Sobre o Impossível da Identidade Sexual: Considerações sobre a Angústia, o Real e o Gozo // ON THE IMPOSSIBLE OF SEXUAL IDENTITY: CONSIDERATIONS ABOUT THE ANGUISH, THE REAL AND THE ENJOYMENT
DOI:
https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024024Palavras-chave:
Agústia, Teoria Queer, Real, Identidade, PsicanáliseResumo
O presente artigo procura articular o percurso da angústia em Freud e Lacan às teorias queer e enquanto elemento disruptivo das práticas discursivas que tratam a sexualidade como um campo de determinação de identidades. A angústia, na leitura psicanalítica, é o sinal da presença do desejo do Outro enquanto Real, desvelando a sua inconsistência, sendo esse o perigo ao qual a angústia remete, o da perda dos limites do sujeito, pois o Outro não lhe oferece garantias. Nesse sentido, propõe-se pensar que ao se defrontar com as sexualidades que recusam a norma em um contexto civilizatório caracterizado pela hegemonia de uma gramática heteronormativa, a angústia surge como um afeto capaz de operar um rompimento dos processos sociais que promovem uma sustentação identitária dos indivíduos, indicando a presença de um Real inassimilável pela cultura que aponta não somente para o caráter sempre precário das identidades humanas mas, sobretudo, para a dimensão de impossível presente nos roteiros sexuais.
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