainda não se debruçaram sobre
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
115
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
produção científica, mas também um facilitador para pesquisadores que já percorrem os
caminhos da ciência. Sabe-se que o universo informacional é grandioso, e igualmente as
possibilidades de acesso à informação, mas não existe a pretensão, aqui, de esgotá-las,
mas sim de apontar um caminho consolidado de busca em meio às inúmeras produções
existentes, algumas delas de confiabilidade duvidosa.
2 VICISSITUDES NA PESQUISA
Embora a prática da pesquisa esteja crescendo entre estudantes do ensino médio
(MOURA; BARBOSA; MOREIRA, 2010), a lacuna existente entre este e o superior pode se
mostrar como fator determinante para as dificuldades que os alunos encontram na
elaboração de trabalhos científicos. A cultura da pesquisa é pouco difundida no ensino
médio e muito exigida no ensino superior , especialmente aos que aspiram chegar à
pós-graduação (MARTINS, C., 2000).
Um trabalho acadêmico bem elaborado é fundamental, não para
engrandecimento profissional e intelectual do aluno, mas é tambémum importante fator
para conferir a qualidade do ensino superior de determinada instituição. Além disso, o
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) leva em consideração não
apenas os conhecimentos específicos de cada curso, mas sim algumas questões de
formação geral, ou seja, questões que pressupõem que um aluno graduado tenha
domínio. São elas:
Questões relativas à boa comunicação em língua portuguesa, à capacidade de
analisar dados e informações, interpretar textos, gráficos, tabelas, à capacidade
de sintetizar, produzir inferências e juízos e saber sustentá-los com dados e
evidências etc. (RISTOFF; GIOLO, 2006, p. 209).
Simplificando, espera-se que o egresso tenha capacidade de produzir
cientificamente. Ainda de acordo com os autores supracitados, vale lembrar que esses
conhecimentos gerais são comuns a todos os alunos de todas as áreas do conhecimento
(RISTOFF; GIOLO, 2006, p. 209).
Struchiner (2013), no debate sobre a qualidade da produção científica, afirma que
uma dificuldade em definir o que seja essa qualidade, e diz que, por esse motivo,
qualquer estratégia que vise avaliar tal produção encontrará dificuldades, [...] quer seja
a estratégia proposta de caráter subjetivo ou objetivo, ou ainda utilizando parâmetros
116
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
qualitativos ou quantitativos STRUCHINER, , não paginado. Por outro lado,
Rampazzo (2002) arrisca-se em apontar fatores que podem medir a qualidade de uma
comunicação científica, quais sejam: estrutura do texto, citação, notas de rodapé e
referências.
O editor-chefe do periódico The Thoracicand Cardiovascular Surgeon, Markus K.
Heinemann, parece acreditar em uma receita para o sucesso das publicações científicas.
Na palestra proferida em abril de 2016, na Universidade Federal do Ceará, o editor
elencou elementos que, por ele, são considerações essenciais para uma publicação, e
também citou erros que jamais podem ser cometidos.
Em seu livro Como não escrever um artigo médico, que embora traga um título
que pareça abordar um ponto específico que é o da publicação de artigos na área da
medicina , a leitura faz entender que o autor acredita, assim como Rampazzo (2002),
que existam pontos cruciais para aferir a qualidade de uma publicação, tornando o livro
como algo que se possa chamar de uma receita para uma boa produção científica
(HEINEMANN, 2016).
Entende-se, contudo, que um equilíbrio entre as opiniões expostas seja possível.
Mesmo Strunchiner (2013) estando certo em sua afirmação, acredita-se que alguns
quesitos, como os apontados por Rampazzo (2002) e Heinemann (2016), podem levar a
uma mensuração da qualidade de uma produção científica, embora nenhum estudo
possa fugir da realidade do conhecimento científico: a de que este é verificável, falível e
aproximadamente exato; portanto, sempre haverá brechas para questionamentos
(LAKATOS; MARCONI, 2011).
A disseminação da informação é necessária para tornar possível a participação do
cidadão no processo decisório da sociedade, e essa participação, quando pensada no
âmbito da universalização da informação, é denominada de política de informação
(NEVES, 2010, p. 48). Portanto, faz-se imprescindível esclarecer que não é a luta contra a
disseminação do conhecimento, em larga escala, que deve ser combatida, mas sim a
produção inconsequente de informações, muitas vezes distorcidas, e produções mal
elaboradas, combate este que deve ser travado não com censura, cortes e repressão, mas
sim com o fornecimento de informações que tornem o processo de produção científica
menos penoso.
Ainda sobre as dificuldades encontradas na produção científica, temos a questão
das estratégias de busca. Lopez Isaza e Correa Vallejo (2011), em pesquisa realizada na
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
117
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Universidade Tecnológica de Pereira, na Colômbia, chegaram à conclusão de que 62%
dos grupos de pesquisa existentes na Universidade apresentam pontos fracos em suas
estratégias de busca de informações relevantes para realização de suas pesquisas, o que
pode reduzir o seu potencial.
