“Eles nascem para morrer”: uma análise psicossocial da problemática dos homicídios de jovens em Fortaleza
Palavras-chave:
Homicídios, juventudes, análise psicossocial.Resumo
Dados relativos à questão da violência urbana envolvendo jovens permitem considerar a escala de homicídios desse segmento um dos principais dispositivos de controle social de populações e territórios pauperizados e estigmatizados, tornando-se um dos principais desafios ético-político no cenário brasileiro. A cidade de Fortaleza dispõe de indicadores preocupantes no que concerne ao número de homicídios envolvendo segmentos juvenis, apresentando maior índice de homicídios na adolescência (IHA) entre as capitais brasileiras. Diante disso, este estudo objetiva problematizar o fenômeno dos homicídios de jovens na cidade de Fortaleza sob o ponto de vista psicossocial, tomando-o como um analisador das implicações das relações de poder e dos modos de subjetivação contemporâneos no cotidiano das margens urbanas brasileiras. A problematização se desenvolverá em diálogos da Psicologia Social com autores como Foucault, Deleuze, Guattari e Agamben. São postos em análise processos de sujeição de juventudes pobres no Brasil pela sua associação com o risco e a violência, bem como os processos psicossociais produtores de jovens “indignos de vida” a quem se atribui a pecha de “envolvidos”.
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