Revista de Psicologia, Fortaleza, v.14, e023004 jan./dez. 2023

DOI: 10.36517/revpsiufc.14.2023.4

 

 

RECEBIDO EM: 22/07/2022

PRIMEIRA DECISÃO EDITORIAL: 23/08/2022

VERSÃO FINAL: 31/10/2022

APROVADO EM: 09/11/2022

 

 

A Dimensão Subjetiva do Período Pré-Eleitoral de 2022: um Estudo a Partir da Psicologia Sócio-Histórica

The Subjective Dimension of the 2022 Pre-Election Period: a Study Based on Socio-Historical Psychology

 

José Vinicius Ribeiro de Campos

Graduado em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e no Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Humanidades pela Universidade Federal do ABC (Brasil); https://orcid.org/0000-0001-8742-7020; joseviniciusrc@yahoo.com.br

 

Maria Cristina Dancham Simões

Doutora em Educação: História, Política, Sociedade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Bacharel, Licenciada e Psicóloga pela Universidade de Taubaté (Brasil). Professora do Departamento de Métodos e Técnicas em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Professora Orientadora de Estágios na Universidade Paulista (Brasil); https://orcid.org/0000-0002-3969-5001; macris.simoes@gmail.com;

 

Resumo

Considerando as movimentações políticas recentes, a polarização e a escalada reacionária no cenário brasileiro, este artigo visa analisar a dimensão subjetiva das eleições presidenciais do ano de 2022, voltando-se para o período pré-eleitoral. Para tanto realizou-se, primeiramente, uma revisão de literatura interdisciplinar na qual se buscou compreender as raízes de nosso contexto político atual. Tendo estes referenciais, objetivou-se, especificamente, entender como a Psicologia Sócio-Histórica pode, por meio da metodologia da análise de discurso dos núcleos de significação e do conceito de dimensão subjetiva da realidade, ajudar na interpretação deste evento sócio-político. Com isso em mãos, procurou-se analisar comentários de uma publicação de maio de 2022 sobre a intenção de voto dos brasileiros nas eleições presidenciais deste ano divulgada pelo veículo de imprensa UOL na rede social Instagram. Após essa exposição, discorreu-se a respeito do caráter polarizado deste período pré-eleitoral iniciado gradativamente a partir de 2013. Também se atentou para a natureza autoritária que parte dos apoiadores de Bolsonaro possuem, o que remonta ao histórico político nacional e cerceia a democracia. Por fim, apontou-se para a importância de se pensar a política para além de seu caráter institucional e racional, entendendo-a igualmente como espaço de formação de subjetividades.

Palavras-chave: Dimensão subjetiva, eleições presidenciais, Psicologia Sócio-Histórica, Instagram, democracia.

 

Abstract

Considering the recent political movements, polarization and reactionary fascist escalation in the Brazilian scenario, this paper aimed to analyze the subjective dimension of the 2022 presidential elections, focusing on the pre-election period. In order to do so, an interdisciplinary literature review was made, this review sought to understand the roots of our current political context. Having these references, the specific objective was to understand how Socio-Historical Psychology could, through the methodology of discourse analysis of the nucleus meaning and the concept of the subjective dimension of reality, help in the interpretation of this socio-political event. With this, it was analyzed comments from a May 2022 post about Brazilians' voting intentions in this year's presidential elections, published by UOL on Instagram. After this exposure, the polarized aspect that this pre-election is taking, that began in 2013, was discussed. Attention was also paid to the authoritarian nature that part of Bolsonaro's supporters have, which goes back to the national political history and limits democracy. Finally, it was pointed out the importance of thinking about politics beyond its rational and institutional profile, also understanding it as a space for the formation of the subjectivity.

Keywords: Subjective dimension, presidential elections, Socio-Historical Psychology, Instagram, democracy.

 

 

As Idas e Vindas do Projeto Democrático Brasileiro: da Redemocratização Até o Governo Bolsonaro e a Relevância Das Redes Sociais Digitais no Contexto Político Recente

Ao final da ditadura civil-militar iniciada em 1964 – período marcado por autoritarismo, censura e repressão a opositores do regime - a realidade econômica brasileira não ia bem: cortes de gastos públicos, aumento nas taxas de juros, inflação e dívida externa altas, recessão, arrocho salarial e perda da paridade do poder de compra eram a realidade (Fausto, 2010). Não à toa, em 1979, ocorreu na região do ABC paulista uma greve organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, cujo presidente da época era o operário Luís Inácio Lula da Silva, procurando melhores condições de vida para a classe. Estava plantada a semente para a criação do que veio a ser o Partido dos Trabalhadores (PT) (Fausto, 2010).

