A lucidez dos loucos: Nietzsche e outros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.23.9

Palavras-chave:

Loucura. Cultura. Cogito. Nietzsche

Resumo

A aceitação das supostas causas da loucura variou na história das culturas. Porém, quaisquer sejam as culturas há dificuldades de se estabelecer claros limites a partir dos quais a loucura pode ser objetivamente identificada. Platão considerava a loucura promovida por meio de um espírito místico que a poucos inspirava. Os pensamentos medieval e renascentista admitiam a loucura como de fundo religioso, moral, médico, divino ou diabólico, boa ou má. No final do século XIX até meados do século XX, a etnopsiquiatria desconsiderava a importância da cultura e da personalidade para entender a loucura, cuja origem seria proveniente da manifestação de uma estrutura patológica básica e universal. De modo semelhante, Freud admitia que a loucura já estivesse presente no inconsciente. A partir dos séculos XVII e XVIII, o cogito cartesiano estabeleceu a supremacia da razão em obter-se conhecimento, o que no século XX motivou a controvérsia Foucault versus Derrida sobre a exclusão da loucura do cogito. No passado, talvez por faltar compreensão adequada, o alienado era excluído do convívio social e tratado por meio de práticas "curativas" muitas vezes violentas. Por isso, muitos tiveram sua doença agravada ou se tornaram abúlicos. Para realizar o diagnóstico da loucura, os profissionais capacitados não devem estabelecer barreiras teóricas entre si e o paciente; este deve ser amplamente ouvido e tratado por equipe interdisciplinar. Finalmente, para Nietzsche a loucura estaria associada ao ímpeto criativo.

Biografia do Autor

Rogerio Parentoni Martins, Universidade Federal do Ceará/Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais

Graduado e licenciado em História Natural pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974), mestrado em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (1980) e doutorado em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (1991). Pós-doutorado no Departamento de Zoologia da Universidade da Florida, Gainesville. Aposentado pela UFMG onde coordenou por 5 anos o programa de pós graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre. Atualmente é pesquisador-visitante I CNPq/Funcap no Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Foi coordenador de área da CAPES e CNPq. Tem experiência na área de Ecologia e Comportamento, com ênfase em Ecologia Teórica, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia da ecologia, interdisciplinaridade, biodiversidade, educação, desenvolvimento sustentável e conservação. Email: rpmartins917@gmail.com

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Publicado

2020-04-19

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Artigos