ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS EVIDENCIADAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO ESPECTRO AUTISTA EM FORTALEZA, DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

Resumo

O isolamento social, decorrente da pandemia causada pela COVID-19, evidenciou diversos impactos na sociedade, seja em questões coletivas e em diferentes esferas individuais, como o bem-estar psíquico das pessoas. Esse estudo teve como objetivo compreender as repercussões dessa conjuntura em grupos considerados mais vulneráveis, como crianças e adolescentes que possuem transtorno do espectro autista (TEA). Além disso, procuramos entender as alterações comportamentais das crianças e adolescentes com TEA e como o distanciamento físico impactou neste grupo. Foram entrevistados pais de 16 famílias com crianças ou adolescentes autistas de Fortaleza, Ceará, enviando questionário com perguntas semi-estruturadas, via Google Forms, Whatsapp ou Google Meet, em abril de 2021, após o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) virtual. Dos 16 participantes, 14 relataram vários impactos negativos da pandemia no comportamento de seus filhos com TEA, como: agitação, irritabilidade, agressividade, estresse, alterações no sono, estereotipias e crises mais frequentes. Por outro lado, a minoria das famílias em que não houve tais consequências danosas, obtivemos menções sobre estímulo em casa com atividades em meio ao distanciamento físico, já que as atividades presenciais na escola foram suspensas e, em alguns casos, a terapia. Conclui-se que a pandemia foi um fator extremamente negativo para as crianças e adolescentes com TEA, interferindo no comportamento e no bem-estar psíquico, além de acentuar sintomas já existentes. Há necessidade de mais suporte das instituições para acolher essas crianças e adolescentes, após esse longo período de distanciamento físico.