DESVALORIZAÇÃO DA DOCÊNCIA:

CONDIÇÕES HISTÓRICAS E SOCIAIS

Authors

DOI:

https://doi.org/10.24882/eemd.v44i87.81177

Keywords:

docência, desvalorização, desprofissionalização, feminização

Abstract

O trabalho discute as condições sócio-históricas que originaram a perda de prestígio e desvalorização da profissão docente. Procedeu-se a uma pesquisa teórica que apontou quatro questões explicativas aqui abordadas, a saber: a histórica relação da religião com a docência e sua desprofissionalização; a massificação do ensino e as más condições de trabalho; a feminização docente; e as hierarquias entre o conhecimento teórico e prático e entre a pesquisa e o ensino. A característica histórica de servilismo na docência encontrou, na massificação do ensino e na feminização docente, modos de reprodução. A especialização do conhecimento e a dicotomização entre teoria e prática pedagógica contribuíram para a desqualificação da profissão. Salienta-se o fato de que a desvalorização da docência é reproduzida no campo acadêmico, manifestando-se no preterimento dos cursos de licenciatura nas universidades públicas brasileiras.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Laís Barbosa Patrocino, Fiocruz Minas

Doutoranda em Saúde Coletiva pela Fiocruz Minas. Mestra em Educação e cientista social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisa no campo da educação em saúde e sexualidade, gênero e educação e formação docente.

References

ALLIAUD, Andrea. Pasado, presente y futuro del magisterio argentino. Formación
Docente, Buenos Aires, v. 4, n. 17, dez. 1995.

APPLE, Michael; TEITELBAUN, Kenneth. Está o professorado perdendo o controle
de suas qualificações e do currículo? Teoria & Educação. Porto Alegre, v. 1, n.4,
p. 62-73, 1991.

BERNSTEIN, Basil. El dispositivo pedagógico. In: BASIL, Bernstein. Pedagogía,
control simbólico e identidad. Madrid: Ed. Morata, 1998. p. 99-110.

BIRGIN, Alejandra. La docencia como trabajo: la construcción de nuevas pautas
de inclusión y exclusión. In: GENTILI, Pablo; FRIGOTTO, Gaudencio (comp.). La
ciudadanía negada: políticas de exclusión en la educación y el trabajo. Buenos
Aires: CLACSO, 2000. p. 221-239.

BIRGIN, Alejandra. Massificação do ensino. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. M. C.;
VIEIRA, L. M. F. Dicionário: trabalho, profissão e condição docente. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 2010. p. 1-4.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2003.

BOURDIEU, Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à
cultura. In: NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A. (org.). Escritos de educação. Petrópolis:
Vozes, 1998. cap. 2.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP
n° 28, de 2 de outubro de 2001: Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena. Brasília, DF, 2001.

BRASLAVSKY, C.; BIRGIN, A. (org.) Formación de profesores: impacto, pasado y
presente. Buenos Aires: FLACSO; Editorial Miño y Dávila, 1992.

CARVALHO, J. M.; SIMÕES, R. H. S. Identidade e profissionalização docente: um
retrato delineado a partir dos periódicos nacionais. In: ANDRÉ, M. (org.).
Formação de professores no Brasil (1990-1998). Brasília, DF: MEC, 2006.
p. 185-204.

DALTON, M. O currículo de Hollywood. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 21,
n. 1, p. 99-122, jan/dez. 1996.

DÍAZ, Mario. Aproximaciones al campo intelectual de la educación. In: LARROSA,
Jorge (org.). Escuela, poder y subjetividad. Madrid: Ediciones de La Piqueta,
1995. p. 1-19.

DUBET, François. ¿Mutaciones institucionales y/o neoliberalismo?. In: SEMINARIO
INTERNACIONAL SOBRE “GOBERNABILIDAD DE LOS SISTEMAS EDUCATIVOS EN
AMÉRICA LATINA”, 1., 2004, Buenos Aires. Anais […]. Buenos Aires: Revista
Colombiana de Sociología, 2004. p. 63-80.

DURKHEIM, Émile. A evolução pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 1995.

DURU-BELLAT, M. Filles et garços à l’école, approches sociologiques et
psychosociales. In: FORQUIN, J. C. (org.). Sociologie de l’éducation: mouvelles
approches, nouvex objets. Paris: INRP, 2000. p. 221-287.

ENGUITA, Mariano F. A ambiguidade da docência: entre o profissionalismo e a
proletarização. Teoria & Educação, Porto Alegre, v. 1, n. 4, p. 41-61, 1991.

