Violência no trabalho no seriado The Office na perspectiva do epistemicídio
DOI:
https://doi.org/10.36517/contextus.2025.94611Palavras-chave:
violência no trabalho; epistemicídio; relações organizacionais;processos de subjetivação; estudo observacionalResumo
Contextualização: Ao analisar a violência no ambiente de trabalho e os processos de subjetivação, ressalta-se que a violência epistêmica opera como um mecanismo estrutural que deslegitima e marginaliza os saberes e perspectivas de determinados grupos, consolidando dinâmicas de exclusão e isolamento social. A partir do seriado The Office, identifica-se uma representação emblemática desse fenômeno por meio da desconexão entre o comportamento do personagem principal, Michael, e as percepções dos funcionários. Essa desconexão se traduz em práticas que geram sentimentos recorrentes de desrespeito e desvalorização, evidenciando as complexas relações de poder e hierarquia que perpetuam a violência simbólica no ambiente laboral.
Objetivo: Compreender a violência no local de trabalho e os processos de subjetivação a partir da perspectiva do epistemicídio, utilizando a série ‘The Office’ como referência.
Método: Realizou-se uma pesquisa qualitativa de caráter observacional, fundamentada no método de ‘microanálises estruturadas’. Esse método, ancorado em eixos temáticos e subtemas, possibilitou a construção de uma rede de significados, permitindo uma análise sistemática das dinâmicas investigadas.
Resultados: Evidenciou-se a reprodução de desigualdades e injustiças no ambiente laboral, tendo os personagens demonstrado formas de resistência a essas dinâmicas ao buscar afirmar suas identidades e validar suas experiências diante da hegemonia do conhecimento dominante. Essa luta pelo reconhecimento e valorização ressalta a urgência de construir ambientes de trabalho inclusivos, que respeitem e acolham a diversidade de perspectivas, promovendo a equidade e a justiça nas relações organizacionais.
Conclusões: Os resultados ressaltam as implicações sociais e teóricas da violência epistêmica no ambiente de trabalho, destacando como ela desvaloriza conhecimentos e perpetua desigualdades. O estudo contribui para a compreensão das dinâmicas de exclusão e resistência, oferecendo uma perspectiva crítica sobre o impacto das relações de poder na subjetivação dos indivíduos. Evidencia-se também o papel das organizações na construção de práticas que valorizem a diversidade de vozes e saberes.
Downloads
Referências
Alatas, S. F. (2003) Academic dependency and the global division of labour in the social sciences. Current Sociology, 51(6), 599-613.
Alves, G. (2010) Tela Crítica – A Metodologia. Londrina: Praxis; Bauru: Canal 6.
Asamani, L. (2016) Organizational and individual consequences of workplace violence. Public Policy and Administration Research, 6(9). Retrieved from https://core.ac.uk/download/pdf/234669966.pdf
Baird, C. & Calvard, T. S. (2019) Epistemic vices in organizations: Knowledge, truth, and unethical conduct. Journal of Business Ethics, 160(1). https://doi.org/10.1007/s10551-018-3897-z
Barreto, M. & Heloani, R. (2015) Violência, saúde e trabalho: A intolerância e o assédio moral nas relações laborais. Serviço Social & Sociedade, 123, 544–561. https://doi.org/10.1590/0101-6628.036
Beigel, F. (2016) El nuevo carácter de la dependencia intelectual. Cuestiones de Sociología, (14).
Bunch, A. (2015) Epistemic violence in the process of othering: Real-world applications and moving forward. Scholarly Undergraduate Research Journal at Clark, 1(1). Retrieved from https://commons.clarku.edu/surj/vol1/iss1/2/
Camargo, M. L., De Sousa Almeida, Na. & Júnior, E. G. (2018) Considerações sobre o assédio moral como fator contribuinte para os episódios depressivos no trabalho: A violência velada e o adoecimento mental do trabalhador. Semina: Ciências Sociais e Humanas, 39(2), 129-146.
Cañas, F. C. & Gallego, J. D. M. (2016) La decolonización del saber epistémico en la universidad. Cuadernos de Filosofía Latinoamericana, 27(115), 285-302.
Colombo, M. (2020) Who is the “other”? Epistemic violence and discursive practices. Theory & Psychology, 30(3), 399–404. https://doi.org/10.1177/0959354320923758
Dussel, E. (2016) Transmodernidade e interculturalidade: Interpretação a partir da filosofia da libertação. Revista Sociedade e Estado, 31(1), 31-45.
Flick, U. (2004) Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman.
