A IMANENCIA DOS ENCANTADOS NO PENSAMENTO INDIGENA
Resumo
O trabalho utiliza a filosofia da diferença para pensar um modo de vida indígena através dos encantados – termo que designa os mortos, considerando o ritual e o transe práticas imanentes que produzem agenciamentos coletivos de enunciação e se diferenciam do recorte estrutural e transcendente de viés antropológico. Tem-se a preocupação de demonstrar por essa concepção de transe as rupturas com a arquitetura do pensamento baseado na representação. O transe assinala um exercício imanente, expressando o agenciamento maquínico quando percorre as multiplicidades e produz um sentido sempre atual, diferente e singular. Ele traz a leitura das relações vividas e de seus traços na constituição de um corpo não humano, maquínico, aberto. Um corpo-mundo. Os encantados efetivam o transe e o ritual, concernindo a uma manifestação do animismo maquínico, assinalando a enunciação coletiva de um modo de vida que resiste ao processo de subjetivação capitalístico, na medida em que quebram com a transcendência e com o sujeito, com o paradigma ocidental, com o antropocentrismo, com a noção e o sentido histórico. A experimentação vivida no transe consiste em um modo não capitalístico e anticapitalístico capaz de enfrentar o processo de sujeição predominante imposto pelo capital e pelo equivaler generalizado, o qual captura a diferença, submete a multiplicidade à unidade e impede as expressões. Os encantados carregam a potência de deslocamento e de contágio quando o devir indígena desterritorializa o pensamento sustentado na tradição ocidental e lança possibilidade de criar uma perspectiva ética, estética e micropolítica. Bibliografia: DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos, trad. Heloísa Araújo Ribeiro, São Paulo: Escuta, 1998 MELITOPOULOS, Angela; LAZZARATO, Maurizio. O animismo maquínico, Cadernos de subjetividade, São Paulo, ano 08, número 13, pp 07-27, out.2011 GAGLIONONE, Isabele. Cosmopolítica do Sonho. Disponível em; https//obenedito.com.br/cosmopolítica-sonhoDownloads
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Publicado
2017-11-08
Edição
Seção
IV Encontro de Cultura Artística