              Já nos anos 1985, por mais que a “Campanha Pelas Diretas Já” tivesse falhado em seu objetivo principal, a oposição já estava mais articulada e formada em partidos. Nesse sentido, o povo foi às urnas e elegeu novos representantes para o Congresso Nacional os quais, por sua vez, colocaram no cargo de presidente da República Tancredo Neves (Fausto, 2010).

              No entanto, Tancredo, antes de tomar posse, veio a falecer. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente eleito, José Sarney, que governou ao mesmo tempo em que uma Assembleia Constituinte eleita se reunia para, em 1988, outorgar uma nova Constituição Federativa. Concomitantemente, o novo governo pós-ditadura viu-se obrigado a tentar resolver a situação econômica que continuava ruim. Mas, plano econômico após plano econômico, não foi obtido sucesso definitivo na resolução dessa condição (Fausto, 2010).

              Em 1989 a população finalmente foi às urnas para votar diretamente no novo presidente. Assim, em um segundo turno acirrado, venceu Fernando Collor contra Lula. Porém, seu governo não durou muito. Após a manutenção das dificuldades econômicas pelas quais o país passava e a deflagração de esquemas de corrupção que atingiam diretamente o presidente, este foi deposto em um processo de impeachment. No seu lugar, tomou posse Itamar Franco, antes vice-presidente, e que teve por trunfo conter e estagnar a inflação brasileira a níveis mais baixos devido, principalmente, ao Plano Real.

Seu então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (FHC), conquistou os ganhos políticos deste feito, sendo eleito e reeleito presidente do país (1995-2002) (Fausto, 2010). O período FHC foi responsável por manter os ganhos econômicos do Plano Real e por propor reformas, as quais buscavam romper com o projeto social varguista e implementar lógicas neoliberais e gerencialistas no Estado brasileiro (Schwarcz & Starling, 2018).

Na sequência de FHC, é eleito duas vezes Lula (2002-2010), cuja gestão foi marcada pela entrada das classes populares na disputa pelo poder. Seu governo é lembrado pelo combate à fome, redução da miséria, aumento da inclusão, diminuição da desigualdade social e investimentos nas áreas de educação e cultura. Além disso, do ponto de vista econômico, houve crescimento por meio de investimentos e incentivos estatais (Schwarcz & Starling, 2018). Entretanto, há de se ponderar que, por mais que tenha havido melhora das condições sociais, estas não garantiram cidadania plena às classes mais baixas, mas sim uma inserção social pelas vias do consumo (Ab´Sáber, 2011).

Já o governo de Dilma (2011-2016), posterior aos de Lula, além da manutenção das políticas sociais e econômicas de seu antecessor, também é marcado, dentre outras coisas, pela instauração da Comissão Nacional da Verdade, que fez a investigação de crimes contra os direitos humanos perpetuados pelo Estado brasileiro desde o Estado Novo varguista até a ditadura de 1964. Porém, sua gestão ficou fortemente abalada por crimes descobertos e publicizados de corrupção (que também já se manifestavam na gestão Lula) e pelo aumento de manifestações contra a classe política como um todo, a partir de junho de 2013, principalmente contra sua pessoa (Schwarcz & Starling, 2018).

Para compreender o fenômeno dos protestos contra a gestão de Dilma é necessário ir além da explicação que coloca nos casos de corrupção tão somente o cerne de todo o problema, como a maioria da mídia afirmava na época. Souza (2018) mostra que tal levante social, majoritariamente à direita, parecia muito mais próximo de uma reação às mudanças sociais ocorridas nos últimos anos no Brasil - e que escancaram as dominações simbólicas existentes - do que a todas as pautas objetivamente reivindicadas por tais grupos, insatisfeitos com a ampliação dos direitos sociais.

Mesmo assim, Dilma conseguiu ser reeleita em 2014. Contudo, sofreu um golpe jurídico-político em 2016. Em seu lugar, tomou posse o vice-presidente, Michel Temer, que realinhou o projeto de governo a pautas mais mercadológicas de viés neoliberal. E, por fim, no bojo de um forte clima de antipetismo pairado na população em geral e, apoiado pelo mercado, é eleito Jair Bolsonaro no ano de 2018.

 Para Schwarcz (2019), os protestos de 2013 levaram a uma radicalização social na qual a população brasileira mostrou descaso e descrença em relação à política e suas instituições, o que culminou em um forte sentimento de ressentimento. Toda essa realidade abriu espaço para o surgimento de políticos, como Bolsonaro, que ecoavam um falso discurso outsider, autoritário, oportunista e populista (Schwarcz, 2019).

