TIPOLOGIA DE ZIRCÃO DO COMPLEXO GRANJEIRO: UMA FERRAMENTA PARA CARACTERIZAÇÃO TECTÔNICA

Resumo

Os trabalhos realizados acerca da morfologia externa do cristal de zircão têm sido amplamente utilizados para uma avaliação qualitativa dos parâmetros físico-químicos envolvidos na evolução do processo de cristalização e sua relação com indicadores petrogenéticos e geodinâmicos. Com esse intuito, coletamos quatro amostras representativas (um paragnaisse, um quartzito e dois anfibolitos) para análises qualitativas e quantitativas da morfologia externa das populações de zircão presentes no Complexo Granjeiro, obtidas através de imagens na lupa binocular e microscópio petrográfico (luz transmitida). O tratamento dos dados morfológicos foi realizado por meio de cálculos geoestatísticos com a finalidade de compreender os estágios evolutivos das populações de zircão e estimar a fonte geológica envolvida na geração dessas amostras. Nas rochas félsicas, os dados morfológicos sugerem temperaturas de cristalização entre 642 e 702 °C, devido ao desenvolvimento prismático mais acentuado do prisma {110}. Essas rochas apresentam valores médios de IA elevados (cerca de 671,40 ± 25,39 e 684,71 ± 22,97). Nos anfibolitos, os dados indicaram temperaturas elevadas, com cerca de 760 a 757 °C, evidenciado pelo predomínio tipológico do formato prismático {100}. Esses resultados retratam valores médios de IA expressivos, cerca de 621,42 ± 69,71 e 676,92 ± 41,17. A investigação cristalográfica dos grãos de zircão revelou: i) condições magmáticas bastante hidratadas, em virtude da predominância de prisma {110} e pirâmide {101}; ii) inclusões minerais presentes, com formatos aciculares, indicativas de condições físico-químicas instáveis; iii) cristais de zircão tipicamente magmáticos, com cristais de zircão metamórficos subordinados; iv) grãos de zircão com fontes majoritariamente mantélicas, e híbridas (mantélica e crustal); e v) grãos de zircão dessas amostras sugerem coexistência entre as fontes do tipo-I e, em menor escala, do tipo-A.