Fialho (2010) desenvolveu uma importante pesquisa sobre o processo de
produção científica. Ao entrevistar os vencedores do Prêmio Jovem Cientista, a autora
buscou traçar quais as principais ações realizadas pelos jovens para alcançar êxito em
suas pesquisas, e também mapeou as principais dificuldades encontradas. Entre as
primeiras, os vencedores apontam a identificação do estado da arte sobre determinado
assunto, o que envolvia evitar repetições desnecessárias; ter conhecimento sobre a visão
de outros autores e possíveis hipóteses sobre o assunto, bem como a percepção de
diferentes abordagens FIALHO, , p. . A pesquisa revela, ainda, o acesso a
fontes de informação, o respeito aos direitos autorais, incluindo a prática de citações, o
respeito às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e ter
orientação do começo ao fim da prática de investigação científica, como fatores
relevantes para uma boa pesquisa.
Em contrapartida, os jovens apontaram, como suas maiores dificuldades, [...]
localizar fontes de informação com abordagens profundas e analíticas sobre um mesmo
assunto. Paradoxalmente, acrescentou-se a esse fato o grande volume de informações
disponíveis e a dificuldade de trabalhar criticamente com as mesmas FIALHO, , p.
173).
2.1 FONTES DE INFORMAÇÃO
Em meio a diversos conceitos que a literatura aponta para fontes de informação,
destaca-se o de Passos e Barros (2009), que afirmam que fontes de informações são
locais onde o bibliotecário e/ou o pesquisador obtém informações úteis ao
desenvolvimento de suas atividades. Consideram, ainda, que podem estar ou não
presentes fisicamente na biblioteca. Para aABNT, são diversos tipos de documentos, ou
seja, informação contida em qualquer suporte que possa servir para consulta, estudo ou
prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e
eletrônicos, entre outros(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2).
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Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
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Quanto à classificação, as fontes de informações são divididas,de acordo com a
maior parte dos autores que tratam sobre o assunto, em: primárias, secundárias e
terciárias. São primárias aquelas que se encontram desorganizadas quanto à elaboração,
divulgação e controle, possuem ainda a característica de serem difíceis de identificar e
localizar (MUELLER, 2000; PASSOS; BARROS, 2009). Têm-se, como exemplo, as
monografias, teses, dissertações, artigos de periódicos, relatórios técnicos e científicos,
dentre outros.
Fontes secundárias caracterizam-se por conter informações retiradas das fontes
primárias. Os conhecimentos são apresentados de forma sintética, em alguns casos, e
analítica, em outros, segundo uma ordenação ou sistematização que facilita a consulta
(PASSOS; BARROS, 2009). Exemplo destas são: dicionários, enciclopédias, manuais,
tabelas, bibliografias, entre outros.Por fim, têm-se as fontes terciárias, cuja característica
é a de guiar pesquisadores para fontes primárias e secundárias. Exemplos: Catálogos,
bibliografias, periódicos de resumos, bases de dados referenciais, dentre outros.
Fontes de informação podem ser disponibilizadas em canais formais ou informais.
Os canais formais são aqueles que se caracterizam como de amplo acesso,
disponibilização de informações de forma mais organizada e interação limitada com o
pesquisador. Enquanto que os canais informais são aqueles que possuem acesso
limitado e informações de difícil recuperação; é o caso de feiras, seminários, conversas,
palestras e outros (CAMPELLO; JEANNETTE, 2000; CHOO, 2003).
São chamadas de literatura cinzenta aquelas cuja apresentação se de forma
não convencional.
Inicialmente essa literatura incluía apenas os relatórios técnicos e de pesquisa
elaborados para circulação interna ou restrita. Atualmente o conceito está
ampliando, e incluem-se nesse grupo, além de relatórios de todos os tipos
(Internos, institucionais, técnicos, de pesquisa, de comissões e outros), as
comunicações apresentadas em eventos, os anais e atas de reuniões, as
conferências, pré-prints, publicações oficiais, teses, traduções, patentes, normas
etc. (POBLACIÓN, 1992, p. 244).
No outro extremo, em relação à literatura cinzenta, têm-se as bases de dados, que,
quanto ao tipo, na classificação de Cunha, M. (1989), podem ser referenciais ou de fontes.
As primeiras são aquelas que remetem o usuário para outras fontes de informação, e as
segundas são as que fornecem aos usuários dados completos.Sobre o assunto,Sayão
(1996, p. 317) afirma que:
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Os autores que logram publicar seus trabalhos em revistas ou em anais de
eventos considerados importantes para sua comunidade são aqueles com
possibilidade de ter os seus trabalhos incorporados nas bases de dados. Dentro
dessa perspectiva, o conhecimento selecionado, representado e registrado nas
grandes bases de dados internacionais constitui a documentação sobre a
atividade científica oficialmente aceita pela comunidade que a gerou. Essas
contribuições receberam o endosso, a homologação dos pares, e receberam,
portanto, o direito de pertencer à memória oficial da ciência. Dessa maneira, as
bases de dados se constituem na forma mais fiel dos testemunhos dos cientistas.
