O RITMO E A PALAVRA: CAMINHOS DIALÓGICOS PARA APRENDIZAGEM DA PERCUSSÃO

Resumo

O ritmo é um fenômeno de referência para toda forma de percepção. Sem ele não há consciência do tempo e espaço. Sua importância está presente no universo, na natureza, no funcionamento do nosso corpo e em quase todas as atividades humanas, inclusive no exercício da oralidade e formas não-verbais de expressão. O pensamento humano materializa por via oral da língua falada, suas ideias e interesses conforme seu gosto, necessidades e demandas inerentes ao ambiente sociocultural em que vive. Tanto o ritmo falado como o musical constitui nesse processo, formas cognitivas de expressividade, estética e estilo. Considerando o poder comunicacional inerente ao fazer musical, tal como se é possível conceber em processos de comunicação oral, o ensino da música pode então recorrer a contextos estruturais da fala, e de outros mecanismos sonoros de comunicação, como proposta de pedagogias de aprendizagem. E com base na experiência da docência em modo remoto, compreendi com mais evidência a importância do uso do ritmo falado que envolve os diversos níveis comunicacionais dos alunos, como ferramenta exitosa para aprendizagem da linguagem musical. Sua importância abrange a grande diversidade de níveis expressivos, posto que cada indivíduo, além de conhecer o que fala e o que os outros falam, possui competências inatas de diálogo com universos sonoros que o envolve. Facultando em minha proposta de ensino, o uso comparativo do som falado para o aprendizado e a performance da percussão. Este saber não é novo, visto ser recorrente entre comunidades e culturas de tradição oral, mas o ensino formal da música tendeu a afastar-se dos modos e fazeres longínquos das heranças não eruditas. Sob este mote, minha comunicação busca apresentar a praticidade, a aplicabilidade, a viabilidade e o valor interdisciplinar que pode emergir do retorno ao uso dialógico entre o ritmo e a palavra falada para a aprendizagem da percussão.