Barroco e antropofagia: um estudo da peça “Na aldeia de Guaraparim” de José de Anchieta
Resumo
O Barroco, apesar de ter tido sua gênese no continente europeu, experimentou outras terras. Na América teve grande êxito também por consequência do processo de colonização, tendo desenvolvido seu próprio barroco, seja na arquitetura, na música, na pintura ou na literatura. No Brasil, na área da literatura, por exemplo, temos o Padre José de Anchieta como primeiro representante desse estilo. Sua obra revela o estado dual do encontro entre dois mundos divergentes, vivenciando dois extremos, dualidade tipicamente barroca. Sua produção literária é vasta no sentido dos gêneros em que atua, escreve poemas, dramas, cartas, tudo isso a serviço da catequização. Portanto, com teor pedagógico. Este texto se concentrará num deles, buscando analisar a peça teatral “Na aldeia de Guaraparim” sob as prerrogativas teóricas da antropofagia oswaldiana, tratando-a como obra barroco-antropofágica, evocando um processo de devoração cultural que foi empreendido pelo poeta canarino. Essa análise, por sua vez, tem como base teórica as reflexões de Haroldo de Campos, Araripe Júnior, Affonso Ávila, entre outros.