NIILISMO À PROVA DOS NOVE: HÁ SENTIDO EM SE FALAR DE “NIILISMO” NO PENSAMENTO INDÍGENA?
DOI:
https://doi.org/10.30611/2023n30id92053Palavras-chave:
Ailton Krenak, Antropoceno, Morte de Deus, Nietzsche, SagradoResumo
Neste ensaio, busca-se pensar de que forma a questão do niilismo é enfrentada pelo pensamento de povos indígenas das terras baixas da América do Sul: se interpretarmos o niilismo como perda de parâmetros diante da “morte de Deus”, que sentido o problema do niilismo faz para povos que não estipularam um Deus unitário como fundamento axiológico? Para desdobrar essa questão, fez-se uso da obra Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak, bem como de referenciais antropológicos e filosóficos a respeito de temas como niilismo, sacralidade, alegria, natureza, ciência e técnica. O artigo se desenvolve em quatro partes: em I, faz-se uma breve descrição do que Pelbart denominou “travessia do niilismo”; em II, levanta-se o questionamento central deste ensaio, trazendo à tona o conceito de “sobrenatureza” como principal operador ontológico do pensamento ameríndio; em III, examina-se as diferentes relações com a alteridade “natural” entre o pensamento indígena e o pensamento ocidental; e em IV, por fim, compara-se as metáforas das “conchas coloridas”, de Nietzsche, e dos “paraquedas coloridos”, de Ailton Krenak, em um debate sobre niilismo e Antropoceno, momento em que a noção de “riso”, levantada por P. Clastres a partir de mitos chulupi, orienta a reflexão sobre o papel da “gaia ciência” no pensamento indígena.
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