Revista de Psicologia, Fortaleza, v.16, e025009. jan./dez. 2025
DOI: 10.36517/revpsiufc.16.2025.e025009
RECEBIDO EM: 14/04/2025
PRIMEIRA DECISÃO EDITORIAL EM: 10/07/2025
APROVADO EM: 12/07/2025
O Contexto Econômico e Ambiental Contemporâneo e as Novas Perspectivas em Gestão: republicação de artigo em homenagem ao professor Omar Aktouf (in memorian)
The Economic and Environmental Contemporary Context and the New Perspectives for Management: republishing an article in honor of Professor Omar Aktouf (in memorian)
El Contexto Económico y Medioambiental Contemporáneo y las Nuevas Perspectivas de gestión: reedición de un artículo en honor del profesor Omar Aktouf (in memorian)
Antonio C. R. Tupinambá
Professor Titular. Universidade Federal do Ceará. Doutor em Psicologia pela Universidade de Giessen, Alemanha
Raquel Libório Feitosa
Psicóloga. Universidade Federal do Ceará. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará, Brasil
Omar Aktouf (1944 — 2025)
Omar Aktouf, intelectual argelino, professor titular da HEC Montréal, membro fundador do centro de humanismo, gestão e globalização e do conselho científico da ATTAC Québec (Action citoyenne pour la justice fiscale, sociale et écologique) nasceu em 1944 na Argélia. Morreu em 2 de abril de 2025 em Montreal, Quebec. Tivemos o privilégio e a honra de receber o professor Aktouf para uma temporada acadêmica na Universidade Federal do Ceará, ocasião em que ministrou várias palestras na área da Psicologia Organizacional e Administração, além de contribuir com publicações e pesquisas locais. Naquela altura publicou um texto autoral na Revista de Psicologia da UFC intitulado O “Contexto Econômico E Ambiental Contemporâneo E As Novas Perspectivas Em Gestão” (2016), no qual apresenta (em suas próprias palavras): “o resultado das minhas reflexões atuais sobre o panorama da economia mundial e, principalmente, do que muito se fala acerca da economia, da administração, da psicologia organizacional e temas correlatos”. Em 2011, logo após sua participação nos diversos eventos acadêmicos a nosso convite em Fortaleza, permitiu-nos registrar sua passagem com uma resenha do seu livro “Pós-Globalização, Administração E Racionalidade Econômica. A Síndrome Do Avestruz” (2011); livro traduzido para o português pro maria helena trylinski e publicado em São Paulo pela editora Atlas em 2004.” À resenha foi dado o título: “Administração, Psicologia Organizacional E O Panorama Econômico E Social Na Era Da Pós-Globalização.” Em 2022, continuando com o elo e contribuições acadêmicas conosco, professores e membros da Universidade Federal do Ceará, elaborou o prefácio do livro “Sobre Pessoas e Lugares Diantes” (2022) lançado naquele ano. Uma perda imensurável, sua ausência ecoará no silêncio e na saudade; uma grande perda também para a Psicologia Organizacional, a Administração e para a vida acadêmica. Certamente sempre será lembrado por sua obra de peso, sua ativa participação no ambiente acadêmico em diversos países e, principalmente, por sua colaboração a partir de uma cátedra comprometida e engajada. Consideramos que o professor Aktouf seja, ao lado do cientista político estadunidense Noam Chomsky, uma das grandes vozes em prol da emancipação humana das últimas décadas. No evento promovido em 2010 pela Rede Internacional de Estudos e Pesquisas sobre Empreendedorismo e Liderança (RINEPE – UFC), em que teve como principal palestrante o Professor Omar Aktouf foi possível, por meio de suas falas, visitar o panorama da economia mundial e, principalmente, temas atuais na área da economia, da administração e da psicologia organizacional. As ideias apresentadas por ocasião do evento foram compiladas e publicadas em forma de ensaio pela Revista de Psicologia em 2015. Tratou-se de “uma reinauguração da abordagem de temas econômicos e sociais marcantes para a administração e para a psicologia, em especial no caso da psicologia organizacional e do trabalho”. A relatividade da conclamada aplicação eficiente desses conhecimentos para contribuir na evolução mundial e humana foi uma questão que sempre preocupou o professor Aktouf e permeou seus escritos contemporâneos. Apesar de ter sido elaborado na primeira metade da década de 2010, o texto continua atual e traduz perfeitamente o Zeitgeist dos nossos dias.
Para registrar sua passagem pela Universidade Federal do Ceará e prestar uma homenagem póstuma merecida, republicamos o texto autoral nomeado que se baseia nas falas proferidas durante sua estada em Fortaleza.
O Contexto Econômico e Ambiental Contemporâneo e as Novas Perspectivas em Gestão
Omar Aktouf (1944 — 2025)
Vou compartilhar com vocês o resultado da minha reflexão atual sobre o panorama da economia mundial e, principalmente do que muito se fala acerca da economia, da administração, da psicologia organizacional e temas correlatos. Para mim há um paradoxo, enquanto reina o caos neste mundo, pode-se falar de caos e, por outro lado, apesar de nunca nesse planeta ter havido tantos diplomados em administração, não se tem evitado o mundo vivenciar um tempo de tão má administração global. Pode-se dizer que nunca se testemunhou isso antes. Trata-se de uma correlação muito estranha. Isso nos leva a perguntar por que temos tantos diplomados em administração e tudo está tão mal administrado. A resposta a essa pergunta é algo que se relaciona com a idéia de que o lugar onde se deve trabalhar muito forte e urgentemente para mudar muitas coisas no mundo está no nível da economia, no nível do pensamento econômico porque o pensamento econômico dominante neoliberal está dando um sentido, um caminho, uma concepção, um paradigma a todas as outras disciplinas, sobretudo à administração e às ciências correlatas como à psicologia industrial, à psicologia organizacional, ao comportamento organizacional etc.
