LÍNGUA RAÇA E ENSINO
A ATUAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA NÃO LICENCIADOS
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v46i93.94495Palavras-chave:
língua inglesa, raça, formaçãoResumo
A noção de fluência linguística, que muitas vezes é atravessada por uma visão hegemônica, elitista e racista de língua, é supostamente privilegiada no ensino de língua inglesa na rede particular de ensino, seja em cursos livres ou escolas. Da mesma forma, a escolha por professores que supostamente saibam “falar bem” a língua, o que se desdobra na ideia de selecionar aqueles que tenham vivência linguística fora do país ou sejam falantes nativos não licenciados, sendo isso uma prática recorrente. Tendo em vista a concepção de que essas visões implicam em elementos raciais e raciológicos (isto é, impactados por elementos racistas), neste artigo buscamos analisar como professores de língua inglesa não licenciados que atuam no ensino particular da cidade de Itabuna/BA entendem como o ensino de línguas é impactado pelas questões raciais. Queremos, com isso, demonstrar a importância da formação desses profissionais de maneira mais ampla. Os aspectos metodológicos incluem entrevista semiestruturada e aplicação de questionários e os resultados demonstram, como pressupomos a priori, maior necessidade de formação qualificada desses profissionais, tendo em vista a tendência a um ensino purista da língua que privilegia quase unicamente o inglês branco norte-americano, juntamente à sua cultura.
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abs/10.1080/01596306.2019.1569878?journalCode=cdis20 Acesso em: 27 maio 2022.
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