Além disso, do ponto de vista histórico, a autora discorre que, de tempos em tempos, a ordem democrática brasileira é deixada de lado, dando lugar a períodos de exceção autoritários e que trazem à luz “[...] nosso passado escravocrata, o espectro do colonialismo, as estruturas de mandonismo e patriarcalismo, a da corrupção renitente, a discriminação racial, as manifestações de intolerância de gênero, sexo e religião [...]” (Schwarcz, 2019, p. 224).

Não obstante, é fundamental ressaltar o uso das tecnologias da informação, em especial as redes sociais digitais, que esse grupo passou a utilizar. Mais adiante serão apresentadas considerações específicas quanto a isso, porém neste momento é importante indicar que a ideia central é a de que tais políticos usam as redes alegando que não necessitam de intermediários para dialogar com a população, aproveitando da ainda incipiente regulamentação destas para propagar em massa fake news e mensagens de ódio contra seus inimigos (Schwarcz, 2019).

Logo é possível afirmar que o país se inseriu numa realidade parecida com todo o cenário latino-americano na qual a onda de governos progressistas, do início dos anos 2000, sofreu forte exaustão, sendo que o establishment financeiro neoliberal abraçou um certo neoconservadorismo para chegar ao poder (Carapanã, 2018). Este neoconservadorismo não é homogêneo, mas vale-se de três grandes forças, a citar: os libertarianistas, os fundamentalistas religiosos e os anticomunistas que, no Brasil, buscaram tirar o PT do poder tendo como mote principal as críticas seletivas contra os esquemas de corrupção deflagrados durante seus governos (Miguel, 2018).

              Considerando o processo acima, é necessário apontar o protagonismo, no século XXI, das tecnologias digitais, do acesso cada vez mais massificado à internet e até mesmo da intensificação do uso das ferramentas virtuais de comunicação, decorrência do período de isolamento social durante a pandemia de COVID-19. De acordo com Miller et al. (2016), ao invés de se pensar as redes sociais como as plataformas usadas por pessoas para fazer postagens, é pertinente entendê-las como os conteúdos que são postados nessas, o que tira a ênfase de análise do local em si e coloca nas conexões e nos atores, ou seja, nas socializações que acontecem nestes ambientes, que transitam constantemente entre o público e o privado (Miller et al., 2016).

Não obstante, por meio disto desmistifica-se a noção de que existiria uma vida “real” e uma vida “virtual”, apartadas. Se as redes se constituem como importantes espaços de socialização, logo não existe uma separação entre a vida fora e dentro delas. Tudo isso faz parte de uma sociabilidade só, isto é, redes sociais já se tornaram uma parte tão integral da vida cotidiana que não faz sentido vê-las separadamente, ainda que seja necessária sua distinção.

Dando sequência nesta linha, Spyer (2018) expõe a importância de pensá-las regionalmente, ou melhor, não como algo homogêneo no mundo todo, mas que produz especificidades a partir de cada territorialidade. Partindo disso e pensando no Brasil, de acordo com ele, por mais que haja uma extrema desigualdade social, é impossível visualizar as redes sociais como um fenômeno apenas de elites. Muito pelo contrário, é possível verificar um acesso maciço de diversos extratos sociais a essas plataformas que, para além das facilidades econômicas de comunicação que essa inserção produz, também pode ser entendida como uma forma de se produzir relações sociais mais densas e que resistam aos processos de mudança social (Spyer, 2018).

Apesar disso, Leal e Cal (2021) atentam para o fato de que tais redes se inserem sob a égide de um sistema capitalista neoliberal. Portanto, o objetivo dessas não é o de produzir um debate democrático e igualitário, mas sim o de obter lucro, usando de ferramentas, como os algoritmos, para aumentar o engajamento das pessoas nesses ambientes virtuais e mantê-las nestes.

Ademais, do ponto de vista da importância das redes sociais para o debate público, também Leal e Cal (2021), citando Jürgen Habermas, atentam para o fato de que elas possuem o papel de amplificar debates, antes nas esferas privadas, e trazê-los para a esfera pública como um todo, fornecendo a possibilidade de a sociedade civil debatê-los e produzir ações políticas a partir disso. Sendo assim, podemos refletir as redes sociais, em partes, como partícipes destes espaços públicos, nos quais se produz debates públicos e transformações políticas, como já exposto acerca das eleições de 2018, por exemplo.

 

Metodologia e Objeto de Pesquisa: Psicologia Sócio-Histórica e as Noções de Dimensão Subjetiva da Realidade e Núcleos de Significação

Durante a segunda metade do século XX, em especial na América Latina, novas formas de pensar a Psicologia Social vieram à tona, sendo que parte delas destacou-se por questionar as antigas noções postas na área, como as naturalizantes de ser humano e de sociedade (Gonçalves & Bock, 2003). Uma dessas novas teorias é a Psicologia Sócio-Histórica que, amparada na epistemologia marxista, questiona a tradicional dicotomia indivíduo-sociedade, buscando refutá-la (Bock & Gonçalves, 2017).