Então, agora antes de falar da evolução do capitalismo vou compartilhar com vocês algumas partes do livro que estou escrevendo no presente momento. O livro está sendo escrito em francês, mas talvez possa traduzir sua denominação ao português por “Basta de Bobagens”, bobagens significam aqui a economia e a administração do tipo produzidas nos EUA. Bobagem, loucura, piadas. Isso me conduziu a algumas certezas. A primeira certeza é que não tem nenhuma vantagem competitiva num país se não há educação do povo. Quanto mais educado o povo mais capaz é a nação de obter vantagem competitiva. Se vocês forem ao Japão, que é a segunda ou terceira potencia econômica e científica mundial, constatarão que o Japão não tem nada, só mesmo os japoneses, 120, 130 milhões de japoneses, sendo cada um deles mais culto, mais educado do que, digamos, todo um bairro de Nova Iorque. A isso se pode denominar de vantagem competitiva. Outra certeza é que o capitalismo financeiro do tipo dos EUA está morto, terminou. Nada, nada, nada de bom pode vir dos EUA agora, nada. Esta crise não é uma crise conjuntural, é uma crise estrutural, sistemática, sistêmica. É uma crise no sistema capitalismo financeiro do tipo EUA, neoliberal. O que ali se produz teoricamente já não serve para nada, são bobagens, propaganda, não tem valor científico, tudo ideologia, tudo, até a psicologia, psicologia industrial, psicologia do trabalho, comportamento organizacional, a própria economia, administração, são produtos ideológicos, ideologia neoliberal que não corresponde a ciência. Por exemplo, quando se fala de líder no âmbito da psicologia industrial, vê-se esse líder como um produto americano, o self made man, conceito este que pode ser denominado de uma verdadeira bobagem americana. Não vou falar disso por que já tenho um ou dois artigos publicados sobre essa desconstrução da psicologia comportamental e industrial norte americana e outro que enviei para ser publicado na Revista de Psicologia da UFC sobre a desconstrução da teoria da liderança (Leadership et leader: une théorie collusoire autour de l’illégitimité du pouvoir du dirigeant en management de type US ? Discussion et déconstruction. Omar Aktouf. Revista de Psicologia, no prelo). Tudo isso mostra o resultado da certeza que tenho, o resultado da influência do pensamento econômico dominante, que precisa de conceitos como o mercado, mercado livre, mercado autorregulado, mercado de trabalho, concorrência, motivação, o conceito de ser empregável. Temos, por conseguinte, que mudar de uma maneira urgente e fundamental todos esses conceitos que não nos levam a nada de novo nem resolvem nossos problemas atuais. Deve-se pensar em perspectiva macro, porque no nível médio e micro já não se pode fazer muito. A psicologia industrial ou o comportamento organizacional, as escolas de administração que temos agregado, por exemplo a teoria da motivação desde Elton Mayo, Mintzberg, Skinner etc. não nos trouxeram quase nada! Quase nada. Estamos nos repetindo desde Mayo, Maslow, Mintzberg. repetindo, repetindo, repetindo. O que temos agregado à teoria da lide-rança? Absolutamente nada! O que temos agregado à teoria da estratégia a um nível médio? Nada! Michael Porter não contribuiu com nada importante. Através dele e de seus contemporâneos terminamos por agregar algumas palavras como estratégia de posicionamento, estratégia de formulação, estratégia de recursos, estratégia baseada em recursos, o que significa quase nada, então estamos repetindo, repetindo, num nível médio e micro, estamos repetindo, repetindo... A última certeza da qual vou falar pra vocês é que não temos agregado nada a um nível médio e micro e pior estamos repetindo teorias e conceitos que são teorias e conceitos da metade do século passado, o que já não nos serve. Não podemos agregar só palavras, modas, e ter a ilusão de melhorar ou aproveitar bem as teorias. Não precisamos saber de técnicas, de procedimentos, de habilidades, para mudar as coisas. Precisamos de novo paradigma, novas concepções, a um nível macro, para mudar as técnicas, trocar de técnicas, trocar de procedimentos, trocar de teorias, então agora vale considerar a evolução do capitalismo financeiro e fazer uma análise alternativa da crise mundial.
Procuro fazer uma análise alternativa da evolução do capitalismo financeiro em três fases, três ciclos, três tipos de guerra. A verdadeira cara da globalização, por que globalização não é o que se diz na propaganda oficial. Modernização do capitalismo do tipo EUA. A chamada crise mundial, uma outra análise e novas medidas do G20 face à crise. Essa crise estava muito mal analisada pelo G7 e as medidas propostas pelo grupo de países que compõem o G7 não passavam de falácias. Precisa-se de se criar um modelo alternativo para um verdadeiro desenvolvimento humano, uma alternativa ao modelo EUA.
No meu livro intitulado “Síndrome do Avestruz”, um livro que escrevi em 1998 e foi publicado em 2002, no seu prefácio escrevi que se não mudarmos de uma maneira urgente e fundamental, a economia, sobretudo, a administração, problemas da administração, problemas corporativos iríamos ter uma crise mundial grave antes do primeiro quarto do século XXI. Vejam que já havia escrito isso em 1998. Os jornalistas me chamavam para a televisão e revistas e me perguntaram “você tem uma bola de cristal, é adivinho para anunciar uma crise mundial antes do primeiro quarto do século XXI?” e eu disse não! Eu não tenho! Eu não tenho nada! Eu não tenho nenhuma bola de cristal, não tenho magia, não tenho nada, mas tenho lido Aristóteles. Aristóteles analisou a questão econômica de uma maneira perfeita. Tem que ler Aristóteles para entender por que essa economia não pode durar, não pode continuar. O século XX é o fim desse tipo de economia. Então aconteceu a nomeada crise mundial em 2008. Muito mais cedo do que eu pensava. Por que Aristóteles? Aristóteles no quarto século antes de Jesus Cristo, na política e, sobretudo, no livro sobre macroeconomia tem analisado tudo o que vai ocorrer com a economia se não se cuida das finanças e do que está acontecendo no mundo com este crescimento desgovernado da economia neoliberal. Então Aristóteles escreveu para se tomar cuidado, que a economia é uma utopia, economia é uma palavra que veio de duas palavras oikos que quer dizer comunidade, e comunidade é harmonia com natureza, mas com idéia de ter harmonia
