O processo de adolescer no discurso de mulheres adolescentes de uma comunidade periférica em Manaus

Autores

  • Vilma Gomes Mourão Universidade do Minho, ULBRA, Faculdade Salesiana Dom Bosco
  • Rosângela Francischini Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Palavras-chave:

Adolescência, Análise de Discurso, Mulheres

Resumo

O trabalho promove uma discussão acerca da adolescência no que tange às diversas formas de entendimento desse termo ao longo da história, para, assim, nos aproximarmos das concepções que mulheres adolescentes de um bairro periférico da cidade de Manaus desenvolveram acerca da adolescência. Trata-se de uma pesquisa exploratória de base qualitativa, cujos dados foram construídos com seis adolescentes entre 16 e 19 anos e analisados por meio da análise de discurso (Pêcheux). Os resultados apontam para o fato de que a adolescência chegou para muitas delas sem muitas demarcações, como uma continuidade da vida, apenas acrescida de maior responsabilidade com as tarefas domésticas e os cuidados com os irmãos menores. Para algumas entrevistadas, a adolescência possibilitou um pouco mais de liberdade e para outras, ao contrário, uma maior vigilância e controle por parte dos familiares. Outros dados demonstram que elas se percebem na adolescência por uma via dupla – pelo olhar do outro que aponta as mudanças corporais ocorridas e a própria percepção de mudanças de atitudes sinalizam sua despedida da infância. Ao priorizar o olhar dessas mulheres sobre si mesmas, esperamos contribuir para o fortalecimento de perspectivas que possam, cada vez mais, dar voz aos adolescentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vilma Gomes Mourão, Universidade do Minho, ULBRA, Faculdade Salesiana Dom Bosco

Socióloga e Psicóloga. Mestre em Educação. Doutora em Psicologia do Desenvolvimento no Programa de Estudos da Criança na Universidade do Minho em Braga - Portugal. Membro do Laço Analítico Escola de Psicanálise - Núcleo Manaus. Psicóloga Clínica do Centro Avançado de Psicologia. Professora da Faculdade Santa Tereza. Professora Convidada do Curso de Pós-graduação em Psicologia Clínica do Centro Universitário Luterano de Manaus - CEULM / ULBRA e do Curso de pós-graduação em Relações Familiares da Faculdade Salesiana Dom Bosco.

Rosângela Francischini, Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1983), mestrado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (1990), doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1998), doutorado "sanduiche" em Psychologie et Sciences de l´Éducation - Université de Genève (1998) e pós doutoramento (2012-2013) em Estudos da Criança (UMINHO/PT). Aposentada em setembro de 2015, atuou como Professora universitária desde 1985 e, a partir de 1993, como professora efetiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, graduação e pós-graduação. Em 2014 tornou-se Profa. Titular na referida IES. Atualmente, mantém vínculo como professora colaboradora no programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Psicologia da UFRN e de pesquisadora colaboradora do Centro de Investigações em Estudos da Criança, da Universidade do Minho (UMINHO), Portugal. Coordenou o Grupo de Pesquisas Núcleo de Estudos Sócio-Culturais da Infância e Adolescência (2000 a 2015). Foi Presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento (2008-2009). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Desenvolvimento de Crianças. incluindo desenvolvimento em contextos de risco e vulnerabilidade. Atua, principalmente, nos seguintes temas: infância, desenvolvimento de crianças, pesquisa com crianças, contextos de risco, direitos da criança e do adolescente.

Referências

Aberastury, A. (Org.). (1990). Adolescência (6a. ed.). Porto Alegre: Artes Médicas.

Abreu, C. (1998). Meus oito anos. In C. Faraco, & F. Moura, Literatura brasileira (14ª ed.). São Paulo: Ática.

Amado, J. & Ferreira, S. (2013). A entrevista na investigação educional. In J. Amado (Coord.), Manual de investigação qualitativa (pp. 205-232). Coimbra: Universidade de Coimbra.

Ariès, P. (1981). História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

Authier-Revuz, J. (1990). Heterogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de Estudos Lingüísticos, 19, 25-42.

Authier-Revuz, J. (1998). Palavras incertas: as não-coincidências do dizer. Campinas, SP: Unicamp.

Authier-Revuz, J. (2004). Heterogeneidade mostrada e heterogeneidade constitutiva: elementos para uma abordagem do outro no discurso. In J. Authier-Revuz, Entre a transparência e a opacidade: um estudo enunciativo do sentido. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Berman, M. (1986). Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Cia. das Letras.

Birman, J. (2005). Tatuando o desamparo: a juventude na atualidade. Recuperado de https://chasqueweb.ufrgs.br/~slomp/edu01011/birman-tatuando-o-desamparo.pdf

Calligaris, C. (2013). A adolescência. São Paulo: Publifolha.

Campos, H. & Francischini, R. (2003). Trabalho infantil produtivo e desenvolvimento humano. Psicologia em Estudo, 8(1), 119-129.

Carreteiro, T. (2010). Adolescências e experimentações possíveis. In M. Marra, & L. Costa (Orgs), Temas da clínica do adolescente e da família. São Paulo: Ágora.

