DIÁLOGOS ENTRE A TEORIA SOCIAL CRÍTICA HABERMASIANA E A TEORIA FEMINISTA DE NANCY FRASER
DOI:
https://doi.org/10.30611/2021n24id78023Palavras-chave:
Teoria social, Reprodução social, Crítica feminista, Juergen Habermas, Nancy FraserResumo
Este artigo examina algumas das objeções traçadas por Nancy Fraser à teoria social crítica de Jürgen Habermas à luz de algumas reformulações empreendidas pelo filósofo e sociólogo alemão em Facticidade e validade, quando se devota a aplicar o modelo de democracia deliberativa às demandas feministas por igualdade não apenas de direito, mas também igualdade fática. Em seu artigo Fraser acusa a teoria crítica discursiva não de defender posição abertamente preconceituosas em relação a gênero, mas de uma omissão relativa às questões de gênero, o que, contudo, não deixa de ser censurável. Além do mais, ela defende que o modelo de teoria crítica discursivo dualista baseado na distinção entre as esferas da reprodução social é deficiente no diagnóstico e na identificação de remédios para algumas injustiças sociais sofridas pelas mulheres. O modelo discursivo carece de categorias que permitam interpretar os papéis de gênero e a problemática que envolve a família patriarcal e o trabalho doméstico. O modelo de democracia deliberativa habermasiano demonstra, diferentemente dos textos criticados por Fraser, uma preocupação explicita com as questões de gênero e até mesmo alguma vantagem explicativa em relação ao modelo anterior, mas como tal modelo é construído sobre suposições básicas de A teoria do agir comunicativo, esse modelo ainda encontra dificuldades em enfrentar algumas demandas feministas.
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