com natureza, por que sem meio ambiente e sem natureza a comunidade humana não vai durar. Está claro para vocês? Então isso tem que ser para já! Ter uma idéia ecológica. Deve-se ter cuidado com a palavra oiko-nomos, economia, vem de oikos comunidade, natureza, e nomos que quer dizer norma ou regra, para ajudar a comunidade. Então a palavra economia quer dizer, etimologicamente, como convidar a comunidade humana a viver em harmonia com a natureza. Esse é, segundo Aristóteles, o verdadeiro significado da palavra economia. Aristóteles agregou cuidado, cuidado com que? A krematística pode tornar-se inimiga da economia e matar a economia. O que significa então a krematística? Krematística é a união de duas palavras gregas krema dinheiro e atos que quer dizer acumular, então Aristóteles advertiu para se ter cuidado e não deixar a krematística vencer, substituir, eliminar, matar a economia. Krematística quer dizer atividade que tem como objeto, finalidade, acumular dinheiro. Todos os livros de economia têm princípios questionáveis porque não são realmente sobre economia, são sobre krematística, o que não é a mesma coisa. Aristóteles nos mandou tomar cuidado com isso, haveria, segundo ele, um perigo que vem da moeda, porque a moeda tem dois lados, um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que a moeda é livre para o intercâmbio universal, é muito mais fácil viajar com moeda e fazer intercâmbio, comércio, do que viajar com barris de azeite para trocas. Viajar com sacos de trigo. É muito mais fácil viajar com moeda e ir comprar trigo, vender, realizar comércio. O intercâmbio universal com a moeda é bom, este é seu lado bom, mas tem o lado ruim, um lado terrível, um lado destruidor, que é a ilusão de se poder acumular de alguma maneira infinita. Aristóteles estava dizendo isso há quatro séculos antes de Jesus Cristo: cuidado, a moeda é uma coisa que pode dar aos seres humanos a ilusão de poder acumular algo de uma maneira infinita. Ninguém teve a ilusão de poder acumular de uma maneira infinita, sacos de trigo, não se pode, acumular de uma forma infinita barris de azeite, não se pode, mas pode-se ter a ilusão de acumular moeda de maneira infinita. Aristóteles avisou: cuidado a economia pode se tornar krematística. Isso seria a morte da economia, a morte da comunidade humana, por que não se pode fazer infinito dentro do finito. Nosso mundo é finito, nada é infinito, nada, então não se pode fazer infinito dentro do finito, não se pode, é uma loucura! Do contrário se destrói, destrói-se, destrói-se. Isso é a razão do porque em 1998 escrevi que a economia está se tornando finanças, e a economia tornando-se finanças se torna krematística, e tornando-se krematística mata-se a economia. Tudo vem como crise, crise clara e gravíssima antes do primeiro quarto do século XXI e já estamos em crise mundial, e ainda não terminou. Não se sabe o que fazer com essa crise mundial do sistema financeiro, não se sabe o que fazer, não se sabe como sair dessa crise, se vão imprimir moeda, e imprimir moeda seria imprimir quinze bilhões de dólares de passivos privados transformados em passivos públicos, isso é super krematística. Não se ganha se não salvar e recompensar os “ladrões” dos bancos. Todas essas pessoas se transformam em heróis ao invés de irem presos, são sempre poderosos, ricos, super ricos e, todavia foram eles que mataram a economia mundial transformando-a em krematística. Nós voltaremos a tratar disso posteriormente.
Depois do ocidente ter experimentado, ao longo de sua historia contemporânea uma abundante mão-de-obra e um excesso de matéria prima, qual seria o terceiro fator que precisava para continuar a crescer a economia? Dinheiro, está claro? Recursos naturais e mão-de-obra abundante, super abundante, sem dinheiro não podem ser aproveitados ou modificados, porque tem que pagar muitos e muitos e muitos salários e pagar pela utilização, pela transformação dos recursos naturais. Se considerarmos agora o final do século XIX, e o início do século XX, e nos perguntarmos com quem ficava a grande parte do dinheiro no mundo, teremos uma resposta fácil. Com quem? Nas mãos do povo judeu, não era mesmo? Por que? Podemos extrair essa resposta a partir dos dados de sua própria religião, dos seus escritos sagrados. Porque (no tempo bíblico) os judeus tiveram a permissão de Deus de fazer dinheiro com dinheiro, de fazer usura, quando para cristãos e para muçulmanos isso era pecado mortal. Isso vem de Aristóteles, Aristóteles é o pai filosófico do cristianismo e do islã, os dois condenam a usura e a krematística de uma maneira terrível, mas os judeus tem uma frase que diz que Deus permite-lhes fazer dinheiro com dinheiro, fazer usura, emprestar dinheiro, emprestar com usura, desde que com inimigos, mas não entre irmãos, então entre eles não, mas entre judeus e cristãos sim, judeus e muçulmanos sim, judeus e budistas sim, confuncionista, taoísta, xintoísta, para todas essas religiões cristianismo, islã, budismo, xintoísmo, confucionismo, taoísmo, para todos, ou seja, fazer dinheiro com dinheiro, usura é um pecado mortal ou vergonha, mas os judeus tiveram essa permissão de Deus no deuteronômio. Como todos os outros povos eram vistos como inimigos do povo eleito então eles tiveram a permissão divina de fazer usura com todos os outros seres humanos mas não entre eles, está claro?
Mas isso desde séculos e séculos, dois mil anos, ou mais, é bastante não é mesmo? Os únicos que tiveram a possibilidade de fazer dinheiro com dinheiro, possuíram os primeiros bancos, as primeiras instituições financeiras etc. Os maiores bancos de hoje são de judeus, Goldman & Sachs é o maior do mundo. Então os muçulmanos e cristãos que tiveram dinheiro..., digamos por exemplos que eu seja cristão, na verdade sou agnóstico, sou aberto a todas as religiões, mas façamos de conta que eu seja cristão ou muçulmano praticante e tenha dez mil dólares e queira fazer frutificar esses meus dez mil dólares, o que faço? Vou confiar esses meus dez mil dólares a um judeu!, Esse judeu pode fazer dinheiro com o meu dinheiro. Em cinco anos transforma dez mil dólares em quarenta mil, ele fica com vinte mil e me dá vinte mil, está claro? Esses vinte mil que o judeu está me dando, não fui eu que fiz, então não tem pecado, está claro? Então cristãos, muçulmanos, budistas, taoístas, xintoístas, confuncionistas, estavam todos colocando o seu dinheiro nas mãos dos judeus para fazerem multiplicar. Dessa forma os judeus acumularam uma gigantesca fortuna em dinheiro e também em outros bens, como jóias, ouro, diamantes, coleções de obras de arte, está claro? Muito, muito dinheiro nas mãos dos judeus levaram a outras conseqüências que se sabe bem da historia. Começou a ser criada uma teoria do racismo. Foi-se inventando que o judeu é inimigo da civilização branca, o judeu é inimigo da raça ariana, inimigo da raça branca, inimigo do progresso, inimigo da evolução, o que culminou com o nazismo. Mas tenham cuidado ao avaliar quem criou o nazismo. O nazismo não é fabricação somente de Hitler e dos alemães, é uma fabricação do capitalismo financeiro que está em voga, a partir do Wall Street, Londres, Paris, Roma, Berlim... Hitler estava fabricando essa teoria juntamente com Wall Street. Vale a pena mencionar um livro que tem muito a ver com essa idéia, intitulado “Wall Street and the rise of Hitler (Wall Street e a ascensão de Hitler)”. Vocês vão ver como Wall Street, isto é, o dinheiro dos EUA fabricou Hitler. O pai do avô de George Bush II ofereceu ajuda financeira diretamente a Hitler, por que tinha que ter bomba, e armas. Samuel Bush avô do ex-presidente W. Bush fez uma grande parte da fortuna da família Bush com duas companhias nazistas utilizando prisioneiros judeus para trabalhar gratuitamente para eles, isso é cruel. Vocês sabem como Joseph Kennedy fez a fortuna da família Kennedy? traficando álcool durante a proibição americana, com um mafioso bastante conhecido, ainda vivo, mas bastante velho, nessa época ainda jovem, Raul Costello e com um grupo da máfia de Las Vegas, então se casou com a irmã de John Kennedy, o representante da máfia em Las Vegas. Tudo isso, mas quando você se chama Joseph Kennedy, John Kennedy e está fazendo tráfico de álcool por causa da proibição, você é businnessman, mas se você é Alfonso Capone e está fazendo a mesma coisa em Chicago você é gângster, está claro, ou não?
