ELIMINAÇÃO E DESLOCAMENTOS DA VIOLÊNCIA: UMA TRANSVERSALIZAÇÃO COM AS SOCIEDADE DE CONTROLE DE GILLES DELEUZE

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DOI:

https://doi.org/10.30611/2015n7id5189

Resumo

Este artigo esboça a distinção entre violência de eliminação, assinalando aqueles traços que, conceitualmente, circunscrevem a violência em valores modernos e disciplinares. Ele apresenta uma breve exposição dos componentes constitutivos da Modernidade detectados nas abordagens de Hannah Arendt, Walter Benjamin e Michel Wieviorka. A demarcação da diferença relacionada à eliminação se faz possível a partir do pensamento de Gilles Deleuze e Félix Guattari, considerando os registros e as mutações ocorridas nas sociedades contemporâneas. As propostas de inclusão, participação e educação, acomodadas às demandas das sociedades disciplinares, tornam-se incompatíveis com as condutas promovidas para a reprodução do capital financeiro e das sociedades de controle. Inúmeros eventos vêm assinalando uma percepção diferente da vida e de seus componentes de valoração. A eliminação vem indicar um investimento no processo de subjetivação, que implica a atualização do capital, caracterizando mudanças de um modo de vida. Novas escalas, provocadas pelo devir silício, geram afetos e afecções, colocando em jogo forças demarcadas em acontecimentos, que podem ser expressos pelos verbos eliminar, deletar, exterminar e selecionar. O trabalho procura seguir o percurso da eliminação num processo de desterritorialização da violência, quando incitada pelas práticas de consumo, reterritorializada nas estratégias de controle e absorvida pela subjetividade capitalística. A relação entre eliminar e consumir anuncia não apenas a excitação ao poder de compra e de aquisição de produtos-mercadorias, mas posturas subjetivantes geradas com a equivalência do eliminar aos atos de gastar, destruir, liquidar. A eliminação passa a engendrar as sociedades de controle que, através das máquinas comunicacionais e informacionais, investem no deletar. Ações e as condutas, sobrecodificadas em cotações e índices, reproduzem os mecanismos do capital financeiro numa espécie de pedagogia exercida nas redes sociais e nos jogos digitais. As estratégias intensificam-se, modulando os eliminar e o deletar em exterminar. Elas permeiam diferentes territórios existenciais: do funcionamento das empresas às chacinas escolares. Os vetores de desterritorialização apontam a potência de criação da eliminação através do selecionar, que, através de uma dimensão ética e estética, demarca as linhas de fuga capazes de afirmar a diferença e de produzir de um novo modo de vida.

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Publicado

2016-10-06

Edição

Seção

Artigos Fluxo Contínuo