Infere-se, portanto, que consultar bases de dados é um passo importante para o
pesquisador. O assunto será explorado a seguir.
2.1.1 Bases de Dados
Entende-se por base de dados um conjunto de dados inter-relacionados,
organizados de forma a permitir a recuperação da informação, armazenados por meios
magnéticos e acessados local ou remotamente. As bases de dados são compreendidas
como fontes de informação eletrônicas, pesquisáveis de modo interativo ou
conversacional por meio de um computador (POBLACIÓN; WITTER; SILVA, 2006).
Os principais objetivos das bases de dados são: promover o acesso à informação;
fornecer informações atualizadas, precisas e confiáveis; atender às necessidades do
público-alvo e fornecer mecanismos eficientes de recuperação da informação.
De acordo com Sayão (1996), consideram-se as bases de dados como os
repositórios dos conhecimentos consensuais gerados pela ciência moderna, constituindo,
dessa forma, a memória da ciência oficialmente aceita. Nelas são armazenados os
diversos tipos de material, gerados a partir dos diferentes objetivos e métodos de
pesquisa acadêmica e científica, entre os quais podemos citar: Trabalhos de Conclusão
de Curso (TCC), teses e dissertações, trabalhos apresentados em eventos, patentes,
relatórios técnicos, artigos científicos, livros acadêmicos e outros. Pode-se dizer que elas
preservam a informação científica, de forma organizada, segundo padrões de
catalogação e indexação, o que facilita a sua recuperação.
Ainda com referência às bases de dados, existem as bases temáticas ou
especializadas, que são aquelas que fornecem informações aos seus usuários em uma
área específica do conhecimento, ou numa área mais geral subdividida em áreas que
estão relacionadas umas com as outras, denominadas multidisciplinares. Esses tipos de
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Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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bases são conhecidos por aqueles usuários que buscam informações específicas nas
áreas do conhecimento das quais elas abrangem (CUNHA, 1989; PIZZANI et al., 2012).
Nesse sentido, falar de bases de dados especializadas em uma área específica
significa dizer que é possível obter informações mais precisas em determinada área do
conhecimento. E uma das formas de se obter acesso a esses acervos digitais é por meio
dos grandes portais que armazenam diversas bases de dados temáticas, como o Portal
de Periódicos da Capes, o qual, além do texto, inclui conteúdos multimídia em forma de
imagens, vídeos e podcastsque estimulam os usuários a se aprofundarem em suas
pesquisas (PIZZANI et al., 2012).
Todas essas bases contam com diversas ferramentas e funções tais como
marcadores, busca por autor e assunto e, em alguns casos, a recuperação e
armazenamento do conteúdo completo , pois refinar o escopo do levantamento de
dados bibliográficos é fundamental para expandir os resultados de qualquer pesquisa.
Portanto, entende-se que a busca por bases de dados específicas na área em que se
produz é uma etapa indispensável ao pesquisador e, mediante o Portal de Periódicos da
Capes os pesquisadores, professores e estudantes têm a facilidade de acesso à
informação científica sempre atualizada.
3 PORTAL DE PERIÓDICOS DA CAPES
O Portal de Periódicos da Capes é uma biblioteca digital de informação científica e
tecnológica, que busca a democratização do acesso à literatura científico-tecnológica
mundial para as instituições de ensino e pesquisa no país. Criado em 2000, o Portal é
considerado uma das maiores bibliotecas virtuais do mundo, que facilita a pesquisa por
meio do uso de bases de dados online, com a finalidade de reduzir as desigualdades
regionais no acesso à ciência por intermédio de conteúdos de alta qualidade. (CENDÓN;
SOUZA; RIBEIRO, 2011).
Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), o início do Portal de Periódicos remonta ao ano de 1990, quando, com o
objetivo de fortalecer a pós-graduação no Brasil, o Ministério da Educação (MEC) criou o
programa para bibliotecas de Instituições de Ensino Superior (IES). Foi a partir dessa
iniciativa que, cinco anos mais tarde, foi criado o Programa de Apoio à Aquisição de
Periódicos (PAAP). O Programa está na origem do atual serviço de periódicos
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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eletrônicos oferecido pela Capes à comunidade acadêmica brasileira (COORDENAÇÃO
DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR, 2014).
Com a ampliação dos programas de mestrado e doutorado no país, houve um
significativo crescimento na produção científica, colocando atualmente o Brasil no
ranking dos 20 maiores produtores de conhecimento científico do mundo. Daí a
importância da criação do Portal, cujo objetivo foi o de fortalecer a pós-graduação no
Brasil, incentivando a produção científica brasileira e dando maior visibilidade
internacional (COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL
SUPERIOR, 2014).
