Carreiras docentes de mulheres negras no ensino superior: Uma revisão de escopo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19094/contextus.2024.88861

Palavras-chave:

carreira docente, mulheres negras, ensino superior, revisão de escopo, web of science

Resumo

Contextualização: A inserção de mulheres negras como docentes no ensino superior rompe com diversos padrões sociais, especialmente na busca por estabelecerem os seus lugares na sociedade e no trabalho. Além do mais, estas mulheres enfrentam muitos obstáculos para alcançarem o avanço nas suas carreiras como docentes.

Objetivo: Este estudo teve por objetivo identificar como a carreira docente de mulheres negras no ensino superior tem sido retratada pela literatura científica internacional.

Método: O método utilizado foi a revisão de escopo da literatura, realizada na plataforma de dados Web of Science (WoS). O trabalho foi realizado seguindo-se as instruções (com as devidas adaptações) do Joanna Briggs Institute (JBI). Foram recuperados 124 documentos, dentre os quais, artigos de periódicos científicos, resenhas de livros, livros, capítulos de livros, editoriais, entre outros. Após a inserção dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 14 textos.

Resultados: Os resultados foram evidenciados em cinco categorias, a saber: (i) carreira como construção de sentido retrospectivo; (ii) carreira como meio de vincular diferentes níveis de complexidade social; (iii) carreira como uma trajetória no espaço e tempo; (iv) carreira como autoconstrução; e (v) carreira como produto em vez de processo. Nessa perspectiva, o trabalho constatou que estudos dessa natureza ainda têm sido pouco produzidos.

Conclusões: O estudo contribui ao evidenciar que as categorias teóricas permitem explicar as realidades empíricas observadas por outros pesquisadores. Ainda, servem como instrumento de organização dos conteúdos evidenciados pela literatura científica, de forma a estruturá-los sistematicamente.

Biografia do Autor

Camila de Assis Silva, Universidade Federal de Lavras(UFLA)

Doutoranda em Administração na Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA)

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Marcelo Oliveira Júnior, Universidade Federal de Lavras(UFLA)

Doutorando em Administração na Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA)

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Sarah Lopes Silva Souto, Universidade Federal de Lavras(UFLA)

Professora da Área de Gestão no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG)

Doutoranda em Administração na Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA)

Mestre em Administração pela Faculdade Novos Horizontes

Referências

Almeida, K. C. (2019). A carreira da mulher negra: Planejamento, barreiras e estratégias de enfrentamento. (Trabalho de Conclusão de Curso). Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlânda, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

Anderson, S., & Cavanaugh, J. (2005). Field guide to the global economy. New York: W. W. Norton.

Arboleya, A., Ciello, F., & Meucci, S. (2015). Educação para uma vida melhor: Trajetórias sociais de docentes negros. Revista Cadernos de Pesquisa, 45(158), 882-914. https://doi.org/10.1590/198053143248

Artes, A., & Mena-Chalco, J. (2017). Expansão da temática relações raciais no banco de dados de teses e dissertações da Capes. Revista Educação e Pesquisa, 43(4), 1221-1238. https://doi.org/10.1590/S1517-9702201702152528

Baruch, Y., & Sullivan, S. E. (2022). The why, what and how of career research: A review and recommendations for future study. Career Development International, 27(1), 135-159. https://doi.org/10.1108/CDI-10-2021-0251

Blackburn, H. (2017). The status of women in STEM in higher education: A review of the literature 2007–2017. Science & Technology Libraries, 36(3), 235-273. https://doi.org/10.1080/0194262X.2017.1371658

Botelho, L. L.R., Vogt, P., Olegário, C. B., Scherer, L., & Eberhardt, G. M. (2020). Carreira feminina e o teto de vidro: Uma análise bibliográfica em diferentes setores. Anais do XVII Congresso Virtual de Administração – CONVIBRA. Brasil, 17.