Então, John Kennedy, a família Kennedy não passa de uma família que se construiu dessa forma, na ilegalidade de negócios mafiosos. Não eram sequer inteligentes. O único que era realmente inteligente da família Kennedy era o Robert Kennedy, Bob Kennedy que mataram na Califórnia.
Então, esta empresa de fabricar mitos familiares por meios ilícitos com negócios com drogas etc. não é novidade. Sabe como essas famílias faziam a tão apregoada vantagem competitiva? Era comum mandar matar os concorrentes com ajuda da máfia, especialmente com o uso da dinamite. O que vocês acham se fosse dito no meio de administradores que essa era uma tática de vantagem competitiva corriqueira na administração norte-americana para a construção de impérios e para a consolidação da mitologia familiar norte-americana? Seria espantoso não? Seria espantoso ensinar nas escolas de administração e marketing uma técnica muito eficaz para aniquilar a concorrência, não é mesmo?! Acender uma dinamite e pum, acabou a concorrência. Mas por mais que isso pareça absurdo esse é o lado negro da historia que poucos escritos revelam.
Então é com isso que eles fizeram suas fortunas, com a ajuda da máfia e com assassinatos. John Kennedy, com a enorme fortuna que fez com o tráfico de álcool, comprou a embaixada dos EUA em Londres, que é a mais cara. Não sabe como se compra uma embaixada dos EUA, como? Se você colocar na caixa eleitoral do partido no poder dinheiro, você pode comprar a embaixada que quiser. Há uma hierarquia, a mais cara é a de Londres. Por que Londres? Por que é a alma mater dos EUA, a mitologia primordial. Já a mais barata se encontra no Canadá, em Ottawa. Porque Ottawa é o quintal dos EUA. A mais cara é a de Londres, a segunda é a de Paris e assim por diante. Então os Kennedy compraram a embaixada em Londres e lá nos anos 1920, fim dos anos vinte, começo dos anos 1930. Nessa altura John Kennedy tinha lá em Londres discursos e conversas muito anti-semitas. Então, Roosevelt, que era o presidente dessa época chamou o Kennedy, e disse-lhe que ele não podia fazer isso. John retrucou que o que dizia ali em voz alta era o mesmo que se dizia em voz baixa nos EUA. Roosevelt disse, isso é o problema, não se pode dizer isso em Londres para todos ouvirem e saberem da fonte. O fracasso da comissão para evitar a guerra, no final de 1938, não se tratou de uma coincidência, era algo planejado, para realmente ter uma guerra. O que devem saber diante da guerra de expansão do espaço vital da Alemanha era o desenvolvimento de meios para tirar o dinheiro que os judeus estavam guardando e que não servia para a economia. Tinham que utilizar esse capital, então, acharam Hitler. Ajudaram Hitler, ajudaram os nazista, e tinham nazistas nos EUA, no Canadá. Tudo isso tinha um objetivo: ajudar o capital a crescer. Mas há ainda uma terceira tópica que não podemos esquecer de mencionar aqui. No fim do Segundo Reich em meados do século XXI tinha-se um novo quadro mundial, um capitalismo com recursos naturais, mão-de--obra, dinheiro... Qual o fator que falta para tocar a produção, modificar os três elementos já existentes? Energia! Sem energia não se pode fazer modificação de mão-de-obra, dinheiro e recursos naturais e a energia do mundo fica onde? Embaixo dos pés dos árabes muçulmanos. 90% das reservas de petróleo do mundo ficam embaixo dos pés dos árabes muçulmanos. Desde a Argélia, o meu país, que tem a sétima reserva mundial de gás e muito petróleo, até o Paquistão. Todos este espaço tem 90% da reserva mundial de petróleo e gás e todos esse espaço é árabe e muçulmano, está claro? Então para controlar a energia, o que inventaram? Inventaram o islamismo radical, terrorismo islamita. Por que esses terroristas não podiam ser americanos? Por que não podiam ser brasileiros? por que não argentinos, ingleses, franceses? Não podiam ser americanos, e atacam americanos. Se houver uma pessoa aqui que me olhe nos olhos e me diga que acredita na versão oficial de 11 de setembro dos EUA, eu pago cinco gerações de cachaça, imediatamente.Vamos ver depois, mas tudo isso são falácias sobre falácias. Para ter um pretexto exatamente como Hitler utilizava o símbolo do Reich para atacar Polônia acusando os judeus de Polônia, da Bulgária, para atacar Polônia. Bush e Wall Street utilizaram o 11 de setembro como pretexto para atacar Afeganistão, Iraque, Irã, que por coincidência tem cerca de 25% da reserva mundial de petróleo. O primeiro ministro canadense Jacques Chrétien de 2003, não aceitava entrar nessa guerra com George Bush. Num documentário, uma conversa entre ele, ministro de Canadá, George Bush, o primeiro ministro Jacques Chrétien disse a Bush “você está dizendo que devemos atacar o Iraque, Afeganistão, por que tem ditadores? Se devemos eliminar todos os ditadores no mundo, tem não só o Saddam Hussein, tem muitos outros. Por que não começar pelo Mugabe do Zimbábue, que é um tirano, um déspota terrível!” E George W. Bush respondeu de uma maneira ingênua, naive: “ Bem, mas não tem petróleo por lá!”. Está claro? Muito claro, não é? Então, isso é a verdadeira revolução do capitalismo. Não é o gênio americano, não é o gênio de vantagem competitiva dos EUA, não é um gênio de estratégias que fazem uma aplicação da teoria de Michael Porter vantagem competitiva. É fascismo, guerras, violência, mentiras e, sobretudo, krematística. Fazer dinheiro por fazer dinheiro, então vamos ver quais são as consequências disso, fazer dinheiro por dinheiro: hiper financiamento do capitalismo. Para tratar sobre cultura e sobre o anti semitismo escolhi, deliberadamente, três autores, em primeiro lugar por que são judeus e são autores que trabalharam sobre como se pode ter fascismo, nazismo, tudo isso, e assim não ser acusado de anti-semitismo. Não posso ser acusado de anti semitismo usando os próprios autores que são judeus e tratam do assunto, que estudaram o fenômeno do fascismo e o do nazismo. Se você busca textos anti-semitas do século passado e se fizer essa função no Google “buscar e substituir”, buscar judeu e substituir por árabe muçulmano, vocês vão