Para a Psicologia Sócio-Histórica, subjetividade e objetividade não são fatores à parte, mas sim instâncias que se constroem dialeticamente. Sendo assim, podemos dizer que esta abordagem procura entender como a construção subjetiva das pessoas desenvolve-se em constante dialética com o meio material e social no qual estão inseridas (Bock & Furtado, 2020).

Orientada por esses pressupostos e numa tentativa de dar vazão a eles, essa ciência buscará orientar-se metodologicamente por meio de categorias e não de conceitos quando na observação de um objeto. Tais categorias buscam compreender a dialética objetividade-subjetividade considerando-a em seu processo histórico, contraditório e em sua totalidade: “Nesta perspectiva metodológica, ao se buscar a definição de algo não se responde ‘o que é’, mas sim ‘como se constituiu’. Isso significa privilegiar o processo, o movimento do objeto, sua historicidade” (Gonçalves & Bock, 2018, p. 139).

Uma destas categorias é a de dimensão subjetiva da realidade que parte do princípio de que a subjetividade não é algo que se esgota no indivíduo em si, mas que o transborda; para, assim, poder compreender como os fenômenos da realidade são constituídos pelas condições materiais de uma determinada sociedade bem como pelos aspectos de ordem subjetiva, e como estes dialogam dialeticamente (Bock & Furtado, 2020).

Pensando nisso, Aguiar e Ozella (2006, 2013) apresentam os núcleos de significação como proposta de análise de discurso que leva em consideração as categorias e princípios defendidos pela Psicologia Sócio-Histórica e que tem por objetivo buscar os significados e também os sentidos e signos dos discursos proferidos por sujeitos , sempre procurando evidenciar o caráter de movimento e contraditório presentes e até aquilo que também não foi dito; com ajuda de saberes não somente da psicologia, mas também interdisciplinares (Aguiar & Ozella, 2006, 2013).

Tendo estas referências em mãos, esta pesquisa procurou realizar uma análise de discurso por meio de núcleos de significação de comentários de um post de Instagram (Figura 1) da página da UOL (Universo Online), tomando como base a categoria de dimensão subjetiva da realidade. Usou-se como referência maior para esta pesquisa a tese de Abrantes (2020) que, analogamente, analisou postagens em redes sociais sob a matriz dos núcleos de significação e da categoria de dimensão subjetiva da realidade.

Esta publicação, feita pelos perfis do UOL @uoloficial e @uolnoticias relatam, na imagem, o resultado de uma pesquisa eleitoral feita pela entidade IPESP, a pedido da XP Investimentos, na qual os possíveis presidenciáveis Lula, Bolsonaro, Ciro e Dória estavam ranqueados por intenção de votos. A legenda ainda acrescenta outros possíveis presidenciáveis e suas intenções: André Janones, Simone Tebet e Felipe D´Ávila.

A escolha desta postagem pautou-se no fato dela ter uma ampla lista de possíveis candidatos à Presidência - mesmo que alguns deles não concorreram de fato - o que favoreceu uma maior gama de opiniões acerca das eleições presidenciais. Para selecionar os comentários analisados, primeiramente verificou-se a quantidade de interações, isto é, selecionou-se aqueles que possuíam alguma interação de outra pessoa, seja curtida, seja resposta, partindo do princípio de que esses possivelmente têm uma representatividade maior. A seguir, recorreu-se aos comentários que possuíssem minimamente uma frase articulada cujo conteúdo tivesse alguma relação direta com o tema das eleições. Comentários apenas com palavras de ordem, hashtags e emojis foram excluídos, uma vez que não apresentam um discurso propriamente. Por fim, também foram verificados os perfis responsáveis pelos comentários a fim de descobrir se eles eram falsos ou não, de acordo com as referências dadas por Loubak (2020) para tal, excluindo aqueles que possuíam chances de serem falsos.

 

Resultados e Discussão a Partir dos Núcleos de Significação

               Chegou-se, ao todo, em 105 comentários coletados relacionados à postagem escolhida e que cumpriam com as regras pré-estabelecidas. Feita esta primeira etapa, realizou-se uma breve análise de conteúdo que ajudasse a entender o que estava contido nessas mensagens. Por este motivo, fez-se um grafo de análise de similitude com ajuda do programa de análise de dados qualitativos Iramuteq, o qual permite entender a estrutura de formação desse conjunto de textos, assim como as palavras de maior relevância. Além disso, ele também possibilita compreender as relações que as palavras estabelecem umas com as outras, quando o fazem e com qual frequência, tal como pode-se ver na Figura 2.