ESTEVE, José M. Mudanças sociais e função docente. In: NOVOA,
Antonio. Profissão professor. 2. ed. Porto: Ed. Porto, 1995. p. 92-110.

FELDFEBER, Myriam. Las políticas de formación docente en los orígenes del
sistema educativo argentino. In: CONGRESO IBEROAMERICANO DE HISTORIA DE
LA EDUCACIÓN LATINOAMERICANA, 3., 1996, Caracas. Anais […]. Caracas:
Revista Historia de la Educación Latinoamericana, 1996. p. 199-209.

FERREIRA JÚNIOR, Amarilio; BITTAR, Marisa. Proletarização e sindicalismo de
professores na ditadura militar (1964-1985). São Paulo: Pulsar, 2006.

GATTI, B. A. A formação inicial de professores para a educação básica: as
licenciaturas. Revista USP, São Paulo, v. 1, n. 100, p. 33-46, 2014.

HYPÓLITO, Álvaro Moreira. Processo de trabalho na escola: algumas categorias
para análise. Teoria & Educação, Porto Alegre, v. 1, n. 4, p. 3-21, 1991.

LOURO, G. Gênero, sexualidade e educação. Petrópolis: Vozes, 1997a.

LOURO, G. Mulheres nas salas de aula. In: PRIORE, M. (org.). História das Mulheres
no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997b.

MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da antiguidade aos nossos
dias. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1996.

MARCELO, C. A identidade docente: constantes e desafios. Formação Docente,
Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação de Professores, Belo Horizonte,
v. 1, n. 1, p. 109-131, ago./dez. 2009.

MENEZES, Luís Carlos de. Formar professores: tarefa da universidade. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1986.

MORGADE, Graciela. State, gender and class in the social construction of
Argentine women teachers. In: CORTINA, R.; SAN ROMAN, S. Women and
teaching. New Cork: Palgrave ed., 2006. p. 81-103.

NAGLE, Jorge. As unidades universitárias e suas licenciaturas: educadores x
pesquisadores. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.

NOGUEIRA, Maria Alice; NOGUEIRA, Cláudio Marques Martins. Bourdieu e a
educação. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

PATROCINO, Laís Barbosa; SOUZA, João Valdir Alves de. A hierarquia
bacharelado/licenciatura em diferentes áreas do conhecimento: uma análise da
UFMG. 2013. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.

PEREIRA, Júlio Emílio Diniz; SANTOS, Lucíola Licínio de Castro Paixão. A
formação de professores nos cursos de licenciatura: um estudo de caso sobre o
curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1996.

RIGONI, C. L; GOLDSCHMIDT, R. Políticas públicas de proteção e incentivo do
trabalho da mulher. Revista da AJURIS, Porto Alegre, v. 42, n. 139, dez. 2015.

ROSA, Chaiane de Medeiros; LOPES, Nataliza Francisca Mezzari; CARBELLO,
Sandra Regina Cassol. Expansão, democratização e qualidade da Educação Básica
no Brasil. Poíesis Pedagógica, Catalão, GO, v. 13, n. 1, p. 162-179, jan./jun. 2015.

SACRISTÁN, J. Gimeno. Consciência e ação sobre a prática como libertação
profissional dos professores. In: NOVOA, Antonio. Profissão professor. 2. ed.
Porto: Ed. Porto, 1995. p. 64-92.

SILVA, O. O. N. da; MIRANDA, T. G.; BORDAS, M. A. G. Condições de trabalho
docente no Brasil: ensaio sobre a desvalorização na educação básica. Jornal de
Políticas Educacionais, Curitiba, v. 13, n. 39, p. 1-16, nov. 2019.

TARDIF, Maurice. Os professores diante do saber: esboço de uma problemática
do saber docente: In: TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.
Petrópolis: Vozes, 2002, p. 31-55.

TARDIF, Maurice. Saberes profissionais dos professores e conhecimentos
universitários. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 3, n. 13, p. 5-24,
jan./fev./mar./abr. 2000.

TENTI FANFANI, Emilio. La condición docente: análisis comparado en la
Argentina, Brasil, Perú y Uruguay. Buenos Aires: Siglo XXI, 2005.

VALLE, Ione Ribeiro. Da “identidade vocacional” à “identidade profissional”:
a constituição de um corpo docente unificado. Perspectiva, Florianópolis, v. 20,
n. especial, p. 209-230, jul./dez. 2002.

WOODS, P. Aspectos sociais da criatividade do professor. In: NOVOA,
Antonio. Profissão professor. 2. ed. Porto: Ed. Porto, 1995. p. 47-62.

Published

2022-07-08