INTRODUÇÃO À RELAÇÃO DO CONCEITO DE ALMA EM AL-KINDI E PLATÃO

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo investigar as semelhanças entre os conceitos de alma em Platão e Al-Kindi (801-873), o filósofo dos árabes. A princípio, é necessário entender que Al-Kindi compreendia a filosofia grega como sendo verdadeira e, por acreditar também que a religião possui verdade, passou a refletir se não poderia haver similaridade entre a filosofia e a religião, tendo em vista que ambas possuíam a verdade. Partindo dessa ideia, deu início à busca da compreensão das escrituras corânicas por meio da filosofia. Para o desenvolvimento desta pesquisa, parte-se de fontes as quais pode-se encontrar o conceito de alma, como o Fédon de Platão e Obras Filosóficas de Al-Kindi. Com a leitura do Fédon, que vai discorrer acerca da imortalidade da alma e do conhecimento humano independente do contato com o sensível, a filosofia exerce o “papel de libertação” do pensamento das percepções sensíveis a fim de voltar-se para o que é verdadeiro, concentrando-se na alma em si mesmo, tendo em vista que o corpo impede a alma de ter acesso total à verdade. Sendo assim, ao se separar do corpo, haveria uma total “purificação” da alma e esta, por sua vez, alcançaria a verdade divina. Já nas Obras Filosóficas de Al-Kindi, no “Discurso sobre el alma”, a alma é definida como sendo imaterial, simples e perfeita, retratando, tal como Platão, a busca pelo conhecimento como necessário para se aproximar do divino. Portanto, a alma é compreendida como um instrumento que atua de forma essencial para que se conheça as coisas como realmente são, na sua realidade, ao libertar-se de tudo aquilo que é material para ir em busca de aproximar-se do divino.