Dos arredores ao texto: apontamentos sobre papel semiótico dos paratextos.
Palavras-chave:
Paratextos., Semiótica, Mereologia, LiteraturaResumo
É ilusório supor que temos acesso puro aos textos que lemos. A impressão em um objeto-suporte, a enunciação em um ato pontual e contextualizado, por fim, até mesmo a produção em uma semiosfera, veicula e insere os textos em uma cadeia de outros textos que o circunscrevem. Essa impossibilidade de isolamento dos textos em sua dimensão material de leitura, é o que Genette (2009) leva em conta para cunhar o termo paratexto como aquilo pelo qual um texto se torna livro. No entanto, muitas vezes esses elementos textuais são deixados de lado na discussão em torno da significação. Apresentaremos então alguns apontamentos sobre a capacidade significativa dos paratextos, como prefácios, títulos, epígrafes, fichas catalográficas e dedicatórias, decorrente da análise em textos literários. A presença desses elementos pode orientar a produção de sentidos em relação, dentre outros fatores, ao desencadeamento isotópico, à apreensão genérica e à validação axiológica. Assim, os paratextos convocam estratégias semióticas mais gerais, como o posicionamento sintagmático e a repetição, para orientar a leitura em percursos que poderiam não ser atingidos em sua ausência. Dessa forma, a verificação das possibilidades expressivas desencadeadas “paratextualmente” são mais um indício da relevância da dimensão mereológicas dos textos para a semiose.