ter exatamente o que se diz hoje sobre árabes muçulmanos, exatamente o que se disse no século passado sobre os judeus: inimigos da civilização, choque de civilização, inimigos do progresso, inimigos da ciência, exatamente o mesmo, então, o capitalismo agora se torna fascista. Como vocês vão fazer business ou psicologia industrial no mundo que não tem nada a ver com o mundo de Mintzberg, nada a ver, por exemplo, nada a ver com o mundo desses autores. Em que mundo você vive? Para fazer essa teoria de vantagem competitiva de cadeia de valor, das cinco forças etc., em que planeta você precisaria estar vivendo? Num planeta onde não tem máfia, onde não tem oligopólios, onde não tem monopólios, corrupção, corruptores, onde não tem multi-nacionais que controlam o governo? Onde existe esse mundo, por favor! Onde? nos livros didáticos? Então, a mentira como arma política é a primeira característica do fascismo e do nazismo. Hitler se utilizou de mentiras e mentiras para atacar a Polônia e depois a Iugoslávia a Bélgica etc. Quantas mentiras foram provadas das que Washington e George W. Bush usaram para atacar Afeganistão e Iraque? Sabem quantas?Exatamente foram constatadas 935 mentiras, mentiras publicadas por jornais dos EUA e do Canadá como o Washington Post, The New York Times. Só George W. Bush, só ele disse 362 mentiras, quase 400, enquanto Hitler disse 4 mentiras para atacar a Polônia. (Washington elaborou quase 1000 mentiras, vocês não acham que isso também seja fascismo?). A segunda característica do fascismo é a construção do outro como uma ameaça absoluta a sua própria identidade. Agora é a vez do muçulmano, como no século passado foi a vez do judeu. Um outro inimigo absoluto está sendo fabricado, na minha evolução, no meu choque de civilização, está claro? O novo inimigo da sociedade, da democracia, da evolução é o muçulmano, por que? Porque petróleo fica embaixo dos pés dos árabes muçulmanos. Isso é, portanto, a segunda característica do fascismo. A terceira característica pode ser resumida como a banalização do mal e do sofrimento, em geral. Por exemplo, há vinte anos, quando uma empresa estava anunciando que ia demitir 500 empregados, era uma catástrofes, os jornais políticos diziam que era uma catástrofe: 500 desempregos, 500 famílias a tornarem-se pobres, a irem para a rua… Agora, a General Motors anunciou 30 mil desempregos. Apenas uma banalidade. Outras fazem uma fusão e despendem 100 mil empregados, e isso é nada. É também a banalização do sofrimento do outro, judeu ou árabe muçulmano, por que já não é um ser humano, é algo indigno que se deve destruir, é cruel é selvagem. Então o seu sofrimento é banal, por que é algo benéfico para a humanidade. Então seu sofrimento não conta muito. Por exemplo, o general que dirigiu a invasão do Afeganistão e a depois a do Iraque, fazendo conferências, palestras e dizendo..., trata-se da segunda pessoa do Pentágono, dizendo que tinha muito prazer de matar este povo do Afeganistão e do Iraque por que já não são seres humanos. Sofrimento para eles não é nada! É prazer!, É como matar ratos. Não faz cinco anos, então, escutei uma coisa incrível numa rádio do Canadá, cada dia há mais banalidade, percebe-se facilmente ao se assistir aos noticiários na televisão, ao se ler os jornais. A maneira como são anunciados frequentemente os atentados, quanto palestinos são mortos por dia, 500 mortes, 600, 150... cada dia, uma banalidade, não vale nem a pena parar para contar! Escutei um jornalista do Canadá dizendo hoje que aconteceu um atentado terrorista, que matou americanos estacionados no Iraque. Um atentando contra americanos em Bagdá, a “terra e a casa deles, onde eles vivem tranquilos e livremente e vem um punhado de terroristas iraquianos em Bagdá e fazem um atentado contra os americanos. A própria maneira de colocar a noticia nos leva a pensar que há alguma coisa de errado na ordem do dia. Que falta ver os vários lados da historia e que se trata mesmo de uma maneira de falar com o objetivo de manipulação da consciência. Um atentado contra a invasão americana, contra o terrorismo. O jornalista falava de atentado e dizia se tratar de um atentado contra os americanos em Bagdá que resultou em 60 mortos e que infelizmente entre eles havia dois americanos. Isso quer dizer que 58 iraquianos não são nada, normal, mas dois americanos não é normal, vidas que tem valor e vidas que não tem valor. Essa seria, portanto, a terceira característica do fascismo: fabricar esse outro selvagem e cruel para justificar sua própria crueldade. Está claro? Falando de iraquianos como terroristas justifica a crueldade de americanos no Iraque, dizendo que nós não somos cruéis, são eles! O que aconteceu hoje em Gaza, vocês tem visto a televisão recentemente? Israel destruiu um navio no mar internacional que estava transportando alimentos para o povo que vive em campos concentração em Gaza, e Israel está dizendo, depois de cada uma de suas ações: não somos nós cruéis e selvagens, são eles, porque são eles os terroristas da idade média que matam gatos em Israel, e cachorros, são eles cruéis não nós. Então isso justifica a noção de verdade, está claro? Israel faz parte dessa evolução fascista do capitalismo financeiro inter- nacional, porque Israel está em estado de guerra lá e se encontra no coração do espaço das reservas de petróleo e de gás do mundo e deve servir como pretexto para manter a sexta frota, sétima frota, oitava frota dos EUA no Mediterrâneo, Antártica, no Oceano Índico, e essas dez frotas controlam totalmente este espaço de 90% da reserva mundial de petróleo. Então, outra característica do fascismo é sustentar idéias de que há vítimas superiores de pessoas inferiores. A raça ariana é superior e é vítima da raça inferior judeus. Agora temos a raça superior americanos, gringos, brancos e protestantes vítimas de uma raça inferior, árabes muçulmanos. Vejam, por favor, uma coisa que existe na cabeça de um americano, canadense, que idéia tem de um terrorista, que terrorista é um árabe muçulmano que é uma pessoa que primeiro tem inveja de minha casa, essa seria uma primeira característica. Segundo odeia americanos geneticamente, só americano, às vezes espanhóis e londrinos também. Em terceiro lugar não sabem o que fazer de seu tempo, se aborrecem, e ficam pensando “o que vou fazer”? Ahhh por que não matar americanos??? Sem nenhuma razão!!! Isso é um árabe muçulmano na consciência de um americano médio, de um canadense médio, de um europeu médio. Para evitar terroristas, vítimas dos inferiores, outra noção de guerra do iraquiano na história humana esta frase guerra genética foi utilizada três vezes, a primeira vez, Hitler, para atacar a Polônia, a segunda vez para atacar o Egito em 1967, a terceira vez