Bowie, M. M. (1995). African American women faculty at large research universities: Their need for information. Innovative Higher Education, 19, 269-276. https://doi.org/10.1007/BF01228159

Brown-Glaude, W. R. (2010). But some of us are brave: Black women faculty transforming the academy. Signs: Journal of Women in Culture and Society, 35(4), 801-809. https://doi.org/10.1086/651035

Carvalho, J. J. (2003). As ações afirmativas como resposta ao racismo acadêmico e seu impacto nas ciências sociais brasileiras. Revista Teoria e Pesquisa, 42(43), 303-340. https://flacso.redelivre.org.br/files/2013/03/1071.pdf

Coker, A. D. (2003). African American female adult learners. Journal of Black Studies, 33(5), 654-674. https://doi.org/10.1177/0021934703033005007

Coker, A. D., Martin, C., Culver, J., & Johnson, C. (2018). Black women’s academics and leadership development in higher education: An autoethnographic study. Periferia, 10(2), 44-66. https://doi.org/10.12957/periferia.2018.33714

Collins, P. H. (2015). Intersectionality’s definitional dilemmas. The Annual Review of Sociology, 41, 1-20. https://doi.org/ 10.1146/annurev-soc-073014-112142

Davis, A. Mulheres, raça e classe. (2016). São Paulo: Boitempo.

Dutra, J. S. (1996). Administração de carreira: Uma proposta para repensar a gestão de pessoas. São Paulo: Atlas.

Edwards, K. T. (2017). College teaching on sacred ground: Judeo-Christian influences on black women faculty pedagogy. Race Ethnicity and Education, 20(1), 117-131. https://doi.org/10.1080/13613324.2015.1095177

Evans, G. L., & Cokley, K. O. (2008). African american women and the academy: Using career mentoring to increase research productivity. Training and Education in Professional Psychology, 2(1), 50-57. https://doi.org/10.1037/1931-3918.2.1.50

Gadrey, N., & Gadrey, J. (1991). La gestion des ressources humaines dans les services et le commerce. France: L’Harmattan.

Gamble, E. D., & Turner, N. J. (2015). Career ascension of African American women in executive positions in postsecondary institutions. Journal of Organizational Culture, Communications, and Conflict, 19(1), 82-101. https://www.proquest.com/openview/a1535815858bbebda9256df364a92a25/undefined

Grandjean, B. D. (1981). History and career in a bureaucratic labor market. American Journal of Sociology, 86(5), 1057-1092. http://www.jstor.org/stable/2778748

Gunz, H. (1989). The dual meaning of managerial careers: Organizational and individual levels of analysis. Journal of Management Studies, 26(3), 225-250. http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-6486.1989.tb00726.x

Gunz, H., & Mayrhofer, W. (2017). Rethinking career studies. Facilitating conversation across boundaries with the social chronology framework. England: Cambridge University Press.

Gunz, H., Mayrhofer, W., & Lazarova, M. (2019). The concept of career and fields of career studies. Studyng careers. London: Routlegde.

Gunz, H., Mayrhofer, W., & Tolbert, P. (2011). Career as a social and political phenomenon in the globalized economy. Organization Studies, 32(12), 1613-1620. https://doi.org/10.1177/0170840611421239

Harris-Perry, M. V. (2011). Sister citizen: Shame, stereotypes, and black women in America. New Haven: Yale University Press.

Haynes, C., Joseph, N. M., Patton, L. D., Stewart, S., & Allen, E. L. (2020). Toward an understanding of intersectionality methodology: A 30-year literature synthesis of Black women’s experiences in higher education. Review of Educational Research, 90(6), 751-787. https://doi.org/10.3102/0034654320946822

Hirshfield, L. E., & Joseph, T. D. (2012). We need a woman, we need a black woman: Gender, race, and identity taxation in the academy. Gender and Education, 24(2), 213-227. https://doi.org/10.1080/09540253.2011.606208

Hooks, B. (1994). Teaching to transgress education as the practice of freedom. New York: Routledge.

