DIÁLOGOS SOBRE A AUSÊNCIA: AS TRAMAS DAS AFETIVIDADES DE MULHERES NEGRAS EM FORTALEZA/CE

Autores

  • JÉssica Silva de Sousa
  • Geisa Mattos de Araujo Lima

Resumo

Este trabalho é um apanhado de resultados parciais de nossa pesquisa em andamento cujos objetivos geral e específico são investigar como as afetividades e a “solidão da mulher negra” se apresentam no contexto de mulheres negras em Fortaleza/CE; analisando os impactos do racismo e machismo estruturais sobre as escolhas afetivas-sexuais/conjugais, identificando as especificidades das trajetórias de mulheres negras em Fortaleza/CE. Enfocamos sua afetividade-sexualidade, apreendendo nos discursos — on e offline — de mulheres negras o que elas entendem por afetos e atribuem a estes. Através da etnografia digital estamos em imersão com suas histórias, acompanhando seus discursos e imagens online nas redes sociais e aplicativos de mensagem de voz e/ou vídeo. Temos percorrido literaturas que versam sobre a condição de construção social e histórica das escolhas afetivas/sexuais no Brasil que desmistificam, por exemplo, a máxima “amor não tem cor”, perpassadas pelo imaginário social da mulher negra como corpo abjeto e hipersexualizado, a rejeição afetiva e conjugal, o abandono do Estado e não acesso a políticas públicas e genocídio da população negra. Nas redes sociais e por meio de aplicativos de mensagem/vídeo algumas mulheres negras que estamos acompanhando narram como elas não são vistas como sujeitos de direitos e denunciam a presença constante dos estereótipos sobre elas/nós nos olhares e discursos da sociedade. Isso demonstra o impacto do racismo e outras opressões estruturais e subjugações nos micro-contextos, o que estudos estatísticos/teóricos que envolvem mulheres negras apontam em suas análises. A pesquisa reúne ainda os (re)significados que mulheres negras vem dando para as afetividades ou mesmo para o termo “solidão da mulher negra”, recorrentemente usado nas redes sociais e circuitos de ativismo político feminino e negro, onde têm buscado reafirmar sua humanidade e autonomia frente as tentativas de aniquilamento e imposição da solidão em suas vidas

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Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação