Título Padrão
DOI:
https://doi.org/10.36517/2025n37id95856Keywords:
Filosofia da Tecnologia, Gilbert Simondon, Objetos Técnicos, “Ontropologia”Abstract
O presente estudo explora a obra de Gilbert Simondon, destacando sua crítica às visões tradicionais da individuação, como o atomismo (substancialista) e o hilemorfismo aristotélico (dualista). Simondon sabidamente rejeita a ideia de que o indivíduo já está constituído, enfatizando a individuação como processo contínuo, negando a prioridade ontológica do resultado (indivíduo formado) em relação ao processo. Daí propor uma ontologia centrada na individuação enquanto processo dinâmico (ontogênese), destacando três fases do ser: pré-individual (potencialidade futura), em processo de individuação (presente) e individuado (passado). O conceito-chave é a metaestabilidade, situação intermediária que mantém a tensão e o potencial de transformação contínua. A transdução é o método lógico inovador proposto por Simondon, na busca de compreender o ser como um sistema em constante mudança e disparidade interna. Ela supera as limitações da lógica formal (indução/dedução) e da dialética tradicional, pois preserva as diferenças e tensões, ampliando continuamente a informação. Sobre os objetos técnicos, Simondon vê sua evolução em três fases: artesanal (utensílios), industrial (máquinas) e pós-industrial (redes eletrônicas). Nesta última fase, os objetos técnicos aproximam-se dos seres vivos, destacando sua progressiva abertura e possibilidade de atualização constante, apesar de permanecerem hipertélicos (orientados por objetivos externos definidos por humanos). Finalmente, aborda-se no trabalho o impacto psicológico e social da visão simondoniana. A angústia emerge como expressão de uma individuação incompleta, uma condição típica da modernidade, que exige um novo entendimento das relações entre indivíduos e objetos técnicos. A proposta simondoniana resulta numa ontologia dinâmica e pluralista, que se propõe qualificar como uma "ontologia de tropos", denominada pelo neologismo "ontropologia", enfatizando relações e singularidades estruturantes em constante transformação.
Downloads
References
BACHELARD, Gaston. La poétique de la rêverie. Paris: PUF, 1960.
BACHELARD, Gaston. O pluralismo coerente da química moderna. Trad. Estela dos
Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009.
BARBOSA, Elyana; BULCÃO, Marly. Bachelard. Pedagogia da razão, pedagogia da
Imaginação. Petrópolis (RJ): Vozes, 2004.
BARBROOK, Richard. Futuros Imaginários. Das máquinas pensantes à aldeia global.
Trad. Adriana Veloso et al., São Paulo: Peirópolis, 2009.
BELL, Daniel. The Coming of Post-Industrial Society: A Venture in Social Forecasting, New York: Basic Books, 1973.
BELL, Daniel. O advento da sociedade pós-industrial. Uma tentativa de previsão social. São Paulo: Civilização Brasileira, 1977.
BULCÃO, Marly. O Racionalismo da Ciência Contemporânea. Introdução ao Pensamento de Gaston Bachelard. Aparecida (SP): Ideias & Letras, 2009.
CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Tradução de Maria Teresa Redig de Carvalho Barrocas. 5a. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.
CEZAR, Cesar Ribas. O Conhecimento Abstrativo em Duns Escoto, Porto Alegre: EDIPUCRS,1996.
COMBES, Muriel. Gilbert Simondon e a individuação. Tradução de Peter Pál Pelbart.
São Paulo: Cosac Naify, 2005.
COSTA, Newton C. A. da. O Conhecimento Científico, 2a. ed., São Paulo: Discurso Editorial, 1999.
D’AGOSTINI, Franca. Lógica do Nihilismo. Dialética, diferença, recursividade, trad.
Marcelo Perine, São Leopoldo: EDUNISINOS, 2002.
DELEUZE, Gilles. A dobra: Leibniz e o barroco, 5a. ed., trad. Luiz Orlandi, Campinas:
Papirus, 1991.
DELEUZE, Gilles. A ilha deserta e outros textos. Tradução de Luiz Orlandi. São Paulo:
Iluminuras, 2006.
DUPUY, Jean-Pierre. Nas Origens das Ciências Cognitivas, trad. Roberto Leal Ferreira,
São Paulo: EDUNESP, 1996.
DYSON, George. Turing´s Cathedral. New York: Pantheon Books, 2012.
FLUSSER, Vilém Uma Filosofia do Design. A Forma das Coisas. Trad. Sandra Escobar,
Lisboa: Relógio D´Água, 2010.
