“ALGUMA GUERREIRA PRA ME INFORMAR”: SOBRE O TRABALHO DE MULHERES DE FORA PARA DENTRO DO CÁRCERE NO CEARÁ
Resumo
A presente pesquisa se propõe a investigar o trabalho realizado por mulheres fora do sistema carcerário para seus parceiros, parentes e amigos que se encontram em restrição de liberdade no Estado do Ceará. Compreende-se trabalho para além da categoria marxiana de “trabalho produtivo”, isto é, para além do trabalho produtor de “mais valor”, aquele que diretamente valoriza o capital. Assim, como aporte teórico, utiliza-se a categoria “trabalho reprodutivo”, desenvolvida por Federici, para se analisar como as atividades essenciais à manutenção da sobrevivência e reprodução da vida, majoritariamente realizadas por mulheres, relacionam-se com a instituição cárcere. Para tanto, fez-se o uso da etnografia digital, enquanto método, por se mostrar o meio mais cientificamente válido e responsável, em tempos de pandemia, para os fins da pesquisa. Nesse sentido, realizou-se o acompanhamento de grupos públicos e de páginas nas redes sociais Facebook e Instagram, tanto de canais oficiais da Administração Pública, como também de familiares de pessoas presas, coletando-se imagens, notícias, comentários e interações. Como resultado, observou-se que o trabalho reprodutivo desenvolvido por essas mulheres, ao passo que lhes gera verdadeira sobrecarga, serve, simultaneamente, ao Estado, desresponsabilizando-o da realização de políticas públicas para a garantia de direitos humanos de seus custodiados. De outra sorte, esse trabalho abre possibilidades de resistência para essas mulheres, que, ao insistirem em cuidar dos seus, pressionam diversas instituições, inclusive do sistema de justiça, dando visibilidade, paralelamente, ao não cuidado do Estado, tornando-se protagonistas do controle social das prisões.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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