O que se pode ver a partir desta “árvore de palavras” é a polarização na qual o Brasil se encontra. É nítido que há duas maiores ramificações: uma que parte da palavra “lula”, e outra que parte das palavras “estar”, “bolsonaro”, “bolsanaro” e “bozo”. Enquanto aquela tem a seu redor as palavras “ganhar”, “chegar”, “acabar”, “presidente”, “turno” e “novo” - indicando que os comentários que o citam tendem a dar mais apoio à sua candidatura - esta tem ao redor palavras como “pesquisa”, “não”, “perder”, “querer” e “dar”, o que mostra não somente um apoio, mas também uma crítica às instituições democráticas, bem como um desejo de rejeição de sua própria figura.

Dada esta análise inicial, dividiu-se os comentários em 6 núcleos de significação: apoio à candidatura de Lula, sua pessoa e ao Partido dos Trabalhadores (38 comentários); rejeição à figura de Lula (5); apoio à candidatura de Bolsonaro e/ou críticas às instituições democráticas (27); rejeição à figura de Bolsonaro, seu governo e a políticas relacionadas (12); críticas aos eleitores e apoiadores de Bolsonaro (14) e apoio a candidaturas alternativas às de Lula e Bolsonaro (9). A seguir, realizou-se uma discussão com ajuda dos autores apresentados e, ao fim, do conjunto deles; sempre procurando observar como cada sujeito se envolve com essa temática. Em cada núcleo constam exemplos destes comentários em parênteses. O nome do perfil que publicou cada texto foi omitido, por privacidade.

Os comentários do primeiro núcleo veicularam mensagem de apoio à candidatura de Lula, sua pessoa e até a seu partido, o PT. Das 38 manifestações, doze delas referem-se ao desejo e à esperança de muitos de que Lula já saísse vencedor deste pleito no primeiro turno pelo fato de possuir alta intenção amostral de voto (“Bora LULA 1 turno” e “Lula já ganhou...”). Outrossim, outros comentários, além de trazer com empolgação e sentimento de amor a campanha de Lula (“Lula lá! Brilha uma estrela! Lula lá!”), também olham para seu período de mandato como o melhor que o país já teve (“LULA MELHOR PRESIDENTE DO BRASIL”) e colocam que, após um período ruim, que foi o governo de Bolsonaro (“Graças a Deus esse pesadelo está acabando Lula presidente 13”), o Brasil voltará a uma suposta realidade de melhores condições políticas e sociais (“O Brasil é Lula presidente TMJ e NOIS fiel vamos comer churrasco de novo”).

Estes comentários encontram vinculação ao período histórico do governo Lula e como este representou um momento de melhora econômica e social para grande parte da população brasileira, tal como pontuado por Schwarcz e Starling (2018). Por causa disso, é possível verificar como estes escritos levantados mostram uma parcela da população atrelada ao lulo-petismo justamente pelo provável ganho econômico, financeiro e social que tiveram neste período. Isso mostra uma aceitação forte de boa parte do povo brasileiro para com esta figura apesar do desgaste de imagem que sofreu ao longo dos anos mais recentes e da escalada da direita (Miguel, 2018).

A Psicologia Sócio-Histórica tem acúmulo sobre a forma como se relacionam significados, entendidos como generalizações historicamente constituídas; e sentidos, como expressão da forma como os indivíduos são afetados pela realidade (Santos, 2018). Com isso em mente, identifica-se nas formulações acerca de emoções e sentimentos a indissociabilidade entre pensar-sentir-agir. Nesse sentido, ainda que não se tenha elementos suficientes que componham essa tríade, cabe indicar o quanto os conteúdos manifestos nos comentários dizem de uma esperança – materializada no “churrasco”, que, como situação cultural que indica fartura, comemoração e melhores condições financeiras - teve seu espaço diminuído no cotidiano da população, a qual presenciou o aumento do preço da carne bovina nos últimos anos, tornando inviável sua compra e forçando a substituição por proteínas mais baratas.

 A despeito deste lado que revela a importância do lulo-petismo para a história nacional, há também de se pontuar como estes mesmos comentários de certa forma idealizam o fato de que um possível novo mandato de Lula pudesse ser tão bom ou até melhor que os dois primeiros mandatos, mesmo que muitos dos contextos e das forças políticas nacionais e internacionais que permearam aquela época já não estarem mais presentes (Carapanã, 2018).

