A EMERGÊNCIA DO MOVIMENTO REACIONÁRIO NO BRASIL: A DESINFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA POLÍTICA

Resumo

Podemos afirmar que no cenário atual vivemos não somente uma pandemia com a COVID-19, mas também uma pandemia da desinformação, da fake news e da pós-verdade. Esse fenômeno se popularizou em 2016 no período de eleições presidenciais dos Estados Unidos, onde as notícias falsas ajudaram o candidato Donald Trump a se eleger, constituindo assim uma grave ameaça ao processo democrático que também reverberaria durante as eleições brasileiras. Essas notícias objetivavam manipular a opinião da população acerca de determinado assunto, seja ele político, ideológico ou cultural. No âmbito da política nacional, o governo de Jair Bolsonaro apoiou grupos extremistas e reacionários que ganharam força nas redes sociais e nas ruas do país. Movimentos como esses possuem estética e práticas fascistas e, através da produção de notícias falsas, manipulam a opinião pública com diversos objetivos, gerando impactos não só na política, mas também desvalidando o conhecimento científico e acadêmico e os colocando em uma posição meramente ideológica e partidária. A desinformação proliferada propositalmente por esses grupos constituem a onda da pós-verdade em que vivemos mundialmente, ameaçando pilares fundamentais da sociedade moderna como o conhecimento científico, a democracia e direitos fundamentais individuais. A disseminação de falsas notícias conduz a uma banalização da mentira e, deste modo, à relativização da verdade. A credibilidade das notícias traveste-se como simples opiniões pessoais. Nesse sentido, esta pesquisa, que se encontra em andamento, visa investigar e identificar características desses movimentos, traçar seu perfil e estratégias políticas baseadas na disseminação de notícias falsas, metodologicamente, através da análise do conteúdo dos discursos e práticas desses grupos, principalmente dentro do meio digital.