LENDAS, CRENDICES E ABUSÕES: ALEGORIA E HISTÓRIA EM O CARA DE FOGO, DE JAYME GRIZ
Resumo
Este artigo visa a analisar o conto “O fantasma negro do bueiro da usina Cucaú”, do livro O Cara de Fogo, do escritor pernambucano Jayme Griz, norteado pelos vínculos mantidos entre literatura e história. Com os condicionantes teóricos antevistos nas obras Origem do drama trágico alemão, de Walter Benjamin, e Introdução à literatura fantástica, de Tzvetan Todorov, procurou-se vislumbrar a alegoria como categoria analítica, que, em diálogo com componentes sócio-históricos, propiciou a interpretação da narrativa. O método dialético, no qual as inferências permitidas pelo texto dialogam com o contexto, permitiu uma apreciação do relato sob uma ótica na qual se entrecruzam ética e estética, literatura e sociedade. Na conclusão do artigo sugere-se que, mesmo quando a leitura do conto fantástico se vincula à realidade, desta feita assediada pelas marcas do mito e do folclore, não fica dissipada a hesitação mantida por personagem e, eventualmente, o leitor, diante dos acontecimentos sobrenaturais.
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