Hoskins, K. (2015). Researching female professors: The difficulties of representation, positionality and power in feminist research. Gender and Education, 27(4), 493-411. https://doi.org/10.1080/09540253.2015.1021301

Hughes, E. C. (1937). Institutional office and the person. American Journal of Sociology, 43(3), 404-413. http://www.jstor.org/stable/2768627

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2019). Microdados disponíveis: Censo da educação superior. Brasília: Inep. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/web/guest/microdados

Jones, S. H., Adams, T. E., Ellis, C., Oliveira, M. A. O., & Jaramillo, N. J. (2013). Handbook of Autoethnography. Walnut Creek: Left Coast Press.

Lombardi, M. R. (2017). Mulheres em carreiras de prestígio: Conquistas e desafios à feminização. Cadernos de Pesquisa, 47(163), 10-14. https://doi.org/10.1590/198053144421

Lopes, M. A., & Braga, M. L. S. (2007). Acesso e permanência da população negra no ensino superior. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade: Unesco.

Mabokela, R. O. (2002). Reflections of black women faculty in South African Universities. The Review of Higher Education, 25, 185-205. https://doi.org/10.1353/rhe.2002.0004

Magoqwana, B., Maqabuka, Q., & Tshoaedi, M. (2020). “Forced to care” at the neoliberal university: Invisible labour as academic labour performed by black women academics in the South African University. South African Review of Sociology, 50(3-4), 6-21. https://doi.org/10.1080/21528586.2020.1730947

Mahabeer, P., Nzimande, N., & Shoba, M. (2018). Academics of colour: Experiences of emerging black women academics in curriculum studies at a university in South Africa. Agenda, 32(2), 28-42. https://doi.org/10.1080/10130950.2018.1460139

Maseti, T. (2018). The university is not your home: Lived experiences of a black woman in academia. South African Journal of Psychology, 48(3), 343–350. https://doi.org/10.1177/0081246318792820

Matos, M. I., & Borelli, A. (2013). Espaço feminino no mercado produtivo. In: C. B. Pinsky & J. M. Pedro. A nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto.

Mayrhofer, W., Meyer, M., & Steyrer, J. (2007). Handbook of career studies. Contextual issues in the study of careers. Thousand Oaks: SAGE Publications, Inc. https://doi.org/10.4135/9781412976107.n12

McKay, N. (1983). Black woman professor – white university. Women’s Studies International Forum, 6(2), 143-147. https://doi.org/10.1016/0277-5395(83)90004-3

Mendes, A. P. (2017). Labirinto de cristal: Mulheres, carreira e maternidade uma conciliação possível? (Dissertação de Mestrado). Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Morley, L. (2013). The rules of the game: Women and the leaderist turn in higher education. Gender and Education, 25(1), 116-131. https://doi.org/10.1080/09540253.2012.740888

Nichols, S., & Stahl, G. (2019). Intersectionality in higher education research: A systematic literature review. Higher Education Research & Development, 38(6), 1255-1268. https://doi.org/10.1080/07294360. 2019.1638348

Oliveira, E. L. (2020). Trajetórias e identidades de docentes negras na educação superior. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil.

Pereira, C. S., Pereira, A. L., & Pocahy, F. (2021). Mulheres negras no ensino superior: Ressonâncias e(m) escrevivências. Revista Inter-Ação, 46(3), 1360-1377. https://doi.org/10.5216/ia.v46i3.67872

Peters, M. D. J., Godfrey, C., Mclnerney, P., Munn, Z., Tricco, A. C., & Khalil, H. (2020). Chapter 11: Scoping reviews. In: E. Aromataris & Z. Munn (Eds.), Joanna Briggs Institute Reviewer's Manual: The Joanna Briggs Institute.

Pierce, C. M. (1974). Psychiatric problems of the Black minority. In S. Arieti (Eds.), American handbook of psychiatry, (pp. 512–523). Nova York: Basic Books.