George W. Bush para atacar o Afeganistão. Os campos de concentração e de tortura voltaram, por exemplo, e as prisões fora dos EUA é onde se faz tortura oficial sistemática. Acabou de sair um relatório onde contava como 95 dos prisioneiros de Guantánamo nunca foram capturados numa batalha, numa guerra, foram de fato comprados, a 5 mil dólares cada um. Os EUA compraram os prisioneiros de Guantánamo, a cinco mil dólares cada um. Trata-se de pessoas totalmente inocentes que foram vendidas por grupos lá no Afeganistão. Há, inclusive, meninos de 15 anos.
O que queria compartilhar com vocês agora, é sobre a necessidade de se desenvolver uma clara consciência do mundo atual e desses fatores históricos que ajudam a compreende-lo. Este mundo onde vocês vão trabalhar nas empresas como psicólogos, como administradores, não é o mesmo mundo que se trata nos livros que vem dos EUA, é um mundo totalmente diferente. Então tem que pensar em outra maneira como vocês vão fazer business pensando que é suficiente buscar uma vantagem competitiva, quando esse mundo não existe! Motivar os trabalhadores para mobilizar uma cultura organizacional, que é o resultado do pensamento dos estratégicos não é mais do que um pensamento que se transforma em consciência dos trabalhadores. Onde existe esse mundo, onde? E onde e como se coloca a crise nesse mundo? Porque todas essas teorias falam de um mundo que não existe, aqui fora temos um outro mudo.
A globalização é melhor tratada no meu penúltimo livro, não terei o tempo necessário para descer a detalhes no tema nessa minha fala. No entanto tratarei da forma possível. Se olharmos a torta mundial de riqueza do século XVIII, XIX e XX vemos que nesses três séculos a riqueza mundial da economia real cresceu de uma maneira exponencial, porque no século
XVIII surgem as ciências, o século XIX foi o século das técnicas e o século XX da economia e da expansão do imperialismo a nível mundial. A parte dos ricos também cresceu de uma maneira proporcional. Canadá, EUA, França, Europa. O grande problema é que mais ou menos no fim da década de 1970 a torta mundial da economia real parou de crescer e começou a diminuir. Não se pode fazer o máximo lucro com máximo de recursos. As árvores são finitas, se se necessita de árvores para fazer lucro, haverá um limite aí. Aristóteles afirmava que não se pode fazer máximo lucro, por exemplo, com máximo de bacalhau, não se pode fazer máximo lucro com máximo petróleo. A terra não está dando máximo de nada, está dando a quantidade de árvores que pode, esta dando a quantidade de bacalhau que pode, o petróleo que pode, não o máximo como imaginam os capitalistas. Então como se pode ter a ilusão de fazer dinheiro ao máximo com algo que não é máximo, como? Impossível! Aristóteles explicou isso! Impossível! Então, a torta real da economia mundial, economia que se faz com madeira, bacalhau, com petróleo parou de crescer, diminuiu. Vocês sabem qual o único fenômeno natural que dá o máximo para fazer o máximo tipo How to make money, que deveria ser máximo, o único fenômeno natural que dá o máximo para ter o máximo é o câncer, e você sabe como termina. Então eu tenho uma notícia para vocês, EUA, capitalismo financeiro é o câncer da humanidade e agora tem metástases: Grécia, Espanha, Portugal, Golfo do México, tudo isso são metástases desse câncer da humanidade que são os EUA e sua ideologia neoliberal, maximalista. Então como vocês vão fazer economia, business, num mundo que se comporta como uma patologia terrível sem ter noção dessa patologia. O problema neoliberal da organização do mundo da globalização a partir mais ou menos dos anos 1930 é o de como continuar fazendo crescer a parte dos ricos se a torta não está crescendo. Isso é a verdadeira cara da globalização e do fascismo. Então, por que se tornar fascista? A torta não está crescendo mais e tenho que faze-la crescer, fazer a minha parte da torta crescer, como se pode? Tirando a parte dos outros! Está claro? A parte dos pobres, a parte destinada à educação, privatizar, despedir e explorar os trabalhadores, diminuir salários, poluição, contaminação, terceiro mundo... Isso é a verdadeira cara da globalização, perigo, desregular, privatizar tudo, um Estado que não faça nada, não intervenha, mercado livre, autorregulado, isso quer dizer deixar a ditadura do dinheiro fazer o que quiser, como quiser, onde quiser. Isso é o significado dessa medida de desregular, privatizar. Vocês já viram como no terceiro mundo as multinacionais dos países ricos agem, privatizando seus serviços públicos. Por exemplo, o Brasil, qual pessoa do Brasil tem uma fortuna acumulada suficiente para comprar o transporte público local? Quem? Que brasileiro tem capital para comprar o sistema de água ou o sistema de telefonia nacional? Ou o argentino na Argentina? Quem? Não tem! Então privatizar os países emergentes e em desenvolvimento quer dizer deixar a Coca-Cola, a etc. comprar por preço ridículo o sistema de transporte do Brasil, o sistema de telefonia etc. Isso que fez o caos na Argentina em 2002. A Argentina era propriedade total dos países fora da Argentina, toda, o sistema de comunicação era de propriedade da Espanha. O sistema financeiro era do EUA e da Suíça. Então toda a mais valia, todo lucro da Argentina ia para fora da Argentina, para Madri, Londres. Então a Argentina em 2002, 2003 estava asfixiada por causa da privatização de tudo.
