Diálogo entre História e Gênero
críticas, perspectivas e análise de mulheres operárias em Portugal durante o período revolucionário (1974-1975)
Palabras clave:
Mulheres operárias, Sogantal, PortugalResumen
O presente artigo tem por objetivo colocar em diálogo questões sobre gênero enquanto categoria analítica no campo da História, de forma a problematizar e discutir o estudo sobre mulheres operárias no período revolucionário português, especificamente o caso de autogestão da empresa Sogantal. Portugal rompe com um regime de cunho fascista que já durara quase meio século, findando este período com o 25 de Abril de 1974. Este período é marcadamente importante na história do país sob uma experiência revolucionária, com diretrizes para um caminho socialista onde a classe trabalhadora teve importante influência nas consequências deste recorte. As manifestações, proibidas anteriormente, borbulhavam em todo o país, bem como greves, paralisações, reivindicações, autogestão, autocontrole e saneamentos de ex membros do antigo regime. Destaca-se que as mulheres operárias e trabalhadoras agrícolas e trabalhadoras domésticas tiveram destacado papel nas conquistas de Abril. Especificamente, analisar-se-á o caso da empresa têxtil Sogantal, constituída por
48 mulheres entre os 14 e 23 anos, que entrou em autogestão após expulsarem os antigos patrões que pretendiam declarar falência e não pagar as indenizações devidas. Metodologicamente, serão analisados jornais de empresas, periódicos como o Avante!, Combate e Revolução - dentre outros -, documentos oficiais e debate bibliográfico. A historiografia portuguesa ainda é escassa em trabalhos que evidenciem uma análise não da “história das mulheres”, mas sim de inserir o papel histórico destas nos acontecimentos que se desenrolam na linha temporal. É sublime destacar, portanto, que a relação entre gênero e história deve ser criticamente utilizada para se perceber profundamente o passado e, neste caso, as lutas e conquistas partidas de uma ruptura revolucionária.