A literatura de Adelaide Carraro entre “verdade” e ficção (1963-1993)
Palavras-chave:
Ficção, Verdade, LiteraturaResumo
No início dos anos 1960 uma jovem escritora despontou no cenário literário do país com uma obra autobiográfica que prometia aos leitores a revelação de segredos e intrigas políticas envolvendo o ex-presidente Jânio Quadros. Com o sucesso comercial da primeira publicação, adotou a fórmula que a consagrou e prosseguiu escrevendo novas histórias baseadas na “verdade nua e crua”. Entre autobiografias e romances publicou quarenta e oito livros em três décadas explorando temas conectados com a realidade social, política e econômica do país. Por explorar temas espinhosos para a época foi a primeira autora censurada pelo regime civil-militar de 1964 e a terceira com mais livros apreendidos. Mesmo relegada pela crítica literária e acusada de esquerdista, comunista e pornógrafa pelos censores e segmentos mais conservadores; sua literatura tornou-se sucesso de vendagem entre as classes populares, que consumiam esse produto cultural através de compra pelo reembolso postal. Sempre se apresentando como escritora da “verdade” e rejeitando o de escritora de ficção acabou sendo rotulada de “escritora maldita”. Este artigo discute alguns dos rótulos que marcaram essa produção literária e a relação entre realidade, “verdade” e ficção a partir do ponto de vista da escritora.