O neoliberalismo e essa organização neoliberal do capitalismo financeiro do mundo é, por exemplo, para o México um poço sem fundo. Em nove anos, em 1991 a 2000, 1.600.556 pequenas lojas no México quebraram por causa dos produtos subsidiados dos EUA, do Canadá entrando no México. O milho dos EUA se vende no México mais barato do que o milho mexicano. Agora os mexicanos compram milho dos EUA. Um empresário mexicano é o homem mais rico do mundo, sua fortuna é de mais de 60 bilhões de dólares. E a imagem da Virgem de Guadalupe, agora é monopólio da China. A virgem de Guadalupe que se compra no México é feita na China, e é o símbolo central de religião. Então como pode ser que o homem mais rico do mundo vem de um dos países mais pobres do mundo, como? Tem um esclarecimento, os ricos não se deixem confundir com a saúde da economia, mas nos fazem confundir a riqueza dos ricos com a saúde da economia e não tem nada a ver, ao contrário, por quê? Porque com os mais ricos dos ricos fica mais concentrada a moeda e guardada por poucas pessoas, e que não tem serventia. A moeda que serve é que está distribuída em salários, com mais emprego se melhora a economia. Por favor, não pensem que tenha nada contra ricos, riqueza, mas tenho muitos problemas com ricos, riqueza, através do enriquecimento idiota, estúpido, enriquecer-se fazendo desemprego é idiota, por que esses desempregados não vão comprar o que estão fabricando! Enriquecer-se fabricando pobreza é super idiota! Enriquecer-se contaminando a natureza é estúpido! Então a riqueza só vale a pena se for inteligente. A pergunta verdadeira não é How to make money, a pergunta inteligente e verdadeira deveria ser How to make smart money, como fazer dinheiro inteligente, sem contaminar, sem provocar pobreza, sem fabricar desemprego, isso é enriquecer inteligentemente, mas fazer riqueza razoável, não fazer 60 bilhões de dólares, e isso é sério. Agora o psicólogo está falando, por que uma pessoa que crê ter um valor de 600 milhões tem que ir imediatamente pro hospital, por que isso se chama inflação megalomaníaca do erro, como uma pessoa pode pensar eu tenho um valor de 50 milhões, super louco, perigoso, hospital, mas não, ao contrário dizem é um grande líder, vira estrela de televisão. E por favor me explique como você se tornou Deus, divinização da riqueza, e riqueza idiota! Isso se chama falsa consciência.
Agora a chamada crise mundial, crise sistêmica, não é cultural, mas o arranjo que estão fazendo oficial é como se fosse uma crise conjuntural, o crescimento... Tudo vai voltar como antes... vai passar, trata-se de uma crise dos EUA e não de uma crise mundial, dos EUA, é uma crise do tráfico, da bolsa, dos maus homens de negócios dos EUA, que davam aos pobres dos EUA a ilusão de poder comprar casas de 200 mil dólares, vendendo falsas hipotecas e provocando uma crise por ladrões financeiros dos EUA. Não tenho tempo para explicar em detalhes, isso vou fazer no mini-curso que início amanhã para os estudantes na Universidade Federal do Ceará, e o poder financeiro que é mais poderoso que o poder político. Já não tem poder político, em nenhuma parte do mundo, a exceção mais ou menos de Alemanha, Escandinávia, Japão, China e Coréia do Sul, todo o resto do mundo não tem poder político, não tem poder social tem só poder corporativo, poder do dinheiro, tecnologia. O pobre presidente Obama não pode fazer nada contra esses tantos homens de negócio dos ministérios de Wall Street. Ele está tratando de fazer regras para controlar o capital para controlar a bolsa, mas não pode ir adiante, se viu obrigado a compensar e pagar a esses maus caráteres que querem roubar o povo americano, o povo canadense. Por causa da globalização, pobrezinho do Obama, vai morrer de depressão por causa da crise cambial, porque se deu conta agora que o poder de Washington não tem nenhum significado comparado ao poder do dinheiro de Wall Street. O ministro da fazenda, agora ministro de Obama, foi indicado por Wall Street que o obrigou a mante-lo, por que ele era o ministro da fazenda de George W. Bush.
Então por que Wall Street e o poder corporativo que controla ainda G20 ou G8 que transformaram 15 bilhões de dívidas, passivos privado em passivos públicos, isso quer dizer que o povo americano, o povo canadense, o povo europeu, o povo de países pobres que vão pagar para recompensar esses bandidos que fizeram a má economia, então não sabem o que fazer, não sabem, porque não se pode sair dos danos e das catástrofes do neoliberalismo com conceitos do neoliberalismo. Agora, se tem uma pessoa que pode me olhar nos olhos e me dizer que os EUA são países capitalistas com empresas privadas, eu pago 10 doses de cachaça. Os EUA agora não são nada capitalistas, não tem nada de capitalista, é um comunismo de Estado estranho tem que se pensar uma nova teoria para se compreender esse fenômeno.
Todo o sistema financeiro americano é propriedade do povo americano, porque as maiores empresa dos EUA são propriedades do povo americano. A Genaral Motors, por exemplo, é 75% propriedade do povo americano, 15% do Estado canadense e 8 % propriedade do sindicato. Digam-me, portanto, o que tem de privado no capital da General Motors? Nada. Talvez agora existam empresas privadas capitalistas na Rússia, na China, mas continuam a falar de capitalismo, democracia capitalista, como vocês vão fazer business nesse mundo que se apresenta de uma maneira totalmente falsa, que não tem nada do que afirmam ter? Transformam cinco bilhões de dólares de passivos privados em passivos públicos. A Inglaterra coloca 20% do produto inteiro bruto (PIB) para salvar os bancos, transforma um país em comunismo de estado, como? O único país que não banca seus bancos é a Islândia. Fizeram o plebiscito perguntando ao seu povo se queriam ou não que os bancos fossem salvos e o povo disse não. Não vamos fazer esse favor, esse dinheiro ao invés de ajudar os bancos vai servir para ajudar com nossa infra-estrutura, disseram. A intervenção da economia em empresas de baixo controle do Estado. O único país que tem isso é a Islândia. Na busca de soluções devemos deixar tudo o que descrevi até agora para entender em que mundo estamos. Na busca de soluções deve-se, em primeiro lugar, entender que o capitalismo, sobretudo o capitalismo financeiro, funciona contra as leis da natureza e do universo e tem que sair do raciocínio neoliberal, do raciocínio cartesiano financeiro que domina o mundo. Agora para entender, sair da economia e utilizar, por exemplo, física e biologia, porque economia fala de trabalho de transformação de evolução, energia e tudo isso é também tratado pela física e pela biologia. Tome-se, por exemplo, o caso de uma floresta. Se temos uma floresta onde vivem lobos e coelhos, a natureza funcionando sozinha, o numero de coelhos aumenta a um nível que tem tantos coelhos que alimentam muitos lobos, os lobos estão comendo mais coelhos do que aqueles que nascem e podem virar sua alimentação. Então o número de coelhos baixa. Neste nível não tem coelhos suficientes para alimentar os lobos. Então os lobos começam a morrer e o número de coelhos aumenta. Isso é equilíbrio. A natureza não produz nada em máximo nem ascendente nem descendente. A natureza não aceita, não conhece senão equilíbrio homeostático, equilíbrio, mas nós, o que fazemos? Queremos lucros máximos. Hoje dez mil dólares amanhã cem mil. Não vemos limites. Isso é uma linha ascendente, mas o universo e a natureza não aceitam. O que faz? Compensa com outra linha mais descendente. A General Motors fazendo dez mil dólares de lucro. A natureza mata uma baleia no atlântico norte. Fazendo mais dez mil, a natureza, o universo, fazendo trinta mil desempregados. Isso é ignorância, miséria, doença... até menos infinito. Então quando se faz, voltando ao caso da General Motors. Há um rio no Michigan, que vai até o Canadá. Esse rio atravessa o Canadá. Nesse rio há 120 tipos de metais pesados tóxicos. Não se sabe o que vai acontecer com a sinergia, por causa desses metais tóxicos. Não sabemos. Quando se faz a necrópsia de uma baleia ela está cheia de metais tóxicos pesados, que vieram diretamente das fábricas da General Motors: níquel, cromo, mercúrio... Se os EUA e o Canadá tivessem uma lei que obrigasse a General Motors a controlar todos esses metais tóxicos, a General Motors iria fazer muito menos lucro, lucro racional, respeitando a natureza. Aposto que vocês já viram este tipo de informação na televisão: grupos de baleias na praia, e o jornalista dizendo: “Ah! estão cometendo suicídio, as baleias se suicidam!” Vocês podem imaginar um grupo de baleias deprimidas? E a chefe das baleias super deprimida: “Ah, não vale mais a pena viver, vamos nos suicidar”. Sabem o que acontesse de fato? Quando há duas, três ou mais tempestades no mar esses animais não podem se alimentar. Depois de dias começam a utilizar a própria gordura para manter o metabolismo. Os metais pesados se acumulam na gordura, então quando começam a utilizar a gordura para sobreviver, esses metais pesados entram no metabolismo e atacam o sistema nervoso central e esses animais perdem sentido de orientação e terminam por encalhar e morrer. Nenhum jornalista vai dizer que um grupo de baleias e golfinhos está morrendo por causa do lucro da General Motors. Nunca! Se disserem isso perdem o emprego. Então como pode durar um sistema que vai contra as leis da natureza. Uma das soluções é, portanto, sacar conceitos para entender por que esse sistema não funciona, conceitos que vem de outras ciências, da biologia, da física etc. Outra solução para o equilíbrio entre capital, trabalho e natureza, porque o capital deve ser o imperador que tem todo os direitos enquanto trabalho e natureza não tem direito. A natureza é tratada como estoque gratuito de recursos. Os seres humanos são também tratados como recursos, que podem ser utilizados e jogados fora, não há equilíbrio. O trabalho e a natureza devem ter o mesmo poder do capital e isso vai conduzir a uma economia sustentável.
Voltemos a modelos como o estadunidense e estudar outros modelos capitalistas: capitalismo industrial do Japão, Alemanha, Escandinávia, e agora também o chinês. A China é um capitalismo que se chama capitalismo de socialismo de mercado. Na Alemanha, Escandinávia e Japão se chama capitalismo de mercado social. A televisão, a propaganda e a publicidade a favor do modelo da Ford, dizendo que vocês devem comprar esse modelo da Ford porque é muito bom, porque o motor é Honda, enquanto a General Motors diz já não poder fazer um motor. Viajei pra a China e conheço alguns chineses que estudaram no Canadá comigo e me explicaram que na tradição chinesa taoísta é uma vergonha que uma pessoa seja rica ou super rica sem fazer nada para o seu meio, sua vizinhança. Isso é da cultura da China. A mensagem do governo chinês, isso nunca passou na CNN, que empresários foram presos por que aumentaram suas fortunas sem compartilhamento. Nos EUA isso é motivo para júbilos! São considerados heróis, estão muito mais ricos, viva! Na China isso pode resultar em prisão! Levaram-me a uma fábrica de sapatos e me mostraram como esse exemplo de empresário é certo para o modelo socialista de mercado da China. Para esse empresário, cada dólar colocado em seu bolso deve corresponder a um dólar para melhorar todo seu entorno, infraestrutura, escola, hospital, alojamento. Esse tipo de empresário que a China aceita é muito inteligente. A riqueza de vocês deve ser proporcional ao melhoramento de tudo ao redor de sua fonte de riqueza. O capital financeiro está fazendo o contrário, agora matando as fontes do lucro, porque não obtém máximo lucro se não causam desemprego, deslocam suas empresas para fazer mais pobreza fora de seus países. Isso não pode durar. A conclusão para tudo isso é que a busca da riqueza não é o problema, o problema mesmo é reconhecer os limites nessa busca: quando o aumento de minha riqueza implicar na contaminação da natureza, na sua exaustão ad infinitum, se a minha riqueza implica no aumento do desemprego na construção de universo de pobreza a seu redor, trata-se de uma riqueza estúpida, idiota e má para o homem e para o planeta.
Referências
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Aktouf, O. (2004). Pós-globalização, Administração e Racionalidade Econômica. A Síndrome do Avestruz. Editora: Atlas, São Paulo.
Tupinamba, A. C. R (2022). Sobre Pessoas e Lugares Distantes. Editora: Plebeu Gabinete de Leitu ra, Fortaleza.