O olho do selo: amputações na imagem e alhures
Resumo
Neste artigo, procura-se analisar criticamente a imagem de um selo postal emitido no contexto da Primeira Exposição Colonial Portuguesa, ocorrida em 1934. Propõe-se, para isso, uma abordagem transversal que faz emergir, a partir da imagem, relações espaciais criadas e mantidas durante sua apreensão. Através da ótica topográfica sugerida por Christopher Pinney, são apresentados aspectos, ou topos, do selo: a superfície, o espaço existente entre espectador e objeto visual e outros espaços imaginários que surgem de acordo com as relações heterogêneas e hierárquicas que envolvem a produção e a circulação da imagem. Procura-se, com essa proposta, sublinhar a analogia entre corpo e imagem conforme as concepções de Hans Belting, e compreender como uma característica específica do rosto representado encarna e incorpora tensões de natureza histórica-antropológica.