A GEO-HISTÓRIA DO CEARÁ: A TERRA E O HOMEM NO PERÍODO REGENCIAL

Resumo

A compreensão cartográfica do espaço evidencia como o homem e a terra se moldam simultaneamente, determinando limites e novos horizontes imperceptíveis nas linhas de mapas. O neologismo de Fernand Braudel quanto a geo-história, citado por Jaime Cortesão (1957) em História do Brasil nos Velhos Mapas traz para a história as conexões com uma geografia humana que se constrói por narrativas políticas e econômicas, assim como no Período Regencial. Após a Independência e sem uma figura imperial, muda-se a perspectiva de expansão territorial e se almeja compreensão da interiorização, um novo modo de pensar a terra e um novo modo de pensar o Brasil. Concomitante aos interesses com o território, e o controle sobre ele, se percebe a preocupação com a narrativa enquanto parte de um todo, a História do Brasil. Às províncias ficava delegada a sua própria narrativa, a saber: a escrita de uma história que se como os discursos nas cartas de José Martiniano de Alencar com o Ministro da Fazenda Manoel do Nascimento Castro e Silva de 1834 a 1837, tentando contrapor oposições à sua maneira de geografar a terra cearense e constituir um banco provincial. A partir disso a Lei de Terras de 1850, delineada pela cisão com a escravidão, foi propulsionada pelos discursos nacionalistas e gritos pela terra que confrontassem mapas políticos e econômicos numa guerra civil invisível da vivência não desenhada nas cartas geográficas contra a concreta delimitação de espaço traçado no novo papel regencial. Tal projeto se constituiu um ponto chave de discussão sobre a formação do Império do Brasil, posto ter colocado em xeque dois pilares sobre os quais era forjada a nação: a delimitação do território e o seu devido controle, de modo que servisse aos novos ideais de civilização e modernidade. Esse resumo parte da pesquisa realizada no PIBIC e intitulada: Um mapa para o alto sertão: A província dos Cariris Novos e a delimitação de um território no Brasil.