Nesse sentido, diante da importância do Portal para a pós-graduação no Brasil,
corrobora-se com Correa et al. (2008, p. 130) na afirmação de que:
O Portal representa a evolução de um modelo baseado no uso de documentos
impressos, que atendia a um número restrito de instituições e indivíduos, para
um modelo eletrônico que ampliou e democratizou o acesso à informação
científica, favorecendo tanto os pesquisadores de grandes centros quanto os de
universidades distantes. Ele constituiu-se em uma iniciativa determinante para
a inclusão da comunidade científica e acadêmica brasileira no processo de
comunicação científica internacional, proporcionando acesso on-line às
pesquisas científicas realizadas no mundo e, consequentemente, oferecendo
insumos para a produção científica e tecnológica nacional.
O Portal de Periódicos da Capes (2016) afirma que o crescimento do Portal tem
sido uma constante durante esses dezesseis anos de existência. No final de 2015, o
Portal registrava 37.818 periódicos disponíveis, sendo 14.258 títulos de revistas de
acesso gratuito, acompanhando a tendência mundial do Open Access (Acesso Aberto),
superando a marca de 113 milhões e, por conseguinte, batendo o recorde nos acessos.
O Portal de Periódicos se solidificou como uma ferramenta fundamental para as
atividades de ensino e pesquisa no Brasil. Com sua criação, observou-se a facilidade na
comunicação e no acesso à produção científica, em que se podem obter, num único
espaço virtual, as melhores publicações do mundo, com acesso ao conhecimento sempre
atualizado, confiável e de alta qualidade, que permite à comunidade acadêmica ficar
atualizada com o que há de mais recente dentro da literatura científica.
Essa biblioteca virtual disponibiliza, até então, quatro tipos de buscaaos seus
usuários: assunto, título do periódico, título dolivro e nome dabase. É possível fazer uma
pesquisa em várias bases de dados simultaneamente, inserindo apenas o termo de
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interesse. E na busca por Área de Conhecimento pode-se obter uma listagem com as
bases de dados específicas para cada área de interesse.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Utilizou-se, no estudo, uma pesquisa exploratória, em forma de estudo de caso,
analisando-se o caso das bases de dados da área da Engenharia de Produção disponíveis
no Portal de Periódicos da Capes. Segundo Salomon , p.5, as pesquisas
exploratórias e descritivas são as que têm por objetivo definir melhor o problema,
proporcionar as chamadas intuições de solução, descrever comportamentos de
fenômenos, definir e classificar fatos e variáveis.
Nesse sentido, corrobora-se com Gil (2008), que afirma que, por ser um tipo de
pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a forma de estudo de caso e, como
qualquer pesquisa, ela depende também de pesquisa bibliográfica para embasamento
teórico.
No que se refere à abordagem, a pesquisa tratou de um estudo de caso que,
segundo Patton (2002), tem como propósito reunir informações detalhadas e
sistemáticas sobre um fenômeno. De acordo com Martins, G. (2008), é sustentado pelo
referencial teórico, que orienta as questões e proposições do estudo, reúne uma gama de
informações obtidas por meio de diversas cnicas de levantamento de dados e
evidências.
No entanto, apesar das limitações, o estudo de caso é considerado o método mais
apropriado para se conhecer com mais profundidade todas as características de um
determinado fenômeno organizacional; portanto, nesse caso, a análise das bases de
dados específicas na área de Engenharia de Produção torna-se um estudo propício para
esse tipo de pesquisa.
5 RESULTADOS PARCIAIS E FINAIS
O objetivo da pesquisa foi conhecer as fontes de informações sobre a Engenharia
de Produção contidas no Portal de Periódicos da Capes. Sabe-se que a coleção de fontes
de informação contidas no Portal está composta de bases de dados bibliográficas
produzidas por várias editoras, como a Engineering Management Review da Editora IEEE,
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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entre outras. Essas fontes de informação são selecionadas de acordo com critérios
aprovados pelo Portal, mediante análise e renovação dos conteúdos.
Algumas dessas bases são atualizadas semanalmente a partir da coleta de
metadados dessas fontes; outras, mensalmente, dependendo do sistema de atualização
de cada editora e a produção científica da área do conhecimento correspondente.
Ao analisar especificamente a área da Engenharia de Produção, foram obtidas
informações acerca da gerência dos recursos humanos, financeiros e materiais de uma
empresa, a fim de elevar sua produtividade e rentabilidade. Portanto, a pesquisa sobre
essa área da engenharia associa conhecimentos de várias áreas, como as técnicas de
administração e fundamentos de economia, proporcionando procedimentos e métodos
que auxiliam na racionalização do trabalho, aperfeiçoando a produção e organizando as
atividades financeiras, logísticas e comerciais de uma organização.
