INTERPRETAÇÃO INTERMODAL DO CONCEITO “ENERGIA” EM AULAS DE QUÍMICA COM ESTUDANTES SURDOS: UMA ABORDAGEM LINGUÍSTICA

Authors

  • Eduardo Andrade Gomes;Charley Pereira Soares

Abstract

 O trabalho do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa é fundamentalmente baseado na mediação entre duas línguas de modalidades distintas. Contudo, ouvir ou ver determinada língua demanda, do profissional, atenção ao tema que está sendo discutido e aos termos apresentados, uma vez que palavras ou sinais podem possuir significados diferentes conforme o contexto em que estão inseridos, sobretudo, por determinadas áreas possuir uma linguagem específica. Assim, é indicado que o tradutor e/ou intérprete realize uma inferência semântico-pragmática das ideias expostas pelo comunicador para possibilitar uma melhor atuação. Nesse sentido, com intuito de analisar esse tipo inferência por esse profissional, foram filmadas quatro aulas de Química em uma turma da 2ª série do E. M. que possuía duas estudantes surdas e um intérprete de Libras – Língua Portuguesa, abordando a temática Termoquímica em uma escola pública mineira. Através de um Estudo de Caso percebeu-se a dificuldade do intérprete em estabelecer uma inferência semântico-pragmática quanto ao termo Energia, ou seja, por não possuir conhecimento específico sobre o tema da aula, ele sinalizava como se estivesse se referindo a energia elétrica. Por isso, entende-se que o professor é um parceiro indispensável ao intérprete por (tentar) oportunizar a ele maior clareza sobre o contexto em que está imerso.

 

Palavras-Chave: Energia; Linguística; Tradutor e Intérprete de Libras-Língua Portuguesa.

References

ALBRES, N. A. Intérprete Educacional: políticas e práticas em sala de aula inclusiva. São Paulo: Harmonia, p.144, 2015.

AMARAL, E. M. R.; MORTIMER, E. F. Uma proposta de perfil conceitual para o conceito de calor. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v.1, n.3, p.5-18, 2001.

ANDRÉ, M. E. D. A. Estudo de Caso em Pesquisa e avaliação educacional. Brasília: Liber Livro Editora, 2005.

ARAÚJO, I. L. Por uma concepção semântico-pragmática da linguagem. Revista Virtual de

Estudos da Linguagem, v.5, n.8, p.1-26, 2007.

ARMENGAUD, F. A pragmática. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

BENITE, A. M. C.; BENITE, C. R. M.; VILELA-RIBEIRO, E. B. Educação inclusiva, ensino de Ciências e linguagem científica: possíveis relações. Revista Educação Especial, v.28, n.51, p.83-92, 2015.

CAMPOS, J. The science of language: communication, cognition and computation. Inter/Intradisciplinary relations. In: AUDY, J. L. N.; MOROSINI, M. C. (Org). Innovation and interdisciplinarity in the university. Porto Alegre: Edipucrs, p.345-376, 2007.

CANÇADO, M. Manual de Semântica: Noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto, 2013.

CARVALHO, A. M. P. Critérios estruturantes para o ensino de ciências. Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

DASCAL, M. Interpretação e compreensão. São Leopoldo: Editora da Unisinos, 2007.

GRICE, H. P. Logic and conversation. In: COLE, P.; MORGAN, J (Org). Syntax and semantics. Academic Press, p.41-58, 1975.

KELMAN, C. A. Os diferentes papéis do professor intérprete. Espaço: INES, n.24, p.25-30, 2005.

LACERDA, C. B. F. Intérprete de Libras: em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Mediação/FAPESP, 2009.

LACERDA, C. B. F. Tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais: formação e atuação nos espaços educacionais inclusivos. Cadernos de Educação. Pelotas, p.133-153, 2010.

LEITE, T. A. Leitura e Produção de textos. Material didático do curso Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras na modalidade a distância. Universidade Federal de Santa Catarina, p.70, 2010.

LEVINSON, S. C. Pragmática. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

MACHADO, F. M. A. Interpretação e Tradução de Libras/Português/Libras dos Conceitos Abstratos CRÍTICO e AUTONOMIA. Dissertação de Mestrado em Letras. Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2012.

MACHADO, F. M. A.; FELTES, H. P. M. A interpretação simultânea no contexto político. Cadernos de Tradução, v.35, n.2, p.236-268, 2015.

MARQUES, M. H. D. Iniciação à semântica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

NAPIER, J. University Interpreting: Linguistic issues for consideration. Journal of Deaf Studies and Deaf Education, v.7. n.4, p.281-301, 2002.

PEREIRA, M. C. P. Produções Acadêmicas sobre Interpretação de Língua de Sinais: dissertações e teses como vestígios históricos. Cadernos de Tradução, v.2, n.26, p.99-117, 2010.

QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de Libras e Língua Portuguesa. Brasília: MEC, 2004.

QUADROS, R. M.; KARNOPP. L. B. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos. Porto Alegre, 2004.

QUADROS, R. M.; SOUZA, S. X. Aspectos da tradução/encenação na Língua de Sinais Brasileira para um ambiente virtual de ensino: Práticas tradutórias do curso de Letras Libras. Florianópolis: UFSC, 2008.

RODRIGUES, C. H. A interpretação para a Língua de Sinais Brasileira: efeitos de modalidade e processos inferenciais. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.

RODRIGUES, C. H.; BEER, H. Os Estudos da Tradução e da Interpretação de Línguas de Sinais: novo campo disciplinar emergente?. Cadernos de Tradução, v.35, n.2, p.17-45, 2015.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, 1994.

SANTOS, L. F.; LACERDA, C. B. F. Atuação do intérprete educacional: parceria com professores e autoria. Cadernos de Tradução, v.35, n.2, p. p. 505-533, 2015.

SANTOS, S. A. Tradução/Interpretação de Língua de Sinais no Brasil: uma análise das teses e dissertações de 1990 a 2010. Tese de Doutorado em Estudos da Tradução. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

SANTOS, S. A.; RIGO, N. S. A produção acadêmica sobre tradução e interpretação de Libras de egressos da pós-graduação da UFSC. Revista Letras & Letras, v.32/1, p.124-148, 2016.

SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. A pesquisa científica. In: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (Org), Métodos de Pesquisa. 1. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p.120, 2009.

SOARES, C. P.; GOMES, E. A.; COSTA, M. R. Expansão Terminológica em Libras: proposta para criação de alguns sinais-termos referentes à Energia. I Congresso Nacional de Libras da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, p.1-12, 2015.

SOUZA, V. C. A.; JUSTI, R. Estudo da utilização de modelagem como estratégia para fundamentar uma proposta de ensino relacionada à energia envolvida nas transformações químicas. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, p.1-26, 2010.

STUMPF, M. R. Aprendizagem de Escrita de Língua de Sinais pelo sistema SignWriting: Línguas de Sinais no papel e no computador. Tese de Doutorado em Informática na Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

VANIN, A. A. A construção do significado inferencial sob o prisma da interface semântica/pragmática. Revista Virtual de Estudos da Linguagem, v.7, n.13, p.1-28, 2009.

WEININGER, M. J. Análise e aplicação de aspectos sociolinguísticos e prosódicos na interpretação Libras-PB. In: QUADROS, R. M.; WEININGER, M. J. (Org.). Estudos da Língua de Sinais Brasileira, 1. ed. Florianópolis: Insular, v.3, p.71-97, 2014.

Published

2017-12-29

Issue

Section

Artigos