Liderança como Prática Intercultural: Liderança em Projetos Internacionais na Organização Rotary

Autores

  • Otacílio Torres Vilas-Boas Tribunal Regional do Trabalho
  • Eduardo Davel Universidade Federal da Bahia.

Palavras-chave:

liderança, prática, interculturalidade, estudos baseados em prática, projetos internacionais, Rotary.

Resumo


Epistemologicamente, a noção de prática representa uma forma diferenciada para pensar a pesquisa social e as diversas formas de organizações. Dentro do campo da liderança como prática, no qual nenhuma pesquisa integrou a interação entre culturas, este artigo elabora e discute uma concepção da liderança como prática intercultural, com impactos para a prática de pesquisa, por entender que a interculturalidade é elemento fundamental na orientação de como as práticas organizacionais são construídas e na forma como os líderes tomam e alicerçam suas decisões, agem e interagem. Nesse sentido, realiza-se uma pesquisa empírica envolvendo a liderança como prática intercultural em projetos internacionais na organização Rotary, que representa um campo rico no que diz respeito a liderança e interculturalidade, o que permite o estudo e o avanço no desenvolvimento de uma concepção da liderança como prática intercultural, a partir da identificação e da análise das práticas de liderança em tal contexto. Na concepção trazida, a liderança é uma prática que representa o processo – ligado à presente interação entre culturas – de influenciar uma ou mais pessoas rumo à realização de objetivos. A proposta possibilita um conhecimento aprofundado sobre a liderança a partir de um entendimento integrado das práticas existentes, levando em conta os líderes, os seguidores, o contexto e a cultura do grupo, que envolve a cultura organizacional e as culturas sociais presentes. Implicações são discutidas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Otacílio Torres Vilas-Boas, Tribunal Regional do Trabalho

Doutor em Administração pela UFBA, com doutorado sanduíche na The University of Chicago. Mestre em Administração pelo Ibmec/RJ. Especialista em Administração pela FGV/RJ. Graduado em Matemática pela UFBA.

Eduardo Davel, Universidade Federal da Bahia.

Professor na Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Pesquisador do CIAGS - Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social (UFBA). Pós-doutorado em Administração pela Nova School of Business and Economics da Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Ph.D. em Administração pela École des Hautes Études commerciales de Montreal (Canadá). Pesquisador visitante na Graduate Faculty of Political and Social Science da New School for Social Research (New York, EUA). Editor da RIGS - Revista Interdisciplinar de Gestão Social. Pesquisa e publica sobre empreendedorismo cultural, gestão do processo criativo, ensino, metodologia, aprendizagem, cultura e estética nas organizações.

Referências

Barbosa, L., & Veloso, L. (2009). A cultura do outro: Interculturalidade e dialogia nas empresas. In L. Barbosa, Cultura e diferença nas organizações. São Paulo: Atlas.

Bispo, M. (2013). Aprendizagem organizacional baseada no conceito de prática: Contribuições de Silvia Gherardi. Revista de Administração Mackenzie, 14(6), 132-161.

Bispo, M. (2015). Methodological Reflections on Practice-Based Research in Organization Studies. Brazilian Administration Review, 12(3), 309-323.

Canato, A., Ravasi, D., & Phillips, N. (2013). Coerced practice implementation in cases of low cultural fit: Cultural change and practice adaptation during the implementation of Six Sigma at 3M. Academy of Management Journal, 56(6), 1724-1753.

Carroll, B., Levy, L., & Richmond, D. (2008). Leadership as Practice: Challenging the Competency Paradigm. Journal of Strategic Contracting and Negotiation, 4(4), 363-379.

Chevrier, S. (2006). Le management interculturel. Paris: Presses Universitaires.

Collinson, D., & Collinson, M. (2009). “Blended leadership”: Employee perspectives on effective leadership in the UK Further Education Sector. Leadership, 5(3), p. 365-380.

Craide, A., & Silva, F. (2012). A mobilidade e a gestão intercultural nas organizacões. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, 6(1), 105-123.

Crevani, L., Lindgren, M., & Packendorff, J. (2010). Leadership, not leaders: On the study of leadership as practices and interactions. Journal of Management, 26, 77-86.

Czarniawska, B. (2007). Shadowing and other techniques for doing fieldwork in modern societies. Malmö: Liber.

Denis, J., Langley, A., & Sergi, V. (2012). Leadership in the plural. Academy of Management Annals, 6(1), 211-283.

Derue, D. (2011). Adaptive leadership theory: Leading and following as a complex adaptive process. Research in Organizational Behavior, 31, 125-150.

DiMaggio, P. (1997). Culture and cognition. Annual Review of Sociology, 23, 263-287.

Drath, W. (2001). The deep blue sea: Rethinking the source of leadership. San Francisco: Jossey-Bass.

Drath, W., McCauley, C., Palus, C., Velsor, E., O’Connor, P., & McGuire, J. (2008). Direction, alignment, commitment: Toward a more integrative ontology of leadership. The Leadership Quarterly, 19, 635-653.

Drath, W., & Palus, C. (1994). Making common sense: Leadership as meaning-making in a community of practice. Greensboro: Center for Creative Leadership.

Emerson, R., Fretz, R., & Shaw, L. (1995). Writing Ethnographic Fieldnotes. Chicago: The University of Chicago Press.

Feldman, M. (2000). Organizational routines as a source of continuous change. Organization Science, 11(6), 611-629.

Feldman, M., & Orlikowski, W. (2011). Theorizing Practice and Practicing Theory. Organization Science, 22(5), 1240-1253.

Ferraz, M., & Fischer, T. (2001). Liderança e mediação da identidade: A palavra dos líderes e a voz da mídia. Revista Organizações & Sociedade, 8(22), 1-15.

