A INVENÇÃO DOS PIRANGUEIROS: BRANQUITUDE, RACISMO E VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS DE ADOLESCENTES E JOVENS PRETOS E PERIFÉRICOS NA CIDADE DE FORTALEZA- CE
Resumo
Este trabalho tem como objetivo a análise das representações sociais e simbólicas de adolescentes e jovens não brancos, de áreas periféricas, conhecidos como “pirangueiros”, em suas relações com a branquitude de classe média na cidade de Fortaleza - CE e a repercussão destas relações com a (re)produção de estigmas, violências e violações sistemáticas de direitos humanos. A partir de entrevistas e de um percurso etnográfico na comunidade do Lagamar e no Bairro Meirelles, realizo a análise da categoria “pirangueiro”, enquanto sinônimo de suspeito perigoso e descartável. Com isso, procedo a decodificação de signos que, de modo implícito, evidenciam a hierarquia racial das quais se originam relações de poder e violações de Direitos humanos, desnudando as múltiplas relações entre a cidade branca e de classe média e alta, e os adolescentes e jovens negros periféricos, de classe baixa. Estes, a partir do “olhar branco”, se constituem em uma “identidade dissonante”, ameaçadora e perigosa. Com base conceituação de Shucman (2016), Bento (2017) e Cardoso (2020), a branquitude é aqui compreendida enquanto condição racial, da qual derivam privilégios assentados historicamente, com repercussões econômicas e psicossociais. A partir do fenótipo branco dominante, cristalizam-se capitais sociais e simbólicos superiores e que, em decorrência disso, engendram uma matriz de dominações, violências e privilégios em relação a corpos não brancos. A partir da racialização do corpo branco, de classe média/alta, morador do bairro Meireles, identifico os processos de estigmatização racial, territorial, social, econômico e cultural, em relação aos corpos não brancos, estigmatizados como descartáveis e perigosos, portadores de uma “não vida”, e não sendo, portanto, passível de luto ou comoção.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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