No decorrer da prática da análise sobre as bases de dados na área de Engenharia
de Produção disponíveis no Portal de Periódicos da Capes nas ações da pesquisa,
puderam-se obter algumas informações importantes acerca da articulação entre
pesquisa e como elaborar estratégias de busca na interface do Portal, o que possibilitou
enumerar alguns achados:
a) Busca por Assunto
Nesse tipo de busca, o Portal possibilita ao usuário utilizar pesquisas inserindo
palavras ou termos de busca com o propósito de obter artigos, capítulos de livros, dentre
outros, com os termos pesquisados. E, apesar de o Portal realizar uma busca em
qualquer idioma, a base sugere que sejam utilizados termos em inglês, considerando que
a literatura científica indexada é, em sua maioria, publicada nesse idioma. Quando a
pesquisa ocorre somente na língua portuguesa, o índice de revocação é baixo; já em
inglês, haverá um aumento no número de resultados recuperados. Entretanto, nada
impede que outros idiomas sejam utilizados.
b) Busca por Periódicos
Outra forma de pesquisar no Portal é a busca por periódico. Nesse tipo de busca o
usuário tem a possibilidade de pesquisar pelos títulos dos periódicos, utilizando a busca
avançada, na qual existe a possibilidade de obter o artigo inserindo os dados
bibliográficos dos periódicos, como título, ISSN, volume, ano, página, entre outros
elementos, e, por fim, os usuários podem pesquisar por área de conhecimento.
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Na busca avançada, a pesquisa por área de conhecimento é a mais recomendada
para quem não conhece os periódicos disponíveis no Portal para a área de Engenharia
de Produção, possibilitando obter mais conhecimento sobre esses periódicos. No caso
específico da Engenharia de Produção, o Portal disponibiliza 280 títulos de periódicos
nessa área, além de 424 títulos na área de Engenharia Mecânica.
c) Busca por Base de Dados
Esse tipo de busca permite identificar as bases de dados disponíveis no Portal da
Capes. Podem-se realizar três tipos de pesquisas: por palavras do título ou ordem
alfabética; por tipo de conteúdo abrangido, editor/fornecedor; e pela mais recomendada,
que é a pesquisa por área/subárea de conhecimento, em que o pesquisador escolhe a
sua área de pesquisa e a subárea, e o sistema lista todas as bases daquela área
disponíveis no Portal. O Pesquisador ainda tem a opção de interagir com bases da área
de conhecimento que são pouco conhecidas, ou apenas pesquisar as bases de livre
acesso ou nacionais.
Com a busca na área de Engenharia, foi possível recuperar 215 bases, e da
subárea Engenharia de Produção, 24 bases. O quadro 1 traz as bases de textos completo
recuperadas no Portal de Periódicos da Capes para a subárea de Engenharia de
Produção:
Quadro 1 Bases de texto completo.
BASES DE TEXTO COMPLETO
DESCRIÇÃO
American Society of Civil
Engineers - ASCE
A Sociedade Americana de Engenheiros Civil (ASCE) disponibiliza 38
publicações contendo informações científicas, técnicas e
profissionais nas áreas de Engenharia Civil, Geociências e Ciências
Ambientais. Também com assuntos pertinentes a subárea de
Engenharia de Produção.
Cambridge Core
A Base Cambridge Core oferece uma coleção contendo publicações
periódicas cobrindo as áreas de Ciências Biológicas, Ciências da
Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Sociais Aplicadas,
Ciências Humanas e Letras e Artes. E assuntos multidisciplinares
que contemplam a subárea de Engenharia de Produção.
Emerald Insight (Emerald)
Coleção de publicações periódicas com concentração nas áreas de
Administração, Contabilidade, Ciência da Informação, Engenharia
Mecânica, Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção.
Oxford Journals (Oxford
University Press)
Compendex é uma base de referências e resumo de pesquisas em
engenharia técnica e científica disponíveis, cobrindo todas as
disciplinas da engenharia. Isso inclui mais de 17 milhões de
registros dentre citações bibliográficas e resumos, periódicos de
engenharias e anais de congressos e eventos de 73 países em 190
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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ARTIGO
disciplinas da Engenharia.
PNAS - Proceedings of the
National Academy of Sciences
É um dos periódicos multidisciplinares científicos mais citados no
mundo.Desde a sua criação em 1914, continua a publicar relatórios
de pesquisas de ponta, comentários, opiniões, perspectivas, papers e
atividades da Academia.
ScienceDirect (Elsevier)
Estão disponíveis publicações da Elsevier e de outras editoras
científicas, cobrindo as áreas de Ciências Biológicas, Ciências da
Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias,
Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Letras e Artes.
SpringerLink
Coleção de publicações com ênfase nas áreas de Ciências Biológicas,
Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Ciências Exatas e da Terra.
Clique no título desejado para folhear os fascículos e consultar os
resumos e os textos completos dos artigos. Quando estiver no site
deste editor, você poderá ter acesso às tabelas de conteúdo e aos
resumos de outras publicações não assinadas pela CAPES.
