O EU COMO FLUXO: IDENTIDADE PESSOAL E O PROBLEMA DA PERMANÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.36517/2025n38id96430Resumen
Este artigo examina o problema da identidade pessoal à luz das transformações subjetivas e da
ausência de um substrato estável que garanta a permanência do eu ao longo do tempo. Inicialmente, o texto
apresenta os três principais critérios clássicos de identidade pessoal: o substancialista (alma ou ego imutável), o
psicológico (continuidade da consciência e da memória) e o somático (continuidade corporal ou biológica).
Após expor os limites e paradoxos dessas abordagens — especialmente diante de experimentos mentais como
fissão cerebral ou teletransporte —, o artigo se volta para duas propostas filosóficas contemporâneas que
oferecem alternativas significativas: a concepção de “duração” em Henri Bergson e a noção de “identidade
narrativa” em Paul Ricoeur. Em Bergson, a identidade é compreendida como fluxo contínuo e qualitativo da
consciência, rejeitando a fragmentação empírica do eu; já em Ricoeur, a identidade é construída simbolicamente
através da narrativa, articulando mesmidade e ipseidade em um processo hermenêutico de autocompreensão.
Com isso, o artigo defende que a identidade pessoal deve ser entendida como tarefa ética e simbólica, mais do
que como substância ou dado empírico. A identidade, nessa perspectiva, é um processo de construção
interpretativa que integra mudança e permanência, conferindo sentido e responsabilidade ao longo da vida.
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