Recepção do mito de Filoctetes no Regime Militar Brasileiro
Ramom, o Filoteto Americano de Carlos Henrique Escobar
Mots-clés :
recepção, Ditadura Militar, FiloctetesRésumé
O artigo está no cruzamento entre história e teatro, atentando para a peça Ramom, o Filoteto Americano (1975) de Carlos Henrique Escobar, escrita durante a Ditadura Militar brasileira e laureada no Concurso Nacional de Dramaturgia de 1975. Parte-se do conceito de recepção da antiguidade para entender como o autor utiliza elementos do mito grego em um contexto de repressão. O autor, consagrado intelectual de esquerda, crítico ao regime, ressignifica os principais elementos da tragédia Filoctetes de Sófocles para construir uma sensibilidade voltada às angústias que emergiam em um dos períodos mais repressores da Ditadura. O artigo demonstra como Ramom é um drama de significado crítico e que sua singularidade está no processo de ressignificação da doença de Filoctetes. No corpo torturado de Ramom ecoam as mazelas de uma sociedade repressiva e colonizada. O artigo atenta para as possibilidades de investigação em uma peça complexa que aproveita a herança grega para explorar temas sensíveis da Ditadura e que pela radicalidade performática e ousadia do texto não despertaram a atenção dos censores.
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