Fonte: Portal de Periódicos da Capes (2017, adaptado).
Durante a busca, também foi possível encontrar uma quantidade satisfatória de
bases de referenciais com resumos, conforme especificado no quadro 2:
Quadro 2 Bases de referenciais com resumos.
BASES DE REFERENCIAIS COM
RESUMOS
DESCRIÇÃO
Environmental Engineering
Abstracts (ProQuest)
Base de dados da literatura científica internacional referente à
segurança ambiental e produção de energia, tecnologia e qualidade
do ar e da água. Indexa mais de 500 títulos de periódicos além de
mais de 2.500 fontes adicionais, como monografias e anais de
congressos.
Compendex (Engineering
Village)
Technology Collection
(ProQuest)
Compendex é uma base de referências e resumo de pesquisas em
engenharia técnica e científica disponíveis, cobrindo todas as
disciplinas da engenharia. Isso inclui mais de 17 milhões de
registros dentre citações bibliográficas e resumos, periódicos de
engenharias e anais de congressos e eventos de 73 países em 190
disciplinas da Engenharia.
Materials Business File
(ProQuest)
Abrange a evolução técnica e comercial do ferro e do aço, metais não
ferrosos, materiais compósitos, plásticos, entre outros. Indexa mais
de 1.300 publicações, incluindo periódicos, relatórios financeiros,
dissertações, trabalhos apresentados em congressos e periódicos de
conteúdo comercial.
Mechanical and Transportation
Engineering Abstracts
(ProQuest)
Indexa a literatura em mecânica e engenharia de transporte e áreas
correlatas, incluindo a engenharia forense, administração e
comercialização, educação em engenharia, mecânica teórica e
dinâmica, matemática e computação.
Web of Science - Coleção
Principal (Thomson Reuters
Base multidisciplinar que indexa somente os periódicos mais citados
em suas respectivas áreas. É também um índice de citações,
126
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Scientific)
informando, para cada artigo, os documentos por ele citados e os
documentos que o citaram. Possui hoje mais de 9.000 periódicos
indexados.
SCOPUS (Elsevier)
Base de dados de resumos e de citações da literatura científica e de
fontes de informação de nível acadêmico na Internet. Indexa mais de
21 mil periódicos, de 5 mil editores internacionais, 24 milhões de
patentes, além de outros documentos.
Fonte: Portal de Periódicos da Capes (2017, adaptado).
A busca no Portal recuperou ainda duas bases especializadas em patentes, sendo
elas: Derwent Innovations Index da Editora Clarivate Analytics e Esp@cenet da European
Patent Officce. Uma base de textos completos com normas técnicas, a IEEE Xplore, que é
responsável por indexar e publicar normas técnicas e anais de congressos e conferências
publicados pelo Institue of Eletrical and Eletronic Engineers (IEEE) dos EUA, e pelo
Instituto of Engineering and Technology (IET) da Inglaterra.
Têm-se, ainda, bases de arquivos abertos e redes de e-prints, repositórios
institucionais, o portal RCAAP Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal e,
não menos importante, a base SciELO, com características de uma biblioteca eletrônica
que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos.Para pesquisadores mais
conservadores, têm-se o DirectoryofOpen Access Books, que promove o acesso aberto a
diversos livros, e, por fim, os repositórios institucionais na subárea de engenharia,
encabeçada pela Biblioteca Digital da UNIVATES (BDU) e a base ASM Materials
Information (BDEC), com o arsenal rico de obras de referências.
Algumas bases possuem abrangência multidisciplinar, muito embora sejam
recuperadas quando se filtra a busca por bases na subárea de Engenharia de Produção.
Tal resposta aos filtros selecionados corrobora com o que foi afirmado por Boulding
(1956, 1985) sobre o fato de diferentes campos científicos apresentarem similaridades
entre si e, portanto, podem ser agrupados à Engenharia de Produção.
Segundo Morin (1977), os sistemas podem ser classificados em três níveis de
complexidade: simples, complicado e complexo. A Engenharia de Produção tem parte de
seus problemas considerados complexos e, para tanto, não deve limitar-se aos
conhecimentos difundidos em uma única subárea, visto que para solucioná-los é
necessário unir conhecimentos de áreas científicas afins (BRUCE et al., 2004;
LAROZINSKI NETO; LEITE, 2010; SANTOS, 2003).
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
127
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
Percebe-se, a partir da busca realizada, que o Portal de Periódicos da Capes
oferece uma cobertura abrangente e diversificada para a subárea de Engenharia de
Produção. Maior parte das bases recuperadas, no entanto, traz material em língua
inglesa, e este pode representar um desafio aos pesquisadores que não possuem
familiaridade com a língua (CUNHA, A., 2009). A busca por periódicos nacionais de
maior referência internacional também representa uma barreira, visto que a pesquisa
brasileira o teve sucesso até agora [2014] no desenvolvimento de periódicos de
referência internacional com desempenho no decil ou mesmo no quartil superior das
distribuições de citações por artigo (PACKER, 2014). Dessa forma, ainda são
necessários avanços significativos na pesquisa nacional.