Fontes, L. de O. (2022) Violência, trabalho e periferia: Conflitos morais e convívios nas fronteiras entre dois mundos. Cadernos de Campo, 35, e022035. https://doi.org/10.9771/ccrh.v35i0.35924
Furtado, O. (2011) Trabalho e Solidariedade. 1 Ed. Editora Cortez.
Gonzalez Rey, F. (2005) Pesquisa qualitativa e subjetividade: Os processos de construção da informação. Pioneira Thomson Learning.
Granja, A. C., Junior, H. M. P. L. & Ramos, E. de J. O. (2024) Assédio moral e suas implicações na saúde mental das pessoas. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 10(6), 2461-2475.
Heath, C., Hindmarsh, J. & Luff, P. (2010) Video in qualitative research: Analysing social interaction in everyday life. Sage Publications..
International Labour Organization. (2022). Experiences of violence and harassment at work: A global first survey. ILO. Geneva, Switzerland. https://doi.org/10.54394/IOAX8567
Kwok, C. (2020) Epistemic injustice in workplace hierarchies: Power, knowledge and status. Philosophy & Social Criticism, 47(9), 019145372096152. https://doi.org/10.1177/0191453720961523
Lander, E. (2005) Ciências sociais: Saberes coloniais e eurocêntricos. In E. Lander (Ed.), A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso.
Lee, V. P., Hongling, L. & Mignolo, W. D. (2015) Global coloniality and the Asian century. Cultural Dynamics, 27(2), 165-190.
Lira, G. F. C. et al. (2024) Construindo caminhos para um cuidado coletivo e ampliado: uma interface entre violência e saúde mental. In: Garcia Junior, Carlos Alberto Severo; Ceccon, Roger Flores. Narrativas de violência e saúde mental: experiências e territórios.Editora Rede Unida. 19-36.
Lima, H. D. de S. A. (2021) Violência simbólica e ambiente de trabalho: A face oculta da violência. RESC–Revista de Estudos SocioCulturais, 1(01).
Loizos, P. (2004) Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático. Petrópolis: Vozes.
Roderick, R. (2010) Examining causes and prevention of violence and aggression in the workplace. Retrieved from https://digitalcommons.uri.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1027&context=lrc_paper_series
Santos, B. de S. (2016) Epistemologies of the South and the future. From the European South: A Transdisciplinary Journal of Postcolonial Humanities, (1), 17-29.
Santos, B. de S. & Meneses, M. P. (2009) Introdução. In B. de S. Santos & M. P. Meneses (Eds.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina.
Silva, M. P. da, Bernardo, M. H. & Souza, H. A. (2016) Relação entre saúde mental e trabalho: A concepção de sindicalistas e possíveis formas de enfrentamento. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 41(0). https://doi.org/10.1590/2317-6369000003416
Spink, P. (1996) A organização como fenômeno psicossocial: Notas para uma redefinição da psicologia organizacional e do trabalho. Revista Psicologia e Sociedade, 8(1), 174-192.
Teo, T. & Wendt, D. C. (2020) Some clarifications on critical and Indigenous psychologies. Theory & Psychology, 30(3), 371–376. https://doi.org/10.1177/0959354320920944
Vanoye, F. & Goliot-Lété, A. (2002) Ensaio sobre a análise fílmica (2nd ed.). Campinas: Papirus.
Spivak, G. C. (1988) Can the Subaltern Speak? Marxism and the Interpretation of Culture, editado por Cary Nelson e Lawrence Grossberg, University of Illinois Press, 271-313.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista: apenas para a 1a. publicação

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores, no ato da submissão, aceitam a declaração abaixo:
Nós autores mantemos sobre nosso artigo publicado os direitos autorais e concedemos à revista Contextus o direito de primeira publicação, com uma licença Creative Commons na modalidade Atribuição – Não Comercial 4.0 Internacional, a qual permite o compartilhamento com reconhecimento da autoria e da publicação inicial nesta revista.
Temos ciência de estarmos autorizados a assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), também com reconhecimento tanto da autoria, quanto da publicação inicial neste periódico.
Atestamos que o artigo é original ou inédito, não foi publicado, até esta data, em nenhum periódico brasileiro ou estrangeiro, quer em português, quer em versão em outra língua, nem está encaminhado para publicação simultânea em outras revistas.
Sabemos que o plágio não é tolerado pela revista Contextus e asseguramos que o artigo apresenta as fontes de trechos de obras citadas, incluindo os de qualquer trabalho prévio produzido e publicado pelos próprios autores.