As tensões do Jardim
Uma análise semiótica do conto “Amor”, de Clarice Lispector
Palavras-chave:
Literatura, Tensão, Clarice Lispector, EpifaniaResumo
Como aponta Rosenbaum (2002), Clarice Lispector provoca enorme fascínio por sua obra e, por isso, inspira diversas pesquisas que tentam melhor compreendê-la. Um dos elementos que despertam interesse é a exploração dos movimentos íntimos dos sujeitos clariceanos. Nesse sentido, por meio da semiótica greimasiana, propomo-nos a analisar como as figuras e demais elementos do conto “Amor” (1960) constroem, sutil e complexamente, as tensões que permeiam a narrativa. Seguindo o percurso espacial da personagem Ana no conto, analisamos os níveis presentes no percurso gerativo de sentido descritos por Fiorin (1997), a fim de demonstrar a presença de um destinador manipulador e a relevância da regressão espaço-temporal na enunciação para descrever a epifania na narrativa. Assim, a forte presença do papel temático de dona de casa estabelece o contexto para o surgimento dessa epifania. Entretanto, a ausência de controle da personagem faz com que a epifania acarrete questionamentos sobre este papel e mobilize semas sacros referenciados ao mundo e não ao espaço do lar, construindo o impacto e a tensão que permeiam o conto após o acontecimento do cego mascando chicles.