FARMACOVIGILÂNCIA E BIOPODER NO BRASIL
Resumo
Introdução: O presente estudo se propôs a problematizar o papel da farmacovigilância como uma estratégia de governo da vida humana. A hipótese que conduziu nossas reflexões é a de que foi à sombra de tragédias envolvendo medicamentos que se desenvolveram disciplinas e se formaram saberes que sustentam o governo da vida, em um Estado que adota a saúde como dever, e o medicamento como um de seus mais valiosos recursos. Objetivos: Demonstrar que a farmacovigilância é uma estratégia política de governo da vida humana. Metodologia: À luz das obras do filósofo Michel Foucault fez-se uma tentativa de pensar a farmacovigilância como uma tecnologia de engrenagem entre medicamento, corpo e poder. Resultados: A inspeção sobre o uso e efeitos dos medicamentos iniciado no século XIX encontrou seu apoio no modelo arquitetônico desenvolvido anteriormente por Jeremy Bentham em 1785. A instauração da vigilância dos comportamentos e dos corpos, o desencadeamento do estado de consciência de que somos vigiados, a visibilidade das práticas médicas dando garantias para o exercício do controle e do poder sobre os outros, é que possibilitaram o nascimento e a consolidação da farmacovigilância. O aparecimento do corpo, como lugar privilegiado, para a demonstração da eficácia e segurança dos medicamentos, nada mais é do que o anúncio do corpo como uma realidade biopolítica. Conclusão: a farmacovigilância integra um sistema de poder-saber, com vínculos com a sociedade e a medicina, e antes de se constituir uma exigência sanitária, ela é uma exigência do mercado.Publicado
2019-01-14
Edição
Seção
XXXVII Encontro de Iniciação Científica
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