DA PASSIVIDADE À ATIVIDADE: A “TERAPIA DOS AFETOS” NA ÉTICA DE SPINOZA

Authors

  • Bruna Nogueira Ferreira de Sousa
  • Lucas Oliveira de Lacerda
  • Ada Beatriz Gallicchio Kroef

Abstract

Para Spinoza (1632-1677), na sua Ética (1677), o ser humano - sempre exposto às paixões - exerce sua liberdade através do conhecimento de como as coisas exteriores o determinam. Com isso, a pesquisa teve como objetivo analisar como a capacidade da mente humana de alcançar um conhecimento adequado dá a ela certo grau de potência sobre seus próprios afetos, sendo caminho que conduz à liberdade. Através do estudo - no Grupo de Estudos em Spinoza - da Parte V da Ética, intitulada “A potência do intelecto ou a liberdade humana”, avaliou-se os aspectos que se seguem. Para Spinoza, o desenvolvimento do conhecimento acerca da afetividade é acompanhado da formulação de técnicas capazes de atenuar os efeitos alienantes das paixões, nos tornando menos passivos em relação a elas e mais capazes de desejos e alegrias ativos. Assim, o poder da mente sobre os afetos consistiria: 1) no conhecimento dos afetos, que auxilia a formar ideias adequadas sobre as paixões; 2) em que ela separa a paixão de sua causa exterior e a liga a outros pensamentos, mais adequados, desfazendo a associação que liga alegria e tristeza às ideias imaginativas de seus objetos, se libertando das paixões que nascem dessas associações; 3) no tempo, graças ao qual os afetos que se referem às coisas que compreendemos adequadamente triunfam sobre os que se referem às coisas que concebemos confusamente; 4) na consideração racional de uma multiplicidade de causas pelas quais os afetos se referem, aumentando a potência da mente de pensar em muitas outras coisas; 5) em, enquanto não somos dominados por paixões tristes, ordenar seus afetos segundo a ordem da inteligência. Conclui-se que, para sair da servidão das paixões e alcançar a liberdade, é preciso inverter as relações de força entre ação e paixão através de uma moderação dos afetos pela razão, uma vez que ela produz noções comuns acerca da afetividade, o que possibilita a seleção dos afetos que melhor nos convém, e, portanto, aumenta nossa potência de existir.

Published

2021-01-01

Issue

Section

XIII Encontro de Experiências Estudantis