Outra dificuldade que pode ser encontrada é o fato de nem todas as bases
estarem disponíveis gratuitamente. Por esse motivo, o pesquisador que não esteja
vinculado a uma instituição que assine o Portal de Periódicos da Capes encontrará
dificuldades de acesso (CENDÓN; SOUZA; RIBEIRO, 2011).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreende-se que a pesquisa em bases de dados específicas de determinada
área do conhecimento requer a busca por informações científicas, que é uma atividade
fundamental para a obtenção do conhecimento, desenvolvimento das competências e
aprimoramento de habilidades. Inserindo-se nesse cenário, o engenheiro de produção
deve apropriar-se de métodos, técnicas e recursos informacionais para subsidiar sua
inserção no universo da informação.
Considerando-se que, nesse mundo globalizado, a evolução das tecnologias e a
facilidade de acesso às informações fornecem subsídios para pesquisas de ponta, o
Portal de Periódicos da Capes disponibiliza o acesso a essas publicações sempre a
contento e, consequentemente, equiparando os engenheiros de produção brasileiros ao
que de melhor na área pelo mundo, facilitando, assim, o desenvolvimento de
pesquisas científicas de alto nível.
Desse modo, no que diz respeito ao questionamento levantado para o
desenvolvimento desta pesquisa, sobre quais estratégias foram facilitadoras no processo
de busca pela informação na área de Engenharia de Produção no âmbito do Portal de
Periódicos da Capes, consideramos que a problemática foi plenamente respondida e, em
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Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
conformidade com os itens explicitados a seguir, a referida pesquisa norteou os
engenheiros de produção a: obter noções sobre os conceitos de fontes de informação
primária, secundária e terciária; conhecer as estratégias de busca no Portal de
Periódicos da Capes; entender as diferenças entre os tipos de bases de dados; perceber a
importância do domínio da língua inglesa nas pesquisas científicas.
Posto isso, acredita-se que a pesquisa desenvolvida neste artigo poderá ser de
grande valia para os engenheiros de produção no que se refere às estratégias de busca
no Portal de Periódicos da Capes, tornando a pesquisa científica nessa base de dados um
elemento essencial para obtenção de dados e informações sobre a evolução e as
pesquisas desenvolvidas nessa área do conhecimento.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
BOULDING, K. E. General systems theory: the skeleton of science. Management science,
Providence, Rhode Island, USA, v. 2, n. 3, p. 197-208, 1956.
BOULDING, K. E. The world as a total system. London: SAGE, 1985.
BRUCE, A. et al. Interdisciplinary integration in Europe: the case of the fifth framework
programme. Futures, Guildford, Inglaterra, GB, v. 36, p. 457-470, 2004.
CAMPELLO, B. V. C; JEANNETTE, M. K. Fontes de informação para pesquisadores e
profissionais. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
CENDÓN, B. V.; SOUZA, J. L. de A.; RIBEIRO, N. A. Satisfação dos usuários do Portal de
Periódicos da Capes: um estudo sobre a obtenção de sucesso no uso do sistema.
Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 16, n. 2, p. 67-100,
abr./jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v16n2/06.pdf>. Acesso
em: 30 maio 2017.
CHOO, C. W. A organização do conhecimento: como as organizações usam a
informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo:
Editora Senac, 2003.
COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES).
Plano diretor de tecnologia da informação da Capes: PDTI 2013/2014. Brasília,
2014. Disponível em:
<https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/pdti-2014.pdf>.
Acesso em: 23 abr. 2017.
Sales et al. | Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção
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Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ARTIGO
CORREA, C. et al. Portal de Periódicos da CAPES: um misto de solução financeira e
inovação. Revista Brasileira de Inovação, Campinas, v. 7, n. 1, p. 127-145, jan./jun.
2008.
CUNHA, A. Á. L. Uso de bibliotecas digitais de periódicos: um estudo comparativo no
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SOBRE OS AUTORES
Weslayne Nunes de Sales
Bibliotecária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestranda em Políticas Públicas e Gestão da
Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: weslaynesales@ufc.br
Ana Cristina Azevedo Ursulino Melo
Bibliotecária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação
Superior pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: anacristina@ufc.br
Maxweel Veras Rodrigues
Professor do Departamento de Engenharia de Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal
do Ceará (UFC). Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
E-mail: maxweelveras@gmail.com
Sueli Maria de Araújo Cavalcante
Professora do Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade
Federal do Ceará (UFC). Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: suelicavalcante@hotmail.com
Recebido em: 05/12/2017; Aceito em: 10/03/2018; Revisado em: 22/03/2018.