Fiedler, F. (1967). A theory of leadership effectiveness. New York: McGraw-Hill.

Fletcher, J., & Käufer, K. (2003). Shared leadership: Paradox and possibility. In C. Pearce & J. Conger, Shared leadership: Reframing the hows and whys of leadership. Thousand Oaks: Sage.

Gherardi, S. (2006). Organizational Knowledge: The Texture of Workplace Learning. Oxford: Blackwell Publishing.

Gherardi, S. (2010). Telemedicine: a practice-based approach to technology. Human Relations, 63(4), 501-524.

Gherardi, S. (2012). How to Conduct a Practice-based Study: Problems and Methods. Cheltenham: Edward Elgar.

Gherardi, S., Nicolini, D., & Odella, F. (1998). Toward a social understanding of how people learn in organizations: the notion of situated curriculum. Management Learning, 29(3), 273-297.

Giorgi, S., Lockwood, C., & Glynn, M. (2015). The Many Faces of Culture: Making Sense of 30 Years of Research on Culture in Organization Studies. Academy of Management Annals, 9(1), 1-54.

Hosking, D. (2006). Not leaders, not followers: A post-modern discourse of leadership processes. In B. Shamir, R. Pillai, M. Bligh, & M. Uhl-Bien, Follower-centered perspectives on leadership: A tribute to the memory of James R. Meindl. Greenwich: Information Age Publishing.

House, R., Hanges, P., Javidan, M., Dorfman, P., & Gupta, V. (2004). Culture, leadership, and organizations: The GLOBE study of 62 societies. Thousand Oaks: Sage.

Howard-Grenville, J., Golden-Biddle, K., Irwin, J., & Mao, J. (2011). Liminality as cultural process for cultural change. Organization Science, 22(2), p. 522-539.

Hui, A., Schatzki, T., & Shove, E. (2017). The Nexus of Practices: Connections, constellations, practitioners. London: Routledge.

Jarzabkowski, P. (2005). Strategy as practice: An activity-based approach. London: Sage.

Matos, A. (2002). Executivos americanos na Bahia: Expectativas e percepções sobre a cultura de trabalho local: Um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Administração). Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Neuman, W. (2003). Social research methods: Qualitative and quantitative approaches. Boston: Pearson Education.

Nicolini, D. (2009). Zooming in and out: practices by switching theoretical lenses and trailing connections. Organizations Studies, 30(12), 1391-1418.

Nicolini, D. (2013). Practice Theory, Work, and Organization: An introduction. Oxford: Oxford University Press.

Nicolini, D., Gherardi, S., & Yanow, D. (2003). Knowing in organizations: a practice-based approach. New York: M. E. Sharpe.

Orlikowski, W. (1996). Improvising organizational transformation over time: A situated change perspective. Information Systems Research, 7(1), 63-92.

Parry, K., & Bryman, A. (2006). Leadership in organizations. In S. Clegg, C. Hardy, T. Lawrence, & W. Nord, The Sage Handbook of Organization Studies. London: Sage.

Raelin, J. (2011). From leadership-as-practice to leaderful practice. Leadership, 7(2), 195-211.

Reckwitz, A. (2002). Toward a theory of social practices: A development in cultural theorizing. European Journal of Social Theory, 5(2), 243-263.

Rotary. (2017). Site oficial. Disponível em: http://www.rotary.org.

Samra-Fredericks, D. (2003). Strategizing as lived experience and strategists’ everyday efforts to shape strategic direction. Journal of Management Studies, 40(1), 141-174.

Sandberg, J., & Dall’Alba, G. (2009). Returning to practice new: a life-world perspective. Organization Studies, 30(12), 1349-1368.

Schatzki, T. (2001). Introduction: practice theory. In T. Schatzki, K. Knorr Cetina, & E. von Savigny, The Practice Turn in Contemporary Theory. New York: Routledge.

Schein, E. (1992). Organizational Culture and Leadership. San Francisco: Jossey-Bass.

Smircich, L., & Morgan, G. (1982). Leadership: The management of meaning. The Journal of Applied Behavioral Science, 18(3), 257-273.

Smith, P., & Peterson, M. (1989). Leadership, organizations and culture. London: Sage.

Stogdill, R. (1948). Personal factors associated with leadership: A survey of the literature. Journal of Psychology, 25, 35-71.

Stogdill, R., & Coons, A. (1957). Leader behavior: Its description and measurement. Columbus: Bureau of Business Research, Ohio State University.

Swidler, A. (2001). What anchors cultural practices. In T. Schatzki, K. Knorr Cetina, & E. von Savigny, The Practice Turn in Contemporary Theory. New York: Routledge.

Vaara, E., & Whittington, R. (2012). Strategy-as-Practice: Taking Social Practices Seriously. Academy of Management Annals, 6(1), 285-336.

Varney, J. (2009). Leadership as meaning-making. Human Resource Management International Digest, 17(5), 3-5.

Vilas-Boas, O., Davel, E., & Bispo, M. (2018). Leadership as Cultural Practice. Revista de Administração Mackenzie, 19(1).

Whittington, R. (2003). The work of strategizing and organizing: For a practice perspective. Strategic Organization, 1(1), 117-125.

Whittington, R. (2006). Learning more from failure: Practice and process. Organization Studies, 27(12), 1903-1906.

Downloads

Publicado

2018-07-01

Como Citar

Torres Vilas-Boas, O., & Davel, E. (2018). Liderança como Prática Intercultural: Liderança em Projetos Internacionais na Organização Rotary. Revista De Psicologia, 9(2), 200–214. Recuperado de http://periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/32945

Edição

Seção

Artigos