VIOLÊNCIA COMO LABORATÓRIO DE LINGUAGEM NA OBRA INTERGALÁCTICO

Resumo

A pesquisa parte de discussões teóricas sobre o corpo na filosofia e na arte de performance e da dança para explorar e aprofundar procedimentos de criação que revelam estas produções artísticas como modos de responder a situações sócio-históricas complexas e urgentes, tais como a violência colonial e a violência de gênero sofridas por mulheres e pessoas transgênero. O escopo teórico da pesquisa engloba teorias políticas do corpo (BUTLER; FOUCAULT; LEPECKI), da raça (MBEMBE, FERREIRA da SILVA), do gênero e da sexualidade (MOMBAÇA), e do inconsciente colonial (ROLNIK). A metodologia utilizada foi híbrida, aliando o levantamento bibliográfico e a análise filosófica do corpo na arte com a escrita de textos críticos ao longo do processo de criação artística, a qual também foi tomada como metodologia de pesquisa em si mesma. O resultado da pesquisa é composto de um ensaio em coautoria com o orientador, apresentando um panorama teórico da violência como infraestrutura histórica das relações sociais em contexto pós-colonial, com ênfase no estudo poético e estético do corpo-em-cena, complementado pela crítica de processo da criação artística da obra cênica INTERGALÁCTICO de Maria Epinefrina, realizada em paralelo à pesquisa bibliográfica, no qual um corpo vigiado luta para existir e expandir num espaço opressor, questionando os limites impostos e transgredindo a própria forma em um conflito espacial. A pesquisa objetiva assim contribuir para o fortalecimento dos estudos do corpo, da performance e da dança no Brasil, com vistas à ampliação da bibliografia especializada na área interdisciplinar que cruza a arte, a política e os estudos culturais do gênero, da raça e da sexualidade.