Como citar este artigo
SALES, Weslayne Nunes de et al. Bases de dados para pesquisa em Engenharia de Produção: uma análise a
partir do Portal de Periódicos da Capes. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 3, n. 1, p. 113-131, jan./jun.
2018.
RESUMO DISSERTAÇÃO
FERNANDES, Joana D’Arc Páscoa Bezerra. Diagnóstico da acessibilidade informacional na
biblioteconomia brasileira. 2018. 120 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
DIAGNÓSTICO DA ACESSIBILIDADE INFORMACIONAL NA
BIBLIOTECONOMIA BRASILEIRA
DIAGNOSIS OF INFORMATION ACCESSIBILITY IN THE BRAZILIAN
LIBRARIANSHIP
RESUMO
O avanço vertiginoso no campo da ciência e da tecnologia, que converge para o
desdobramento de outras subáreas e especializações relacionadas ao conhecimento,
juntamente com a produção e compartilhamento de conteúdo em meio digital de forma
rápida, livre e democrática, tem como uma das principais consequências o fenômeno da
superabundância informacional que se observa na sociedade moderna. Neste cenário,
destacam-se os papéis da Biblioteconomia como a área do saber responsável pelo
tratamento técnico, organização e disseminação da informação; e da Ciência da
Informação enquanto área que tem a informação e os fenômenos que a permeiam como
objeto de estudo. Destaca-se também a existência de uma vasta gama de recursos
tecnológicos criados para possibilitar o acesso à informação. Contudo, existem alguns
grupos minoritários de pessoas à margem dessas possiblidades, para quem o acesso à
informação é algo ainda muito difícil e, em alguns casos, até impossível. Acredita-se que
a acessibilidade informacional é uma importante ferramenta de inclusão social e que,
por este motivo, deve ser compreendida e estudada. Diante dessa constatação,
objetivou-se realizar um diagnóstico da acessibilidade informacional nas ações da
biblioteconomia brasileira sob o olhar da percepção da área e a sua contribuição para
solução do problema. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica onde foram
obtidos os insumos teóricos, epistemológicos e a base para a análise do processamento
técnico biblioteconômico como ferramenta de acessibilidade informacional; seguido de
uma pesquisa exploratória onde os resultados teóricos foram confrontados com a
prática bibliotecária; e uma pesquisa explicativa onde foram consultados bibliotecários
de todos os estados brasileiros acerca do entendimento da temática e sua problemática,
formação acadêmica e atuação profissional. Os resultados obtidos a partir da análise dos
dados revelaram que, embora haja um interesse da área pelo tema e um esforço inicial,
ainda há muito a ser feito para o efetivo alcance da acessibilidade informacional.
Palavras-chave: Biblioteconomia brasileira. Acessibilidade informacional. Requisitos de
acessibilidade informacional. Representação da informação.
Inf. Pauta
Fortaleza, CE
v. 3
n. 1
jan./jun. 2018
Fernandes | Diagnóstico da acessibilidade informacional na Biblioteconomia brasileira
133
Inf. Pauta, Fortaleza, CE, v. 3, n. 1, jan./jun. 2018
ABSTRACT
The huge advance in science and technology, which converges to the unfolding of
subareas and specializations related of knowledge, together with the production and
sharing of content in digital environment, in a free and democratic way, has as one major
consequence the phenomenon of the informational superabundance that is observed in
modern society. Two areas are in evidence in this scenario, first the librarianship role as
one area of knowledge responsible for the technical treatment, organization and
dissemination of information; and second the Information Science as an area that has
the information and the phenomena that permeate it, as an object of study. It also
highlights the existence of a wide range of technological resources created to enable
access to information. However, there are some minority groups of people on the
margins of these possibilities, for whom access to information is still very difficult and,
in some cases, even impossible for them. It is believed that information accessibility is
an important tool for social inclusion and therefore must be understood and studied. In
view of this understanding, the objective was to make a diagnosis of information
accessibility in the Brazilian librarianship in order to know the perception of the area
and its contribution to solve the problem. For this, a bibliographical research was
carried out, where the theoretical and epistemological inputs were obtained, supplying
the basis for the analysis of technical library processing as a tool for informational
accessibility; followed by an exploratory research where the theoretical results were
confronted with the librarian practice; and an explanatory research where librarians
from all Brazilian states were consulted about the understanding of the subject and its
problematics, academic formation and professional performance. The results obtained
from the analysis of the data revealed that although there is an interest of the area by
the theme and an initial effort, there is still much to be done for the effective reach of the
informational accessibility.
Keywords: Brazilian Librarianship. Information accessibility. Information accessibility
requirements. Information representation.
SOBRE A AUTORA
Joana DArc Páscoa Bezerra Fernandes
Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Bibliotecária da Universidade Federal
do Ceará (UFC).
E-mail: joanabib@yahoo.com.br
Recebido em: 16/06/2018; Aceito em: 18/06/2018; Revisado em: 22/06/2018.