ARRANJOS E (RE)ARRANJOS DO LEMBRAR: MÁRIO DE ANDRADE E AS MEMÓRIAS DO PATRIMÔNIO NACIONAL
Resumo
Mário de Andrade, nos últimos quarenta anos, tem sido evocado como o principal precursor das políticas de patrimônio imaterial no Brasil. O anteprojeto de 1936 que serviu de base para a criação do Sphan e as suas pesquisas folclóricas são - para essa perspectiva mnemônica - a demonstração de que o poeta modernista mantinha uma preocupação precoce com bens culturais imateriais. No entanto, a colaboração de Mário de Andrade ao Sphan não se resumiu ao anteprojeto de 1936. O escritor foi um intenso colaborador do Sphan, desde sua criação em 1937, até sua morte em 1945. Nesse período, ocupou o cargo de Assistente Técnico do Sphan, de 1937 a 1938; e volta novamente a ocupar esse cargo em 1941, depois do seu desligamento do Departamento de Cultura do Estado de São Paulo. A análise desse período de atuação do escritor paulista causa uma estranheza: não há uma única pesquisa de Mário para o Sphan e nenhuma citação ao seu nome (por parte dos pesquisadores da instituição) que trate da temática do folclore, do popular ou alguma referência ao seu anteprojeto. As citações e publicações do poeta paulista se restringem ao tema da história da arte brasileira, sobretudo, aos seus trabalhos sobre Aleijadinho e Padre Jesuíno. No entanto, na década de 1940, sobretudo, após a morte do poeta paulista, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro se apropria dos trabalhos etnográficos de Mário como forma de legitimar o projeto de constituição do folclore como disciplina científica. Os intelectuais que estão a frente da campanha, sobretudo, Edison Carneiro e Renato Almeida, utilizaram a figura de Mário de Andrade como uma espécie de precursor da "ciência" folclórica do Brasil. Dessa forma, é necessário indagar: como se se processou o (re)arranjo de uma nova memória de Mário de Andrade? Por quais motivos o anteprojeto de Mário de Andrade passou do esquecimento a lembrança fundamental? Esses são questionamentos fundamentais para a pesquisa.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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