GLASERSFELD, Ernst von. “Introducción al constructivismo radical”. In: P.
Watzlawick et al., La Realidad inventada. ¿Como sabemos lo que creemos saber?, trad. Nélida M. de Machain et al., Barcelona: Gedisa, 2000.
GLASERSFELD, Ernst von. Construtivismo Radical, trad. Fernanda Oliveira, Lisboa:
Instituto Piaget, 1995.
HALLER, Rudolf. “Poetic Imagination and Economy”: Ernst Mach as Theorist of Science”. In: J. Agassi: Robert S. Cohen (eds.), Scientific Philosophy Today. Essays in Honor of Mario Bunge. Dordrecht: D. Reidel, 1982.
KRTOLICA, Igor. “The Question of Anxiety in Gilbert Simondon”, trad. Jon Rolle In: Parrhesia, n. 7, 2009.
LADYMAN, J. “What is structural realism?”. In: Studies in History and Philosophy of Science, n. 29,1998.
LAFONTAINE, Céline. O Império Cibernético. Das Máquinas de Pensar ao Pensamento Máquina. Pedro Filipe Henriques, Lisboa: Instituto Piaget, 2007.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? Trad. Paulo Neves, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.
MATURANA, Humberto. Cognição, ciência e vida cotidiana. Org. e trad. Cristina Magro e Victor Paredes, Belo Horizonte: EdUFMG, 2001.
LINK, David, “Enigma rebus. Prolegomena to an Archaeology of Algorithmic Artefacts”, in: Siegfried Zielinski; Eckhard Fürlus (eds.), Variantology, vol. V (Neapolitan Affairs). Colônia: Walther König, 2011.
MCLUHAN, Marshall. Understanding Media. The Extensions of Man, New York:
McGraw-Hill, 1964.
MELO, Liliana da Escócia. A Relação Homem/Técnica como Processo de Individuação do Coletivo, Diss. PEPG Psicologia Clínica, São Paulo, PUC-SP, 1997.
MORGANTI, M. “Tropes and physics”. In: Grazer Philosophische Studien, n. 78, 2009.
OLIVEIRA, Luiz Alberto. “Sobre o caos e novos paradigmas”. In: Adauto Novaes (Org.), Mutações. Ensaios sobre as novas configurações do mundo, 2ª edição, São Paulo: Edições Sesc, 2017.
ROUANET, Sergio Paulo. “Por um saber sem fronteira”. In: Adauto Novaes (Org.), Mutações. Ensaios sobre as novas configurações do mundo, 2ª edição, São Paulo: Edições Sesc, 2017.
SIMONDON, Gilbert. A individuação à luz das noções de forma e de informação. Tradução de Elie During, Anne Sauvagnargues e outros. Lisboa: Edições 70, 2020.
SIMONDO.N, Gilbert. O modo de existência dos objetos técnicos. Tradução de Heloísa
R. Barbosa e outros. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
SIMONDON, Gilbert. Du mode d'existence des objets techniques. Paris: Aubier, 1958.
SIMONDON, Gilbert. L'individuation à la lumière des notions de forme et d'information. Grenoble: Éditions Jérôme Millon, 2005.
SIMONDON, Gilbert. “Mentalité Technique”. In: Revue philosophique de la France et de l´étranger, tome
131, n. 3, 2006.
STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora 34, 2002.
TURING, Alan. “Intelligent Machinery”. In: Christopher R. Evans; Anthony D. J. Robertson, Cybernetics: Key Papers, London: Butterworths, 1948.
TURING, Alan. “Computing Machinery”. In: Edward A. Feigenbaum e Julien Seldman (orgs.), Computers and Thought, New York: McGraw-Hill, 1963.
TURING, Alan. “Computadores e Inteligência”. In: Isaac Epstein (org.), Cibernética e Comunicação. Trad. Marcia Epstein, São Paulo: Cultrix, 1973.
VIEIRA, Jorge de Albuquerque. Ontologia Sistêmica e Complexidade. Formas de Conhecimento - Arte e ciência: uma visão a partir da complexidade. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008.
ZOURABICHVILI, François. Deleuze – uma filosofia do acontecimento. Tradução de
Walter Costa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Willis Santiago Guerra Filho

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
- Authors retain the copyright and grant the journal the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-NC-ND 4.0) License, which allows the non-commercial sharing of work, without modifications and with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
- Authors are authorized to take additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg publish in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of published work (See The Free Access Effect).







