Auto tradução na poesia de Brígido Bogado

Autores

  • Ligia Karina Martins de Andrade

Resumo

Este estudo analisa a auto tradução na poesia de Brígido Bogado e a relação entre o guarani e o castelhano neste trânsito entre línguas e cosmovisões distintas. Tal aspecto aponta a fissura entre as línguas, revelando as tensões entre o castelhano de caráter escrito, que conta com um maior público leitor e o mercado editorial, e o guarani com seus aspectos culturais ligados à oralidade, à performance e à palavra encantada e ritualizada. Parte-se de uma especificidade que é o fato de que o guarani colonial ser uma língua oficial na sociedade nacional paraguaia, ao lado do castelhano, e apesar de ser uma língua de base indígena, foi desprovista de parte dos elementos da cultura dos Guaranis como a palavra espiritual. No entanto, o guarani colonial conta com uma forte presença na sociedade paraguaia contemporânea e tem como possibilidade os falantes e leitores nesta língua. O fato de Brígido escolher a poesia como gênero literário evidencia os encontros e desencontros que se adensam nesta tarefa de auto tradução e na possibilidade apontada em sua obra de uma tradutibilidade intercultural entre a língua e a cosmovisão indígena mbyá guarani, numa relação tensa com o guarani colonial que também exerce uma assimilação das línguas indígenas, além de entrar em diálogo/confronto com o castelhano. A poesia do autor produz ecos, ruídos e fissuras diante de sua dupla tarefa descolonizadora de criação e tradução.

Palavras-chave: Auto tradução; Brígido Bogado; Mbyá Guarani; Tradutibilidade Intercultural.

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Publicado

2023-04-05