Riordan, S., & Louw-Potgieter, J. (2011). Career success of women academics in South Africa. South African Journal of Psychology, 41(2), 157-172. https://doi.org/10.1177/008124631104100205

Rocha, I. V. (2016). Carreira na percepção da mulher negra. (Dissertação de Mestrado). Pontíficia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Schein, E. H. (1978). Career dynamics: Matching individual and organization needs. London: Addison-Wesley.

Settles, I. H., Cortina, L. M., Malley, J., & Stewart, A. J. (2006). The climate for women in academic science: The good, the bad and the changeable. Psychology of Women Quarterly, 30, 47-58. https://doi.org/10.1111/j.1471-6402.2006.0026

Shields, S. A. (2008). Intersectionality perspective. Sex Roles, 59, 301-311. https://doi.org/10.1007/s11199-008-9501-8

Silva, C. R. R., Carvalho, P. M., & Silva, E. L. (2017). Liderança feminina: A imagem da mulher atual no mercado corporativo das organizações brasileiras. Revista Educação, Gestão e Sociedade, 7(25), 1-12. http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170509163857.pdf

Silva, L. R. (2022). Carreiras de mulheres negras em profissões produzidas como imperiais: Uma análise interseccional. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil.

Silva, N. K. M., & Santos, S. C. (2020). Docência negra: Representatividade e perspectivas. Revista Diversidade e Educação, 8(2), 390-413. https://doi.org/10.14295/de.v8i2.11766

Silva, T. D. (2018). Ações afirmativas para ingresso de negros no ensino superior: Formação multinível da agenda governamental. Revista do Serviço Público, 69(2), 7-34. https://doi.org/10.21874/rsp.v69i2.1771

Siqueira, A. A., & Amorim, M. M. T. (2022). Da presença de mulheres negras no ensino superior e na docência superior. Revista Educação, Escola & Sociedade, 16(18), 1-23. https://doi.org/10.46551/ees.v16n18a10

Souza, R. S. (2021). Mulheres negras, acesso e permanência no ensino superior público: Desafios e construções para o serviço social. (Trabalho de Conclusão de Curso). Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Teixeira, J. C. Brazilian housemaids and COVID-19: How can they isolate if domestic work stems from racism? Gender, Work & Organization, 28(1), 250-259. https://doi.org/10.1111/gwao.12536

Tolfo, S. R. (2002). A carreira profissional e seus movimentos: revendo conceitos e formas de gestão em tempos de mudança. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 2(2), 39-63. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572002000200003

Warren, P. Y. (2021). The room where it happens: Reflections on being a black woman in the academy. Race and Justice, 11(3), 347–354. https://doi.org/10.1177/2153368720974744

Warren-Gordon, K., & Mayes, R. D. (2017). Navigating the academy: An autoethnographic approach to examining the lived experience of African American Women at predominantly white institutions of Higher Education. The Qualitative Report, 2(9), 2356-2366. https://doi.org/10.46743/2160-3715/2017.2881

Williams, W. S., & Packer-Williams, C. L. (2019). Frenemies in the academy: Relational aggression among african american women academicians. The Qualitative Report, 24(8), 2009-2027. https://doi.org/10.46743/2160-3715/2019.3407

Wright, C., Thompson, S., & Channer, Y. (2007). Out of place: Black women academics in British Universities. Women's History Review, 16(2), 145-162. https://doi.org/10.1080/09612020601048704

Publicado

2024-09-17

Como Citar

Silva, C. de A., Oliveira Júnior, M., & Souto, S. L. S. (2024). Carreiras docentes de mulheres negras no ensino superior: Uma revisão de escopo. Contextus – Revista Contemporânea De Economia E Gestão, 22(spe.), e88861. https://doi.org/10.19094/contextus.2024.88861

Edição

Seção

Chamada Especial - (Des)Igualdade, Diversidade e Inclusão: Abordagens Organizacionais e Contábeis