Os homens pobres e a terra amazônica na produção literária de Euclides da Cunha
Palavras-chave:
Euclides, Amazônia, Homens pobresResumo
O trabalho procura analisar as interpretações construídas por Euclides da Cunha (1867-1909) sobre a presença humana na Amazônia no início do século XX. O escritor analisa que a natureza amazônica promoveu um processo de seleção, onde apenas os mais adaptados fisiologicamente foram capazes de suportar as demandas impostas pelo “inferno verde”. E a despeito dos conceitos científicos que vislumbravam o mestiço como degenerado das raças e, portanto, causador do atraso do país, Euclides, pelo menos no que tange o “desbravamento da Amazônia” inverte a ordem, e exalta a figura do migrante pobre, o único capaz de dominar a natureza da região e possibilitar sua inserção ao conjunto da nação. Todavia, Euclides também observa o caráter perverso da rotina dos trabalhadores da floresta, com punições físicas e impedimento de posse da terra trabalhada. Para o autor, a omissão do Estado com a estrutura das relações de trabalho no interior dos seringais impedia a formação de sentimento coletivo de nacionalidade, e nele intensificava a decepção com os destinos da República.