A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS N’A QUEDA DO CÉU, UMA CRÍTICA AO DIREITO EUROPEU E UMA FORMA DE RESISTÊNCIA AO GENOCÍDIO.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar de que maneira Davi Kopenawa defende a demarcação do território indígena em "A Queda do Céu", dele e de Bruce Albert. Para isso, foi realizado um percurso crítico em torno das ideias de "descoberta" e desenvolvimento do Brasil, presentes no pensamento indígena contemporâneo e também no trabalho de Darcy Ribeiro. A escolha de "A Queda do céu" como ponto de partida respaldou-se na presença de uma voz múltipla que narra eventos genocidas atrelados à formação do país. O livro denuncia o genocídio engendrado no país sobretudo nos últimos 70 anos. Kopenawa narra o traumático encontro com os brancos que desencadeia a morte de quase todo o seu povo. Outros teóricos indígenas que enriquecem a discussão, como Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara e Graça Graúna, apontam para a necessidade de uma releitura da "descoberta" do Brasil. A alegação de descoberta, na teoria de juristas como Carl Schmitt, concede ao europeu o direito à terra. A chegada do branco não foi um encontro entre culturas, mas uma violenta invasão às terras indígenas. O diálogo entre "A Queda do Céu" e "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, destaca o extermínio e a tomada da terra de diversos povos indígenas desde o início da formação do Brasil. Nesse sentido, a análise cuidadosa desses escritos transparece a importância das leis de demarcação de terras indígenas como uma maneira de combater o processo de genocídio que estrutura o tecido social. A potência política presente nas palavras do xamã fortalecem sua luta para proteger os yanomami. Marília Librandi-Rocha argumenta que o direito ancestral às terras caminha em paralelo ao direito às vozes indígenas no discurso literário. Portanto, as palavras de Kopenawa no campo da literatura é um método sócio-político de resistência ao processo de extermínio indígena. Este estudo só se fez possível graças ao apoio financeiro da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Como Citar
Anselmo Nascimento, V., & Bergamini Junior, A. (2021). A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS N’A QUEDA DO CÉU, UMA CRÍTICA AO DIREITO EUROPEU E UMA FORMA DE RESISTÊNCIA AO GENOCÍDIO. Encontros Universitários Da UFC, 6(2), 674. Recuperado de https://periodicos.ufc.br/eu/article/view/73797
Edição
Seção
XL Encontro de Iniciação Científica
Licença
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