A DISTORÇÃO NEOLIBERAL DO PENSAMENTO ECONÔMICO DE ADAM SMITH SEGUNDO NOAM CHOMSKY E AMARTYA SEN
DOI:
https://doi.org/10.30611/2022n26id81492Palavras-chave:
Economia Política, Ética, Liberalismo, Neoliberalismo, CríticaResumo
Adam Smith é considerado um dos fundadores do liberalismo clássico. Ele é apresentado, com razão, como o organizador da nova ciência da economia, que tem por objetivo compreender, prover e maximizar as riquezas e os confortos de uma sociedade. Descreveu em certa medida uma nova sociabilidade engendrada nas transações econômicas, emergindo a partir disso uma sociedade comercial, materialmente próspera dentro da ordem política. A riqueza advém da oportuna e correta divisão do trabalho. O trabalho se vê e se faz, a partir da obra smithina, autêntico substrato da ordem econômico-social. Mas Adam Smith não limitou exclusivamente a vida em sociedade às relações econômicas, notadamente as comerciais. Também não reduziu a motivação humana ao estrito autointeresse, vinculado ao amor-próprio. Como filósofo moral, ele nunca se declarou economista, e considerou que a sensibilidade, a consciência e as virtudes morais têm papel primordial na constituição de uma sociedade humana genuinamente desenvolvida. A apropriação que seus seguidores atuais e a abordagem econômica neoliberal fazem de Smith desfigurou o seu legado. Neste artigo, depois de introduzirmos brevemente a apropriação neoliberal do pensamento smithiano, apresentamos a crítica de Noam Chomsky e de Amartya Sem a esta perspectiva, desvelando o processo de redução e distorção dos conceitos originais do pensador escocês, buscando ao mesmo tempo resgatar um pouco de sua rica contribuição à compreensão do agir e da vida social humanos, notadamente o modo pelo qual estes se manifestam em nosso tempo.
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