No núcleo que agregou manifestações de rejeição à Lula, evidenciou-se um importante corpo ideológico e emotivo vigente no Brasil e que, nas eleições de 2018, foi fundamental para vitória de Bolsonaro (Miguel, 2018): o anti-lulopetismo que, apesar de ser o núcleo com menor quantidade de postagens, faz-se presente. Como consta na maioria dos comentários (“LULA NA CADEIA ISSO SIM”), é associado raivosamente à figura de Lula e das gestões presidenciais petistas como um todo a ideia de que foram extremamente corruptas e nocivas para o país. Souza (2018) aborda em parte este fenômeno no qual essa associação de PT e Lula com a corrupção foi utilizada pela direita e extrema-direita como formas de deslegitimar o partido e sua principal figura, os avanços que os anos PT trouxeram e garantir uma guinada à direita no Brasil que se deu nos últimos anos e que entende que o retorno de Lula seria um retorno dos problemas, da “bandidagem” e da corrupção ao poder, como pode-se ver ilustrado aqui. Este núcleo também evidencia a crítica de Ab´Sáber (2011) ao lulo-petismo, o qual, por não ter produzido um conjunto de cidadãos plenos e críticos, manteve intacta as bases das estruturas reacionárias vigentes no país, as quais fundamentam as críticas a sua pessoa, bem como o apoio a Bolsonaro, tal como será discutido mais adiante.

Além disso, em outros comentários também é associado a Lula uma figura fraca e que não é capaz de representar a população brasileira, confirmando-o não só como uma pessoa “ruim e bandida”, mas como também ilegítima (“como q o luladr@o tá em primeiro aonde ele chega é vaiado kkkkk”). Em outras palavras, na mesma medida em que há um setor populacional que compreende Lula como o melhor nome para ocupar a presidência, há outro que o coloca como o pior. É pertinente perceber que enquanto uns validam e admiram Lula, outros colocam-no no extremo oposto, evidenciando o caráter cindido no qual a sociedade brasileira se insere (Schwarcz, 2019).

Por mais que haja, no terceiro núcleo organizado (apoio à candidatura de Bolsonaro e/ou críticas às instituições democráticas), comentários que apenas defendam Bolsonaro per se (“BOLSONARO REELEITO”), a maioria das demonstrações de apoio (vinte delas) vieram travestidas de autoritarismo / crítica às instituições democráticas, à mídia e à pesquisa (“Essa pesquisa foi feita na porta da penitenciária”, “Não acredito!” e “Pesquisa forjada é fácil, mostram aí o apoio ao vivo e a cores. Mas, ah! Domingo tivemos a prova do apoio dos dois lados, quem tinha mais apoiadores?”), o que confirma o desenho obtido na análise de similitude, que revela que uma das ramificações da palavra “bolsonaro” estava diretamente ligada a palavras como “pesquisa”, “acreditar”, “IPESP” e “número”, que foram usadas como signos para se produzir como significado a dúvida do Estado democrático de direito vigente, associado a um apoio a Bolsonaro.

Estes comentários deixam transparecer o histórico autoritário brasileiro que se encontra na sua fase de alta (Schwarcz, 2019), aqui demonstrado no questionamento das pessoas à mídia e à pesquisa e que se reverte no apoio a Bolsonaro. Assim, estabelecer críticas a estes meios de comunicação e divulgação de fatos sem embasamento lógico revela uma sina autoritária, confirmada por nosso histórico e até pelo contexto nacional de críticas às instituições nos quais estamos inseridos (Schwarcz, 2019).

Sobre isso, pode-se encontrar em Pessanha (2018) considerações quanto às possibilidades ao movimento de tomada de consciência dos seres humanos quanto às suas condições, o que permite tangenciar a temática do autoritarismo. O autor entende que na esfera individual, é possível que o chamamento moral não seja suficiente para mobilizar o indivíduo no sentido da consciência e da emancipação, mas pode desencadear seu contrário, reforçando repressões ideais e enclausurando o indivíduo em posturas reacionárias. Isso se daria porque, diante das contradições sociais, que se apresentam como insuperáveis atualmente, os conflitos intrapsicológicos se tornam aparentemente insuperáveis, “[...] que então encontram na repressão uma forma de amortecê-los e geri-los, como em um constante estado de exceção, mas de forma a manter a mínima estabilidade psicológica e operacionalidade prática. ” (Pessanha, 2018, pp. 248-249).

Da mesma forma que Lula, Bolsonaro também possui um grupo de pessoas que o apoiam e outro que o rejeitam. Isso ficou evidente no quarto núcleo, que consiste no corpo de comentários críticos ao bolsonarismo, seu tempo de governo e políticas atreladas (“É meu amigo gasolina de 8 reais não tem quem aguente”). Contudo, há de se notar também que essa rejeição não fica contida apenas em questões de práxis (“Pode fazer as malas Bozo. Tenha bom comportamento na cadeia”). Há uma crítica à sua própria figura que se manifesta tanto satírica quanto repulsivamente, entendendo-o como alguém maligno. Esses escritos vão ao encontro dos entendimentos que revelam o anti-bolsonarismo como um fator decisivo e importante nessas eleições e que cresce ao longo do tempo, assim como a própria pesquisa veiculado pelo UOL revela.

