O TRABALHO SEM UTOPIAS: NOVAS CONFIGURAÇÕES PRODUTIVAS E OS TRABALHADORES
Resumo
Os autores analisam o cooperativismo como opção de geração de renda e autonomia de trabalho, tendo como referência empirica a política de organização de cooperativas de produção industrial do governo do Ceará nos anos 90. No contexto, o crescimento do número de cooperativas reflete movimentos distintos. De um lado, dentro da lógica de mercado, a utilização de cooperativas terceirizadas constituem-se em opção de rebaixamento de custos de produção para as empresas pela eliminação de custos com a gestão da força de trabalho. Para os trabalhadores pode significar a manutenção de empregos através da recuperação de empresas falidas ou criação de novos pela organização de cooperativas para atuar em determinados mercados. Para o Estado, ainda, termina por funcionar como política de desenvolvimento e geração de renda. Se desvinculadas de movimentos sociais específicos, pouco resta do ideário cooperativista nessas empresas. Auto-gestão, democracia no trabalho, propriedade coletiva, terminam por perder sentido frente à intensificação do trabalho e a precarização que acarreta. Constituídas, majoritariamente em setores de trabalho intensivo, utilizam trabalhadores desqualificados e sem grandes opções no mercado de trabalho. Inexiste o caráter voluntário nesse tipo de cooperativas, refletindo mais a falta de opção do que uma opção consciente ao trabalho coletivo.
Referências
ANTEAG. (2000), Autogestão construindo uma nova cultura nas relações de trabalho. São Paulo: ANTEAG.
ANTUNES, Ricardo. (1999), Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial.
A REVOLUÇÃO dos R$120. Empresas e cooperativas criam a elite do salário mínimo no interior do nordeste. Isto é 1440, 07/05/1997.
AUTOGESTÃO salva vagas na indústria. Folha de São Paulo, 08/08/1999.
BENYON, Huw. (1997), As práticas do trabalho em mutação. In R. Antunes (org.). Neoliberalismo, trabalho e sindicatos. Reestruturação produtiva no Brasil e na Inglaterra. São Paulo: Boitempo Editorial.
BOURDIEU, Pierre. (1979), O desencantamento do mundo. S. Paulo: Perspectiva. CARRÉ, F, FERBER,M. A., GOLDEN, L.,HERZENBERG, S .A. (2001), Nonstandard Work. The Nature and Challenges of Changing Employment Arrangements. Champaign: IRRA! Univesity of Illinois at Urbana-Champaign.
CASTEL, Robert. (1998), As metamorfoses do trabalho. In J. L. Fiori et al. Globalização. O fato e o mito. Rio de Janeiro: Ed. UERJ.
CASTELLS, Manoel. (2001), A era da informação: economia, sociedade e cultura: Rio, Paz e Terra. Vol. 1 A sociedade em rede.
CAVALCATI, Clóvis. (1988), No interior da economia oculta. Recife: Massangana.
COMPLEXO COOPERATIVO DE MONDRAGÓ. Internet http://mondragon.mcc.es
CORNFORTH, Chris. (1983), "Some Factors Affecting the Success or Failure of Worker Co-operatives: A Review of Empirical Research in the United Kingdom". Economic and Industrial Democracy. SAGE: London, Beverly Hills and ew Delhi, Vol. 4.
CORNFORTH, Chris. (1995), "Patterns of Cooperative Management: Beyond the Degeneration Thesis". Economic and Industrial Democracy. SAGE: London, Thousand Oaks and New Delhi, Vol. 16.
CORNFORTH, Chris. (1982), "Trade Unions and Producer Co-operatives". Economic and Industrial Democracy. SAGE: London and Beverly Hills, Vol. 3.
HARVEY, David. (1994), A condição pós- moderna. Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola.
HOLZMANN, Lorena. (2001), Operários sem patrão: gestão cooperativa e dilemas da democracia. São Carlos: Editora da Ufscar.
LIMA, jacob Carlos. (1997), Negócios da China: a nova industrialização no ordeste. Novos Estudos CEBRAP, 49: 141-158.
LIMA, Jacob Carlos. (2002), As artimanhas da flexibilização. O trabalho terceirizado em cooperativas de produção. São Paulo: Terceira Margem.
LIMA,Jacob Carlos e ARAÚJO, Neyara. (1998), Para além do novo sindicalismo: a crise do assalariamento e as experiências com trabalho associado. In, I. J. Rodrigues. O novo sindicalismo: vinte anos depois. Petrópolis/RJ e São Paulo: Vozes, EDUC.
MARXK. (978). Salário, preço e lucro. In K. Marx. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural.
MOREIRA, Maria Vilma C. (1997), Cooperativismo e desenvolvimento: o caso elas Cooperativas de Confecções do Maciço de Baturité, Ceará. Política e Trabalho, 13: 55-76.
O'CONNOR, Robert and KELLY, Robert. (1980), A Study of Industrial Workers' Cooperatives. Dublin, The Economic and Social Research Institute. Broadsheet no.19.
OAKESHOTT, Robert. (1978), The Case for Workers' co-operatives. London, Henley and Boston, Routledge & Kegan Paul.
QUIJANO, Aníbal. (2002), Sistemas alternativos de produção? In B. S. Santos (org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
RAMALHO, José Ricardo (2000). Trabalho e sindicato: posições em debate na sociologia hoje. Dados vol. 43 n. 4.
RIFKIN, Jeremy (1995), O fim dos empregos. S. Paulo: Makron Books.
REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS v.34 N. 1
RIOS, Gilvando S. L. (1979), Cooperativas agrícolas no nordeste brasileiro e mudança social. João Pessoa: Editora Universitária.
SINGER, Paul (1998), Globalização e desemprego: diagnósticos e alternativas. São Paulo: Contexto.
SINGER, Paul (1998ª). Uma utopia militante. Repensando o socialismo: Petrópolis, Vozes. WHYTE, Willian Foote e WHITE, Kathleen King. (989) Mondragón: mas que una utopia. San Sebastian: Editorial Txertoa.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).