DIVERSIDADE GENÉTICA DOS CORONAVÍRUS DE MORCEGOS NO BRASIL E SEU PONTENCIAL SPILLOVER – REVISÃO DE LITERATURA

Resumo

Morcegos são mamíferos da ordem Chiroptera, com mais de 1000 espécies no mundo, e 178 destas no Brasil. Estes animais têm importante papel como reservatórios de patógenos, incluindo vírus, e na emergência e reemergência destes, como os coronavírus de morcegos (batCoVs) que podem causar doenças zoonóticas de importância em saúde pública, através do mecanismo de spillover (transbordamento de patógenos entre espécies). Como exemplo, pode-se mencionar o que provavelmente aconteceu com o bat-coV RaTG13 que tem 96% de semelhança em seu genoma com o SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Geneticamente, os batCoVs relatados até o momento pertencem a dois gêneros Alphacoronavirus (α-CoV) e Betacoronavirus (β-CoV), gêneros a que pertencem também os coronavírus humanos (HCoVs). Com isso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre a diversidade genética dos coronavírus de morcegos no Brasil. Para tanto, foram pesquisados os termos: bat coronaviruses Brazil na plataforma PubMed - NCBI. No total foram selecionados 7 artigos científicos, onde a maior parte dos batCoVs detectados foi de α-CoVs 94,4% (51/54), já os β-CoVs totalizaram 5,6% (3/54). As espécies de morcegos incluíram Molossus molossus, Carollia sp, Tadarida brasiliensis, Desmodus rotundus, dentre outras, e os estudos foram realizados nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Além disso, detectaram-se cepas de batCoVs que se aproximaram filogeneticamente de HCoVs, como HCoV-229E e HCoV-OC43. Conclui-se, então, que no Brasil há uma diversidade genética majoritária de batCovs do gênero α-CoV, e que os achados que se aproximaram filogeneticamente de cepas de HCoVs, geram um alerta da possibilidade de spillover destes vírus para humanos. Ainda é importante enfatizar que mais estudos de vigilância epidemiológica abrangendo as demais regiões do país são de igual importância, contribuindo para a prevenção de doenças zoonóticas emergentes desencadeadas por batCoVs no Brasil.