Outro núcleo mostra como a rejeição a Bolsonaro é também vinculada a seus apoiadores (críticas aos eleitores e apoiadores de Bolsonaro). Em outras palavras, percebe-se que as pessoas que rejeitam a figura de Bolsonaro, também tendem a transmitir sentimentos negativos, de repulsa, aos seus apoiadores. Deste total de comentários, é pertinente dividi-los em dois. Um primeiro corpo deles (“Cadê a gadaiada com ódio no coração”), ironiza jocosamente o apoiador de Bolsonaro como alguém que não é capaz de aceitar uma possível derrota de seu nome favorito para a eleição. Já um segundo corpo, bem diferentemente de uma abordagem cômica, revela indignação frente à existência de pessoas que ainda demonstram apoio à Bolsonaro (“BRASIL ÚNICO PAÍS QUE TEM TRABALHADOR DE CLT DE EXTREMA DIREITA”).

Essa situação, como já citado anteriormente, parece confirmar uma certa divisão no país (Schwarcz, 2019), que vai além das figuras políticas e é transportada também para as relações pessoais de cada um. Porém, mais do que isso, é possível descobrir um pouco mais sobre o anti-bolsonarismo: ele aparentemente se coloca enquanto visão de mundo, e não apenas a de crítica a uma liderança política; já que, pelos comentários, vê-se também posicionamentos contrários também àqueles que compactuam com Bolsonaro.

Por fim, diferentemente dos outros núcleos, o núcleo que agregou manifestações de apoio a outros candidatos é o que menos apresenta demonstração mínima de alguma emoção mobilizada (apoio a candidaturas alternativas às de Lula e Bolsonaro), com exceção daqueles que dizem respeito à tentativa de candidatura do coach Pablo Marçal (“Mentiraaaa. @pablomarcal1 será o novo presidente do Brasil!!!! Chupa essa!!!”). Fora isso, o que se mostra ou é o não apoio (“Nenhum dos 4”) ou o apoio às figuras de João Dória (“Eu votaria no Doria”) ou de Ciro Gomes (“Voto no mais preparado, CIRO GOMES”). Estes comentários dão mais ênfase na escolha do voto que cada indivíduo tomará.

Essas características de pouco engajamento quando comparado à Lula e Bolsonaro somado a também pouca quantidade de comentários encontrados revelam a dificuldade que a chamada terceira1 via possuiu, durante o período pré-eleitoral, de se articular nacionalmente, conquistando corações e mentes. Isso também pode ser pensado enquanto indicativo de confirmação da ideia de que o país se encontra radicalizado (Schwarcz, 2019) entre um polo cujo centro é o apoio a Bolsonaro e a repulsa à Lula e outro no qual o inverso se faz verdadeiro. Neste cenário, e como podemos ver nestes comentários, a articulação de vias alternativas mostra-se com dificuldade em ocorrer.

Vale salientar por fim, por mais que esta não seja uma pesquisa quantitativa, que não foi achado nenhum comentário referente a este núcleo e que indicasse voto nulo ou branco. Com uma grande tradição desde a redemocratização, esses tipos de voto sempre se mostram presentes. Por causa disso, não deixa de ser pertinente verificar a não existência de comentários que falem sobre isso.

Assim como afirmado por Miller et al. (2016), a vida online não é uma realidade apartada da vida offline. O que acontece em rede dialoga mutuamente com todo o resto da realidade material. E, ao entrar em contato com os núcleos desta pesquisa pode-se confirmar isso. Os comentários que ali aparecem são desdobramentos das realidades históricas, culturais, sociais, políticas e contextuais que permeiam este fenômeno das eleições presidenciais de 2022, sejam elas progressistas ou conservadoras. As presenças de comentários à também reforçam a existência do fenômeno da conservadorização em rede no Brasil, tal qual debatido por Spyer (2018).

É necessário igualmente confirmar o que trouxeram Leal e Cal (2021) que, ao citar Habermas, apontam para a importância das redes enquanto espaço que tiram o debate político do privado e trazem para o público, o que igualmente se verifica nestes núcleos.

Ademais, tal como já tinha atestado Abrantes (2020), é possível usar do arcabouço metodológico e epistemológico da Psicologia Sócio-Histórica na produção de pesquisas voltadas para os fenômenos das redes sociais digitais. Por mais que entrevistas não tenham sido coletadas nesta pesquisa, por meio dos comentários publicados em Instagram foi possível verificar em sua totalidade processos de subjetivação que envolvem o período pré-eleitoral brasileiro.