Chassaing, J. (2004). Mais tarde é agora! In I. Corrêa (Org.), Mais tarde... é agora. Ensaios sobre a adolescência. Salvador: Ágalma

Coimbra C., Bocco F., & Nascimento, M. (2005). Subvertendo o conceito de adolescência. Arquivo Brasileiro de Psicologia, 57(1). Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180952672005000100002

CONEP (2012) - Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf.

Costa, J. (1988). Narcisismo em tempos sombrios. In J. Birman (Coord.), Percursos na história da psicanálise (pp. 151-174). Rio de Janeiro: Taurus.

Cromack, L., & Cupti, D. (2009). Protagonismo Juvenil. In D. Monteiro, A. Trajano, & A. Bastos (Orgs.), Gravidez e adolescência. Rio de Janeiro: Revinter.

Dolto, F. (2004). A causa dos adolescentes. Aparecida, SP: Idéias & Letras.

Erikson, E. (1998). O ciclo de vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas.

Fernandes, A. (1994). A mulher escondida na professora: uma leitura pedagógica do ser mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed.

Freire, S. (2005). O movimento dos sentidos sobre línguas estrangeiras no Brasil: discurso, história e educação (Tese de Doutorado em Linguística). Universidade de Campinas.

Gonzales, F. (2002). Pesquisa qualitativa em psicologia: caminhos e desafios. São Paulo: Thompson.

Guimarães, R., & Romanelli, G. (2002). A inserção de adolescentes no mercado de trabalho através de uma ONG. Psicologia em Estudo, 7(2), 117-126. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pe/v7n2/v7n2a14

Heilborn, M. (2006). Entre as tramas da sexualidade brasileira. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 14(1). Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0104026X2006000100004

Kapfhammer, W. (2004). De ‘sateré puro’ (Sateré sese) ao ‘novo sateré’ (Sateré pakup): Mito e práxis no movimento evangélico entre os Sateré-mawé. In R. Wright (Org.), Transformando os deuses: igrejas evangélicas, pentecostais e neopentecostais entre os povos indígenas no Brasil (pp. 101-140). Campinas, SP: Editora da Unicamp.

Lacan, J. (1995). O seminário. Livro 2: O Eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (4ª ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Lesourd, S. (2004). A construção adolescente no laço social. Petrópolis, RJ: Vozes.

Manoni, O. (2004) A adolescência é analisável? In I. Corrêa (Org.), Mais tarde... é agora. Ensaios sobre a adolescência. Salvador: Ágalma.

Messeder, S. (2002). "Namorei não, peguei": o pegar como uma forma de relacionamento amoroso-sexual entre jovens. XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais. Recuperado de http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/Com_JUV_ST40_Messeder_texto.pdf.

Minayo, M. (2002). Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes.

Minayo, M. (2012). Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência, saúde coletiva, 17(3). Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000300007

Morin, E. (2005). Ciência com consciência (8ª ed. revista e modificada pelo autor). Riode Janeiro: Bertrand Brasil

Noronha, D., Lopes, G., & Montgomery, M. (1993). Tocoginecologia psicossomática. São Paulo: Almed.

Oliveira, M. (2006). Identidade, narrativa e desenvolvimento na adolescência: uma revisão crítica. Psicologia em estudo, 11(2), 427-436. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n2/v11n2a21

Outeiral, J. (1998). Violência no corpo e na mente: consequências da realidade brasileira. In Levisk, Adolescência: pelos caminhos da violência: a psicanálise na prática social. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Outeiral, J. (2001). Adolescência: modernidade e pós modernidade. In C. Weinberg (Org.), Geração delivery: adolescer no mundo atual (2ª ed.). São Paulo: Sá.

Outeiral, J. (2008). Adolescer (3ª ed.). Rio de Janeiro: Revinter.

Pêcheux, M. (1988). Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio (2ª ed.). Campinas, SP: Unicamp.

Pêcheux, M. (1997a). A análise de discurso: três épocas. In F. Gadet, & T. Hak, Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, SP: Unicamp.

Pêcheux, M. (1997b). Análise automática do discurso. In F. Gadet, & T. Hak, Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, SP: Unicamp

Pereira, S., & Sudbrack, M. (2010). A escola como contexto complementar à clínica da adolescência. In M. Marra, & L. Costa, Temas da clínica do adolescente e da família. São Paulo: Ágora.

Perrot, M. (2005). As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: Edusc.

Rassial, J. (1997). A passagem adolescente: da família ao laço social. Porto Alegre: Artes e Ofícios.

Ruffino, R. (1995). Adolescência: notas em torno de um impasse. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, 5(11), 41-46.

Sá, C. (1996). Núcleo central das representações sociais. Petrópolis, RJ: Vozes.

Sales, M. (2007). (In)visibilidade perversa: adolescentes infratores como metáfora da violência. São Paulo: Cortez.

Santos, B. (1989). Introdução a uma ciência pós-moderna. São Paulo: Graal.

Downloads

Publicado

2018-01-01

Como Citar

Mourão, V. G., & Francischini, R. (2018). O processo de adolescer no discurso de mulheres adolescentes de uma comunidade periférica em Manaus. Revista De Psicologia, 9(1), 97–106. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/20384