ÉTHOS CRÍTICO E GOVERNAMENTALIDADE EM MICHEL FOUCAULT

Autores

  • Rogério Luís da Rocha Seixas

DOI:

https://doi.org/10.30611/2017n11id31001

Palavras-chave:

Contra conduta, Éthos Crítico, Governamento, Liberdade, Política

Resumo

Será possível assinalar qual seja a principal questão para o exercício filosófico hoje? A este respeito, a resposta de Michel Foucault é direta: o diagnóstico crítico de nossa atualidade. Partindo desta posição do autor, o objetivo de nosso texto é discutir o sentido de Filosofia caracterizando-se como um exercício crítico e sua principal função: identificar o acontecimento relevante na atualidade, designando assim a atividade de diagnóstico como específica da filosofia. Partindo desta postura, a visão sobre o sentido de Filosofia deixa de ser uma mera adesão aos sistemas ou aos dogmas, caracterizando-se como um exercício crítico, com o objetivo de se buscar pensar diferentemente do que se pensa e o mais crucial ainda: identificar o acontecimento relevante na atualidade, passível de ser tratado filosoficamente. Nossa hipótese a ser trabalhada, parte da observação referente a um ativismo filosófico, ético e político, descrito como atitude ou, mais ainda, como um éthos na reflexão foucaultiana, que engloba todo o seu trabalho, mas que se torna mais pungente em sua, assim denominada, última fase ou fase ética, envolvendo a temática da governamentalidade. Partindo desta temática, discutiremos o vínculo entre ética e política, exatamente por se tratar da ligação entre liberdade, verdade, poder e resistência; destacando-se a relação entre a prática do governo dos outros e o exercício do governo de si. Possibilita analisar a articulação entre verdade, ação política e governamento, quando se trata de identificar a existência de uma atitude política que ganha o contorno de uma atitude ética em se recusar a ser governado de tal forma. Nesse momento, o autor se volta para o éthos crítico enquanto prática de liberdade como forma de recusa ao exercício de governamento excessivo na conduta dos indivíduos.

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Publicado

2017-12-29

Edição

Seção

Dossiê Michel Foucault