De toda forma, o que se pode destacar desta análise de comentários em redes sociais do período pré-eleitoral de 2022 é, de fato, a polarização do Brasil. E aqui é importante uma ressalva: polarizar não é em si um termo negativo. Entende-se que eleições são feitas para que projetos de política venham à tona e, assim, polarizem e mobilizem o povo. Entretanto, o país não se encontra em uma polarização apenas situacional devida ao processo eleitoral, mas sim a uma divisão que se inicia, mais recentemente, em 2013, e que, gradativamente, começa a opor dois projetos de Brasil e que hoje toma duas formas: lulo-petismo x bolsonarismo e até anti-petismo x anti-bolsonarismo. Não à toa, os grandes nomes e referências destas pré-eleições – e, a seguir, do próprio período eleitoral - são justamente as figuras de Lula e Bolsonaro, que encarnaram ideais, sentimentos e modos contraditórios de se pensar a vida em comunidade e, portanto, processos de subjetivação distintos. E, justamente por essa polarização, é que se tornou extremamente difícil para uma suposta terceira via se firmar nesse espaço de tempo.

Contudo, este levantamento revela também toda a história brasileira que é, de fato, autoritária (Schwarcz, 2019). É preocupante perceber como o apoio a Bolsonaro toma as vestes do autoritarismo e, porque não, do fascismo. Nas falas encontradas, apoio a seu governo confundiu-se com menosprezo pela democracia: criticar pesquisas e a mídia como se elas fossem de fato más, um problema, uma pedra no caminho do bolsonarismo, disseminando mentiras a fim de apoiar Lula. De outra parte, o projeto representado por Lula tem como horizonte formas não autoritárias de consenso e deliberação, ultrapassando a própria figura do político ao dialogar com a democracia e com formas pacíficas de existência e convivência.

Agora, pensando isso à luz da noção de dimensão subjetiva, entende-se como construiu-se, dialeticamente, subjetividades cada vez mais polarizadas, cindidas, duais: uma mais próxima de valores autoritários, fascistas e excludentes e outra mais próxima de uma visão mais ampla e democrática de sociedade, como pode-se ver a partir do conteúdo coletado. O sistema político nacional foi tomando essa roupagem e, acompanhando-o, a população com seus modos de ser-agir-estar também, e assim sucessivamente.

 

Considerações Finais

Neste período pré-eleitoral e eleitoral conviveram, mesmo que contraditoriamente, dois projetos majoritários de nação, culminando com a vitória de Lula durante o segundo turno, no pleito eleitoral mais apertado desde a redemocratização. Esta cisão, toma mais força a partir de junho de 2013 e encontra em 2022 uma tensão enorme, propondo fantasias para o futuro enquanto país totalmente distintas e que, na realidade, opõem-se e trazem consigo sentimentos distintos, interpretações distintas, modos viver, agir e pensar distintos, em outros termos, subjetividades distintas.

Ademais, entende-se que, por mais que seja preciso defender as instituições democráticas, elas não são condição suficiente para a manutenção de um sistema democrático. Uma democracia não é feita apenas de órgãos e burocratas que desenvolvem racionalmente tarefas. Ela também é feita de um corpo de pessoas que se relacionam, vivem, sentem cada momento, cada segundo de suas vidas. Sem tomar conta disso, sempre existirá, pelo menos no Brasil, subjetividades autoritárias que compreendem a democracia como fraca e errônea, tal como evidenciado não somente nesta pesquisa, mas também na realidade material que nos cerca.

Deste modo, conclui-se que é necessário compreender a política para além de sua faceta racional. Como aponta Mouffe (2006), a noção advinda da democracia liberal-Iluminista de que compreender a política é pensá-la apenas racionalmente é uma ilusão. Política não é somente isso. Ela é também uma forma do humano se entender enquanto sujeito e, portanto, mobiliza sentimentos e emoções. Não é possível separar essas duas instâncias do humano e isso, na realidade, não deveria ser feito como o é pelas democracias liberais (Mouffe, 2006). Toda ação política movimenta não só as mentes, mas também os corações das pessoas e, a partir disso, evidenciam-se quais projetos a população quer levar adiante enquanto grupo e enquanto sujeitos, construindo e reconstruindo um ao outro, dialética e simultaneamente, assim como também evidencia a Psicologia Sócio-Histórica a partir de sua categoria de dimensão subjetiva da realidade.

 

Referências

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A “Terceira Via” inseriu-se no contexto pré-eleitoral e até eleitoral de 2022 enquanto uma tentativa de setores civis, políticos, empresariais e midiáticos da direita e centro-direita não bolsonarista em tentar ter uma candidatura que não fosse vinculada nem a Bolsonaro e nem a Lula.