Fronteiras de gênero em Guiné-Bissau:

por uma antropologia endógena e ativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/rcs.v55i1.71401

Palavras-chave:

Gênero. Guiné-Bissau. Agência. Poder. Antropologia.

Resumo

As mulheres em associações na Guiné-Bissau estão inseridas em uma dinâmica e uma gramática peculiares no que diz respeito aos modos de conceber e expressar identidades femininas africanas e, portanto, podem ser consideradas expressões culturais contra hegemônicas. O olhar etnocêntrico limita a compreensão do que essa realidade das mulheres africanas significa para quem as vive. Este trabalho apresenta um escopo abrangente de questões de gênero relacionando as fronteiras de conhecimento e poder a um contexto empírico particular marcado por mulheres em associação. Com escolhas teórico-metodológicas sustentadas pela antropologia e por um diálogo com intelectuais africanas/os, este artigo pretende, também, refletir sobre a agência feminina na Guiné-Bissau e seu papel na construção de coletividades e transformação social. O artigo é, portanto, um momento de reflexão ativa que propõe problematizar o lugar histórico e de produção de conhecimento sobre as fronteiras de gênero incorporando aspectos das interações entre mulheres nas organizações sociais na Guiné-Bissau.

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Biografia do Autor

Peti Mama Gomes, Universidade Federal do Pará

Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre em Antropologia pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e graduada em Humanidades pela UNILAB. Atualmente, é professora Adjunto A da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab-CE), onde leciona no curso de Bacharelado em Humanidades na graduação. Com experiência em contextos culturais multiétnicos e plurilíngues (Kriol, Mandjaku, Wolof), tem desenvolvido pesquisas nas áreas de Antropologia Política, Corporalidades e Gênero nos contextos africanos pós-coloniais e da diáspora africana. Suas pesquisas focam em práticas de saúde comunitária vinculadas à produção agroecológica local, em colaboração com organizações de mulheres bideras/feirantes da Guiné-Bissau. Possui experiência em temas relacionados à saúde mental, bem-estar, cuidado, maternagens, nutrição, comensalidade e convivialidade de estudantes da diáspora africana no Brasil. Tem sido palestrante convidada por universidades e institutos nacionais e internacionais para tratar de temas vinculados a feminismos contra-hegemônicos, epistemologias do(s) Sul(es) Global(is), justiça epistêmica, equidade e direitos humanos, bem como pandemias e epidemias nas Áfricas. É pesquisadora do Grupo de Pesquisa DGP/CNPQ Coletivo Boas Práticas, que se dedica à produção de práticas de saúde e saberes comunitários junto a lideranças de comunidades tradicionais e movimentos sociais no Brasil. Também integrou a equipe de pesquisa e intervenção Traduzindo os Sul(es) Global(is) na campanha da UNESCO/UNTREF da Universidad Nacional de Tres de Febrero (Argentina), voltada para o combate ao racismo e para ações afirmativas no acesso ao ensino superior na América Latina (2021).

Carla Susana Alem Abrantes, University for International Integration of the Afro-Brazilian Lusophony

É bacharel em Administração pela UNA/MG, mestre e doutora em Antropologia pelo Museu Nacional/RJ. Atualmente é professora associada da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab-CE) onde leciona Antropologia na graduação e pós-graduação. É pesquisadora do Laboratório de pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (LACED/UFRJ) e co-editora da Ayé: Revista de Antropologia da Unilab (2021-atual). Tem trabalhado com pesquisa, ensino e extensão sobre os seguintes temas: pensamento social, cooperação internacional, estudos africanos e étnicos, antropologia da política, ensino superior e interculturalidades.

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Publicado

22-04-2025

Como Citar

Gomes, P. M., & Abrantes, C. S. A. (2025). Fronteiras de gênero em Guiné-Bissau:: por uma antropologia endógena e ativa. Revista De Ciências Sociais, 55(1). https://doi.org/10.36517/rcs.v55i1.71401

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