A TEORIA SPINOZISTA DA IDEOLOGIA E DO CORTE EPISTEMOLÓGICO DE LOUIS ALTHUSSER: DA IMAGINAÇÃO À CIÊNCIA DA CAUSALIDADE ESTRUTURAL
DOI:
https://doi.org/10.36517/2025n36id95719Palavras-chave:
ideologia, imaginação, Spinoza, Althusser, corte epistemológicoResumo
Não é raro apontar que Althusser era um marxista spinozista, que teria substituído Hegel por Spinoza na genealogia do marxismo, mas raramente se entra a fundo nessa influência spinozana. Desse modo, o presente artigo propõe explicitar e mapear os pontos em que a obra de Spinoza foi de maior importância para o desenvolvimento do marxismo do autor franco-argelino. O eixo central de nossa investigação são os três gêneros do conhecimento de Spinoza: a imaginação, a razão e a ciência intuitiva. Entretanto, a maior atenção é dada à relação entre imaginação e ideologia enquanto a opacidade do imediato, do mundo vivido, da experiência, para então passar ao corte epistemológico entre imaginação e razão, ideologia e ciência, produzindo ideias adequadas, demonstrando como a epistemologia althusseriana é inteiramente spinozana em sua forma (ainda que com o conteúdo indispensável advindo de Marx). Após expor o quanto o corte epistemológico é devedor da proposição spinozana de que “o verdadeiro indica a si mesmo e ao falso”, passamos à ideia de que a ideologia constitui um objeto parcial, regional, da ciência, para, no terceiro gênero, a ciência encontrar seu objeto último, a causalidade estrutural, que engloba a ideologia.
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